Introdução à meditação, parte 5 – o despertar interior

-Sri Chinmoy, do livro Aspiration-Flames

 

Na vida espiritual, utiliza-se o termpo “despertar interior”. Se alguém está desperto, é natural que essa pessoa corra em direção à sua Meta. Quando você está pronto, quando chega a sua hora, você se levanta e corre em direção à Meta. Depois de um certo tempo, outra pessoa estará pronta e correrá em direção à Meta dela. A vida espiritual não é como a vida do militar, onde todos são forçados a seguir na mesma ordem de marcha. Não há compulsoriedade; não há forçar. A vida espiritual é voluntária, algo de nossa escolha pessoal. Podemos aceitar ou rejeitar Deus a nosso bel-prazer. Se aceitarmos Deus, sentiremos que cedo ou tarde seremos verdadeiramente satisfeitos. Se não aceitarmos Deus hoje de forma consciente, chegará o dia em que Ele nos obrigará a aceitá-Lo, pois não permitirá que continuemos insatisfeitos e sem realização; isso é assim justamente porque o propósito da criação de Deus é a satisfação.

 

Tenho uma história para contar. Dois filhos estavam diante de um lago, e a mãe os observava. Um filho é muito bom e obediente e quer agradar a mãe. Ele sabe que, se entrar na água, todo o seu corpo será renovado; ele terá uma sensação de pureza. Portanto ele salta no lago e fica limpo e refrescado. Mas o outro filho é preguiçoso. A água ainda está muito fria, e ele tem medo. Fica esperando, esperando, esperando. A mãe aguarda um certo tempo, mas então fica irritada e empurra o filho na água.

 

O primeiro filho foi obediente e conhecia a necessidade de se banhar, e portanto o fez. Na vida espiritual, aqueles que estão despertos – os filhos obedientes, os filhos espirituais – naturalmente farão o que é necessário para agradar ao seu Piloto Interior, Deus. Eles sabem que, ao agradar seu Piloto Interior, estão adiantando sua marcha a Deus. Os que não sentem essa necessidade, que estão com medo ou relutantes, farão Deus esperar por algumas centenas ou milhares de anos. E então Deus os compelirá, porque Deus, como a mãe, sabe da necessidade da limpar, purificar e iluminar os indivíduos.

 

A vida espiritual não é como uma corrida, onde todos começam do mesmo ponto de partida na mesma hora. Quando estiver pronto, você terá o seu ponto de largada; quando eu estiver pronto, terei o meu próprio. Mas a Meta é sempre a mesma. Você pode começar a sua jornada poucas horas ou anos antes de mim, mas quando alcançarmos nosso destino, será o mesmo lugar.

 

Mas isso só é verdade no caso da meta derradeira, a Meta altíssima. Ao invés, seu objetivo pode ser apenas uma gota de Paz, Luz e Deleite. Quando chegar lá, ficará satisfeito e não desejará nada mais. No seu caminho até o destino derradeiro você encontrará um objetivo parcial e talvez acredite que seja a Meta final. Então ficará lá por um tempo, porque o seu ser interior ou exterior não quer ir mais longe, mais algo e mais fundo. Mas quando eu alcançar essa meta, que também deverei alcançar, talvez eu queira ir mais longe.

 

Enquanto caminha pela rua, você enxerga uma bela árvore com flores e frutos. Você para e aprecia os frutos e pensa que chegou na sua Meta. Mas no caminho para a minha Meta eu posso dizer: “Deve haver algo mais belo, mais poderoso, mas significativo do que isto.” É natural que eu queira ir mais longe e percorrer uma distância maior. Você também irá mais alto e mais longe depois de alcançar a sua meta, pois a Meta derradeira deve ser alcançada. Mas, quando eu chegar na minha Meta última, e você chegar na sua Meta última, serão iguais; a Meta derradeira é a mesma para todos.

 

-Sri Chinmoy, Aspiration-Flames