por Patanga Cordeiro
É muito comum que nós buscadores procuremos livros e comecemos a sua busca alimentando a mente com pensamentos e ideais divinos.
(Sugestão: leia livros de verdadeiros Mestres espirituais realizados ou de devotos muito avançados.)
Mas a busca não é algo prático? De que adianta ler coisas? Devemos praticar, não?
Claro que sim! Mas até mesmo grandes Mestres, como Sri Ramakrishna, que era praticamente analfabeto, conheciam os livros de tanto ouvir e contar as histórias neles contidas.
A meditação não acontece na mente. Isso é fato.
Mas se nós não alimentarmos a mente corretamente – isto é, com o conhecimento e luz corretos – a mente pode se tornar nossa inimiga! Após algumas mal-sucedidas tentativas de meditar, podemos começar a pensar que não nascemos pra isso, que não estamos fazendo nada certo… Mas, ao ler os ensinamentos do nosso Mestre (ou até mesmo de outro, em alguns casos – é comum no início), podemos nos deparar com o fato de que no princípio todos passaram por dificuldades similares, e até que os próprios Mestres passaram por isso durante a sua busca. Swami Vivekananda, por exemplo, passou por meses de “aridez espiritual”. Quem já passou por dias assim sabe como é difícil – tudo parece sem valor, não sentimos nada em nosso coração. Mas passa.
Assim, a leitura não irá nos trazer a realização última. Mas ela nos ajudará indiretamente, ao trazer orientação e serenidade para a nossa mente e indicar boas práticas para um buscador. Num momento de “aridez espiritual”, você pode ler algo que fará as suas lágrimas psíquicas verterem como uma fonte de aspiração.
Você estudou livros sobre Deus e disseram-lhe que Deus está em todos. Mas não realizou Deus em sua vida consciente. Para você, isto é tudo especulação mental. Mas, quando se é Deus-realizado, sabe-se conscientemente o que Deus é, com que Ele Se parece e o que Ele deseja. Quando alcança a Auto-realização, você permanece na Consciência de Deus e fala com Deus face a face. Você vê Deus no finito e no Infinito, vê Deus como pessoal e impessoal. Isto não é alucinação mental nem imaginação, é realidade direta. Essa realidade é mais autêntica do que a visão que tenho de você diante de mim. Quando alguém fala com um ser humano, há sempre um véu de ignorância – escuridão, imperfeição, desentendimento. Mas entre Deus e o ser interior de alguém que O realizou, não pode haver ignorância e nem véu algum. Portanto, poderá falar com Deus mais claramente, mais intimamente, mais abertamente do que com um ser humano.