Meditando antes de trabalhar
Por muitos anos, tive o hábito de meditar por sete minutos antes de começar e depois de terminar o expediente de trabalho. Sempre pareceu algo natural. Para me preparar, para agradecer, para trabalhar direito – tem tantos motivos.
Lentamente, como muita coisa que depende de disciplina, minha mente foi criando desculpas, e a meditação foi diminuindo, ficando mais informal, até um minuto apenas nos últimos anos.
Nesses dias, me lembrei como era bom e proveitoso fazer uma meditação um pouco mais longa, mais dedicada. Voltei a me propor os sete minutos que eram o hábito de anos anteriores.
Ontem tive uma experiência muito interessante. Os sete minutos de meditação passaram, e a meditação não foi nada fora do comum, talvez até um pouco mais superficial que o de costume. Mas, enquanto trabalhava, sentia claramente que a meditação estava comigo – como se estivesse guiando a minha mão que segurava o mouse do computador. Era uma sensação de ter a companhia muito preciosa de alguém que faz com que tudo mude. E eu estava trabalhando feliz, com segurança, sentindo-me útil não tanto pelo serviço em si, mas pela postura com que eu o fazia. (A ideia por trás das palavras de Madre Teresa pode servir para explicar um pouco: “Não precisamos fazer grandes coisas, mas sim pequenas coisas com grande amor.”)
Isso mudou inclusive os dias seguintes. A partir desse dia, fui ao trabalho mais motivado, mais feliz, mais espontâneo. Não é que os problemas lá mudaram – eu mudei (um pouquinho).
Já tive diversas boas experiências meditando por alguns minutinhos no trabalho.
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Texto por Patanga Cordeiro, instrutor de meditação voluntário no Centro Sri Chinmoy em São Paulo e outras cidades do Brasil desde 2004.
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Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.