Um compilado de textos de Sri Chinmoy. Esses escritos são apenas amostras dos seus ensinamentos, não sendo a sua filosofia completa sobre o tema.                      Fonte: www.srichinmoylibrary.com

O mundo interior nos diz que amar Deus é a nossa responsabilidade suprema, nossa única responsabilidade e nosso dever. O mundo exterior nos diz que servir a Deus, a Autoridade Suprema, é o nosso dever.

Se vivemos no mundo exterior e não aspiramos, seremos perseguidos por muitas perguntas. A primeira e mais importante é: “Quem é Deus?” A resposta será dada pelo mundo interior, mas não a ouviremos. A resposta do mundo interior é: “Quem não é Deus?” Essa é a resposta certeira que obteremos do mundo interior. Apesar de também ser uma pergunta, dentro dela mora está a resposta: todos são Deus, Deus no processo de auto-preparação, auto-revelação e auto-manifestação.

Há buscadores maduros e buscadores imaturos. Há pessoas aspirantes na Terra e há pessoas não aspirantes na Terra. As pessoas não aspirantes nos dirão que a vida interior é inútil. Elas dirão que os buscadores espirituais estão buscando uma meta vazia. Não há objetivo: é tudo fantasia mental, alucinação e autoengano. As pessoas aspirantes que não são maduras de tempos em tempos tentam fazer os outros sentir que são maduras. Elas oferecem sua própria sabedoria e julgamento, dizendo que o mundo exterior nada é senão um elefante enfurecido, que a agressão é o que reina, a destruição é o que reina. Essas pessoas sentem que não há alma, objetivo, realidade, mas sim apenas um elefante enlouquecido ou um tigre devorador que está destruindo o mundo exterior.

Mas os buscadores da Verdade suprema que possuem uma certa luz sabem com uma certeza que o mundo interior e o mundo exterior são ambos criações de Deus. Quando pensamos sobre o mundo interior, somos lembrados de Deus, a criação. O Criador e a criação devem ser vistos juntos. Deus sente que Ele é completo e perfeito precisamente porque Ele possui a criação dentro de Si, Consigo, a Seu redor e por Ele. A criação sente que é perfeita porque Deus, que é todo Perfeição, é a sua Fonte. Sem o auxílio e capacidade do mundo interior, não é possível progredir; ficamos cegos. A pessoa precisa de luz para caminhar pela estrada da perfeição, ou não conseguirá alcançar o seu destino, que está muito, muito distante. E, caso não dê o valor adequado às capacidades do mundo exterior, não fará progresso, pois não terá pernas. Tanto os olhos quanto as pernas são precisos; tanto o mundo interior quanto o mundo exterior são necessários para a perfeição. O mundo interior incorpora a visão, que é a realidade verdadeira. O mundo exterior incorpora o poder, o poder dinâmico, que também é indispensável. A luz é necessária e indispensável para a realização no mundo-silêncio interior, e o dinamismo é necessário e indispensável para a manifestação no mundo-som.

O mundo interior e o mundo exterior. O Aquele que deseja se tornar a Vida do Infinito, a Realidade da Eternidade e a Beleza da Imortalidade deve prestar a atenção devida a ambos os mundos. Ambos os mundos são de importância fundamental: o mundo-semente interior e o mundo-fruto exterior. É dá semente que obtemos o fruto, e do fruto que obtemos a semente. No mundo interior Deus nos reivindica e eternamente nos guarda como parte de Si. No mundo exterior tentamos e choramos para reivindicar Deus como parte de nós e reciprocar o Amor de Deus por nós.

Quando oramos e meditamos, quando mergulhamos fundo nos mais íntimos recessos do nosso ser, não apenas sentimos que estamos no mundo interior, mas também sentimos que somos o próprio mundo interior. Quando transformamos a nossa existência exterior aqui, ali e acolá numa mão que auxilia, num coração que serve e numa vida que ama, nos tornamos uma existência tudo-amorosa – e não apenas vivemos no mundo exterior, mas nos tornamos um com o mundo exterior em toda a sua realidade.

No mundo interior há um tesouro inestimável, que é o clamor constante por conhecer o Altíssimo e se tornar o Absoluto. No mundo exterior também há um tesouro imortal, inestimável, que é o sorriso, o sorriso iluminador. O buscador sorri para a vasta criação de Deus. Seu sorriso é a unicidade-identificação da sua própria existência-realidade com a criação inteira de Deus. Tanto no seu mundo interior e exterior, o buscador chora e sorri devotadamente, repleto de alma e incondicionalmente. Ele chora por alcançar a Altitude absoluta da maneira de Deus, à Hora escolhida por Deus. Ele sorri para ver, sentir e manifestar Deus. Ele enxerga Deus, sente Deus e manifesta Deus, a Realidade Suprema, da maneira que Deus quer que ele O veja, sinta e manifeste.

Sri Chinmoy, Self-discovery and world-mastery