by Patanga Cordeiro | Jul 17, 2022 | Oração
Oração formal ou espontânea?
Quando oramos, podemos repetir uma oração formal, com palavras fixas, ou então buscar no nosso eu interior por uma oração pessoal, espontânea. Qual das duas é melhor?
Algumas das vantagens da oração formal que você recebeu do seu Mestre espiritual é a disciplina – você sabe que a oração está lá – e a precisão – você sabe que a oração está correta, pois veio de um Mestre espiritual verdadeiro que alcançou a iluminação. Você pode recitar a oração todos os dias, ou várias vezes no dia, como um verdadeiro mantra. Ela é um texto fixo, que você decora e repete. Você exercita a sua regularidade, intensidade, aspiração e obediência.
Orações formais – exemplos:
“Meu Senhor Absoluto Supremo,
Não permita que eu esqueça dos Seus Pés.
Não permita que eu esqueça do Seu Olho.
Não permita que eu esqueça da Sua Mensagem.
Não permita que eu esqueça do Seu Sonho.
Em minha vida e em minha morte,
Aceite essa devotada oferenda.
Mey Senhor, não permita que eu esqueça de Você.
Não permita que eu esqueça de Você, não permita.”
“Pai nosso que estais nos céus
Santificado seja o vosso nome
Venha a nós o vosso reino
Seja feita a vossa vontade
Assim na terra como no céu
O pão nosso de cada dia nos dai hoje
E não nos deixeis cair em tentação
Mas livrai-nos do mal, amém.”
A desvantagem da oração fixa é que, ao se descuidar, você pode acabar fazendo ela mecanicamente, sem sentimento interior, o que diminui o seu valor.
Já a oração espontânea você verbaliza de acordo com a sua busca, com o seu anseio naquele momento. O importante é o sentimento de necessidade de proximidade com o Supremo. Um exemplo muito famoso é a oração do Cristo: “Seja feita não a minha, mas a Vossa Vontade.”
A vantagem é que essa oração pode ser mais sincera, mais devotada, mais pessoal. Já as desvantagens são que ela pode ser egoísta, vaidosa ou inadequada, pois reflete o seu estado completo no momento e ainda não alcançamos a iluminação. O fato de não ser uma forma fixa também pode contribuir para que você não a faça regularmente, diariamente.
Não é possível para um mero buscador saber qual forma é melhor em cada caso. Na dúvida, faça ambas, e faça a oração formal mesmo sem compreendê-la completamente, por obediência – assim como vamos para a escola obrigados pelos pais e sem saber exatamente por que é importante ir para a escola. Depois de anos, perceberemos a importância de termos sido disciplinados pelos nossos pais – eles possuem mais sabedoria.
If our prayer and meditation are informal, this does not mean they are bad. But at the beginning of our spiritual life we will never get intensity from anything that is informal. When we talk informally or mix with anybody informally, we may get real pleasure, but there is no intensity. Only if one has intensity will he get real joy. Informal things, especially if they are inner, will automatically be relaxed because they will find no focus, no energy, nothing to help them stay for a longer time. There is no abiding life in them. The forms of ritual will give them a firm foundation to rest on.
These so-called rituals are of supreme necessity in the beginning, because the physical mind has to be convinced. A day will come when the physical will be fully convinced. Then the seeker will deal directly with the soul and will become part and parcel of the consciousness of the soul. His inner intensity will be spontaneous and constant. At that time, he will not need any rituals.
If there is intensity, one will see the source and the goal. Intensity is like a bullet that comes from this specific place and goes to that specific place with a positive force and direction. When there is no intensity, one’s prayer cannot reach its goal. The best thing to do when praying is to be very formal and systematic, to have a purpose and a pattern. But one also has to remember that when prayer is too formal it is in danger of becoming mechanical.
Sri Chinmoy, Prayer-world, mantra-world and japa-world, Agni Press, 1974
by Patanga Cordeiro | Jul 16, 2022 | Dicas para meditação
Dicas para meditação 43 – percebendo o progresso e os desafios
Pergunta: Como podemos ser sinceros conosco mesmo, para vermos de modo mais claro como estamos progredindo?
Sri Chinmoy: Quando uma criança tem sete anos de idade, se faz alguma coisa errada mais de uma vez, acaba percebendo isso. Na primeira vez em que faz algo errado, não percebe. Mas, ao repetir o erro, acaba sabendo que o que está fazendo é errado. Alguns de vocês costumavam me falar que não percebiam o que estavam fazendo. Mas eu sei que não existe um discípulo sequer que nunca teve uma boa meditação. Suponha que alguém esteja comigo por dois anos. Durante esses dois anos, ele não pode me dizer que nunca teve uma boa meditação. Ele teve. Se teve uma meditação boa, elevada, então digo que nas profundezas daquela meditação, as boas e as más qualidades dele se revelaram. Durante esses dias de boa meditação, o Supremo nele trouxe à tona suas qualidades divinas e também as não-divinas. As qualidades não-divinas vieram à tona para que ele pudesse ver o que precisa ser transformado. Se alguém está comigo por até mesmo dois meses, suas boas qualidades vieram à tona e suas más qualidades também começaram a vir para fora – não para intimidá-lo, mas para serem transformadas. Deus está dizendo: “Aqui estão as coisas que você tem de transformar e aqui estão as coisas das quais pode ter orgulho”.
Não se sinta desapontado, desanimado ou desencorajado ao ver suas más qualidades. Depois que forem transformadas, vão se tornar uma só com as qualidades boas. Se você tiver uma boa meditação num certo dia, nesse dia as boas qualidades virão à tona. As qualidades ruins virão para fora, para deixar você saber que essas são as coisas que têm de ser transformadas, e quanta distância ainda falta para você chegar à Meta.
Ao ter a mais elevada meditação, por um lado você vai sentir que está bem próximo de Deus. Por outro, sentirá que ainda tem muito para transformar, que só Deus sabe quanto tempo vai levar. Há apenas dois centímetros entre você e Deus, mas esses dois centímetros podem lhe parecer uma estrada interminável.
A sinceridade vem do coração, não da mente. A mente é travessa. Ela vai confundi-lo. E também o vital e o coração estão infelizmente muito próximos um do outro. O vital está próximo da região do umbigo. De lá, a energia vital pode entrar no coração. Portanto, se você sentir que está recebendo várias mensagens do coração, provavelmente está recebendo mensagens do vital.
A melhor forma de saber se está sendo sincero é ver quanto você se entregou ao seu ser interior. Pode saber o quanto se entregou ao ver o quão alegre você é. Mas isso não pode ser uma falsa alegria.
Quando alguns discípulos me olham com os semblantes tristes, digo a eles: “Por favor, por favor, não fiquem deprimidos. Sorriam para mim, sorriam para mim”. Então eles sorriem para mim, mas sei que é um sorriso absolutamente falso. Entretanto, eu sinto: “Tudo, bem, comecem com uma felicidade falsa. Ao invés de me mostrar uma face de abatida depressão, arrogância e outras qualidades não-divinas, pelo menos comecem com um sorriso falso. Um dia me darão um sorriso sincero, com toda a alma”.
Meditation: God’s Duty and Man’s Beauty, p. 55-59
… Em primeiro lugar, você tem de perguntar se esses problemas de agora existiam antes. Imediatamente a resposta virá: sim. Então, como é que agora está ciente deles, e naquele tempo não os percebia? Precisa saber que, quando você vive uma vida comum, não-aspirante, as forças hostis são espertas. Elas sabem que você está à mercê delas. Elas conhecem sua capacidade. Sabem que está na ignorância e aos pés delas. Então falam: “Tudo bem, já que ele está dormindo, não vamos incomodá-lo”. Mas, na hora em que você se levantar, elas vão atacá-lo.
Existem muitos buscadores que ficam reclamando ao Mestre deles: “Antes de aceitarmos a vida espiritual, tínhamos menos problemas. Agora que a aceitamos, nossos problemas aumentaram”. Mas isso não é verdade. Eles devem saber que tinham esses mesmos problemas. Só que não sabiam como vencê-los. É por isso que não estavam cientes deles. Se você não quer vencer alguma coisa, está dormindo profundamente e o problema está dormindo profundamente. Entretanto, agora que você entrou na vida espiritual, está enfrentando todos os seus problemas. Já que está enfrentando-os, as forças hostis ficarão com eles e tentarão combatê-lo. Elas alimentam os problemas, para que assim eles continuem a lutar. Mas essas forças sabem que não serão capazes de vencê-lo. Apenas vão tentar atrasá-lo, atrasá-lo. Assim, você precisa enfrentá-los.
Se você não aceitar os problemas, como vai vencê-los? Se tentar evitá-los, eles vão vir com mais poder. Com bastante veemência eles virão e vão atacá-lo. Você não pode se esconder dos seus problemas. Precisa vencê-los aqui e agora. Se esperar e disser: “Não, amanhã eu serei mais forte, e então serei capaz de vencê-los”, esse amanhã não vai vir. Cada segundo é uma oportunidade dourada, e se você usa mal essa oportunidade dourada, está fortalecendo inconscientemente as forças da ignorância.
The Jewel of Humility, p. 33-35
…Ao entrar na vida espiritual, às vezes você vê e sente que muitas qualidades não-divinas, de repente, estão vindo à tona. Alguns discípulos perguntam aos seus Mestres: “Como é que eu nunca tive inveja antes? Eu não tinha essa insegurança, essa frustração e outras coisas. Por que estou tendo-as agora?”
Antes de entrarmos na vida espiritual, estávamos todos inconscientes. O tigre dentro de nós estava dormindo. Porém, quando o tigre vê que estamos tentando deixar os domínios dele, diz: “Aonde estão indo? Que direito vocês têm de me deixar? Vou devorá-los antes que me deixem!” Enquanto o tigre-dúvida está confiante o suficiente de que você vai ficar com ele por todo o tempo, não sente a necessidade de intimidá-lo ou amedrontá-lo. No entanto, quando você começa a tentar sair da sua jaula-escravidão, o tigre-ignorância tenta impedi-lo. Ele o ataca veementemente com dúvidas e outras forças não-divinas, tão logo sente que está ameaçando deixá-lo. É por isso que você é atacado assim que vem ao Centro meditar. É onde as forças divinas são mais fortes. Portanto, é onde o tigre-ignorância se sente ameaçado por você.
Não pense que as fraquezas e imperfeições estão vindo à tona só porque você aceitou a vida espiritual. Pelo contrário: elas estavam ali antes, mas estavam escondidas. Você deveria ser grato à sua vida espiritual por ter trazido suas imperfeições para fora. Quanto mais cedo suas imperfeições vêm à tona, mais cedo você será capaz de enfrentá-la e vencê-las. Quando a dúvida e outras imperfeições o atacarem, deveria dizer: “Vocês vieram. Agora me deixem vencê-las de uma vez por todas. Assim, eu serei livre”.
Muitos discípulos são perfeitos quando estão em casa, mas na hora em que vêm ao Centro, ficam invejosos ou começam a duvidar deles mesmos ou suas mentes ficam cheias de pensa-mentos não-divinos. Assim que olham para mim, dizem interiormente: “Oh, estou acalentando esses pensamentos não-divinos!” Eles têm medo de que eu veja seus pensamentos não-divinos. Então, tentam escondê-los, como um ladrão. Todavia, deveriam agir como uma criança e não como um ladrão. A criança não fica envergonhada quando está suja. Ela só corre até a mãe e ela o limpa.
by Patanga Cordeiro | Jul 15, 2022 | Aforismos e poemas para meditação
Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy
Meu coração sol-iluminado
Deus espera um sorriso feliz
Do meu Senhor Amado Supremo.
É um passo para perto de Deus.
Com uma beleza-coração-criança.
Chega da mente-negatividade—
Agora eu tenho a beleza e fragrância
Uma vida-gratidão aumenta
by Patanga Cordeiro | Jul 7, 2022 | ABCD Osasco e Guarulhos zona metropolitana de SP, Cursos de meditação gratuitos
O próximo curso de meditação em Santo André será no fim de julho de 2022. Acesse o link para se inscrever.
by Patanga Cordeiro | Jul 5, 2022 | Dicas para meditação, Histórias pessoais - diário
Como meditar bem mesmo sem uma postura física ideal
Para mim, alguns dos ensinamentos mais sublimes de Sri Chinmoy sobre a postura para meditar não são técnicos, mas sim iluminadores, como por exemplo:
“Durante a sua meditação, automaticamente o seu ser interior ou consciência o levará a uma posição confortável, e então fica a seu encargo mantê-la.”
Sri Chinmoy, Two divine instruments: Master and disciple, Agni Press, 1976
Há muitas pessoas que têm praticado asanas, posturas físicas, por muitos anos, sem nunca ter tido mesmo uma única experiência. Por quê? Não é a postura o que vale. Não é a postura ou como você se senta. É a aspiração. Se você tivesse a capacidade, poderia até mesmo deitar e ainda meditar. Poderia correr e meditar.
Sri Chinmoy, Meditation: humanity’s race and Divinity’s Grace, part 1, Agni Press, 1974
No seu caso particular, posso ver claramente que a sua postura está correta, mas que a coisa que é de fato necessária na posição de lótus está faltando. Quando estiver sentado de pernas cruzadas e inspirando ar, o corpo todo deveria sentir conscientemente um rio de Amor divino fluindo em e através dele. Sem Amor não há Deus, e também não há existência humana. Você se ama, você ama Deus, você ama seus entes mais queridos e próximos e você ama a humanidade inteira. Por favor, tente primeiro trazer à tona o aspecto do Amor de Deus, e, uma vez que tiver firmado dentro de si esse aspecto de Amor, verá que todos os outros aspectos estão destinados a vir. O amor é a qualidade pioneira. Portanto, quando você chorar por Deus, sinta Amor – Amor imediato, espontâneo, sem reservas e devotado. Todas as qualidades divinas de Deus virão a seguir esse Amor divino.
Sri Chinmoy, Meditation: humanity’s race and Divinity’s Grace, part 1, Agni Press, 1974
Uma historinha pessoal sobre a postura interior para meditar bem
Agora que vocês já leram os escritos, posso deixar uma impressão pessoal, ou talvez uma historinha pessoal.
Eu acho que não sei e nem consigo meditar. E nem tenho uma postura física ideal. Mas, de vez em quando, acho que fiz ou me propus sinceramente a fazer uma ou duas coisas certas, algo que era esperado de mim. Muitas vezes nesses dias é que tenho uma boa meditação, seja antes ou depois de fazer (consigo lembrar de vários casos). Só que essas coisas não são minhas próprias ideias, mas sim inspirações que recebi. Parecem ser minhas ideias, mas se me permitir ser mais observador, percebo que elas são de fato coisas que recebi como inspiração, e não fruto da minha diligência ou inteligência. A Compaixão é quem medita em e através de mim, e, portanto, de vez em quando, eu consigo meditar bem.
by Patanga Cordeiro | Jul 4, 2022 | Campinas, Cursos de meditação gratuitos
O próximo curso de meditação na UNICAMP em Campinas será em setembro de 2022.
Para participar, basta preencher o formulário aqui.
by Patanga Cordeiro | Jun 29, 2022 | Cursos de meditação gratuitos, São Paulo - capital e zona sul leste oeste norte e centro
O próximo curso será no meio de julho, durante a semana, a noite.
Para participar, acesse a página de contato.
by Patanga Cordeiro | Jun 28, 2022 | Dicas para meditação
Dicas para meditação 42 – Como posso saber se estou meditando demais?
Pergunta: Como posso saber se estou meditando demais?
Sri Chinmoy: Como pode saber se está meditando demais? É muito simples. Se estiver meditando demais, vai ter uma espécie de tensão ou dor no terceiro olho. Se estiver meditando muito – quer dizer, além da sua capacidade – vai adquirir uma postura rígida. Pode sentir: “Sou tão divino, tão perfeito, enquanto o resto das pessoas é imperfeito e não-divino. São todas criaturas insignificantes”. Se estiver tentando puxar paz, luz e felicidade além da sua capacidade, pode não obter mais nenhuma alegria ou satisfação das suas atividades terrenas. Pode sentir que essa existência terrena sua é inútil e sem significado. Se tiver esse tipo de desgosto, depressão ou sentimento ascético, e quiser se retirar do mundo, precisa saber que está tentando meditar além da sua capacidade.
Pode ser também que esteja tentando meditar do jeito errado – quer dizer, de uma maneira diferente da que sua alma quer que medite. Você pode meditar, digamos, por apenas quinze minutos, que é um tempo pequeno para a meditação. Porém, se a forma da meditação não for correta para você, sentirá uma tremenda tensão na sua testa.
Aspiration and God’s Hour, p. 16-17
Pergunta: Ao meditar, perco energia e fico cansada. É por que eu medito demais?
Sri Chinmoy: Não, não é porque você medita demais. Se está perdendo energia enquanto medita, significa que sua meditação está incorreta. Se meditar bem, vai ganhar energia. Não vai perdê-la. Se fizer a coisa certa, naturalmente será bem sucedida. Mas se meditar de uma forma errada, então a meditação falhará em seu propósito.
Sua meditação, infelizmente, não é da maneira que deveria ser. Você deveria meditar no seu coração ou no seu ser interior. No entanto, está meditando na mente ou num outro lugar errado. Esse é o seu problema.
Meditação é a única maneira de ganhar energia infinita, luz infinita e felicidade. Todavia, se o método que você usa todos os dias está errado, naturalmente vai perder energia ao invés de ganhá-la.
Aspiration and God’s Hour, p. 27-28
Pergunta: Poderíamos ter uma semana de meditação contínua para fazer algum progresso?
Sri Chinmoy: Assim, vão ter que abrir mais hospícios. Não é possível. Apenas Mestres espirituais podem meditar por horas e dias a fio. Buscadores comuns precisam falar e se envolver com as pessoas. De outro modo, ficarão loucos. Qualquer indivíduo tem de ver e falar com os outros e obter uma vibração exterior. De outra maneira, a mente e os nervos ficam muito agitados. A raiva vem e também um tipo de orgulho sutil: “Não falei com ninguém por uma semana”. Eles se tornam anormais.
Meditar 24 horas por dia é bem possível, mas só depois que realizar Deus ou estiver à beira da realização. Nessa hora, você terá adquirido a capacidade. Assim, mesmo enquanto estiver comendo, falando ou trabalhando no seu escritório, verá que está fazendo sua melhor meditação; verá que pode fazer quatro coisas ao mesmo tempo.
The Mind and the Heart in Meditation, p. 30
by Patanga Cordeiro | Jun 27, 2022 | Aforismos e poemas para meditação
Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy
Nas minhas matinais e noturnas
Da minha vida-auto-indulgência.
Minhas flores-árvore-vida.
Ao nosso Senhor Amado Supremo.
Eu dei minha chave-coração
Ao meu Senhor Amado Supremo,
Para que Ele a use da Sua própria Maneira.
Para mim, minhas lágrimas-coração
Do que meus sorrisos-vida.
De mais sinceridade e intensidade.
Deus precisa de um coração vazio
É necessária uma canção-coração
Feliz, mais feliz, felicíssima.
by Patanga Cordeiro | Jun 25, 2022 | Dicas para meditação
Dicas para meditação 41 – exagerando
Pergunta: A consciência física pode ficar atrás enquanto a consciência psíquica está recebendo uma luz mais elevada?
Sri Chinmoy: Isso já aconteceu várias e várias vezes, milhares de vezes. A consciência psíquica está recebendo Paz, Luz e Felicidade de cima em medida abundante, enquanto a consciência física não é poderosa o suficiente ou ampla o suficiente para retê-la. Então, o que acontece? Finalmente o físico se revolta e nós sofremos. É por isso que digo aos discípulos: “Não empurre, não puxe”. Espiritualidade é uma questão de aceitação e transformação. Aceitamos a nossa vida como ela é. Então, tentamos transformá-la. Mas não fazemos isso a ferro e fogo. O meio divino é através da aspiração. Se puxarmos além da nossa capacidade, vamos quebrar. Se uma criança quer carregar algo muito pesado, além da capacidade dela, sofrerá. Devagar e sempre vencemos a corrida.
Aqui, capacidade é receptividade. Se desenvolvemos uma grande receptividade, então não importa quão elevado é o nosso nível espiritual ou quanto trazemos lá de cima, seremos capazes de assimilá-lo. Se o recipiente é bem largo, não precisamos nos preocupar. Quando aspiramos escalar para o nível mais elevado, temos de aspirar por expansão. Não só iniciantes, mas também buscadores com essas deploráveis experiências. O físico se revolta quando não é espaçoso o suficiente para reter a Paz, a Luz e o Poder que o psíquico traz para baixo. Deveria haver uma harmonia perfeita entre a capacidade física e a capacidade do coração.
Aspiration and God´s Hour, p. 43-44
Pergunta: Na minha meditação, várias vezes tive a experiência de que eu era livre. Senti a liberdade da minha existência. Mas então tive que voltar à minha vida habitual, e me senti muito cansado e esgotado.
Sri Chinmoy: Quando você tem uma experiência mais elevada, é uma coisa que nutre, alimenta, fortalece e ilumina sua vida. Mas se estiver exausto, esgotada a sua energia, isso significa que você puxou além da sua capacidade. De outro modo, logo após a meditação, se foi uma meditação apropriada, vai ganhar a força de um leão. Às vezes, acontece de você sentir que foi ao alto, muito alto, e então distribuiu tudo o que recebeu. No entanto, isso não aconteceu no seu caso.
Discípulo: Também me sinto muito triste quando volto.
Sri Chinmoy: A tristeza que está sentindo é muito natural, porque você esteve num mundo mais elevado e então teve de voltar para este mundo prático, o plano terreno. Nessa hora, preocupações e problemas mundanos entraram em você. Mas se meditar por alguns anos, esses problemas não vão ficar no seu caminho, porque já terão sido superados nesse momento. Quando você voltar da sua meditação, terá uma tremenda paz, equilíbrio, alegria e amor pela humanidade. Ao ter um tremendo amor pela humanidade, nessa hora não vai se sentir exausto. Pelo contrário: se meditar bem, não haverá puxar nem empurrar. Logo depois da sua meditação, ao entrar na vida comum, será capaz de manter a mesma alegria, deleite, paz e equilíbrio.
Experiences of the Higher Worlds, p. 43-45
by Patanga Cordeiro | Jun 24, 2022 | Aforismos e poemas para meditação
Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy
Assim como o meu coração,
Seja constantemente abnegada.
Muito além da nossa imaginação.
Superlativos da minha alma
Apenas para o meu Senhor Amado Supremo.
O meu Senhor Amado Supremo.
Do Amor de Deus eu preciso,
Da Compaixão de Deus eu preciso,
Do Perdão de Deus eu preciso,
Mas aquilo que mais preciso
Que Ele precisa de mim para ser
by Patanga Cordeiro | Jun 23, 2022 | Histórias, Histórias pessoais - diário
Dezoito anos atrás eu estava me recuperando de um ferimento num dos ossos das pernas e não estava fazendo exercício nenhum, pois acreditava que não conseguiria mais. Eu era um bom rapaz, que não fazia nada de mal, mas também não fazia nada muito significativo ou frutífero. Minha vida era meio vazia. Num daqueles dias, eu fui num curso gratuito de meditação. O palestrante tinha levado uma foto do seu Mestre espiritual, Sri Chinmoy. Em dado momento do curso, parei de prestar atenção no que se falava e comecei a olhar para a foto. Parecia que ela retornava o olhar para mim, um olhar sério – como se aquele Mestre tivesse responsabilidade por mim, como se a minha vida e meu progresso fosse responsabilidade dele também. Foi algo que nunca esqueci.
Alguns meses depois, me tornei discípulo dele e também passei a meditar diariamente. Uma das coisas que Sri Chinmoy considera essencial para um buscador espiritual que deseja fazer progresso é o esporte, e deixou exemplo correndo inúmeras maratonas e ultramaratonas. Um dos seus lemas é “Run and become, become and run.” Ele ensina que o esporte é fundamental para termos saúde, purificar nossas emoções e trazer determinação, luminosidade e espontaneidade para o físico e mental. Com isso, a sua prática intrinsecamente espiritual de meditação e oração também se beneficia, pois o instrumento (que é você todo, todas as suas partes do ser) está em boas condições. Lembro que bem no dia que recebi a notícia de que tinha sido aceito, eu fiquei tão inspirado que saí para correr pela primeira vez, já que era a recomendação do Mestre.
Passados uns dez anos, tive um caso de dengue muito sério. Não conseguia me recuperar. Todos os dias eu ficava muito fraco, a ponto de querer perder a consciência. Nenhum médico conseguia descobrir o que era. Depois de meses e anos piorando gradualmente, no trabalho (eu era obrigado a ir, por não ter diagnóstico), eu lembro que queria muito desmaiar, para não precisar mais ficar resistindo. Nos dias não tão ruins, eu pensava “Vou tentar viver só mais uma semana.” Nos dias ruins, pensava “Vou tentar viver só mais amanhã.”
Em 2013, um médico de ayurveda pegou o meu pulso e viu tudo o que acontecia. Ele recomendou que eu me mantivesse fisicamente ativo durante o dia, por mais difícil que fosse. Eu já tentava correr o quanto eu conseguia de manhã, que era quase nada, mas adicionei pausas no trabalho para subir e descer escadas, etc. Não pareceu adiantar. Até que um dia fiquei sabendo da corrida que o meu Mestre (sim, ele novamente) havia criado em em Nova Iorque, com opção de seis ou de dez dias de duração. (Isso mesmo, você corre por até dez dias dentro de um parque, como se fossem dez corridas de 24h uma em seguida da outra.) Eu pensei, “vou ficar fisicamente ativo bastante tempo se fizer essa corrida!” Eu já não tinha mais nenhuma ideia do que fazer e estava piorando ainda. Eu me inscrevi para a corrida de dez dias. Foi a decisão de investir a minha vida inteira naquele único momento. Se não desse certo e fosse a minha última aventura por aqui, muito bem! – pelo menos eu haveria tentado tudo.
Alguns me perguntaram porque eu comecei com a corrida de dez dias, ao invés da de seis. Um dos motivos é que eu havia perdido o medo de tudo. Outro é porque não achava que haveria diferença treinar para correr seis ou dez dias. (O que você faria de diferente se fosse “treinar” (se é que é possível) para correr seis dias e se fosse para treinar para dez dias?)
Durante a corrida, as experiências acontecem de hora em hora. Tive muitos problemas biomecânicos – pés, joelhos, costas, canela. Sempre tinha que me adaptar, cortar os tênis para dar espaço para os pés inchados, cuidar de bolhas, etc. Mas o fato é que nem tudo tem conserto. Já no meu segundo dia, depois de uma pausa, pensei “Isto aqui não é para mim. Isto aqui é para atletas, etc. Eu não sou ninguém.” Chega uma hora, onde o cansaço, os ferimentos, a dor, a dúvida de si, tudo isso se junta, e não há algo que você possa fazer para resolver. Só há duas estradas. Desistir, ou continuar.Neste exato momento, você tem que ficar mais forte do que é, ou então desistir.
Felizmente, diversas vezes pude cantar com o poeta: “Duas estradas divergiram num bosque, e eu – eu tomei a estrada menos viajada. Isso fez toda a diferença.”
São coisas que vêm de dentro de nosso do nosso coração espiritual. Sinto que foi a prática diária de meditação que me deixou aberto para essas experiências. Eu era muito fechado para tudo, minha vida era mecânica; quando comecei a meditar com dezenove anos, minha vida era só o andar dos ponteiros do relógio e o que mais aparecesse no dia a dia da faculdade. Não tinha um propósito maior.
Já, na corrida, por mais que pareça impossível, inflamações que me deixariam de cama por dias (e não me deixariam sair para correr cinco minutos) passaram a ser meros inconvenientes, e eu corria três, seis, dez, doze horas em cima delas. Correndo dois ou três dias por cima de um machucado, o seu corpo muda algo na forma de reagir, e o problema passa. Provavelmente um médico me recomendaria semanas de descanso para recuperar. Mas o problema se cura com doze horas de corrida e muito pouco sono! Algumas experiências como a canelite, que foi a mais terrível, fez com que, primeiro sentisse toda a pena de mim. Lembro de sentar-me no meio fio e ficar vários minutos parado, criando coragem para encarar a dor caminhar mais dez metros até a minha barraca para descansar de fato. Depois de um tempo, aceitei a experiência num nível mais alto, enfrentei-a e, para a minha surpresa, a dor imediatamente diminuiu muito.
Depois de uns seis dias, minhas pernas estavam ficando mais fortes (sem descanso algum), e comecei a correr mais rápido. Comecei a comer menos. Comecei a dormir menos. Parecia que o corpo estava funcionando com base em outras leis que não vivenciamos no nosso cotidiano de acorda-trabalho-escola-dorme.
Desafios exclusivamente psicológicos também acontecem. Num dos dias, acho que esqueceram de contar uma ou duas voltas minhas na pista do parque. Minha mente se revoltou. Mas eu sabia que não estava lá pela quilometragem. Para mim, era algo exclusivamente entre eu e algo maior, um destino aonde precisava chegar. Mas, ainda assim, os pensamentos me mordiam: “Eles esqueceram!” Depois de muitas horas insistindo com a mente, um vai-e-volta constante, dizendo que nada daquilo importava de fato, ela por fim se rendeu. Tive uma experiência incrível! Fiquei livre daquele fardo e estava correndo como uma criança que brincava num parque! Nunca mais tive esse problema!
Mais no final da corrida, pelo sétimo dia, tudo era um paraíso. Eu enxergava mais cores nos pássaros. Eu sorria mais sinceramente. Eu me identificava com as pessoas. Eu sentia algo genuíno pelos ajudantes voluntários organizando a corrida. Sorria com sinceridade para eles, para encorajá-los, pois também estavam fazendo algo difícil. O mundo ficou muito maior, mais belo e, ao mesmo tempo, cabia muito mais coisas dentro do meu coração. Essa não foi uma experiência que acabou depois de algumas horas. Ela ficou para sempre dentro de mim.
Cada dia nessa corrida parecia uma semana. Acho que é por causa do progresso que fazemos. Aprendemos tantas coisas, temos de nos tornar tão mais fortes de um momento para o outro, que a sensação é a de anos de aprendizado.
Alguns dias depois da corrida, comecei a ficar mais forte. As crises de fraqueza começaram a diminuir em intensidade e regularidade. Tive esperança novamente. Depois de um ano, comecei a ficar fraco de novo, mas repeti a corrida nos anos seguintes, com melhoras evidentes. Hoje, quase tudo já passou – o que ficou mais foram as memórias.
Até hoje, já fiz essa corrida oito vezes, e ano que vem a farei novamente! Tudo começou naquele dia, no curso de meditação.
Se você acredita que correr dez dias é incrível (e estaria certo), já ouviu falar da corrida de 5000km? O tempo limite é 52 dias, mas você precisa fazer quase 100km por dia em média para terminar nesse tempo.
Corrida Sri Chinmoy de 10 dias
um poema em três partes descrevendo a minha experiência na primeira corrida de 10 dias que fiz.
Infernos – preâmbulo
Vida fraca,
vontade esvai,
corpo fraqueja,
a mente entrega –
é o início do encontramento:
Treino,
barreiras,
provas.
Purgatório
Dez dias
correndo
sofrendo
doendo
sorrindo
caminhando
continuando
amando.
Calçados cortados,
fracasso cortado
tempo cortado
morte cortada
Campos Elíseos
Sétimo dia.
O céu, o lago, flores de grama
os campos elíseos.
Penas do pássaro negro
mostrando cores arco-íris.
Se é sonho
ou realidade,
o sonho-realidade é mais real
juntando duas realidades
num sonho só.
Dez dias.
Gratidão,
coragem
e fé.
by Patanga Cordeiro | Jun 22, 2022 | Dicas para meditação
Dicas para meditação 40 – não exagere
No começo, por favor, não fique perturbado se não conseguir meditar bem. Só Deus sabe quantos anos de prática alguém deve ter para se tornar um pianista muito bom. Se um ilustre pianista pensa no seu próprio nível quando começou a tocar, ele vai rir. É por meio do progresso gradual que ele atingiu o patamar atual na música. Também na vida espiritual, não se preocupe no começo se achar difícil meditar. Não empurre nem puxe. Dez minutos de manhã cedo são o suficiente.
Se meditar todos os dias, será capaz de fazer progresso na sua vida interior. Mas você tem de sentir que não pode comer uma refeição deliciosa todos os dias. Hoje, talvez você coma um prato muito delicioso. Então, por três ou quatro dias pode comer um alimento muito simples. Contanto que esteja comendo e arranjando um alimento nutritivo, saberá que está mantendo o seu corpo. Portanto, se tiver uma boa meditação num dia e no dia seguinte não conseguir uma meditação boa, não se sinta mal. Na vida espiritual, o seu negócio é meditar e meditar. Se num dia você não conseguir meditar muito bem ou de acordo com a sua satisfação, por favor, sinta que em algum outro dia o Senhor Supremo vai lhe dar de novo a oportunidade, a inspiração e a aspiração para meditar extremamente bem. Todavia, se você se sentir perturbado ou irritado, vai perder a oportunidade de meditar bem no futuro. A melhor coisa é ficar bem calmo, quieto e firme na sua vida espiritual. Você será capaz de meditar bem e a sua meditação será da mais alta categoria.
-Sri Chinmoy, Dependence and Assurance, p. 10-11
Pergunta: Recentemente, ao meditar, tenho tido sensações dolorosas. São ataques de forças não-divinas?
Sri Chinmoy: Não são forças erradas. Não são não-divinas no seu caso. São forças divinas, mas infelizmente você as está puxando muito além da sua capacidade. Seu receptáculo interior não é largo o suficiente para conter as forças que você está trazendo para baixo. É por isso que está tendo essas sensações dolorosas. De outro modo, haveria um fluxo suave, contínuo.
Ao meditar, por favor, sinta que a meditação não é a atitude de um glutão. Quando somos glutões, queremos devorar tudo. Nos tornamos devoradores vorazes e depois ficamos com dor de estômago. Na vida espiritual, temos de ir de maneira vagarosa, firme e sensata. Quando oramos e meditamos, em primeiro lugar precisamos saber da nossa capacidade. Aqui não estamos nos desencorajando. Se eu souber que a minha capacidade é correr cem metros, então vou correr cem metros por alguns dias ou alguns meses ou até mesmo, se a necessidade exigir, por alguns anos. Mas se eu tiver a capacidade de correr só cem metros e de repente quiser correr 400 metros, naturalmente vou desabar. Vou completar a corrida com uma enorme dificuldade e então vou cair. Simplesmente me arruinarei.
Aqui também, ao meditarmos temos de saber por quanto tempo podemos meditar com toda a alma: se por cinco, dez, quinze ou vinte minutos. Depois desse período, podemos ter um tipo de cobiça inconsciente. Se sentirmos que podemos conseguir tudo numa só noite, vamos todos virar almas realizadas em Deus. Mas esse tipo de avidez será a causa da nossa queda.
Ao orarmos e meditarmos, temos de saber da nossa capacidade: quanto podemos nos esforçar e quanto amor, devoção e entrega com toda a alma temos por Deus. Uma criancinha tem uma certa força. No entanto, ela não sabe que, quando puxa algo grande para baixo, imediatamente isso cai e quebra as suas mãos e os seus braços. Assim como a criança, estamos puxando para baixo alguma coisa bastante pesada. É pesada no sentido de que tem um enorme poder. E aonde é que vai esse poder que você invocou? Naturalmente, esse poder é bom, mas por causa da sua imensidade, não poderá permanecer dentro de você. Você não está em condições de abrigar esse poder.
Ao meditar de manhã, por favor, sinta a necessidade de ver a sua capacidade. Você agora está em condições de comer apenas três fatias de pão. Se vir que alguém ao seu lado está comendo seis fatias de pão, vai pensar: “O que há de errado comigo? Por que é que não posso comer seis fatias?” Mas deixe-o comer as seis fatias se ele tem a capacidade. Talvez haja alguém ao seu lado que não consiga comer sequer uma fatia. Ele pode pegar só meia fatia de pão. Assim, de acordo com sua capacidade, de acordo com sua fome interior, você vai tentar satisfazer a si mesmo. De acordo com a capacidade dos outros, eles vão fazer a mesma coisa. Portanto, as forças de que você está falando não são não-divinas. São forças divinas, mas o problema surge porque você está tentando puxá-las além da sua capacidade.
Palmistry, Reincarnation and the Dream State, p. 25-27