by Patanga Cordeiro | Sep 11, 2020 | Perguntas e respostas
Sri Chinmoy numa aula de meditação em 1970 em Nova Iorque
O que é Vida Espiritual?
por Sri Chinmoy
Aqui somos todos buscadores, buscadores da Luz infinita e da Verdade eterna. O que isso significa? Significa que aceitamos a vida espiritual plena e conscientemente.
A questão fundamental é a seguinte: “O que é vida espiritual?” A vida espiritual é uma coisa natural e normal. Ela é sempre natural e ela é sempre normal, ao contrário de outras coisas com as quais nos deparamos em nossas múltiplas atividades diárias. A vida espiritual é normal e natural precisamente porque conhece a própria Fonte. Sua Fonte é Deus, a Luz infinita, e Deus, a Verdade eterna.
Quando seguimos a vida espiritual, sentimos que uma vida de paz não precisa permanecer uma meta distante para sempre. Nós sentimos que uma vida de amor, do amor que se expande, não precisa permanecer para sempre uma meta distante. Se seguimos a vida espiritual, podemos atingir e clamar como muito nosso tudo aquilo que nos gratifica de maneira divina e suprema.
Hoje não temos Paz, Luz e Felicidade em medida abundante à nossa disposição. Mas, ao praticarmos a espiritualidade, quando o nosso clamor interior, a que chamamos de aspiração, escala ao alto, ao mais alto, ao altíssimo, nessa hora conseguimos Paz, Luz e Felicidade não só em medida abundante, mas em medida infinita. E podemos atingir e apreciar essas qualidades divinas nos mais profundos recônditos dos nossos corações. Quando praticamos a vida espiritual plena, devotada e incondicionalmente, tentamos trazer à tona a divindade que todos nós temos. E essa divindade nada mais é do que a nossa perfeição.
Aqui somos todos buscadores. Cada buscador representa o ideal e o real. O ideal é a autotranscendência e o real é a Consciência Divina que a tudo permeia.
Se queremos crescer no real e no ideal em nós, temos de limpar a nossa mente completamente dos pensamentos não-divinos que estão constantemente nos assaltando. E temos de esvaziar o nosso coração e preenchê-lo com Luz e Deleite infinitos. Então Deus, o Real, e Deus, o Ideal, poderão cantar e dançar em nosso ser aspirante.
Aqui somos todos buscadores. Somos todos instrumentos escolhidos do Supremo, nosso Amado Supremo, o Eterno Piloto. Podemos provar essa sublime afirmação nossa, não com palavras mas sim com ações, com o nosso serviço amoroso e com o nosso amor ao serviço.
Serviço amoroso. Nosso serviço amoroso pode provar ao mundo como um todo que somos instrumentos escolhidos do Supremo, para o Supremo. Quando amamos ao Supremo plena, devotada e incondicionalmente na nossa mente aspirante, nós aumentamos a nossa Altura-Deus. E quando servimos ao Supremo plena, devotada e incondicionalmente na nossa mente aspirante, nós aprofundamos a nossa Profundidade-Deus.
The Soul’s Evolution, p. 1-2
Textos da série perguntas e respostas sobre meditação
by Patanga Cordeiro | Aug 25, 2020 | Aprendendo a meditar
Sri Chinmoy e Madre teresa em Roma
Madre Teresa fala sobre como aprender meditação em silêncio e oração
Acompanhando os escritos de Sri Chinmoy, vejo que ele costuma se referir informalmente à vida espiritual como “oração e meditação”. Uma oração elevada e entregue é como uma meditação em Deus.
Aqui separamos alguns textos da Madre Teresa, amiga de longa data de Sri Chinmoy, com quem compartilhava também o aniversário de nascimento em 27 de agosto. Nesses textos, vemos trechos de seus comentários sobre aprender a meditar e orar em silêncio.
***
Somos chamados em certos intervalos a nos recolher em um silêncio mais profundo e solidão com Deus, tanto juntos em comunidade quanto de forma solitária. Estar sozinho com Ele, não com nossos livros, pensamentos e lembranças, mas completamente despidos de tudo, habitando amorosamente em Sua presença – em silêncio, vazio, aguardo e imobilidade.
Se realmente queremos aprender a orar, devemos primeiro aprender a ouvir, pois é no silêncio do coração que Deus fala.
Os contemplativos e ascetas de todas as eras buscaram Deus no silêncio e solidão do deserto, floresta e montanha.
Ouça em silêncio, pois se o seu coração estiver repleto de outras coisas, você não conseguirá ouvir a voz de Deus. Mas quando você ouve a voz de Deus no silêncio do seu coração, o seu coração fica repleto de Deus. Isso exigirá muito sacrifício, mas, se realmente quisermos aprender a orar e quisermos orar, devemos estar prontos para fazê-lo agora.
O homem necessita de silêncio. Estar sozinho ou junto, buscando Deus em silêncio. É então que acumulamos o poder interior que distribuímos em ação, no menor dos deveres e nos mais duros desafios que enfrentamos.
Ter silêncio interior é muito difícil, mas precisamos tentar. No silêncio encontramos nova energia e uma verdadeira unicidade. A energia de Deus será nossa para tudo fazermos bem.
É difícil orar quando não sabemos orar. Precisamos nos ajudar a aprender. O mais importante é o silêncio.
Precisamos encontrar Deus, e Deus não pode ser encontrado no barulho e inquietação.
Não conseguimos nos colocar diretamente na presença de Deus sem nos colocarmos em silêncio interior e exterior. É por isso que devemos nos acostumar com o silêncio da alma, dos olhos, da língua.
Tudo começa com a oração que nasce no silêncio dos nossos corações.
Do livro “Tudo começa com a prece”
Tudo começa com a prece – livro inspirador da Madre Teresa
by Patanga Cordeiro | Aug 24, 2020 | Aprendendo a meditar
Dicas para meditar: porque meditar?
“O Reino dos céus assemelha-se a um tesouro escondido no campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o novamente. Então, transbordando de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele terreno. …
Não acumuleis para vós outros tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde ladrões arrombam para roubar. Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem podem destruir, e onde os ladrões não arrombam e roubam. …” Jesus Cristo, o Novo Testamento
Se me perguntassem por que motivo eu comecei a meditar, diria que foi porque vi um cartaz na universidade dizendo “curso de meditação gratuito“.
Mas, se me perguntassem por que eu tive interesse, por que eu quis ir nesse curso, eu não sei explicar. Eu só sabia que tinha que ir, sem nenhuma explicação.
Quando ouvimos as histórias dos Mestres espirituais, cedo ou tarde nos conciliamos com uma certa inevitabilidade, que somos escolhidos à Hora de Deus para realizar alguma coisa. Para mim, teve a Hora para começar a meditar, o que levou-me a encontrar a minha vida espiritual.
Ontem estava lendo histórias sobre a infância do meu Mestre, Sri Chinmoy, no Ashram de Sri Aurobindo. Ele contou uma história que, simplificadamente e com possíveis erros de lembrança da minha parte, era assim: um jovem rapaz foi comprar um sapato numa loja. O lojista embrulhou o calçado em jornal. Chegando em casa, ele abriu o jornal e se deparou com um artigo de Sri Aurobindo, com a sua foto. Foi o que bastou. Ele foi para Pondicherry encontrar-se com essa “pessoa” que, num piscar de olhos, passou a ser a coisa mais importante no mundo dele. Ele deixou tudo que tinha na vida – fama, posses, escolaridade – e se tornou um dos principais discípulos de Sri Aurobindo.
O nome de um Mestre espiritual realizado possui um poder imenso. Costumo me referir ao meu próprio Mestre como Guru, de forma muito carinhosa e próxima, mas quando ouço seu nome “Sri Chinmoy”, sinto que ali há um tesouro inigualável. Foi essa sensação que me inspirou a escrever, e também me fez lembrar da citação do Cristo que abre o artigo. Nesses dias, lendo as histórias de Sri Chinmoy, tive uma sensação profunda de satisfação, como se o fato de eu ter ele fosse a única coisa que importasse. Quando você tiver um Mestre realizado, terá essa mesma sensação, da sua própria forma e na sua própria hora, é claro.
Sri Chinmoy não espera do seus alunos que abdiquem do mundo formalmente, mas a nossa postura deve sim ser a de que a prioridade é o progresso espiritual, sendo que o progresso material serve apenas como base para o interior, nunca como uma meta por si só. Vemos o divino em tudo, em todas as coisas, e tentamos priorizar a busca por aquilo onde esse Divino está manifestado de forma mais presente e evidente.
Foi por isso que comecei a meditar. E você, por que vai começar a meditar?
by Patanga Cordeiro | Aug 23, 2020 | Uncategorised
“Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas dágua em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade….”
-Rubem Braga, do site frases de meditação.
Mente e coração: uma meditação
A crônica de Rubem Braga e a grande dicotomia que expressa me fez lembrar comentários do meu Mestre Sri Chinmoy sobre a natureza da mente e do coração.
O coração é e age e entende tudo como “o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade”.
A mente é e analisa e disseca tudo como em “…Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta”.
É por isso que a meditação acontece com facilidade no coração, e dificilmente acontece na mente. Ainda quando acontece, é árida, insatisfatória, duvidosa. No coração, você dá um passo de volta para os melhores tempos da sua infância (pois a criança tem mais acesso ao coração – é por isso que ela é tão bonita), e nem precisa fazer mais nada por aquele momento. Basta sentir no silêncio do templo do seu coração aquilo que deve fazer.
Lembro de algo que Sri Chinmoy disse uma vez (foi uma gravação de áudio de muitos anos atrás, por isso não tenho aqui as palavras exatas, e sim só o que lembro), sobre o primeiro dia ensinando meditação para os outros: não adianta ficar falando que a mente é ruim. Não. O correto é simplesmente utilizar mais o coração. A mente vai sendo iluminada posteriormente por sua proximidade com o coração que vai se iluminando. Só use mais o coração.
Como usar mais o coração? Tem várias palavras que terminam com “ção” que vão lhe ajudar a ficar mais no cora”ção” e sentir mais satisfa”ção”
- Meditação (diária, com aspiração interior)
- Oração (em silêncio, diariamente)
- Devoção (em pensamento, em ação)
- Canção (canções espirituais, canções de devoção, claro)
- Perfeição (por exemplo, nos esportes, ao dar o máximo de si ainda mantendo uma atitude de devoção – para quem já teve a experiência, parece ser a perfeição por um instante, não?)
- Ação (ação correta, instigada pelo divino dentro de si)
by Patanga Cordeiro | Aug 13, 2020 | Aprendendo a meditar
A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.
Sri Chinmoy
Dicas para meditar 4: Meditação é uma coisa tão simples e natural
Alguns anos atrás uma escritora do Vida Simples participou do nosso curso de meditação e escreveu uma matéria para a revista impressa. Uma amiga minha que também é jornalista reencontrou essa matéria e, pensando no nome “Vida Simples”, me veio o pensamento de que eu poderia retribuir, escrevendo agora eu sobre a como aprender a meditação e abordando o seu aspecto de “simples e natural”.
Meditação é muita coisa para muita gente. Para mim, meditação não é técnica. Meditação não se aprende lendo, e eu não posso ensinar para ninguém. Meditação é um anseio interior, que Sri Chinmoy costuma chamar de aspiração. Quando você dá um espaço para a sua meditação acontecer, para a sua aspiração mergulhar (é uma boa figura de linguagem), aí é que você entende o que é meditar. Mesmo uma meditação de um minuto, contanto que seja genuína, faz você levantar do lugar onde estava sentado uma pessoa completamente diferente do que a pessoa que se sentou lá.
Quando essa aspiração começa a se manifestar com frequência na vida de uma pessoa, ela se torna uma buscadora – buscadora da Verdade, da Luz, da Perfeição.
Agora pensemos. Verdade, Luz, Perfeição escritas assim, com inicial maiúscula… são coisas fáceis de se obter? Um diploma universitário, amigos, bens, são coisas bem simples de se obter. Basta dedicar alguns anos da sua vida. Mas, e o que você faz com isso? Isso lhe traz mais para perto da Verdade, Luz e Perfeição – ou para longe?
É por isso que a frase de Sri Chinmoy que abre o artigo é tão genial: “A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.”
Se você quer alcançar uma meta elevada, precisa de foco e dedicação. Precisa também de tempo e energia. Uma vida simples pode proporcionar isso a você. Mas como saber o que é importante e deve ser valorizado e o que é um estorvo e deve ser transformado? Cada um pode dizer diferentes coisas, mas quem está certo?
O silêncio do seu coração vai lhe mostrar. De repente, coisas que não queria fazer começam a parecer interessantes. Coisas que gostava de fazer repentinamente passam a parecer tão vazias, sem sentido. Seus amigos mudam, sua casa muda, suas roupas mudam, tudo muda. Como meditar? Você vai aprender também! A técnica que funciona melhor, o melhor professor, tudo vai aparecendo uma hora ou outra.
Uma vez que você começa a praticar a meditação (ou outra prática espiritual) com sinceridade e aspiração, a sua alma vem mais à tona, e o seu “eu” buscador começa a mostrar para você o que vale a pena e o que não vale. O que leva você adiante e o que não leva. O que tem futuro e o que não tem futuro. Isso faz com que tenha a oportunidade de deixar que somente as coisas importantes fiquem na sua vida. O seu papel é ouvir o seu coração. O resultado é a Verdade, a Luz, a Perfeição.
O texto que abre o artigo termina assim:
“A meditação é um dom divino. Ela é a abordagem direta que leva o aspirante ao Uno de quem ele é descendente. A meditação diz ao aspirante que a sua vida humana é uma coisa secreta e sagrada, e ela afirma a sua herança divina. A meditação lhe proporciona um novo olho para enxergar Deus, um novo ouvido para ouvir a Voz de Deus e um novo coração para sentir a Presença de Deus.”
Sri Chinmoy, Meditation: man’s choice and God’s Voice, part 1, Agni Press, 1974
by Patanga Cordeiro | Aug 12, 2020 | Aprendendo a meditar
Meditação
É a perfeita identificação
Com a plenitude.
Sri Chinmoy, Seventy-Seven Thousand Service-Trees, part 23, Agni Press, 2001
Dica para meditação 3: Meditação é uma forma de identificação
Sinto que a meditação não é uma técnica, mas talvez uma abordagem na sua disciplina espiritual. Minha disciplina espiritual começa de manhã cedo, quando medito na foto do meu Mestre, Sri Chinmoy.
Se você não tem um Mestre realizado, você pode meditar de outras formas, no céu ou oceano, no seu coração, na música espiritual.
Ele sempre nos ensinou que a melhor meditação acontece a partir do coração, e que o coração possui uma habilidade particular, que é a capacidade de identificação, de unicidade genuína.
Depois de uns dez ou quinze anos de meditação diária, minha meditação mudou um pouco. Um dia, em particular, tentei sentir que a minha existência e a existência do Mestre, da consciência que a foto dele traz, não são duas coisas. São uma só. Olhei para a foto e senti que eu sou aquela foto, e todas as coisas que aquela foto é eu também sou.
O papel de um Mestre espiritual, numa das minhas histórias favoritas de Sri Chinmoy, é justamente esse, e reproduzo um trecho da história aqui:
O Mestre falou, “Veja, agora mesmo, alguns dos meus discípulos estão molhando a grama. Há pequenas plantas por aqui.” O Mestre apontou duas plantinhas bem miúdas. Então, o Mestre pegou uma pazinha e arrancou uma delas. Pegou a planta toda, raiz e folhas, e dirigiu-se para a outra planta. Aí, também, removeu a planta inteira e substituiu-a pela primeira. Daí, pegou a segunda planta e replantou-a no lugar da primeira.
Então, o Mestre falou, “Olhe aqui. Esta planta é o homem e aquela é Deus. Agora, eu sou o Mestre. Eu cheguei aqui e toquei esta planta. Foi uma questão de minutos, poucos minutos. Tão logo a toquei, imediatamente a planta me deu a divina resposta, e eu a peguei e a coloquei lá onde a planta chamada ‘Deus’ estivera. Então, peguei a planta-Deus e obtive toda Sua Compaixão, Amor, Alegria e Deleite, e os coloquei aqui onde o homem a planta estivera. Foi uma questão de apenas poucos minutos. Levei o homem a Deus e trouxe Deus ao homem.”
Praticando tentar me identificar com a consciência do meu Mestre, não apenas parece que tenho mais facilidade para conseguir ter uma experiência mais completa, mas também mais profunda e transformadora. Você também pode se identificar com o céu, com o oceano, com Deus.
Também é possível que, durante ou depois da meditação, você sinta identificação com um certo aspecto da sua busca – você pode sentir amor intenso por Deus ou pelo seu Mestre ou pela humanidade. Mas a gama de experiências é vasta, e eu não conseguiria descrever mais do que as experiências que tive.
Pergunta: quando medito com o meu coração na sua foto, tenho tido dor de cabeça.
Sri Chinmoy: Você está forçando além da sua capacidade. Você sente que está meditando no seu coração, mas está sendo enganado. Você está na verdade meditando na sua mente, sem ser capaz de sentir a presença da sua mente. Se realmente meditar no coração, você terá o sentimento de identificação. Então, não importando o quão intensamente você medite, não haverá esse problema.
Por gentilea seja mais consciente. Então será capaz de descobrir que está meditando na mente. Se meditar no coração, não importa quantas horas medite ou quanta Paz, Luz e Deleite receba em seu coração, não terá dores de cabeça.
Sri Chinmoy, The mind and the heart in meditation, Agni Press, 1977
by Patanga Cordeiro | Aug 11, 2020 | Aprendendo a meditar
Cada pensamento devotado
É uma poderosa oração.
Cada poderosa oração
É uma visão frutífera do homem
Que tenta se tornar
A própria imagem de Deus.
Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, part 95, Agni Press, 1983
Sri Chinmoy costuma sempre dizer que tanto a oração quanto a meditação são muito eficazes, e que as pessoas realizaram Deus tanto pela oração quanto pela meditação. Ainda assim, ele considera que a meditação é um pouco mais rápida, mais incondicional, e que nos traz uma maior sensação de unicidade com o Supremo. (A lógica é que, quando oramos, pedimos algo e, portanto, nos sentimos separados de Deus. Na meditação, a ideia é justamente perceber a unicidade com Ele diretamente.)
Mas há momentos, dias, onde fica difícil meditar direito. Principalmente durante o correr do dia, quanto por vezes muitas coisas passam pela cabeça, quando tivemos de lidar com muitas coisas diferentes. Ainda assim tentamos meditar, mas às vezes não funciona.
Nessas horas, se você lembrar de manter a sua mente em estado de oração, isso será uma grande ajuda. Você tem um sentimento de consagração, conversando com Deus ou com a natureza. Isso pode lhe dar uma nova perspectiva sobre a sua situação, sobre todas as coisas, na verdade, e fazer com que receba o que teria recebido da sua meditação ou então que passe a ter mais receptividade e logo tenha uma boa meditação.
Também é uma oportunidade para quebrar paradigmas seus, para reconsiderar o valor de cada coisa. Na oração, você faz isso de forma consciente. Na meditação, essa realização aparece espontaneamente com a prática diária.
by Patanga Cordeiro | Aug 10, 2020 | Aprendendo a meditar
Quando a Vontade altíssima deseja exercitar-se em e através do corpo físico, o físico deve desenvolver receptividade para que possamos devotadamente manifestar exteriormente o que temos em nosso interior.
Sri Chinmoy, Lifting up the world with a oneness-heart, Agni Press, 1988
Sri Chinmoy foi um decatleta campeão, jogador de futebol e vôlei durante a sua juventude. Mas mesmo depois do seu ápice por volta dos 30 anos, ele nunca deixou de fazer exercícios. Passou a jogar tênis, fazer corridas e ciclismo de longa distância, e mesmo aos 55 anos, quando seu joelho já não suportava a sua volumosa quilometragem diária, ele passou a fazer levantamentos de pesos de até 3100kg.
No caso de um Mestre espiritual realizado, tudo o que ele faz tem um motivo explícito: por ter alcançado unicidade consciente com o Divino, todas as suas ações são obras Dele, e portanto os seus motivos são motivos Dele.
Entretanto, quando possível e conveniente, o Mestre espiritual explica para as pessoas porque algo deve ser feito. Por exemplo, não só ele fazia, mas também pedia veementemente que todos os seus discípulos praticassem esportes diariamente. Aos que tinham mais afinidade, encorajava que treinassem bastante para se autotranscender. Aos que tinham menos, ainda assim explicava que o exercício físico é indispensável para seus alunos, não só para manter o corpo saudável, para estender a nossa vida aspirante na Terra, mas também para gerar receptividade no físico. Essa receptividade é a receptividade à luz interior. Por isso, quando fizer exercícios, se pensar conscientemente no seu propósito, isso lhe trará um grande benefício. Por que estou me exercitando?
A meditação também se beneficia imediatamente. Eu mesmo não tenho visão interior, mas, tendo lido os escritos de Sri Chinmoy e praticado sua filosofia, e praticado esportes – desde correr por 20 minutos de manhã cedo até fazer ultramaratonas de 10 dias – por muitos anos, posso destacar que a sua meditação melhora não pouco, mas muito, com a prática de esportes.
Uma coisa clara é o sentimento de inquietação mental e física. Quando você gasta a energia física, você não a perde. Ela é transmutada de energia física grosseira, inerte (açúcar, gordura, inquietação, letargia), para energia vital dinâmica (vigília, entusiasmo, determinação). Ao terminar de fazer os exercícios, muitas vezes você pode perceber como é mais fácil realizar suas tarefas domésticas, de trabalho, espirituais. Tudo fica mais fácil.
A mente também se beneficia muito. Aquela inquietação natural da mente é gasta no processo do exercício, sobrando um estado de vigilância positiva. É como a diferença entre um cachorro treinado e um cachorro destreinado em casa. Quem já teve cachorro em casa deve saber como é. Quando o carteiro chega trazendo correspondência, o cão destreinado morde as coisas, corre aqui e ali, late desesperado, etc. Mas não tinha motivo. O cão treinado só observa se a situação requer intervenção. Se não, ele curva seu instinto e retorna a guardar a casa contra algo que possa ser relevante. Igualmente, a nossa mente deve ser treinada a afastar as coisas ruins, e não a ficar reagindo a tudo e todas as coisas.
Em tempos de excesso de informação, sinto que o exercício é uma forma de purificar os padrões que criamos para a mente com tantas mídias dispensáveis. Então, tanto durante o seu dia você fica mais receptivo às coisas sutis que acontecem ao seu redor, quanto durante a sua meditação fica mais fácil se concentrar para mergulhar fundo.
by Patanga Cordeiro | Jul 30, 2020 | Histórias
por Thamara Paiva
Quando aprendi a perceber os sinais na minha vida
Se você pudesse voltar no tempo o que você diria para seu antigo eu de quase 30 anos? Eu diria: calma, minha filha, você não controla a sua vida e você vai nascer de novo aqui mesmo nesta vida.
Embora a gente tenha de viver o presente, o aqui e o agora, como Sri Chinmoy nos ensina, às vezes eu gosto de olhar para trás para fazer uma análise da pessoa que eu me tornei. Não é viver o que aconteceu lá atrás e sim perceber o quanto eu mudei e ainda posso mudar.
Quando nascemos esquecemos de tudo que já vivemos em outras vidas e na medida que vamos crescendo podemos “desaprender” o que antes já tínhamos conquistado ou evoluir seguindo o que já começamos antes. Mas muitas vezes não conseguimos entender os sinais que Deus faz pra gente, indicando esse caminho de seguir o plano que já havíamos começado muito antes de estar aqui nesse planeta.
Comecei este texto com essa pergunta porque hoje, 26 de julho, é um dia muito significativo para mim, há dois anos eu oficialmente nascia para uma nova vida. Eu conheci os ensinamentos de Sri Chinmoy em novembro de 2017 em São Paulo e desde então posso dizer que a minha busca por algo maior só aumentou. É engraçado analisar tudo que eu sempre vivi antes e todas as vezes que não consegui sentir o sinal divino falando comigo. Sabe quando você ouve “alguém” sussurrando para fazer algo? Eu não sabia o que era…
No primeiro dia que participei do curso de meditação eu sentia que devia continuar, porém eu fiz a escolha de não seguir naquele curso. Eu poderia fazer em dezembro, já que acontecia todo mês. Só que naquele dezembro não aconteceu. Ah, quanta coisa acontece em um mês… Mas a minha sede por esse mundo da meditação estava aguçada e nada me impediria de começar o curso novamente em janeiro, nem mesmo um namoro recém-começado.
E eu fui e fiz até o final. Lembro que um dia, talvez o penúltimo, eu não estava muito bem e quase faltei, mas algo dentro de mim, que era mais forte do que eu me fez chegar até aquela casinha branquinha tão especial na Vila Mariana. E só de pisar lá dentro eu mudei e saí tão bem que só agradeci por essa força ter me guiado.
No último dia de curso eu poderia ter continuado. Eu sabia que deveria ter continuado. Aquela “voz” dizia para meu coração que era o certo a se fazer. Mas eu não conseguia ouvi-la, como não a ouvi tantas outras vezes em minha vida ao longo daqueles 30 anos. E saí correndo, como se estivesse fugindo de alguém, na verdade eu estava fugindo de mim mesma, de quem eu me tornaria. Só escrevi minha carta pedindo a Sri Chinmoy que me aceitasse como sua aluna e depois fugi.
Só hoje quando aprendi a ouvi-la e senti-la em meu coração que posso saber disso, porque eu olho pra trás e vejo quantas vezes Deus tentou falar comigo, mas eu não sabia ouvi-lo.
Nos meses seguintes minha vida mudou completamente, terminei o namoro e me mudei de país. Eu não estava feliz com a minha vida e nada me preenchia. Na verdade, a única coisa que me fazia feliz era a corrida. Acho que porque enquanto estava correndo, poderia ser eu mesma e não precisava me preocupar com nada. Era tudo tão simples e natural…
Mudança de vida
Fui para Dublin porque eu precisava muito melhorar meu inglês que não avançava no Brasil. Mas fui também em busca de algo que eu não sabia, queria uma mudança em minha vida.
Chegando lá, como sempre faço em todos os lugares para onde me mudo, busquei Deus na referência de religião que tinha. Mas lá não era como aqui no Brasil, não me completava. Eu não encontrava as respostas que queria lá. Mas onde mais procurar? Eu não sabia. E por não saber continuei frequentando o lugar onde eu conseguiria estudar as formas de me encontrar com Deus. Eu sabia que continuando lá o caminho seria mais longo… Mas eu não tinha encontrado outra escolha, sozinha seria ainda mais difícil.
Foi quando, andando no centro de Dublin um dia à tarde eu me deparei com um desses sinais que tanto ignorei na minha vida. Era um cartaz que dizia: “Curso de meditação gratuito – acesse o site e veja todas as informações”. Na mesma hora eu tirei uma foto e guardei. Ali estava a resposta que eu tanto buscava: a meditação. Como pude não lembrar dela antes?
Abri o site e me deparei com Sri Chinmoy sorrindo pra mim. Era como se ele dissesse: “seja bem-vinda, minha filha. Eu aceito você como minha aluna. Não precisa mais procurar outro caminho para encontrar Deus.”
Foi tudo tão mágico e me arrepio cada vez que lembro. Cheguei na loja de música, bem no Centro de Dublin, onde aconteceriam as aulas. Era como se eu estivesse chegando em casa. Não conhecia ninguém ali, mas eu falava pra eles: eu já fiz o curso, conheço vocês, sei quem é Sri Chinmoy. Eu fiz quatro aulas em São Paulo e já me sentia da família. Quando pisei ali na loja eu já sabia que era aquele caminho que eu ia seguir. Dessa vez eu não ia fugir.
É engraçado que para minha surpresa, acho que para eu ter certeza da escolha que estava fazendo para minha vida, aquele ex namorado que deixei lá atrás no Brasil foi também para a Irlanda. Eu senti naquele momento que era realmente uma escolha importante que deveria fazer para minha vida: ou eu seguiria o caminho “imposto” pela sociedade, o caminho que diz para gente se formar em uma boa faculdade, ter um bom emprego, casar e ter filhos; ou então seguiria o caminho espiritual, o caminho do coração, da alegria interior, da luz e de Deus. Como eu já tinha aprendido a sentir e a ouvir aquela voz que falava comigo várias vezes, escolhi o caminho do meu coração. Foi então que nasci de novo, para uma “nova” vida.
E com um aforismo de Sri Chinmoy concluo:
“Tenho tanto orgulho da minha mente.
Por quê?
Porque ela começou a apreciar pequenas coisas:
– um pensamento simples;
– um coração puro.
– uma vida humilde.”
by Patanga Cordeiro | Jul 29, 2020 | Perguntas e respostas
Pergunta: Quando medito com o meu coração na sua foto, tenho tido dor de cabeça.
Sri Chinmoy: Você está forçando além da sua capacidade. Você sente que está meditando no seu coração, mas está sendo enganado. Você está na verdade meditando na sua mente, sem ser capaz de sentir a presença da sua mente. Se realmente meditar no coração, você terá o sentimento de identificação. Então, não importando o quão intensamente você medite, não haverá esse problema.
Por gentilea seja mais consciente. Então será capaz de descobrir que está meditando na mente. Se meditar no coração, não importa quantas horas medite ou quanta Paz, Luz e Deleite receba em seu coração, não terá dores de cabeça.
Sri Chinmoy, The mind and the heart in meditation, Agni Press, 1977
by Patanga Cordeiro | Jul 28, 2020 | Cursos de meditação gratuitos, São Paulo - capital e zona sul leste oeste norte e centro
Estamos verificando as normas e decretos governamentais e, se tudo estiver de acordo, pretendemos fazer um curso presencial de meditação em São Paulo em agosto. Para ficar sabendo, acesse a página de contato.
by Patanga Cordeiro | Jul 27, 2020 | Diversos, Histórias pessoais - diário
Simplicidade
A simplicidade é a grandeza na bondade.
Uma vida simples tem muito poucos problemas a enfrentar.
Porque é simples, você encorpora a poderosa Esperança de Deus em si.
A simpicidade é uma descoberta muito gloriosa.
A simplicidade é o nascimento frutífero da paz.
A simplicidade é o amigo-beleza de Deus.
A simplicidade alcança os vastos recônditos do mundo.
Sri Chinmoy, Silver thought-waves, part 2, Agni Press, 1992
Acontece comigo de muitas vezes ter coisas maravilhosas para fazer, mas minha mente me diz: “Ah, encontrei algo melhor ainda para fazermos.” Aí eu caio na cilada, e acabo deixando de fazer a contento o que já sabia que deveria ter feito com exclusividade.
Por vezes fico fantasiando sobre um dia perfeito que poderia passar lendo ou cantando ou meditando. Mas sempre que surge uma brecha de tempo, eu encontro algo diverso para fazer, incluindo escrever este texto. Coisas boas, muitas vezes, mas sempre postergo o plano de me dedicar ao meu eu interior de uma maneira que sinto necessária às vezes.
A solução do problema é simples: ouvir mais o coração, e não a mente. O coração sempre nos traz a sensação de satisfação, de paz, de contentamento, de simplicidade. Com essa sensação, fica muito mais fácil fazer o que o poema diz, “encorporar a poderosa Esperança de Deus em si.”
Seria como se dedicar a uma meta; não ficar para cá e para lá, mas ter uma noção de onde pode chegar e, principalmente, no que pode se tornar neste dia, neste ano, nesta vida.
Uma resposta para ficar mais no coração é a meditação.
Porque o coração quer meditar?
Ele quer meditar
Porque quer amar
O Supremo mais.
O coração sabe que a meditação
É a resposta.
Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, part 49, Agni Press, 1982
by Patanga Cordeiro | Jul 26, 2020 | Diversos
“As pessoas dizem que é bom fazer promessas – apenas assim suas capacidades interiores virão à tona. Mas eu gostaria de lhe dizer que apenas uma promessa é boa: a sua promessa de que conquistará a ignorância e realizará Deus nesta vida. Apenas essa promessa vale a pena fazer – todas as outras são perigosas e destrutivas.”
Trecho de uma história no livro Sri Chinmoy, Great Indian meals: divinely delicious and supremely nourishing, part 2, Agni Press, 1979
Antes das promessas: meditação e autodescoberta
Com sua vida espiritual, sua prática de meditação, ação desapegada e devoção, todas as coisas passam a ter um novo sentido. Algo sublime passa a ser vazio e vice-versa. Seus planos de vida tornam-se pífios e você percebe um mundo todo à sua disposição, o qual você também se dispõe a amar e a servir. Um mundo que estava bem debaixo do seu nariz, mas que nunca imaginou que existia. Esse mundo não é um conto de fadas, nem um mosteiro ou uma caverna. Esse mundo é a sobreposição da vida divina sobre a vida cotidiana. É o mundo com seu significado e propósito completos, aguardando seus passos firmes para sua manifestação e completude finais.
Hoje estava lendo uma conversa de Sri Aurobindo com seus discípulos. Na história foi mencionado que nossos conceitos sobre justiça e realidade podem limitar a ação da Graça superior. Foi o que me inspirou a escrever, baseado nas minhas experiências e nos ensinamentos de Sri Chinmoy.
Promessas-problema
Na minha vida, lembro só de duas promessas que fiz. E quebrei todas elas. Uma delas foi que nunca iria deixar de comer carne e outra que nunca me separaria da minha noiva. Hoje sou vegetariano e solteiro.
No Mahabharata, que é como uma bíblia do hinduísmo, há inúmeras histórias sobre os personagens realizando promessas. A veia comum nessas histórias é que todos os personagens se dão muito mal por terem feito promessas. Notoriamente, diversos exércitos lutaram contra o lado do bem na Batalha de Kurukshetra por conta de promessas anteriores.
Arjuna, no 13º dia da Batalha, ao ver o seu filho morto em uma emboscada, fez o juramento que se não vingasse a sua morte até o por do sol seguinte, ele entraria vivo numa fogueira de cremação.
Mas Arjuna era o bastião do seu exército, o exército que Sri Krishna, a personificação do Divino e da Verdade na Terra, havia colocado contra as forças demoníacas que utilizavam o exército oponente. Que audácia teve Arjuna de arriscar a batalha e a humanidade toda para satisfazer seu orgulho ferido e sua emoção! Krishna, ao ficar sabendo da promessa de Arjuna, ficou profundamente insatisfeito. Ele teve que ajudar Arjuna a cumprir sua promessa, despendendo recursos, tempo e risco desnecessários para satisfazer a promessa egoísta de um guerreiro entristecido. Krishna admoestou todos os guerreiros a não fazerem promessas novamente.
Minha história é uma história de formiga (ou menos) comparada com a de Arjuna no Mahabharata, mas o princípio pode ser parecido. Por um impulso, ou por causa de uma ideia fixa que absorvi da sociedade (comer carne e noivar), fiz promessas que pareciam fazer todo o sentido naquele momento. Mas, depois de começar a meditar e (assim como na história de Arjuna e Krishna) com o toque da Graça do meu Mestre, Graça que de início eu não percebia, mas que hoje é a única coisa clara na minha vida, reparei que essas coisas que prometi eram todas contraprodutivas.
O melhor que tive a fazer foi quebrar as promessas, engolindo o orgulho e suportando todas as críticas exteriores dos amigos, família, etc. Então, renovado, pude continuar a minha jornada.
Mencionei o Mahabharata, mas o Cristo no Novo Testamento também incita seus alunos e discípulos a se aterem à tarefa em questão e não causarem problemas ao futuro com promessas:
Não jureis de forma alguma; nem pelos céus, que são o trono de Deus; nem pela terra, por ser o estrado onde repousam seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. E não jures por tua cabeça, pois não tens o poder de tornar um fio de cabelo branco ou preto. Seja, porém, o teu sim, sim! E o teu não, não! O que passar disso vem do Maligno.
Mas é claro que nem tudo na vida é preto e branco. Sri Chinmoy também nos ensina na história que abre o capítulo do livro mencionado no início deste texto:
“Mas eu gostaria de lhe dizer que apenas uma promessa é boa: a sua promessa de que conquistará a ignorância e realizará Deus nesta vida.”
Sri Chinmoy costumava nos inspirar a fazer pequenas promessas, principalmente por ocasião do ano novo, sempre muito direcionadas e, se não conseguíssemos cumpri-las, seguiríamos em frente sem olhar para trás. Ou seja, não é tanto uma promessa, mas sim um plano inspirador.
Por exemplo: meditarei uma vez mais ao dia durante o mês de janeiro (não precisa marcar algo fixo); farei exercícios físicos durante todo o mês de fevereiro (contanto que seja exercício, está bom); lerei os livros do meu Mestre todos os dias sem falta durante o mês de março (não importa qual livro dele).
São todas promessas muito razoáveis e que podem ser realizadas sem causar problema algum na sua vida, mesmo se não estiver com aquele livro que estava lendo; se não estiver com o seu tênis de corrida; se estiver numa reunião importante na hora da meditação. Sempre tem uma forma razoável de cumprir essas promessas. Elas servem para lembrar você de coisas que são importantes e não devem ser negligenciadas. Não são paradigmas forçados e autoinventados ou absorvidos da cultura local, como a minha ideia de que nunca deixaria de comer carne ou que deveria ficar com uma pessoa por toda a vida.
Queria escrever isto para ninguém ficar patinando na vida como eu fiz! Ou, pelo menos, patinar um pouquinho menos, por menos tempo!