Um coração devotado
Descobriu uma verdade suprema:
Meditar em Deus
É um privilégio,
E não um dever.
Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, part 9, Agni Press, 1981
Começamos a meditar por diversos motivos, mas a nossa humildade e simplicidade nos lembra que a meditação é foi algo que nos foi dado, um privilégio, e não um dever ou fruto de nossa inventada “superioridade” intrínseca. Essa percepção mostraria apenas o quão bem ou mal sucedidos temos sido em nossa meditação.
Também, nas últimas décadas, algumas pessoas buscaram a meditação como uma fuga – um escape dos problemas psicológicos internos, um alívio às tensões do dia. Essa meditação não será profunda e não nos levará longe. Acho bem possível que você não encontrará um único texto milenar ou mesmo do século passado introduzindo o conceito de que a meditação é para relaxar ou para tratamento de saúde.
Outras pessoas buscam a meditação porque elas precisam meditar. Elas precisam meditar, e não de algo que a meditação possa trazer como resultado. É um impulso interior. É algo que o impele a buscar e o inspira a superar obstáculos para começar a meditar. É um anseio concedido por Deus ao buscador.
Uma introdução prática à meditação
Para começar a meditar, sente-se num lugar o mais afastado possível de outras interferências, dentro de casa.
Respire fundo algumas vezes, mas sem tensão, sem fazer força. A cada respiração, diminua o ritmo geral. Isso ajuda a trazer uma certa disciplina para a mente.
Mas a meditação profunda não acontece na mente, pois ela mesma é superficial. Ela acontece a partir do coração espiritual, onde mora a sua alma.
Para meditar no coração espiritual, sinta que você é esse coração. Sinta que a sua verdadeira essência mora no o lugar para onde aponta quando diz “eu”. Com os olhos entreabertos para não ficar sonolento, foque a sua concentração num ponto.
Esse ponto pode ser algo pequeno, mas recomenda-se algo que lembre e traga a tona o seu coração espiritual e lembre-o da sua alma, sua divindade interior. Pode ser uma flor (com a sua beleza e perfeição), uma chama de vela (com a sua luz e vontade de se elevar) ou uma foto ou estátua do seu Mestre espiritual (que representa e incorpora a sua própria meta final).
Observe a partir do seu coração, como se seus olhos estivessem lá e seu olhar viesse do meio do seu peito. Isso ajuda a sair dos processos mentais.
Agora tente se identificar com o objeto da sua concentração. Sinta que você e ele são uma coisa só. Esse é o poder do coração: o poder de identificação, unicidade.
Sinta que você
e a beleza da flor,
o anseio da chama,
a iluminação do Mestre
são um ser só.
Como tudo que vale a pena, pratique todos os dias, sem nunca faltar (nunca mesmo), num horário fixo, duas vezes ao dia e de preferência antes das seis horas da manhã e antes de dormir, com a luz sempre acesa.
O resultado será algo que você nunca viu nem ouviu falar antes, pois terá uma experiência intrinsecamente pessoal; estará fazendo algo que só você consegue fazer, que é meditar no seu próprio coração, na sua própria alma.
“A meditação nos dá uma vida espontânea e natural, tão espontânea e natural que não podemos nem mesmo respirar sem ficarmos conscientes da nossa divindade.”
Sri Chinmoy, Meditation: man’s choice and God’s Voice, part 1, Agni Press, 1974
Leia mais em:
Meditação é algo natural
Meditação para iniciantes
Música para meditação