A meditação no controle da vida

Perdi o controle da minha vida, e agora?

por Juliana Francisco

 

Antes de começar a minha busca consciente por autoconhecimento e meditação, comecei a sentir que não tinha o controle da minha vida, que tudo que eu achava que tinha não era real. Exemplo: perdi amigos que achava que eram meus verdadeiros amigos; perdi familiares, que supostamente deveriam me amar do jeito que sou; perdi a motivação para prosseguir trabalhando na minha área de atuação, que por sua vez era uma das coisas que me definiam, pois vivi para construir a carreira que tinha; perdi os interesses comuns como compras, viagens, comidas, bebidas e festas, enfim, a impressão que tinha era de que nada estava dando certo. Toda a vida que sonhei, que construí, que me definia, parecia nunca ter existido ou mesmo que não me pertencia.

Esse sentimento de perda de controle da vida comum, foi muito difícil para mim. Eu costumava ser o tipo de pessoa que sabe de tudo, que tem controle sobre tudo, que aconselha as pessoas, pois sabe viver sua vida, e, de repente, tudo muda. Não sabia quem eu era, o que eu queria, qual era o sentido da vida e porque as coisas que tinha não me satisfaziam mais. O mais difícil foi não ter com quem compartilhar esse sentimento, mesmo em casa. Eu não queria mais nada da vida e “queria algo a mais”, não queria as coisas triviais, que no geral buscamos, como dinheiro, poder, fama, bens materiais e prazeres comuns. Isso não me satisfazia. E uma das coisas mais incompreendidas por mim é o fato de “não querer nada”, “não desejar nada”; eu sempre fui o tipo de pessoa que tem objetivos claros, metas e ação para alcançá-los. Então foi super assustador perceber que não queria nada e ao mesmo tempo ter de viver a vida comum, que todos vivem. Afinal, temos de pagar nossas contas. Mas depois fui percebendo, ao longo da minha busca por “algo mais”, o que estava acontecendo comigo.

Tem uma história, que Sri Chinmoy conta no livro “O Herói Divino” que diz assim:

Um bom homem e um homem mal eram vizinhos. Um dia, o homem mal disse, “Você tem que desenvolver qualidades artísticas. Você tem que ir a bons clubes e aprender sobre cultura, filosofia, espiritualidade a muitas outras coisas.” O homem estava hesitante. Ele disse, “Não, não. Para mim, é melhor eu ficar em casa e ler livros religiosos e espirituais”. O homem mal disse, “Ao menos venha ao meu clube uma vez e veja o que você gosta. Você está fadado a aprender algumas coisas que são necessárias na vida humana.” O bom homem concordou, e juntos foram ao clube. Eles leram em voz alta livros espirituais e religiosos e discutiram todo tipo de coisa. Depois da discussão, eles começaram a beber. Eles tiveram uma maravilhosa discussão cultural, religiosa, espiritual e filosófica e então começaram a beber!

Quando o bom homem voltou para a casa, sua esposa não pode acreditar no que viu. O que você fez? Eu não consigo te reconhecer!
Ele disse, “ Eu bebi vinho”;

Sua esposa ficou furiosa. “Como pode fazer isso?”, ela gritou.

O marido disse. “Meu amigo me disse que isso era bom. O Senhor Indra costumava beber néctar. Seu néctar e meu vinho são as mesmas coisas”.

A esposa estava extremamente irritada. “Não, não. Você não pode beber. Você não deve beber”!

O homem disse, “ok, eu te prometo não beber nunca mais”.

Ora, uma vez que você bebe, você é pego. Quando seu vizinho o convidou a ir ao clube novamente, o homem disse, “Minha esposa ficará furiosa. O que vou fazer?”

O amigo perguntou, “Me diga francamente, você gostou?”

“Sim, eu gostei, mas agora terei uma briga em casa. Terei uma guerra!”.

O vizinho disse, “Não, não, não, desta vez nada irá acontecer. Você apenas tem que vir comigo. Eu te asseguro que nada irá acontecer”.

O bom homem foi ao clube novamente. Ele aproveitou a discussão filosófica, espiritual e outros tipos de coisas. Quando, com seu amigo, ele voltou para casa, muito bêbado, sua esposa estava esperando. Ela disse, “Você prometeu não fazer isso”! Então ela falou que queria deixá-lo.

O bom homem disse, “Não, desta vez minha promessa será definitivamente sincera. E nunca, nunca mais irei lá novamente”!

A esposa disse, “Porque você está mentindo? Você disse da última vez que não iria lá novamente!” Ele replicou, “Mas mesmo o Senhor Indra disse muitas mentiras.” A sua esposa disse, “Você é outro Senhor Indra para dizer mentiras o quanto quiser?”

O marido disse, “Indra disse muitas, muitas mentiras e até mesmo roubou uma vaca. Eu nunca roubei nada, então Indra estava um passo à frente de mim. Indra era um ladrão, enquanto que eu sou apenas um mentiroso. Indra nos ensinou como dizer mentiras. Se Indra, o deus cósmico, pode dizer mentiras, o que há de errado em um ser humano dizer mentiras?”

No dia seguinte era feriado para o marido, então ele não foi trabalhar. Sua esposa era devotada a ele. Todo dia pela manhã, ela preparava o café da manhã, depois o almoço e a janta. Geralmente ela preparava o café da manhã por volta das 8h, mas era 11h e ainda a sua esposa não havia feito o café da manhã. O que ela está fazendo? Ela está costurando uma peça de roupa para ela? Finalmente ele pediu para seu filho dizer para sua mãe que estava ficando tarde e ele estava extremamente faminto.

A mãe disse ao seu filho, “Por favor, por favor, meu filho, meu querido, não se envolva na nossa briga – apenas observe e aproveite o que está acontecendo.”

Seu filho disse, “Eu não quero me envolver nesta briga Mãe. Por favor, cuide disso.”

Em breve era 13h, então 14h. Ainda a esposa não havia dado nenhuma comida ao marido. Ele estava ficando furioso e finalmente disse,

“Que tipo de esposa é você?”

Sua esposa disse, “Desde que você se tornou outro Indra, eu sou definitivamente Sachi, esposa de Indra. Quem pode dizer que Sachi já cozinhou? Ela tinha muitos, muitos empregados e cozinheiros para ela. Eu sou a Sachi agora, então eu não preciso cozinhar nunca mais. Deixe-os cozinharem e te servirem, porque de agora em diante, eu farei o que eu quiser fazer; sou uma rainha. Indra era um rei e reis possuem todo tipo de cozinheiros a empregados. Eu sou uma rainha, então farei o que eu gostar. Eu não vou cozinhar para você nunca mais.”

O homem estava tão triste e perturbado em ouvir as palavras da esposa. Ele disse, “Eu nunca, nunca mais irei com meu amigo ao clube.

Eu permanecerei devotado e fiel a você. Está é minha absoluta e solene promessa.”

O filho deles estava muito feliz que seus pais se reconciliaram. Daquele dia em diante, a esposa cozinhou e fez tudo para seu marido, como sempre, e seu marido manteve sua promessa. Ele não foi mais ao clube com seu amigo. Isso foi como a esposa ensinou uma lição ao marido.

Quando encontrei o curso de meditação aqui em SP, comecei a praticar a meditação diariamente, ao menos duas vezes ao dia, a ler livros espirituais e me autoconhecer. Então percebi que Deus, é maravilhoso, mas o problema é que ele as vezes se esconde, ele brinca conosco, faz como a “esposa” fez com o “marido”, até que a gente perceba que tem algo errado, sinta a “fome” por algo mais e cumpra a nossa promessa.

Eu sinto isso, eu acabei aproveitando as coisas da vida, foi bom até certo ponto, fazia por que todos fazem, como o “marido” fez, foi bom, mas depois, quando Deus se escondeu, eu percebi que queria o que era realmente importante para mim. E só percebi isso, quando Deus, “a esposa” se fez ausente. Quando a “fome” apareceu.

Sri Chinmoy diz que cada alma faz uma promessa a Deus antes de vir a terra. Quando nos mantemos no caminho que prometemos, nos sentimos satisfeitos, felizes, com um sentimento de que “estamos no caminho”. É assim que me sinto agora. No caminho. Sei que a caminhada será longa, mas não estou só. A vida voltou a estar no meu controle, mas porque sei que não tenho o controle sobre ela. Nunca tive o controle, percebo que Deus, o Arquiteto, Alá, Vácuo quântico ou qualquer nome que você queira dar para esta força que rege tudo, sempre esteve no controle de tudo, mas eu estava seguindo um caminho diferente daquele que me comprometi. Para algumas pessoas é assim, e vejo hoje, conversando com meus colegas de meditação que é isso mesmo. Para algumas pessoas, há satisfação em viver o ciclo de vida comum, como fazer a faculdade, casar, ter filhos, bens materiais e morrer, mas para outras, como eu e meus amigos da meditação, não. Precisamos de algo a mais para nos sentirmos felizes e satisfeitos.

 

Deus está mantendo Sua Promessa.
Ele está segurando você
Cuidadosamente e firmemente
E te impedindo de balançar.
Talvez você, também,
Fez uma promessa solene a Deus.
Talvez!

-Sri Chinmoy

Meditação no trabalho – efeitos e experiências no ambiente de trabalho

Pergunta: Qual é a melhor forma de ficar numa consciência divina enquanto estamos trabalhando duro?

Sri Chinmoy: A melhor forma de permanecer numa consciência divina é parar o que está fazendo por três minutos a cada hora. A cada hora fique sozinho por três minutos. Ao final de cada hora, não importa o que esteja acontecendo, fique sozinho e medite por três minutos. Esses três minutos terão um poder tremendo. Se puder meditar por três minutos e obtiver paz, luz e confiança, manterá essas qualidades por uma hora facilmente. Você pode estar numa sala ou na rua, mas ninguém deve estar com você ou perto de você quando meditar. Essa é a melhor maneira de permanecer numa consciência divina enquanto trabalhar.

Nas últimas três semanas em particular, meu trabalho tem sido muito, muito, incrivelmente cansativo. Mas hoje tive uma experiência incomum.

Uma das minhas chefes chegou junto comigo no trabalho, e logo veio me dizer: “Hoje eu sonhei com você. Você estava indo para um lugar muito importante. Aí fiquei curiosa, queria saber se estava tudo bem?” Ela até disse que, depois do sonho, ficou inspirada a ler um pouco mais sobre o meu Mestre, Sri Chinmoy.

Eu contei para ela que estava indo no dia seguinte para Nova Iorque para visitar o meu Mestre espiritual. Isso é algo muito importante, e, além das experiências interiores e exteriores, inspiração e purificação que acontece nessas viagens, contei para ela que, ao sentar no avião na viagem de volta, sinto-me uma pessoa completamente diferente daquela que sentou-se no avião na viagem de ida. É como se uma vida inteira tivesse passado. Acho que é uma medida subjetiva do progresso que fiz durante a viagem. É uma viagem muito importante, exatamente como o sonho dela a descreveu.

Não preciso dizer que ela ficou impressionada com a “coincidência” de eu estar viajando para NY 36h depois do sonho.
Foi de fato muito interessante uma colega de trabalho, com quem não costumo conversar todos os dias, ter uma experiência dessas.
Eu nunca fiz nada extraordinário de forma consciente pelos meus colegas, exceto as coisas normais do dia a dia. Tentar ser educado, sincero, etc. Eu medito de manhã cedo todos os dias faz 16 anos e também medito por alguns minutos antes de começar o meu trabalho.
Mas acho que, sem eu ter qualquer intenção, sem eu ter qualquer capacidade de fazer algo por alguém, algo que recebo durante a minha meditação os meus colegas o recebem em algum grau. Num exemplo análogo, se você começa a trabalhar numa firma X, talvez desenvolva interesse em aprender sobre X. Se seus colegas de trabalho na firma Y gostam de fazer Y nas horas vagas, talvez você comece a sentir vontade de fazer Y. Igualmente, acho que um pouquinho do que eu recebo, (por uma graça incondicional, preciso dizer), é compartilhado com as pessoas ao meu redor.

A experiência de hoje é uma de muitas que tive nos meus 15 anos de trabalho. Em todo lugar que trabalhei, a cada ano que passa, a cada novo prédio para onde vou, a cada seção nova onde sou lotado, acontece alguma coisa assim, que me deixa inspirado e, ao mesmo tempo, traz um sentimento de humildade, de gratidão por poder presenciar essas coisas, já que eu mesmo não fiz nada.
Sinto que estou cumprindo o meu dever: ao mesmo tempo como buscador espiritual, como alma aspirante e como um funcionário simples, mas sincero.

Acho que é uma das coisas bonitas do caminho de Sri Chinmoy. Ele pede que seus alunos tenham trabalhos normais. Ou seja, para nós, não há aquela opção tradicional de deixar a família, meditar na caverna ou num mosteiro ou na floresta. Sinto que, como discípulos desse Mestre, parte do nosso dever é interagir com sabedoria prática e uma normalidade espontânea, sincera, de um buscador espiritual vivendo num mundo moderno e repleto de oportunidades e novas possibilidades florescendo a cada dia.

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Contando suas experiências interiores de meditação para os outros

Você pode explicar o valor de tentar contar aos outros suas experiências interiores?

Sri Chinmoy: Alguns Mestres aconselham seus discípulos a compartilharem suas experiências apenas com eles. Na maioria das vezes não é aconselhável compartilhar as experiências interiores de alguém com outros. Suponha que você tenha tido uma muito elevada esublime experiência.Mesmo se você contá-la a seu amigo mais íntimo, o ciúme dele poderá tentar devorar a riqueza, a realidade viva da sua experiência. Ocorre algumas vezes que ao dividir suas experiências com um iniciante, este irá tentar ter a mesma experiência de qualquer jeito.Na vida espiritual isso nunca acontece. O progresso espiritual é um processo lento, constante e gradual. Por você ter provado uma manga e me contado, eu poderei talvez subir na mangueira.Mas se não souber como subir, ao tentar eu cairei e irei me machucar. Outra coisa: se você contar suas experiências interiores para outros, o orgulho humano deles poderá entrar em você.

Experiências interiores somente devem ser compartilhadas com a permissão do Mestre.

Se a pessoa não tem um Mestre,deve então mergulhar dentro de si profundamente e ouvir os ditames da sua alma. Se a alma ou o Mestre pedir a um ao buscador que compartilhe suas experiências com o resto do mundo, não haverá problema então. Pode ocorrer nesse caso que se a pessoa contar suas experiências, seus amigos fiquem inspirados a entrar no mundo de aspiração. Porém é sempre aconselhável perguntar ao Mestre ou ir fundo dentro de si, para saber quando se deve compartilhar suas experiências. De outra forma isso poderá criar resultados imprevistos e deploráveis para o próprio buscador ou para os outros com quem ele tenta compartilhar suas próprias experiências.

Quando estamos no mundo exterior, estamos livre e desimpedidos para falar de nossa vida espiritual ou devemos reservar isso só para os que aspiram?

Sri Chinmoy: Se você falar sobre suas experiências, poderá ficar em apuros.O solo tem que estar fértil. Se as pessoas são genuínas e sinceras, então sua conversa será frutífera. Do contrário, eles terão todo o direito de não compreendê-lo e ridicularizá-lo.Você pode não se importar se alguém zomba de você, porém a pessoa que não se beneficiou ou não se inspirou com o que você disse, infelizmente poderá tentar bloquear sua própria inspiração e aspiração. Nós devemos então usar nossa sabedoria que ele também é uma criança de Deus; deixe o momento do seu despertar chegar na Hora escolhida por Deus.Não é da sua conta acordá-lo. Quando alguém está pronto, clamando por uma vida mais elevada, aí então é a hora de você acordá-lo do sono que é a ignorância.

Se você der uma nota de mil dólares para uma criança, ela a rasgará. Para ela a nota não tem valor. Porém um adulto saberá o valor dos mil dólares. Similarmente quando você compartilha suas experiências interiores com um aspirante ou buscador, ele irá se beneficiar com isso. Ele sabe quão difícil é ter uma experiência interior. Aqueles que clamam pela vida interior, são as pessoas certas para compartilhar suas experiências.

Sou um novato na vida espiritual e sinto uma urgência incontrolável de compartilhar as minhas experiências espirituais com todo mundo que eu encontro. É verdade que isso não é algo desejável?

Sri Chinmoy: Se você estiver interiormente inspirado para compartilhar suas experiências com uma determinada pessoa, isso será maravilhoso. Se seu Piloto Interior disser: ”Faça isto!” então faça, mesmo que o mundo inteiro rejeite a sua verdade. Contudo, se Deus não o inspirar, se o Piloto Interior não aprovar, então o que acontecerá? Você apenas se vangloriará com todos, das experiências que teve. Alguns irão zombar de você, arruinando toda a sua alegria e inspiração, alguns irão duvidar de você, fazendo você duvidar de si mesmo e alguns irão ter inveja de você e irão esfaqueá-lo internamente com todo o poder-pensamento não divino deles. Assim, suas experiências desaparecerão, sua aspiração decairá e você perderá toda a sua alegria e inspiração.

Quando você obtém inspiração para ajudar ou inspirara pessoas de algum modo, tem que saber se a mensagem que você quer oferecer para o mundo, foi aprovada por Deus ou ordenada por Deus. Se sentir que Deus pediu para você dividir suas experiências com alguém em particular, então o faça. Se a pessoa aceitá-las ou não, isso não terá importância.

Mesmo que sua experiência for absolutamente real, há algo chamado tempo que é um fator muito importante.Se o que você quiser oferecer for inoportuno, isso irá criar mais desarmonia do que harmonia no mundo. Se você der umaaula de universidade para uma criança que esteja no jardim-de-infância, somente irá confundí-la e massacrá-la. Similarmente, se oferecer sua realização interior para alguém que não estiver pronto, irá apenas destruir a pequena possibilidade que ele tiver. E se você mesmo não for espiritualmente forte, a outra pessoa poderá destruir a pequena capacidade que você tiver. Porém se deus pedir a você para ajudar outros, isso significa que ele já deu a você a capacidade deu aos outros a receptividade necessária.

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Como interpretar as suas experiências durante a meditação

O campo das experiências interiores é vasto e, para a mente, inconcebível, pois elas acontecem num plano muito mais profundo e real do que a mente – o coração, ou mesmo na alma.

Um buscador pode ter experiências mentais ou emocionais e considerar que são espirituais; ou pode ter experiências espirituais e considerar elas apenas coisas superficiais. Há um perigo em errar no seu julgamento em ambos os casos. Apenas um Mestre espiritual verdadeiro pode dizer a um buscador se as suas experiências são reais e espirituais ou se são fruto da sua imaginação ou emoção.
Traduzimos aqui algumas interpretações de experiências de meditação feitas por Sri Chinmoy, em geral verdadeiras. Esperamos que sirvam de inspiração ou esclarecimento.

Uma regra geral é que as experiências interiores são sublimes, sutis, energizantes e delicadas – no entanto, você sente uma paz sólida e repara que a sua vida muda rapidamente. As experiências “inventadas” ou “emocionais” costumam ser manifestações de desejos conscientes ou subconscientes, e instigam-nos a buscar reconhecimento, repetição da experiência, etc.

Em geral, há uma outra recomendação, de Sri Chinmoy, que pode sempre servir-nos. Quando tiver uma experiência, apenas procure ficar em silêncio, sem julgar, sem reagir. Deixe os dias passarem. O que importa é o que está mais dentro de nós. Se a experiência ocorreu lá, isso basta; você não precisa saber o significado. Se foi superficial, não dar atenção desnecessária também o protegerá de iludir-se.

Você pode ler sobre mais algumas experiências e como lidar com elas no livro impresso Meditação.

 

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Perguntas, respostas e interpretações das experiências que temos durante a meditação

A experiência divina é alcançada através da meditação?

Sri Chinmoy: Através da meditação certamente teremos experiências divinas. A meditação é o meio. Meditando, certamente haverá experiências divinas. Sem meditar, haverá apenas experiências humanas, comuns. A meditação é a única resposta. A meditação é a chave para adentrar o mundo divino.

 

Na meditação profunda, às vezes sinto o meu corpo inteiro ficando dormente, como se fosse anestesiado. Só consigo mexer os olhos.

Sri Chinmoy: Essa é uma experiência muito boa, a experiência do silêncio. A mente se rendeu completamente ao coração durante a sua meditação. O coração leva a mente consigo, e ambas se entregam à alma. Então você tem o sentimento de silêncio estático. Tente permanecer nesse silêncio; não o tema. Você pode ficar nele por alguns dias ou mesmo um mês sem medo. Esse silêncio se tornará silêncio dinâmico. Você sentirá que no silêncio há uma criatividade espontânea, um movimento espontâneo, uma vida espontânea – a vida do despertar espiritual, experiência espiritual e revelação espiritual.

 

As pequenas experiências esporádicas que temos durante a meditação são partes da realização, ou são pequenos passos para a realização?

Sri Chinmoy: De uma certa forma, cada experiência o leva para a realização; cada experiência é um passo em direção à realização. Mas se, ao invés de andar devagar, pudermos correr muito rápido, não precisaremos de milhares ou milhões de experiências antes de realizar Deus. Cada experiência certamente nos auxilia; elas nos trazem confiança, alegria. Alguém pode dizer que quer comer uma manga hoje, uma laranja amanhã e outra fruta depois de amanhã. Antes de ele obter a fruta que considera a sua meta, terá várias pequenas sensações da fruta. Mas apenas quando comer a fruta que é a sua meta é que ele terá a satisfação plena. Se alguém é absolutamente sincero em dizer que não quer nada senão realização, essa pessoa dirá: “Não quero outra fruta. Quero apenas a fruta que é para mim, a fruta que é a minha meta, a fruta que me oferecerá a completa satisfação.

 

Quando medito, às vezes tenho a sensação de que estou olhando para todo lado. O que isso significa?

Sri Chinmoy: Quando medita, você está mesmo olhando para todo lado. A sua consciência está expandida. Você não é uma só pessoa dentre muitas na Terra; você sente que o mundo inteiro pertence a você e que você pertence ao mundo. O mundo pode considerar você como parte dele. Neste exato momento você não consegue reivindicar o mundo como parte de si. O seu irmão, irmã, o resto da sua família – eles são seus, mas é só. No entanto, quando sente que está enxergando tudo a seu redor durante a meditação, tudo é seu, todos são seus. Interiormente, tudo faz parte de si, e tudo que está ao redor você pode considerar parte de si. É uma ótima experiência.

 

Como posso ter uma experiência transcendental na minha meditação?

Sri Chinmoy: Se quer ter experiências transcendentais, precisará de uma meditação especial além de disciplina interior. Simplesmente fazendo algo intensamente não necessariamente alcançará o que procura. Digamos que cave num lugar onde não tem água. Você pode cavar e cavar, mas, se não houver água, de que adiantará? No entanto, ao cavar num lugar adequado onde há água, você a encontrará. Se tiver a meditação correta, a orientação correta e a auto-disciplina correta, certamente terá a experiência transcendental.

 

Durante a meditação, certa vez tive a experiência de que não estava dentro nem fora. Não havia solidez, nada concreto, objetivo ou real. Eu não sabia onde estava ou o que estava acontecendo.

Sri Chinmoy: Essa é uma boa experiência. Você não estava dentro nem fora. Onde estava então? Quando não está dentro, quer dizer que não está na sua realidade mais elevada. Quando não está fora, quer dizer que não está na sua energia que flui para o exterior. O interior leva a mensagem da pureza, e o exterior traz a mensagem da beleza. Você não entrou nas profundezas maiores, onde a pureza está grandemente presente, e também não entrou nas profundezas externas, onde a beleza se manifesta. Quando o interior se torna pureza, o exterior se torna beleza. É uma forma de vivenciar a verdade. Outra forma de vivenciar essa verdade é sentir que está num lugar segurando o mundo exterior de imperfeição e o mundo interior de perfeição. Você é a ponte entre a sua vida entre o mundo interior e exterior, onde não é nem o mundo interior e nem o mundo exterior. Você está trazendo o mundo interior para o mundo exterior para que possa se manifestar e está levando o mundo exterior para o mundo interior para que possa se realizar.

 

Ocasionalmente, vejo um pequeno lampejo, uma luzinha que vai até os seus olhos e viaja a todo o redor. Às vezes, ela viaja num padrão definido e eu a vejo enquanto estou meditando na sua foto. O que isso significa?

Sri Chinmoy: O significado espiritual eu posso dar, e se não o satisfizer, então você pode ir ao médico e ver se a sua vista está em ordem. Mas eu gostaria de lhe dizer que a luz que você vê é uma luz interior, e você a está vendo com a sua visão interior. Está vendo uma luz sutil ao redor das minhas sobrancelhas ou dos meus olhos, que pertencem ao físico em mim. Isso indica que a sua visão interior aceitou o físico e também está encorajando o físico. Ao ver a luz circulando em volta do meu olho, você precisa saber que a minha parte física se tornou uma com a sua aspiração. Eu incorporo a aspiração do físico em você e em todos os discípulos. Enquanto aspira, você vê o físico em mim assim como o espiritual em mim. Os dois não podem ser separados. A luz é o espiritual em mim e os olhos são o físico. Portanto, a sua aspiração, o seu clamor interior agora mesmo está clamando para ser apoiado ou encorajado ou satisfeito pelo espiritual.

Ao pensar em si mesma, pense que no físico está o seu clamor interior, a sua aspiração e a sua dedicação. Essa aspiração e essa dedicação não serão à toa. Serão coroadas com o sucesso. Serão premiadas pelo físico e pelo espiritual. O físico dentro de você está aspirando e a realidade de cima, do profundo interior, virá e premiará a aspiração do físico.

Portanto, a luz que você vê é a luz do Além. Quando você a vê circulando em volta do olho, significa que o espiritual está encorajando o físico para elevá-lo, transformá-lo e satisfazer a mensagem da realidade mais elevada O físico está aspirando e uma resposta está vindo da realidade e da divindade além do físico. Experiência muito boa, maravilhosa!

 

Se nós, discípulos seus, temos dúvidas quanto ao decorrer de uma ação e não sabemos qual é a vontade do senhor, como podemos decidir o que fazer? Meditar na foto do senhor vai solucionar a questão?

Sri Chinmoy: Vocês podem meditar na minha foto. Durante a meditação, conseguirão a resposta ou não. Não há uma regra predeterminada. Mas se conseguirem um tipo de alegria interior com uma resposta, então será a resposta correta. Se não há alegria, então a resposta não está vindo da foto. Está vindo da mente.

Há outra coisa importante que gostaria de dizer. Sempre que tiverem sonhos ou visões, por favor, não tentem interpretá-los ou pedir a outras pessoas que os interpretem, pois vocês vão cometer um erro terrível. Se vocês tiverem uma visão ou uma experiência interior, mergulhem profundamente em seus interiores e descubram o significado ou me perguntem sobre o significado. Se tiverem uma experiência maravilhosa, escrevam para mim. Posso não responder exteriormente ou dar uma mensagem interior específica, mas vou abençoá-los e apreciarei suas experiências. Se tiverem uma experiência realmente divina, meu ser interior saberá imediatamente.

 

Venho tendo experiências telepáticas com pessoas que se chamam de mágicos. Converso com eles enquanto estão em outros lugares. Posso entrar nesse reino quando quiser. Estou curioso em saber como você responderia a essas experiências.  

Sri Chinmoy: Do mais elevado ponto de vista espiritual eu gostaria de responder à sua questão. Essas experiências o ajudarão a ir mais rápido em direção à sua meta? Não, não ajudarão. Essas experiências são fascinantes, indubitavelmente, mas nunca o levarão à realidade. Pelo contrário: elas são tentações noseu caminho para a realização em Deus, a elevadíssima Verdade. Em nossa vida espiritual, muitas vezes temos experiências fascinantes e não queremos mais aspirar. É verdade que essas experiências podem nos incentivar, mas muitas vezes, quando temos experiências demais, entramos no mundo vital. Vemos um caleidoscópio: vemos todos os tipos de coisas belas, mas elas são só tentações. Suponha que você esteja andando por uma rua em direção a um lugar específico. Se vê árvores, flores e lagos bonitos pela rua, o que acontece? O cenário é tão bonito que você acaba descansando. Você diz: “Deixe-me ficar aqui e apreciar isso,” e então para e aprecia a paisagem. Mas o seu destino permanece uma meta distante.

Um buscador sincero sabe que a meta dele é a Verdade mais elevada. Ele não adiará a jornada. Mas, no seu caso, posso ver que você aprecia essas experiências; você dá a elas a sua atenção consciente. Isso é muito errado. Na vida espiritual, aspiramos pela mais alta Verdade, por Deus, e por nada mais. Essas experiências são verdadeiras tentações para você. Você deveria sentir: “Tendo realizado Deus, terei experiências infinitamente mais belas, significantes e frutíferas”. Com essa idéia, você deveria deixar de lado essas experiências telepáticas. Se sente que entrando nessas experiências ou permitindo que elas entrem em você, acalentando-as, conseguirá experiências mais elevadas, está enganado. Você não irá nem um pouco mais adiante. Se insistir nelas a toda hora, se estiver constantemente fascinado por elas e sentir que é parte delas, será pego por essas experiências. Muitas pessoas cometeram esse engano, e para elas a realização em Deus permaneceu uma meta distante.

Buscadores sinceros tomam essas experiências como obstruções no caminho. Por favor, não dê atenção a esses tipos de experiências. Elas são fascinantes, mas não estão satisfazendo a sua vida de dedicação, realização e manifestação. De manhã cedo, tente silenciar a sua mente. Se conseguir silenciar a sua mente, não terá essas experiências. Elas estão vindo do mundo vital até você. Você está acalentando essas criações do mundo vital e tentando colocá-las à sua disposição, como se fossem muito suas. Mas elas não podem levá-lo à Meta mais elevada. Se a sua intenção é o Altíssimo, então essas coisas têm de ser descartadas. Quero que você vá até alguém que o inspire a entrar no reino da pura aspiração. Você será capaz de trazer à tona a luz da sua alma e correr o mais rápido possível em direção à Meta mais elevada.

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Meditação e o esforço pessoal (ou “A Disciplina e a Graça”)

Nesta semana voltei de viagem de Nova Iorque, onde meu Mestre viveu fisicamente até 2007. Foi um encontro internacional com meus amigos e colegas, e com o Mestre, interiormente. Pude compartilhar um certo tempo com meus amigos que correram as 3100 milhas, meditar, cantar diversas canções espirituais várias horas por dia, correr uma maratona e uma ultramaratona, e meditar (e mais).

Ao ir para o aeroporto para voltar para o Brasil depois de doze dias lá, eu estava no táxi e não me sentia particularmente sublime. Normalmente (acontece todos os anos) eu sentiria algo incrível, uma mudança drástica de perspectiva se comparado com antes da viagem a NY, por conta do progresso e das meditações que temos durante o período do encontro. Tudo sempre parece mais belo, e luminoso, e tranquilo, e perfeito, e preenchedor. Mas desta vez conseguia perceber claramente que eu parecia muito pouco diferente da pessoa que tinha saído de casa para vir para NY. Eu havia feito algumas meditações extras, ainda que curtas, enquanto havia poucas pessoas no nosso jardim de meditação (eu até prefiro assim, vazio, durante o por do sol, etc.). Mas parecia que não tive a disciplina, profundidade, dedicação ou alguma coisa que fizesse com que a “mágica” acontecesse.

No entanto, cheguei em casa no Brasil, descansei uma hora e fui para o trabalho. Estava bem cansado pelas atividades (nunca tirei férias para descansar) e ainda teve o voo noturno. Mas estava feliz. Tudo parecia mais belo, e luminoso, e tranquilo, e perfeito, e preenchedor. (É a mesma frase que usei mais acima no texto, que faltava). Hoje já faz três dias que voltei, e estou sentindo ainda mais isso.

Cheguei a uma conclusão. Mesmo que eu não consiga meditar direito, mesmo que não consiga tomar as melhores decisões ou manter minha mente ou coração na vibração certa, o meu Mestre não é limitado por isso. Ele faz o que ele tem de fazer e ponto final. Ele não é limitado pela minha falta de intensidade ou receptividade – se ele faz algo, aquilo está feito.

No final das contas, percebi que todo o progresso que sempre fiz veio sempre pela Graça incondicional dele. Que é algo natural, pois eu realmente sinto que não tenho elevadas capacidades. Acho que o melhor papel que eu poderia cumprir seria de simples e completa gratidão.

“Graças a Deus”

Tem algo interessante para completar essa história, mas que aconteceu antes de tudo. Umas semanas atrás tive de ir ao dentista porque estava com muita dor. Quando cheguei no consultório, perguntei à secretária casualmente: “Olá, tudo bem?” Ela respondeu: “Tudo bem, Graças a Deus.”

Bem, parece algo corriqueiro, cotidiano – mas me fisgou profundamente: sim, realmente tudo é “Graças a Deus.” Saí do âmbito cotidiano da frase e realmente senti um fragmento da realidade absoluta dessa afirmação.

E agora, com mais essa experiência, tudo fica ainda mais belo, e luminoso, e tranquilo, e perfeito, e preenchedor.

Correr é uma forma de meditação

por Thamara Paiva

Correr é uma forma de meditação. Quando você está correndo, é só você com seu piloto interior. É seu piloto interior com Deus. É uma profunda entrega a você mesmo, e quanto mais você corre mais forte você fica – tanto fisicamente como interiormente.

A corrida é algo que nos leva pra outro lugar. A gente sente uma felicidade tão genuína que muitas vezes é difícil tentar explicar para outras pessoas. Só quem corre sabe, é preciso correr pra entender. Depois que eu comecei a meditar eu passei a entender melhor o que acontece.

Corrida e meditação são duas ações que estão profundamente relacionadas. Quando comecei a fazer o curso de meditação no centro Sri Chinmoy em Dublin aprendi na prática o significado de que correr é uma forma de meditação.

Eu estava em fase de treinamento para minha primeira maratona. Era o sonho da minha vida de corredora, e eu ia realizá-lo naquele ano. Eu era extremamente dedicada aos treinos, seguia minha planilha sem faltar nenhum dia. Podia estar chovendo, podia estar um friiiio de congelar, naquela capital cinza e gelada que é Dublin, que eu ia, sem desculpa e muito feliz. Cada dia era um novo passo que estava me levando ao meu sonho.

Nos primeiros dias de curso eu achava curioso – quando os alunos de Sri Chinmoy perguntavam como estava nossa meditação diária ao chegar na minha vez uma das meninas já logo falava: “Ah! Você nem conta, você corre todos os dias!”. E eu corria mesmo, mas além de correr eu também meditava. No início eu não entendia muito bem porque ela falava aquilo… eu ainda não tinha feito a associação profunda da corrida com a meditação.

Talvez porque eu estivesse tentando pensar racionalmente. Não dá para pensar apenas: meditação, antes ou depois da corrida? Meditação não é alongamento. Você medita antes, durante e depois da corrida.

E foi só depois de alguns meses de prática diária de meditação e uma entrega profunda aos ensinamentos de Sri Chinmoy que eu pude realmente sentir o que ela quis dizer quando falou que correr é uma forma de meditação.

O efeitos dos exercícios de meditação durante a corrida

A primeira prova que fiz na Irlanda foi em Dingle. Uma meia maratona em uma paisagem simplesmente deslumbrante. Eu sonhava há meses com essa meia maratona. Ela acontece numa estrada que é um dos cartões postais da Irlanda. O único dia do ano em que ela é fechada pra carros é no dia dessa prova. Só atletas correndo por aquele cenário que é um quadro divino. Era mesmo um sonho.

Eu não conhecia ninguém que estava fazendo a prova. Foi uma das viagens que eu adoro fazer com minha única companhia: Deus, e o desafio de me conhecer ainda mais.

O percurso da prova tinha algumas boas subidas e eu fui fazê-la apenas com uma certeza: aproveitar cada instante daquela oportunidade. E nem nos meus mais lindos sonhos poderia ter tido a criatividade de imaginar tudo que Deus me proporcionou naquele dia.

Enquanto eu corria percebi que estava fazendo um dos exercícios de meditação que eu tinha aprendido em um livro de Sri Chinmoy.

Comecei a olhar para a vastidão do céu e imaginava que eu era o céu, que eu fazia parte dele. Depois eu olhava toda a natureza à minha volta e sentia que eu também era cada uma das árvores, das folhas, do verde. Depois o percurso me levou até aquele oceano lindo e azul que passava do meu lado esquerdo. E eu sentia que eu me tornava uma com o oceano. Quanto mais eu imaginava que eu era cada um desses elementos, eu me tornava um com eles, eu ficava mais forte.

Em alguns momentos eu não sentia que estava correndo, eu estava voando, leve como um pássaro. E comecei a imaginar então que não era eu quem estava correndo. Quem corria era a minha alma e alma não sente dor, alma não cansa… a alma simplesmente voa. Voa de uma forma sublime. Então, Deus começou a correr por mim. E cada vez que eu mergulhava nisso tudo eu sentia mesmo meu corpo desaparecer. Não tinha dor. Nem mesmo nas subidas. Era uma sensação de leveza e aquela felicidade que já tomava conta de mim sempre que eu corria ficava ainda maior, ela tomava conta de todo o meu ser.

Eu corri praticamente sem olhar o tempo no relógio. Eu me entreguei ao melhor que eu poderia ser, à minha força interior, à Deus. E quando vi eu tinha feito meu melhor tempo em meia maratona da vida. Com vontade e pernas para correr ainda alguns outros quilômetros. Foi inesquecível. Foi maravilhoso. E para os meus treinos de maratona foi ainda mais inspirador. Lembro que no dia seguinte eu cheguei em Dublin e corri outros 21km pela cidade. Aquela felicidade ainda tomava conta de mim.

Meditação diária e treinos para maratona

Os treinos para a maratona estavam apenas começando. Estavam por vir aqueles dias mais cansativos. Assim como nem todo dia ganhamos ótimas meditações, na corrida também é igual: nem sempre a gente tem um ótimo dia de treino. Até para quem ama correr, alguns dias são difíceis de conciliar no trabalho, na família, ou até mesmo pela (falta de) motivação.

E foi num desses dias difíceis que eu recebi mais um presente da meditação na minha corrida.

Eu trabalhava em Dublin em uma lanchonete, geralmente minha escala era nos finais de semana, mas alguns dias me pediam para ir durante a semana também. Como eu precisava muito daquele dinheiro, eu aceitava. Mesmo sabendo que isso poderia comprometer minhas aulas na escola e meu treino para a maratona – já que meus treinos eram sempre de manhã.

Fui escalada pra abrir a lanchonete, entrei às 6h e (para a minha não sorte) acabei tendo que fechar também e ficar até 16h30. O trabalho era em pé, andando de um lado pro outro. Talvez eu tenha sentado uns 30 minutos para almoçar, e só. Era início da semana e meu corpo ainda estava sentindo o trabalho do fim de semana.

Por coincidência, era o mesmo dia do curso de meditação e eu ainda tinha um treino de tiro para fazer (10km). Comecei a fazer as contas: sempre que eu ia correr 10km eu separava 1h, mesmo que precisasse de menos. O curso ia terminar às 21h e depois disso eu ia treinar, ia chegar em casa umas 23h para acordar cedinho no dia seguinte. Não estava disposta a perder nem a meditação nem o treino. Para otimizar o tempo eu fui para o curso de meditação com a roupa de treino para começar a correr de lá mesmo.

Naquele dia a minha mente estava cansada. Além disso, aquele trabalho baixava muito as minhas energias. Mas meu corpo estava pedindo para correr.

Nesse dia eu recebi mais um presente porque a minha meditação foi tão boa que dela eu tirei uma força que eu nem sabia que tinha. O treino foi um dos melhores que eu tinha feito nas últimas semanas. Depois que eu vi a minha velocidade no relógio e a média da velocidade do treino eu fiquei assustada comigo mesma e no quão rápido eu podia correr. Eu só agradeci, agradeci e agradeci por toda aquela graça que eu estava recebendo.

Se eu tivesse deixado espaço para a minha mente ganhar voz das duas uma: ou eu não teria ido na meditação ou eu não teria feito o treino. Depois de fazer tudo que fiz, se fosse pensar muito naquilo que ainda tinha que fazer e no amanhã, minha mente teria desculpas suficientes para me fazer desistir de algum deles. Porque tudo isso pode ser demais pra uma mente que pensa apenas no mundo exterior.

Eu fui pra casa depois do treino explodindo de alegria e de gratidão no coração. Eu vi que realmente o nosso limite está apenas na nossa mente. Muitas vezes nós não sabemos a força que temos, mas ela está lá no fundo do nosso coração, às vezes escondida… só querendo um espacinho para vir à tona. E a meditação te ajuda a encontrá-la, te ajuda a tirar todas as camadas que estão encobrindo-a. Cada uma no seu tempo. Mas hoje vejo que apenas com a meditação e com os ensinamentos de Sri Chinmoy eu consegui abrir meu coração para tudo isso.

Com Sri Chinmoy eu aprendi que a corrida interna é a mais importante, mas a corrida
externa ajuda nesse caminho espiritual e que cada vez que corremos mais rápido na corrida interior mais resultados vemos em nossa vida exterior. É só termos coragem para nos entregarmos.

O que a meditação me ensinou

 

Meu professor-curiosidade me ensinou

Por muito tempo.

Do que agora preciso dentro de mim

É um aluno-necessidade

E um professor-sinceridade.

-Sri Chinmoy

Sensação de oportunidade

Que a vida é inestimável: todo dia pode ser uma fonte de experiências e intenso progresso interior, contanto que estejamos despertos para elas e dispostos a nos disciplinar. O tempo é uma dádiva. A meditação é a coisa absolutamente mais satisfatória do meu dia. Prefiro dez vezes ficar sem comer a não meditar ao acordar. Primeiro o mais importante.

 

A minha meditação me ensinou

Como escapar

Da prisão-mente-desejo.

-Sri Chinmoy

Despertar interior

Que o mundo é lindo: tudo é repleto de beleza, e toda essa beleza é, por vezes, ofuscante. Não é a toa que não entendemos tudo – tem coisas que brilham tanto que ainda precisamos desviar os olhos. Mas chega o dia em que você está pronto e pode olhar para essas coisas de frente. Vale a pena o esforço e a paciência.

pássaro inscricao meditacao

O meu Mestre me ensinou

A arte da vida.

-Sri Chinmoy

 

Sentimento de unicidade

Que quase tudo é maior do que nós: na verdade, só esquecemos que fazemos parte de um todo. Com a sua meditação, você lentamente começa a viver mais no coração, e então se identificar com o todo, e enxergar todas as coisas como um plano maior, e muito perfeito.

O céu me ensinou,

Gentilmente,

A sonhar com Deus.

-Sri Chinmoy

Sabedoria prática

Que as diferenças estão na superfície: melhor lutar por crescimento interior do que por igualdade ou padronização. Todo mundo tem algo precioso dentro de si, e não vale a pena esquecer disso para tentar mudar o mundo. Os casos onde você precisa lutar também ficarão claros para você, na hora certa para você saber que estava certo.

Meu Senhor,

Eu me ensinei

A orar.

Você não me ensinaria

A meditar?

-Sri Chinmoy

 

Jeito de criança

Não tentar entender tudo é um ótimo jeito de entender as coisas. Tudo é mais claro do que parece; somos nós que complicamos tudo. O coração é o céu,  os pensamentos são nuvens que a encobrem. As coisas importantes são as mais simples. Coisas complicadas complicam a nossa vida.

Menos & Mais

Menos computador, menos telefone celular, menos internet, menos correria. Mais livros, mais esportes, mais silêncio, mais música sublime, mais serviço voluntário. Menos coisas que não preciso, mais coisas que são tesouros.

O diário de uma buscadora: uma vida de busca

por Thamara Paiva

Alguma vez você já parou para fazer uma reflexão sobre sua vida espiritual?

Há algum tempo me peguei pensando sobre a minha e vi que religião e espiritualidade sempre estiveram presentes nela, em algumas épocas mais ativamente, outras menos.

Posso dizer que eu tive a sorte de nascer em um lar no qual a religiosidade nunca me foi imposta. Meus pais nunca foram muito religiosos, embora meu avô materno tenha sido pastor de igreja evangélica e meu pai seja devoto de Nossa Senhora Aparecida. Essas foram minhas referências de espiritualidade na família.

Me sinto abençoada por isso, porque fui livre para escolher meu caminho desde criança. Eles sempre me deixaram ir para os cultos e cerimônias das mais diversas religiões. Lembro que quando era bem pequena um dia eu ia na Igreja Metodista com a amiga da minha irmã, no outro ia para escolinha espírita com uma amiga minha e em um outro dia eu ainda ia à catequese na Igreja Católica. Tudo numa mesma semana. Uma confusão danada para a cabeça de uma criança? Talvez não para a minha.

Buscando um caminho

Hoje vejo que já naquela época eu estava em busca do meu caminho, mesmo sem saber. Antes eu achava que estava indo só porque minhas amigas iam, pra ficar mais junto delas. Talvez naquela época a explicação fosse essa e fosse suficiente para uma criança de, sei lá, 8 anos. Hoje, com 30, sei perfeitamente que estava mesmo era querendo ficar mais próxima de Deus, o maior tempo possível.

Meus pais nunca me levaram à missa, mas eu contribuía com o dízimo, de um salário que eu nem tinha, porque eu achava que era importante. Por isso, eu era chamada de “beata” pela minha irmã. Cheguei até a crismar na Igreja Católica.

Mas naquela época eu já entendia mais sobre espiritualidade e a igreja não respondia todas as perguntas que eu tinha. Terminei os estudos para fechar o ciclo. Depois disso nunca mais voltei a frequentar a Igreja Católica, eu já não me sentia católica.

Se podemos chamar de uma transição, foi nessa época que comecei a descobrir a energia, comecei a entender sobre os outros planos. Eu era muito curiosa e fiz vários testes “físicos” para sentir essa energia e tentar entender o que acontecia naquele plano que eu não conseguia ver. Comecei a ler bastante e a estudar um pouco sobre isso.

Nesse tempo não tinha internet e eu morava numa cidade bem pequena, então eu encontrava algumas novidades nas revistas na banca de jornal.

Tive várias descobertas e cada vez mais aquilo fazia sentido pra mim e eu me sentia parte de tudo e minhas perguntas começavam a ser respondidas. Encontrei muitas delas no espiritismo, religião que segui desde quando fechei o ciclo da Igreja Católica. Me envolvia em tudo que eu podia: viagens, encontros, estudos.
Sempre que mudava para uma cidade era o primeiro lugar que eu buscava, como se fosse um refúgio. E por anos e anos eu frequentei palestras por toda cidade onde eu ia. Tive a chance de conhecer várias casas espíritas.

Houve tempo em que eu saía da minha cidade, viajava por duas horas só pra assistir à palestra de uma médium excepcional e pra tomar o passe dela. Chegava na cidade por volta das 13h para entrar pra fila. A reunião só começava umas 17h30 e terminava às vezes às 22h, outras 23h, não tinha um horário certo para terminar. Dependia do seu lugar na fila e do quanto cada passe demorava… No final eu sentia que valia cada minuto.

Quando me mudei pra São Paulo o primeiro lugar que procurei, antes de ter um emprego, foi um centro espírita. E tinha um bem na frente da minha casa. Eu me senti tão agradecida, fiquei tão feliz por aquilo. Chegando do interior do interior de Minas Gerais para a selva de pedra pela primeira vez. Isso só podia ser um sinal de que estava no lugar certo.

Como eu estava ali pertinho, virei a papa-passe. Tinha semana que eu ia 3 vezes para a palestra e pra tomar o passe. Ia quando estava feliz, ia para agradecer, ia quando estava triste, ia porque estava sol ou porque estava chovendo. Eu ia porque me fazia bem.

Então descobri que lá eles davam cursos. Já há um tempo vinha sentindo que precisava me aprofundar. Quando entrava na salinha do passe minha vontade era de estar ali sendo o instrumento para a transfusão das energias dos bons espíritos. Muitas vezes eu não precisava do passe, mas queria estar ali, sendo parte daquilo.

Mas os cursos eram muito concorridos. Só consegui minha suada vaga depois de 4 anos frequentando aquele centro espírita. E então comecei a estudar. Ainda bem que comecei a estudar e o estudo começava a completar aquele vazio que eu sentia. Porém, para eu conseguir dar o tão sonhado passe demoraria alguns bons anos (3 anos ou mais). Eu estava disposta a estudar o quanto fosse preciso.

“Thamara, você precisa meditar”

Nessa época, a vida me brindou com mais um feliz encontro com um amigo. Após várias e longas conversas sobre espiritualidade, ótima troca de conhecimento ele me fez uma afirmação que mudaria minha vida completamente e para sempre: Thamara, você precisa meditar.

Meditar pra mim era silenciar a mente. Logo a minha que naquele momento estava um turbilhão de pensamentos. Eu não sabia nada do que era meditar. Mas eu disse: eu sei que tenho, mas não é esse o momento ainda, não me sinto preparada.

Sabe aquelas voltas que a gente faz a nossa vida dar? Essa foi uma delas. Talvez, para eu me confortar, tenha acontecido para eu me fortalecer interiormente.

Passaram-se alguns meses e eu estava conversando com uma amiga. Eu me sentia perdida, com várias perguntas na minha mente e sentindo um grande vazio dentro de mim. Conversando com ela falei que precisava encontrar algo que me completasse e que talvez deveria procurar uma aula de meditação ou algo do tipo. Eu não sabia explicar essa necessidade, era algo que vinha de dentro, como se meu coração pedisse por um alimento. Mas como eu poderia buscar por algo que eu não sabia exatamente o que era?

Foi então que ela me falou de um curso de meditação gratuito que tinha em São Paulo que ela fez e amou, só que não pode continuar. Lembro exatamente do brilho no olho dela ao me falar: “Nossa, amiga, você vai amar! É a sua cara!! E além de tudo o mestre de espiritual deles, Sri Chinmoy, corre, todo mundo lá corre! Você vai amar!” (Porque eu sempre pratiquei corrida.)

Ela me conhece muito bem para dizer isso. E me explicou como funcionava, que depois da primeira parte do curso tinha a continuação. Falou de tudo que era necessário para seguir naquele caminho, como dieta vegetariana, a não utilização de álcool e drogas. Eu quase não acreditei. Naquele momento era tudo perfeito para mim.

Na mesma hora ela me passou o número de telefone e tinha uma ressalva: você tem que ligar para saber sobre o horário e o dia, não pode mandar mensagem de texto ou WhatsApp. E foi o que fiz. Naquele mesmo dia na hora do almoço liguei para o número de um homem com nome diferente.

Sabe quando você fica tentando descobrir como é a pessoa do outro lado? Eu fiquei imaginando pelo nome em como ele deveria ser, era um nome diferente, me passava um certo tom de autoridade, não autoridade no sentido que conhecemos, de poder, mas no sentido de evolução espiritual mesmo.

Quando liguei falei com todo cuidado pra não incomodá-lo. Atendeu uma voz calma, muito simpática que transmitia alegria, lembro até hoje desse dia, uma pessoa que você poderia ouvir por horas e horas falando.

Para minha sorte o curso daquele mês começava na sexta-feira. Na mesma hora pensei: nossa, é um bom sinal. E lá fui eu para a primeira aula do curso. O salão estava lotado, quanta gente buscando meditação, pensei.

Durante o curso ouvi algumas histórias que me marcaram, as quais lembro até hoje. Eu senti que estava mesmo em busca de algo maior e ao mesmo tempo tentava me imaginar naquelas histórias e se algum dia conseguiria estar naquele lugar que até então me parecia muito distante.

A próxima aula seria na segunda-feira. Mesmo dia do meu curso no centro espírita – que suei tanto pra conseguir a vaga. Fui conversar com o moço da voz suave, aura de paz e nome diferente.

Eu não podia faltar no curso espírita e também não queria perder a meditação. Ele foi simples e categórico: “faça o que for mais importante para você”. Meu olho encheu de lágrimas. Virei e saí refletindo. Tive que fazer a difícil escolha e optei por terminar o curso espírita.

Mais uma daquelas voltas que gente faz a vida dar.

Fiz as contas: era novembro, meu curso terminaria em dezembro, então em dezembro começaria de novo o curso de meditação. Seria como se mais um ciclo estivesse fechando em minha vida para começar outro.

Só que em dezembro não teve curso. O próximo seria em janeiro.

No início de janeiro, junto com o início do curso eu comecei a namorar. Convidei ele para começar a meditar e a ir ao curso, mas era muito pra ele. Ele dizia que tinha muita coisa na cabeça para conseguir meditar. Ele tentava me apoiar, me buscou algumas vezes no curso, mas não meditava.

Era tão mágico ir para o curso que não consigo explicar. Um dia eu não estava muito bem e quase desisti de ir. Mas eu fui e lembro que depois que coloquei o pé naquela casinha tão abençoada e com uma energia tão maravilhosa eu mudei completamente o que estava sentindo. E me senti agradecida por ter ido.

No último dia do curso a gente pede ao mestre Sri Chinmoy para continuar no caminho, se aprofundar na meditação e no caminho espiritual.

Antigamente, quem quisesse entrar para o caminho espiritual de Sri Chinmoy deveria mandar uma foto. Ele meditava sobre ela e sabia se era o caminho daquela pessoa. Depois que ele deixou o corpo físico deveríamos escrever uma carta com todo nosso coração pedindo permissão a ele para seguirmos no caminho.

Mesmo sabendo de tudo que eu deveria fazer para continuar no caminho espiritual, eu escrevi minha cartinha. Com todo o amor do meu coração, eu queria muito estar ali. Pedi com meu coração que Sri Chinmoy me aceitasse. Fiquei imaginando a minha carta sendo entregue a ele e que queria que ele sentisse toda minha sinceridade em fazer parte daquilo.

Mas eu fiz minha vida dar outra volta. Saí de lá com o coração apertado por não poder continuar naquele momento, saí quase fugida, porque eu não ia conseguir falar com palavras que não ia continuar.

Hoje vejo que eu estava preparada naquele momento para seguir esse lindo caminho, mas não fui forte o suficiente. Naquela época eu ainda não sabia ouvir meu coração, então preferi “fugir”. Mas eu continuei meditando regularmente.

“A partir daquele dia, eu já sabia… e me entreguei”

rosa sonhosEu estava passando por uma transformação na minha vida. O emprego que eu tinha já não fazia mais sentido. Eu tinha acabado de ser promovida, mas não me sentia feliz lá, nada me completava. Minha vida estava sem propósito. A única coisa que me deixava feliz era correr, só correndo eu conseguia ser eu mesma. Por isso, há alguns meses estava me programando para “me dar um tempo”, ir para a Irlanda estudar inglês.

Pedi demissão, o namoro acabou e eu fui pra Irlanda. Tudo isso em quatro meses.
Chegando em Dublin, a primeira coisa que fiz foi buscar um centro espírita. Encontrei, tinha um dia de palestra, outro de estudo. Fui primeiro no estudo. Não encontrei exatamente o que eu buscava. Era bem diferente, aliás, do que eu estava acostumada ou do que eu esperava. Saí de lá pensando: terei muito trabalho pela frente, vou precisar estudar dobrado para conseguir o que quero.

Continuei indo ainda que não fosse o que eu procurava, achava que não tinha outra opção, porque era o único centro espírita Kardecista de Dublin, e eu precisava fazer parte de algo espiritual.

Como Deus faz tudo certo e a gente não precisa pedir nada, só agradecer pelo que tem e aceitar tudo que vem, um dia eu estava andando pelas ruas de Dublin e me deparei com um cartaz: Festival de Meditação Gratuito. Eu quase não acreditei no que estava vendo. Logo, pensei: aqui também tem meditação de graça.

No cartaz tinha um número de telefone e um site. Entrei no site para ver a programação e com quem me deparo? Sri Chinmoy. Aquele mesmo mestre espiritual que meu coração tinha pedido tanto para ser sua discípula. Foi mágico, foi inesquecível.

Lá o procedimento para ir no curso era mandar uma mensagem de texto com suas informações. Enviei, mas a mensagem não chegou. Fui mesmo assim, se me perguntassem porque meu nome não estava na lista, mostraria que tinha tentado enviá-la. Meu coração estava em festa.

Cheguei na loja de instrumentos musicais, onde foi o curso, falando toda orgulhosa que já conhecia eles, que eu já tinha feito o curso. Nem pediram para confirmar se meu nome estava na lista. Estava tudo certo, eu estava onde deveria estar.

O salão estava lotado de gente de tudo quanto é lugar. Foi tanta gente que no primeiro dia eles deram duas aulas ao mesmo tempo. Foi lindo, eu me senti como se tivesse encontrado o que eu procurava.

A partir daquele dia eu já sabia que dessa vez nada me tiraria daquele caminho, e eu me entreguei.

Ao mesmo tempo que achava que já sabia de tudo, era tudo novo. Cada dia uma nova descoberta. Novas experiências. E um novo mundo se abriu pra mim. Um mundo de mais luz e mais sinceridade. A cada passo que eu dava eu agradecia mais a Deus por ter me dado a chance de encontrar o caminho de Sri Chinmoy.

Quanto mais eu me abria, mais coisas aconteciam. Quanto mais eu me permitia, mais feliz eu me sentia. Agora sim, tinha encontrado minha família, meu propósito, eu estava completa.

O caminho de Sri Chinmoy é um caminho de muita luz. Nele, eu encontrei o que eu buscava desde quando era criança, porque no caminho espiritual você não vai a um lugar apenas para meditar e ponto, acabou. A meditação está em tudo, ela se torna sua vida.

Se você segue o caminho da devoção, se você se entrega com todo o coração, você não se sente vazio e você vê que não está sozinho. Existem muitos outros buscadores, assim como você, que levam a vida espiritual plenamente e isso te ajuda a ficar ainda mais forte. Tudo que você passa a fazer na vida faz mais sentido e tem um propósito.

Acredito que tudo acontece no tempo que deve acontecer, no tempo de Deus. Meu coração encontrou esse caminho com 29 anos e hoje sou eternamente grata por ter sido aceita por Sri Chinmoy e por não ter demorado tanto tempo a aprender a ouvir meu coração e a entender que esse era o caminho certo.

Paz interior e autodescoberta

o que e a vida espiritual

por Juliana

Lembro de um dia em que estava deitada no sofá e sentia que não conseguia ficar em paz interior, eu costumava não parar de pensar a todo o momento, era como se estivesse sendo bombardeada por pensamentos, pensava especialmente no trabalho, durante o trabalho, fora do trabalho, aos finais de semana, pensava em como conseguiria finalizar tal projeto, na minha carreira, planejava os próximos anos…Não havia espaço para amigos, família ou mesmo para mim. Quando tinha tempo para descansar, não conseguia, era como se estivesse num inferno, pois não conseguia desligar e isso me angustiava. Então dormia, tentava dormir ao máximo, o quanto podia. Lembro que aos sábados dormia praticamente o dia inteiro e quando não estava dormindo, estava comendo “besteiras” e bebendo bebida alcoólica, porque as vezes não conseguia dormir direito ou não descansava o bastante, e a bebida era o que me “ajudava” a esquecer um pouco de tudo o que estava acontecendo dentro de mim. Lembro que às vezes estava com o meu marido no carro ou em casa e ele estava falando várias coisas, como foi o dia, o que aconteceu, etc…E eu não estava lá, várias vezes ele ficou chateado por isso e parou de falar, com isso fomos nos afastando.

Neste dia em que estava deitada no sofá percebendo que não estava em paz, comecei a sentir a paz, acredito que tenha sido por segundos, como um presente e consegui adormecer como uma criança que está protegida e se sente acolhida pelos pais. Foi muito bom! Lembro que foi por pouco tempo. Demorei bastante a perceber que talvez viver dessa forma não fosse normal, aparentemente estavam todos pensando como eu, posso dizer que foi um processo. Mas o que me ajudou mesmo foi o meu marido, pois percebo hoje que, quando as coisas não vão bem na nossa vida, isso é apenas um reflexo do que devemos mudar. Como estava absorta no mundo em que criei, ele foi se afastando, começamos a brigar, até que percebi que eu deveria mudar a forma como estava agindo. Eu não queria me separar, pois o amava de uma forma que não sei explicar. Ele me ajudou muito no processo de autodescoberta, aprendi muito com ele, com esses conflitos cheguei ao fundo do posso, era como se estivesse totalmente despedaçada e agora tivesse de juntar as peças novamente. Foi então que comecei a realmente a buscar por algo, percebi que com esse processo a pessoa que existia estava morrendo.

Foi um longo processo até chegar a meditação, mas posso dizer que foi bom, aprendi muito com tudo que me aconteceu e hoje valorizo cada momento de paz que sinto e desejo me expandir cada vez mais. A meditação é um processo de autoconhecimento, sempre me questionei sobre quem eu era realmente, sobre o que estamos fazendo aqui na terra, qual o propósito das nossas vidas aqui, não fazia muito sentido dormir, acordar, trabalhar, fazer as atividades sociais e depois repetir isso por toda a vida. Havia alguns momentos felizes, mas me questionava se era apenas isso. Buscava incessantemente por algo, mas não sabia o que. Lembro que li um poema de Khalil Gibran que dizia assim:

“Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.”

Me identifiquei, pois já estava começando a me desconectar das crenças que haviam em mim. E me deparava com momentos de liberdade e leveza ao observar as coisas ao meu redor e me sentir presente. “Algumas máscaras já haviam sido roubadas”, mas ainda restavam algumas. Acredito que as mais difíceis de retirar. Até que encontrei a meditação. O Centro de meditação Sri Chinmoy, fornece cursos que são realmente gratuitos para quem deseja aprender a meditar. Foi interessante a coincidência, pois estava lendo o livro comer, rezar e amar, onde a protagonista encontrava algumas pessoas que tinham um mestre espiritual. Fiquei com aquilo em mente, encontrei um documentário do mestre espiritual Yogananda no Netflix e comecei a buscar por meditação na internet. Havia pedido para Deus mostrar meu caminho e propósito de vida.

Comecei o curso e tudo fazia sentido. Desde o primeiro dia comecei a meditar como era pedido e percebi as mudanças ao longo do tempo. Os primeiros meses foram bem difíceis, mas não desisti. Hoje, me sinto outra pessoa. Toda a inquietação e a compulsão por pensar foram embora e no lugar ficou a paz. A paz de estar no momento presente. A paz se saber quem sou. Todas as máscaras se foram, todas as que me faziam viver daquela forma. Agora, me sinto feliz e em paz.

A meditação é uma dádiva divina. Ela simplifica nossa vida exterior e energiza nossa vida interior. A meditação nos traz uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes de nossa própria divindade.” – Sri Chinmoy


CORAGEM, CORAGEM, CORAGEM

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Against one’s inner courage, death itself contends in vain.
Contra a nossa coragem interior, a própria morte luta em vão.
– Sri Chinmoy

 

Trilha sonora: por favor leia este texto enquanto escuta a gravação gratuita de Sri Chinmoy tocando órgão de igreja pela primeira vez na sua vida! Mais sobre ela no fim do texto.

 

CORAGEM, CORAGEM, CORAGEM!

 

Para quem ela falta, parece algo enorme, uma conquista gigantesca!
Mas não é! A CORAGEM é o nosso direito de nascimento! Veja bem, há um força espiritual que nos faz existir – sem ela, somos um monte de matéria estática, uma marionete sem um artista. Essa força é TUDO. Sem o TODO o indivíduo não existe. É como falar que somos todos parte de Deus. É claro que somos! Existe algum lugar onde Deus não está? Se você encontrasse algo sem Deus, aquilo imediatamente passaria a fazer parte de você, dos seus pensamentos e, portanto, de Deus.
E, se o nosso Criador é todo Coragem, assim como ele é Beleza, Perfeição, etc, a Coragem é nosso direito de nascimento… os filhos herdam as posses dos pais!

Courage is the most devoted servant of one’s own faith in oneself and God.
Coragem é o mais devotado servo de nossa fé em nós mesmos e em Deus.
– Sri Chinmoy

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CORAGEM e CAPACIDADE

Coragem e capacidade são coisas distintas! Uma coisa é conseguir fazer, outra coisa é saber o que fazer, e a terceira coisa é ter a coragem.
Honestamente, já não sabemos o que fazer em qualquer situação (pensemos bem)? Ou já não temos capacidade para agir (pensemos de novo)? Ou, na verdade, só não temos a CORAGEM para fazer o que é certo? (seja honesto(a))
A coragem é exatamente aquilo que usamos quando vamos entrar na piscina. Tudo está certo, falta só entrar na água geladinha!
Uma vez que tomamos a coragem e mergulhamos, saímos nadando, e a água nem parece fria – na verdade, é uma delícia!
A CORAGEM não é algo que temos que POSSUIR! A CORAGEM temos apenas que EXERCITAR! É igualzinho pular na piscina! Ninguém está pronto para pular na piscina! Só respiramos fundo, 1, 2, 3… e pulamos! A satisfação é nossa!

 

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CORAGEM E CAPACIDADE SÃO COISAS DISTINTAS

A música que sugeri ouvirmos enquanto lemos esta página é Sri Chinmoy, já com 55 anos de idade, tocando pela primeira vez um instrumento musical – e, na verdade, em uma performance pública. Foi a primeira vez que se sentou diante de um órgão. Entendeu a mensagem!?

There is no other way to please your inner self than to be, yourself, a perfect emblem of courage.
Não há outra maneira de agradar o seu Eu interior senão ser, você mesmo, um perfeito emblema da coragem.

– Sri Chinmoy

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CALL HAS COME, CALL HAS COME, LORD SUPREME’S CALL

(a faixa gratuita 27 é a gravação da música com essas palavras)
(partitura)

Sri Chinmoy reconta uma história onde Sri Ramakrishna subia ao telhado da sua moradia e chorava e chamava por seus discípulos que ainda não tinham conhecido o Mestre. Esses discípulos estavam destinados a vir até o Mestre, mas a ignorância os estava impedindo. Certamente, algumas dessas almas destinadas a encontrarem um Grande Mestre como Sri Ramakrishna não o encontraram e ficaram chafurdando no lodo do mundo exterior de prazer, conforto, apego, vazio interior e insatisfação.
Sri Ramakrishna teve a coragem de subir ao telhado e ser chamado de louco por quem não o compreendia em sua sabedoria divina. Ele teve os frutos da sua ação.
Os discípulos dele que o encontraram e tiveram a coragem de fazer aquilo que era certo para eles se tornaram imortais na história da humanidade, sendo conhecidos como santos, ou mais ainda (como Swami Vivekananda). Eles também tiveram frutos.
E os discípulos que não tiveram a coragem para encarar os desafios e transcender a “vidinha” ficaram no lodo das emoções, dúvida e satisfação superficial e vazia das tentações. Também eles se depararam com os frutos da sua falta de coragem.
Nota pessoal: enquanto escrevo, rezo humildemente pela Graça do Divino, para que a minha vida nunca passe em vão por falta de coragem! Afinal, a Perfeição também é um direito de nascimento – esforcemo-nos por ela!!!

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Gift of sight:
Universal beauty.
Gift of night:
Universal peace.
Gift of humanity:
Universal sorrow.
Gift of divinity:
Universal smile.

-Sri Chinmoy, Three Hundred Sixty-Five Father’s Day Prayers, Agni Press, 1974

Ensinamentos dos Grandes Mestres

Coração, Religião, “Guru”


traduzido por Patanga Cordeiro

(…)

Através dos séculos, cada Mestre espiritual da mais alta ordem ofereceu algo único. Quatro mil anos atrás, Sri Krishna ofereceu sua mensagem suprema à humanidade, ao mundo todo: “Quando o dharma, o código da vida interior, declina, e a falta de retidão prevalece, Ele, a Consciência infinita, encarna a Si mesmo em forma humana, para transformar as tendências malévolas em nós e satisfazer a Realidade em nós.”

Epilogue-sri-chinmoy-dove      Então o Senhor Buddha, dois mil e quinhentos anos atrás, veio com uma mensagem muito especial: “O Caminho do Meio”. Não chafurde nos prazeres dos sentidos e, ao mesmo tempo, não procure a austeridade: não siga nem o caminho da gratificação dos sentidos e nem da mortificação dos sentidos. Cada buscador deve encontrar um equilíbrio, seguindo o caminho do meio. A transformação do nosso eu inferior e a manifestação do nosso eu mais elevado devem ocorrer simultaneamente, mas sem utilizarmos a gratificação dos sentidos ou a mortificação dos sentidos. Essa foi a mensagem do Senhor Buddha.

Dois mil anos atrás o Cristo, o Salvador, veio à arena-mundo. Sua mensagem suprema foi: “Eu sou o caminho, eu sou a Meta.” Aqui “o caminho” representa aspiração e “a Meta” representa salvação. É através da aspiração que se alcança a mais elevada salvação. A aspiração de hoje se transforma na salvação de amanhã.

Desejo mencionar outro Mestre espiritual da mais elevada ordem. Seu nome é Sri Chaitanya. Sua mensagem foi a pureza e o amor – pureza no amor, amor na pureza. Quando alguém alcança pureza no amor e amor na pureza, então ele desfruta divinamente do Deleite, que é a nossa Fonte, nossa eterna Fonte.

Milhares de anos atrás, os Videntes Védicos do passado ancestral ofereceram uma mensagem significante: “Do Deleite viemos a existir. No Deleite crescemos e, ao fim da nossa jornada, para o Deleite nos retiramos.”

Sri Ramakrishna veio com uma mensagem muito significante. Sua mensagem para a humanidade foi: “Chore, chore como uma criança por sua mãe. O coração de uma criança pode facilmente conquistar o Amor, Compaixão, Divindade e Imortalidade da Mãe. Chore, chore como uma criança, uma criança inocente. A Mãe Suprema certamente lhe concederá a iluminação da Altitude mais elevada.”

Então veio Sri Aurobindo, com a mensagem da vida divina, com a mensagem da transformação da natureza. Aqui na terra é onde o físico deve ser transformado, é aqui na terra onde a mensagem da Divindade deve ser manifestada. A transformação da natureza humana e a purificação de todos os membros devem ocorrer aqui na terra, para que a Imortalidade possa encontrar seu devido lugar na estrutura física.

Desde então, muitos Mestres espirituais aqui no Ocidente e também no Oriente ofereceram sua luz à humanidade aspirante. Cada Mestre espiritual tem algo para contribuir ao mundo todo, de acordo com a sua própria realização, sua própria receptividade e com a receptividade do mundo.

Em Sua infinita Generosidade, Deus me deu a oportunidade de servir a humanidade aspirante. Temos um caminho nosso, que é o caminho do amor, devoção e entrega. Para os que seguem o nosso caminho, a necessidade suprema é amor, devoção e entrega: amor divino, devoção divina, entrega divina.

O amor que prende e cega é o amor humano. O amor que expande e ilumina é o amor divino.

Devoção no físico nada é senão apego. Quando somos devotados ao mundo-sentidos, ao mundo-ignorância, não se trata de devoção, mas de apego. Quando usamos o termo ‘devoção’, ele deve ser aplicado apenas ao Divino em nós, à Realidade Suprema em nós. Somos devotados a uma causa mais elevada, a um ideal mais sublime.

A entrega humana é a entrega de um escravo ao senhor. A entrega divina é a entrega da nossa realidade impura, obscura, não-iluminada à nossa realidade completamente iluminada, completamente divinizada e completamente perfeita. O mais baixo em nós se rende à nossa realidade mais elevada. Não é uma entrega imposta, não é uma entrega forçada sobre nós. É a entrega baseada em nosso sentimento de unicidade inseparável com nossa existência-Realidade mais elevada. O finito em nós alegremente, devotadamente, com toda a alma e incondicionalmente se entrega ao Infinito em nós. A gota de água se entrega ao poderoso oceano e, assim, perde sua individualidade e personalidade e se torna o próprio vasto oceano. Igualmente, nós, que agora estamos na consciência finita, aprisionados nessa consciência finita, um dia seremos completamente livres e libertos e realizaremos a eterna Realidade-Liberdade que no mundo interior eternamente somos.

 

– Sri Chinmoy

Universidade de Maryland

18 de Outubro de 1975

Sri Chinmoy Speaks, part 3

A Espada de Sabedoria

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compilação de aforismos de Sri Chinmoy

 

AS ESPADAS

A espada de sabedoria avisa.

A espada de aspiração protege.

A espada da vida ensina.

A espada do amor aperfeiçoa,

ilumina e preenche.

 

THE SWORDS

The sword of wisdom cautions.

The sword of aspiration protects.

The sword of life teaches.

The sword of love perfects,

illumines and fulfils.

Sri Chinmoy, The Wings Of Light, Part 8, Agni Press, 1974

 

TWO SWORDS

Aspiration-flame

Is the sword

That separates

Knowledge-Light

And

Ignorance-night.

Realisation-sun

Is the sword

That unites the cry of the finite

And

The Smile of the Infinite.

You simply cannot imagine

How proud God is of you

For your faith-sword

And surrender-shield.

Sri Chinmoy, Twenty-Seven Thousand Aspiration-Plants, Part 50, Agni Press, 1984

 

Powerful is his success,

Fruitful is his progress

Because he has become

The naked sword

Of his own conscience-light.

Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, Part 63, Agni Press, 1983

 

Wisdom-heart tells me

That it has its purity-sword

To challenge ignorance.

Sri Chinmoy, Twenty-Seven Thousand Aspiration-Plants, Part 268, Agni Press, 1998

 

Do not be afraid

Of your mind’s ruthless division-sword.

The sword will ultimately surrender

To your hero-warrior-heart.

Sri Chinmoy, Twenty-Seven Thousand Aspiration-Plants, Part 146, Agni Press, 1991

A Graça de Deus e o esforço pessoal

textos de Sri Chinmoy compilados e traduzidos por Patanga Cordeiro

 

O meu início foi o meu fim

Quando pensei

Que podia fazer tudo sozinho.

 

Meu fim foi o meu início

Quando senti

A Graça de Deus agir em e através de mim.

 

O intermédio foi preenchedor

Quando descobri

Que meus braços e pernas são feitos

Da Luz-Compaixão de Deus.

 

Sri Chinmoy, The Wings Of Light, Part 8, Agni Press, 1974

 

sri-chinmoy-concert-barcelonaUma grande personalidade espiritual indiana, ao ser perguntada por seus discípulos sobre quantos anos de prática esforçada trouxeram a ela a Realização plena, simplesmente caiu na risada.

“Pratiquem! Minhas crianças, aquilo a que vocês chamam de prática, nada é senão seu esforço pessoal. Quando eu estava no mesmo estágio que vocês, não realizado, eu pensava e sentia que meu esforço pessoal era noventa e nove por cento, e que a graça de Deus era um por cento, e não mais. Mas minha completa estupidez morreu no momento em que a auto-realização nasceu. Então, para minha surpresa, eu senti, vi e realizei que a Graça do meu misericordioso Senhor era noventa e nove por cento, e que o meu débil esforço pessoal era um por cento. Mas a minha história não termina aqui. Por fim, eu percebi que aquele meu um por cento também era o incondicional e devotado cuidado do meu Pai Supremo por mim. Minhas crianças, vocês sentem que a realização-Deus é uma corrida que exige muito esforço. Isso não é verdade. A realização-Deus é sempre uma Graça que vem das alturas.”

Sri Chinmoy, Commentary On The Bhagavad Gita, Agni Press, 1971