Instrutor de meditação – o que é, como se tornar
O caro leitor que chega aqui provavelmente já tem uma concepção do que é ser um instrutor de meditação, possivelmente baseada no resultado das suas ações estereotípicas. Ensinar exercícios, compartilhar dicas, indicar leituras, ouvir suas dificuldades; são todas ações comumente atribuídas a um instrutor ou professor de meditação. Seu aluno aprende a meditar assim.
Todavia, a meditação é algo que pode ser aprendido por qualquer um, mas não ensinado por qualquer um. Apenas um Mestre realizado (e não um instrutor) pode de fato ensinar a meditação que o fará alcançar a Margem dourada da realização. O Mestre consegue mergulhar dentro da essência mais profunda de um buscador, despertar sua alma desacordada (ou melhor, despertar o corpo, vital e mente sonolentas para a luz eterna da alma). Se você for muito, muito avançado, Deus mesmo pode fazer esse processo sem passar pela figura do Mestre espiritual.
O que é um instrutor de meditação?
O que um instrutor de meditação pode fazer é inspirar o seu colega buscador, como a um irmão mais novo ou um aluno de uma classe mais jovem. Com essa inspiração, o buscador irá manter a sua prática firme, superar obstáculos, ter uma companhia que lhe ajudará com seus próximos passos, e aprender a meditar com seu coração. Simplesmente sentados juntos para meditar pode ser suficiente para que o coração espiritual de um buscador aprenda um pouco de meditação com o outro coração. O instrutor e o aluno aprendem juntos ao meditar, sem relação de superioridade ou inferioridade entre eles. Não há motivo para que um dia o instrutor não aprenda mais com o coração dos seus alunos do que eles com o seu.
O que um instrutor precisa é, primeiro, uma prática regular de meditação. Depois, ele precisa da orientação interior de um Mestre espiritual na sua própria vida. É essa orientação interior que, visível no seu rosto, no brilho dos seus olhos e no meneio das suas ações que seu aluno poderá absorver. Suas palavras, se comparadas com isso, com a luminosidade, podem ser supérfluas e sem sentido.
Então, é necessário também a humildade para saber que “tudo que sei é que nada sei.” Muitos buscadores espirituais foram desafiados pelo orgulho ou pelo sentimento de eles mesmos serem os agentes de mudanças naqueles a que se colocaram a serviço, com consequências que, se não agora, futuramente serão drásticas.
A própria palavra “serviço” pode ser diferenciada da palavra “ajuda”. Ajuda vem de cima para baixo, do mais capaz para o menos capaz. A separação e sentimento de inferioridade e superioridade se estabelecem como uma relação constante. Já o serviço é a oportunidade que um buscador tem de dedicar-se ao divino que existe dentro da humanidade, sabendo que ele não é o agente e, apenas se for da Vontade divina, ele será um instrumento, para aquilo que for necessário e da forma e com resultados que não estão sob seu controle.
“Queremos ser felizes. Para sermos felizes, devemos primeiro fazer os outros felizes. Se realmente queremos fazer os outros felizes, devemos parar de contradizer os outros. E também devemos parar de inflar suas opiniões prediletas. Nossa contradição será desastrosa. Nosso apoio será supérfluo e sem sentido. Para fazer os demais felizes, devemos silenciosamente subtrair a imperfeição dentre as suas posses.” – Sri Chinmoy, AUM magazine, VI, no 1 & 2, Aug 27 1970.