Dezembro/2022 – curso de meditação em São Paulo
O próximo curso de meditação em SP será em dezembro de 2022. Mais na página de contato e inscrição para o curso.
O próximo curso de meditação em SP será em dezembro de 2022. Mais na página de contato e inscrição para o curso.
por Patanga Cordeiro, numa interpretação pessoal baseada nos ensinamentos de Sri Chinmoy
Meditar de olhos fechados é mais fácil
Meditar de olhos fechados induz você a relaxar, a dormir, a divagar. Isso não é meditação, é relaxamento.
O jeito mais fácil de meditar é com os olhos abertos (ou entreabertos, um pouco relaxados), de forma a conseguir se concentrar bem no objeto que usa para se focar e ficar bem desperto e atento. Sim, exige um esforço extra, mas, se não quisesse se esforçar, poderia relaxar apenas. Meditação é uma guerra de auto-descobrimento, e exige força de vontade, perseverança, determinação, entrega e paciência, entre outras coisas.
Usar vídeos do Youtube para meditar é bom?
Usando o computador, telefone celular ou equivalente, a sua mente vai ficar mais ativa, mais informada, mais inquieta. Para meditar, o que você precisa é de uma mente vazia, um coração aberto e um anseio interior genuíno. Nenhuma dessas coisas você vai encontrar na internet, seja no site que for ou no formato de mídia que for.
Meditação para acalmar ansiedade, depressão, déficit de atenção, melhorar concentração, etc
Por milênios o ser humano praticou a oração e meditação com o propósito de auto-descobrimento e satisfação do divino em nós. Nas últimas décadas, parece que, nos meios suscetíveis de comércio (mídia, instituições de ensino e saúde), surgiu a informação de que a meditação é um tratamento (por vezes com resultados “mágicos”) de saúde para ansiedade, depressão ou outras condições de saúde como déficit de atenção. A atenção é necessária para a meditação – a concentração é um passo preliminar para a meditação. Ou seja, primeiro você precisa aprender a se concentrar, e depois a meditar.
A comercialização das coisas é um tópico recorrente nos tempos de capitalismo acirrado, mas não necessariamente fará bem para o buscador que existe dentro de nós.
Pode ser que a meditação ajude no tratamento da ansiedade e depressão, e eu mesmo não tenho argumentos e nem conhecimento técnico para dizer se sim ou se não, mas sinto pessoalmente que não é por esse motivo que alguém deva começar a meditar como uma prática espiritual. O necessário para ter uma boa meditação é um anseio interior sincero ou a Graça de Deus.
Oração e meditação é algo para o fim da vida, para a velhice
Você pode comparar a prática espiritual como uma poupança ou investimento financeiro. De nada adianta começar no fim da vida. Você precisa começar cedo, para que ela renda e lhe propicie resultados que você possa desfrutar durante a sua vida toda.
Como tudo na vida, a prática espiritual da oração e meditação deve ser começada o mais cedo possível, de acordo com as circunstâncias da vida do buscador individual. A vida de desejos e prazeres consome nossa energia vital, e, ao fim da vida, podemos estar desprovidos de energia suficiente para fazer progresso espiritual rápido e certeiro. Teremos também uma carga emocional, mental, física maior, que pode dificultar o progresso da nossa transformação. Quanto menos bagagem, quanto menos coisas da nossa vida pregressa trouxermos para a vida espiritual, menos teremos de preparar o terreno para podermos decolar e voar alto!
O físico não tem nada a ver com o espiritual
‘Anima sana in corpore sano’ é um ditado famoso e universal do latim, que diz, literalmente “alma sadia num corpo sadio”. (Por sinal, a marca japonesa de tênis de corrida ASICS é um acrônimo desse ditado em latim.)
Mas não é só a alma que fica mais sadia num corpo sadio. Suas emoções inferiores também são transformadas mais rapidamente num corpo dinâmico. O seu coração espiritual e suas qualidades divinas têm mais oportunidades de vir à tona se o corpo estiver em boa forma, forte e dinâmico. Mas lembre-se: isso não quer dizer agressivo, orgulhoso ou inquieto.
Alguns Mestres espirituais modernos e também de tempos ancestrais, de milhares de anos antes do Cristo, recomendam aos seus alunos a prática diária de esportes e exercício físico, para manter o corpo e vital em condição adequada para ser um instrumento para experiências mais elevadas.
Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy
Como meditar com os poemas:
Para meditar neles, você pode ler o aforimo umas três, quatro ou seis vezes. Depois medite em silêncio por uns minutos. Depois leia mais algumas vezes, e medite mais um pouco. Tente terminar sabendo o aforismo de cor. Você pode lembrar dele durante o seu dia várias vezes, e até recitar em voz alta ou em silêncio enquanto caminha.
49,330.
Nosso amor por Deus
Deve ser sempre
Puro e profundo,
Para que Deus possa vir até nós
Muito mais rápido.
49,331.
A Compaixão de Deus chove
Apenas quando não buscamos
Sucesso ou progresso.
49,332.
Que minha vida se torne
Um violino-coração
Deus-satisfatório.
49,333.
De todas as flores,
A minha entrega à Vontade de Deus
É a mais bela.
49,334.
Todos os dias
Eu fortaleço
Minha vida-entrega-Deus.
49,335.
Cada momento-entrega
É extremamente significativo.
49,336.
Eu não permitirei
Que minha atenção-Deus
Seja perturbada por qualquer coisa.
49,337.
Nosso Piloto Interior está sempre ávido
Para nos ajudar a correr rápido, muito rápido
Em direção à nossa Meta.
49,338.
Apenas uma coisa me satisfaz:
A poeira dos Pés de Deus.
49,339.
Se eu posso me tornar um bom cidadão
Do mundo,
Deus fará de mim
Um instrumento escolhido
Da Sua Vida.
por Patanga Cordeiro, numa interpretação pessoal baseada nos ensinamentos de Sri Chinmoy
Usando o computador, telefone celular ou equivalente, a sua mente vai ficar mais ativa, mais informada, mais inquieta. Para meditar, o que você precisa é de uma mente vazia, um coração aberto e um anseio interior genuíno. Nenhuma dessas coisas você vai encontrar na internet, seja no site que for ou no formato de mídia que for.
A simplicidade é uma das qualidades importantes para aprendermos a meditar bem.
Quanto mais informação você tiver, mais difícil ficará meditar, principalmente se for informação de diversas fontes – e a internet/Youtube/Google é feito com o propósito explícito de dar toda essa informação (da qual o seu Eu verdadeiro não precisa) continuamente a você, sendo programada para fazer isso da forma mais eficiente e viciante possível.
Isso sem falar na possibilidade de exploração comercial do conteúdo que você usar. Por exemplo, alguém que não sabe meditar de verdade e nem ensinar meditação de verdade pode usar a sua ingenuidade para ganhar dinheiro com a monetização das propagandas dos sites através de conteúdo com palavras chamativas.
E mais: imagine-se fazendo a sua meditação por algumas semanas ou meses e pela primeira vez começa realmente a ter uma meditação de verdade, profunda. Você fica surpreso ao perceber o mundo que há dentro de você. Então o vídeo/áudio/aparelho pausa sozinho e começa uma propaganda de automóvel (ou qualquer outra coisa) com uma música muito mais alta do que o do vídeo que estava assistindo (as propagandas costumam ser assim, não é verdade?), arruinando semanas de prática e a oportunidade única que culminaram naquele momento.
Os seres humanos meditaram bem por dezenas de milhares de anos, aprendendo uns com os outros ou com os livros dos Mestres realizados e sua orientação direta – será que algo que surgiu de repente poucos anos atrás vai mudar esse processo que foi bem-sucedido por mais de dez milênios? O ser humano que acessa a internet diariamente buscando informação ou entretenimento é tão diferente ao ser humano de entre trinta anos atrás e dez mil anos atrás, que lia livros e conversava com as pessoas e praticava com simplicidade?
Sri Chinmoy tem alguns dos seus videos disponíveis para assistir, mas a ideia nunca é substituir a presença, mas sim apenas como uma forma das pessoas encontrarem algo e então se dedicarem presencialmente.
Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy
Como meditar com os poemas:
Para meditar neles, você pode ler o aforismos umas três, quatro ou seis vezes. Depois medite em silêncio por uns minutos. Depois leia mais algumas vezes, e medite mais um pouco. Tente terminar sabendo o aforismo de cor. Você pode lembrar dele durante o seu dia várias vezes, e até recitar em voz alta ou em silêncio enquanto caminha.
49,320.
Apenas um sorriso
Torna nossa mente limpa,
Nosso coração puro
E nosso mundo novo.
49,321.
Se Deus me diz que eu sou
O Seu favorito,
Eu devo acreditar—
Minha descrença apenas aumentaria
A distância entre nós.
49,322.
Deus mantém
Sua Luz-Proteção
Sempre ao redor da vida do buscador.
49,323.
Eu subo
Com as chamas-aspiração do meu coração.
Deus baixa
Com a Lua-Compaixão do Seu Coração.
49,324.
Descarregamos
Os problemas da nossa mente
Com o clamor ascendente do nosso coração.
49,325.
Na vida-aspiração
Somos bem sucedidos
Apenas quando nos tornamos
Extremamente sinceros e ávidos.
49,326.
Medite, medite e medite—
Sua vida-coração está destinada
A irradiar.
49,327.
Uma vida-desejo pode eclipsar
Nossa lua-coração.
49,328.
As preocupações da mente
Podem ser removidas
Apenas pelo incessante correr de lágrimas
Do nosso coração.
49,329.
A mente não se importa
Com o progresso do coração,
Mas o coração sempre tem interesse em ver
Mesmo uma gota de progresso
Na mente.
O que é meditação?
Sri Chinmoy: Meditação é a percepção consciente de Deus. Somos todos buscadores. Quando somos buscadores, nosso dever é sermos conscientes de Deus vinte e quatro horas por dia. Se acreditamos em Deus, naturalmente sentiremos que ele existe. Mas esse sentimento não é espontâneo; ele não dura vinte e quatro horas por dia. Quando meditamos, chega a hora em que sentimos e percebemos vinte e quatro horas por dia que somos de Deus e existimos por Deus. A percepção constante e consciente de Deus – Sua Verdade, Luz e Deleite – é chamada de meditação.
Como podem as diferentes religiões melhor respeitar e valorizar umas às outras?
Sri Chinmoy: Cada religião deve sentir que não é nada mais senão um ramo. Se há um ramo, deve haver uma árvore. Essa árvore é o amor pela verdade. A verdade encontra a sua satisfação apenas quando abraça a Vastidão como parte de si. Cada religião deve sentir a necessidade, para a sua própria satisfação, para a sua própria perfeição, de abraçar as outras religiões. Ela nunca ficará satisfeita sozinha, nunca ficará perfeita sozinha. Duas mãos são necessárias para gerar um som. Igualmente, duas ou mais coisas serão necessárias para criar algo belo, repleto de alma e frutífero. Mas, quando mergulhar fundo, verá que não são duas ou três coisas: verá uma única coisa operando através de muitas formas, muitas ideias, muitos ideais e realizações.
É possível alguém alcançar o estado de realização-Deus praticando a própria religião devotadamente?
Sri Chinmoy: Sim, praticando a religião, pode-se realizar Deus. Mas é precisa saber que há algo mais elevado e mais profundo do que a religião, que é o anseio interior constante. A religião nos dirá que Deus existe. Ela nos dirá que temos de ser bons, gentis, simples, sinceros e puros. Isso a religião será capaz de nos oferecer. Essa é a religião geral. Mas há também a religião espiritual, que é mais elevada e profunda. Ela nos dirá que não basta apenas saber que Deus existe. Temos de ver Ele, senti-Lo e devemos nos tornar Deus. Isso fazemos através da oração e meditação.
Porque a referência a Deus ou religião deixa tantas pessoas desconfortáveis?
Sri Chinmoy: As pessoas se tornaram muito sofisticadas; o que têm agora é uma consciência como a de uma máquina. Tudo aquilo que não lhes traz satisfação no plano físico, vital ou mental, ou qualquer coisa que não exista diante dos seus narizes, eles sentem ser irreal, vergonhoso. E qualquer coisa que não conheçam ou não consigam conhecer imediatamente, ou qualquer coisa de que não precisem imediatamente em suas vidas, a essas coisas não dão valor.
(…)
Você poderia explicar a diferença entre “fervor religioso” e “Deleite”? Eles se complementam?
Sri Chinmoy: Não. O fervor religioso pode ser no vital, na mente ou em outra parte da nossa existência. Ele pode nos satisfazer apenas no nível vital ou mental. O fervor, a alegria religiosa obtemos principalmente no nível vital. Mas quando vivenciamos Deleite, ele permeia nosso ser por completo. O Deleite é algo infinitamente mais elevado do que o fervor religioso. É através da nossa unicidade com o Supremo Absoluto, ou através da nossa dedicação completa à Sua Vontade, que obtemos Deleite. O Deleite age na nossa própria existência interior imorredoura e inata, para a manifestação plena do divino dentro de nós. Portanto, são coisas diferentes.
A religião é indispensável para a realização-do-Eu?
Sri Chinmoy: Tudo dentro de nós que é bom é responsável pela realização-do-Eu. Mas se você perguntar o que é indispensável, eu direi que apenas uma coisa é indispensável, que é o nosso clamor interior, o nosso clamor constante e mais profundo.
Fui criada na tradição católica romana, mas quando cresci parei de ir à igreja. Agora que estou novamente interessada na vida espiritual, minha mãe não consegue compreender por que eu não quero voltar a frequentar a igreja. Como eu poderia explicar isso para ela?
Sri Chinmoy: Você pode dizer à sua mãe que você estudou naquela escola e não se interessou muito. Agora você está estudando em outra escola, gosta do professor, gosta dos alunos e gosta do que está sendo ensinada. A igreja católica ensina Verdade, Luz, Paz e Deleite. Você também está buscando trazer à tona a Verdade, Luz, Paz e Deleite, de uma maneira diferente. Se enxergar a igreja católica romana como uma escola e a nossa organização espiritual como outra escola, terá todo o direito de dizer que gosta mais de uma escola do que da outra, e que é por isso que frequenta essa escola.
Como a disciplina religiosa difere da disciplina espiritual?
Sri Chinmoy: A disciplina religiosa não espera que você ore e medite a cada segundo da sua vida. A disciplina religiosa pode lhe sugerir ir à igreja uma vez na semana e orar para Deus. Isso basta para a disciplina religiosa. Mas se for uma disciplina espiritual, ilha de dirá que deve estar consciente de Deus vinte e quatro horas por dia e orar e meditar pelo menos duas vezes por dia – de manhã e à noite. A disciplina espiritual é um processo constante, consciente. Ela é infinitamente mais importante do que a disciplina religiosa, pois, quando se pratica disciplina espiritual, tenta-se ser um instrumento vivo consciente e constante de Deus, para que Deus possa Se manifestar em a através de nós da Sua própria Maneira. Quando seguimos uma disciplina espiritual, ao fim da estrada descobrimos que estamos nos tornando a Imagem de Deus. Seguindo uma disciplina religiosa, ao fim da estrada diremos que viemos e vimos a meta. A disciplina religiosa irá, no máximo, levá-lo até a meta, ao passo que a disciplina espiritual ou iogue não apenas o levará até a meta, mas também fará com que sinta que você é a própria meta.
Meditação aberta – 2o. Sri Chinmoy Evening – meditação com uma rosa.
Pergunta: Existe algo que podemos fazer para manter a inspiração que tínhamos no começo do ano? Geralmente em março já desisti da minha promessa de ano novo.
Sri Chinmoy: Ao invés de uma promessa, você pode ter doze projetos. Agora é janeiro. Neste mês, sinta que vai cumprir um projeto, não a ferro e fogo, mas com sua maior aplicação, sua maior aspiração. No fim do mês, se não tiver sucesso, esqueça-o totalmente. Sinta que aquele mês não existiu na sua vida. Se pensar: “Já que eu falhei em janeiro, não há esperança de sucesso em fevereiro”, ficará totalmente perdido. Se falhar em janeiro, sinta que esse mês não existiu no seu calendário. Isso não é auto-engano; isso é sabedoria. Qualquer coisa que não o deixe correr o mais rápido possível em direção à meta é inimiga sua. Todavia, se você tiver sucesso, pode ser sábio e falar: “Cumpri a promessa em janeiro. Agora, também preciso cumpri-la em fevereiro”.
Perfection and Transcendence, p. 42-43
Sri Chinmoy: Vocês podem retomar a intensa aspiração, que todos vocês possuíam quando aceitaram a vida espiritual, através de dois sentimentos. Primeiro devem sentir que o que conquistaram ou receberam até o presente momento não é nada se comparado com o que de fato necessitam de seus interiores ou das alturas. Sim, você alcançou ou recebeu algo; tem feito uma ótima, excelente meditação. E é tudo verdade. Mas em termos do que você ainda receberá ou se tornará, não é nada, nada, nada. Você lembra do que possuía e o que era há dez anos atrás. Agora você possui algo, e se tornou alguma coisa. Mas seja sincero! O objetivo está bem em frente ao seu nariz ou ainda é uma meta distante? Ainda é uma meta distante. É suficiente o que você recebeu? Se for sincero, dirá que é quase nada se comparado com a infinita Luz que você busca. É um mínimo, absolutamente nada. Se tiver este tipo de sentimento, a sua sede cresce.
No entanto, ao sentir que o que tem é mais do que o suficiente, uma postura complacente se cria. Talvez pense que meditou muito bem muitas vezes nesta encarnação e que já fez isto ou aquilo pelo Centro, e mesmo se não fizer nada mais, Deus se agradará com você. Quando os discípulos têm esta postura, sentindo que fizeram o suficiente por esta encarnação, não há movimento de avanço. Somente ao dizer que não fizeram nada se comparado com o que podem fazer, é que surge um clamor interior. O que possuem até o momento está entre vocês e seu Guru, entre vocês e Deus. Mas devem saber que o que ainda não receberam é infini-tamente mais importante do que o que já possuem. Dessa maneira, ao sentirem que ainda há algo infinitamente mais valioso, naturalmente buscarão read-quirir a sua aspiração e almejar por tal coisa.
Antes de aceitar a vida espiritual, quando estava na vida-desejo, quando primeiro pensou em entrar para a vida de aspiração, você sentiu que esta vida de aspiração era algo que realmente traria satisfação. Por fim, você deixou a vida de desejo e entrou para a vida de aspiração. No entanto, deve sentir que esta vida-aspiração não é o suficiente. Somente a vida de realização lhe dará iluminação e satisfação. Quando estava na vida-desejo, você pensava que a vida-aspiração era tudo. E estava certo, absolutamente certo. Porém, agora você deve sentir que aspiração não é tudo. De outra forma, estará aspirando por um dia e por outros dez dias não estará. Agora a vida de realização é a sua única meta. Se tiver a vida de realização, apenas então poderá alcançar satisfação constante. Quando estava na vida de desejo, você pensava: “Aqui não há satisfação adequada.” Então, quando tinha uma gota de aspiração, obteve uma gota de satisfação. Contudo, se deseja satisfação duradoura, a realização deve se fazer conhecida.
Sinta que havia um clamor que o compeliu a saltar das margens do desejo para as margens da aspiração. Para retomar a intensa aspiração com a qual iniciou a sua jornada, pense que deve desenvolver o mesmo tipo de clamor e saltar da margem-aspiração para a margem-realização. Senão, não lhe será possível alcançar a margem-realização. Uma vez você clamou e saltou. Agora, para ser capaz de saltar você deve clamar novamente. No entanto, caso sinta que o primeiro salto foi suficiente, naturalmente não sentirá a necessidade de seguir em frente. E, se não seguir em frente, nunca ficará satisfeito. O que há de real e verdadeiro em você não ficará satisfeito.
Você desenvolve esse intenso clamor apenas ao sentir um vazio sincero. Sinta que o que possui não é nada e que você não é nada em comparação com o que possuirá ou se tornará. A sua mente física lhe dirá que você fez muito progresso pois aceitou a vida espiritual. Porém, se você recebe tanto, meditando apenas de vez em quando, então receberá muito mais ao meditar constantemente e conscientemente. Até mesmo a ganância humana lhe dirá que você possui bastante, ainda que sem ter meditado de maneira irrestrita, consciente e devotada, e portanto, se o fizer devotadamente, receberá muito mais paz, luz e alegria.
Diga a si mesmo: “Apesar de ser letárgico, apesar de ser um instrumento imperfeito, recebi tanto meditando e orando de forma desorganizada. Caso aspirasse consciente, regular e devota-damente, eu receberia muito mais.” Há muita verdade nessa abordagem humana. No entanto, a maneira divina é: “Sou muito rico, mas e daí? Deus lida com Sua infinita, imortal, eterna riqueza. O que me tornei não é nada, nada, nada em comparação com o que eu posso me tornar ou com o que me tornarei.”
Trabalhando duro, você ganha cem dólares. Tendo estes cem dólares, pode novamente trabalhar bastante e receber um milhão de dólares. Essa é a gananciosa abordagem humana. A outra abordagem é sentir que não importa o quanto recebeu, mesmo que seja um milhão de dólares, Deus possui muito mais. A mais vasta quantidade não é nada ao Olho de Deus, porque Deus possui infinita Paz e Luz. Deus sempre lida com a Infinidade. Um milhão pode ser contado, já a Infinidade não pode. Precisamos da Infinidade, mas o que temos agora não é nada quando comparada com ela.
Este modo divino de abordar a Infinidade de Deus é o modo indiano. Na Índia, as pessoas clamam Deus como sendo delas. Aqui no ocidente, infelizmente vocês têm medo de clamar a Deus. Sentem que, já que cometeram um pecado, como podem clamar a Deus como sendo de vocês? Na filosofia indiana não existe pecado. E mesmo se existisse, nós temos fé em nosso Pai e Mãe divinos. Toda a nossa poeira e sujeira irá embora no momento que formos até Eles. Eles nos lavarão. Uma criança clama a sua mãe e seu pai como seus. Onde está a capacidade de sentir de culpa? Não há culpa.
Retornando à sua pergunta, você pode começar com a gananciosa abordagem humana de forma a aumentar a sua aspiração. Se quiser se tornar o Shylock* do século vinte, tudo bem. Junte tanta riqueza espiritual quanto puder. Verá então a sabedoria despertando em você. Mesmo se tentar separar a Infinidade do finito, verá que é impossível. O finito e o Infinito sempre caminham juntos.
(*Usurário judeu e antagonista de Antonio em “O Mercador de Veneza”, de Shakespeare.)
Perfection in the Head-World, p. 30-34
texto de Sri Chinmoy
A meditação é para todos, independentemente se uma pessoa está buscando Deus conscientemente?
Sri Chinmoy: Sim, a meditação é para todos, quer a pessoa esteja buscando Deus conscientemente ou não. O que se deve saber é o quão longe deseja ir. Alguém pode estudar no jardim de infância. Alguém pode ir para o ensino médio, universidade, mestrado ou doutorado. Mas esse é o conhecimento exterior. A meditação nos dá sabedoria interior.
Você pode estar satisfeito com uma gota de sabedoria interior. Mas você pode perceber que só ficará satisfeito com Paz, Luz e Deleite ilimitados. Depende de onde o buscador quer chegar. Assim como vamos para a escola para obter conhecimento exterior, devemos meditar para termos sabedoria interior. Se o buscador quer ficar satisfeito com apenas uma fração de Paz, Luz e Deleite, ele a terá. Se ele quiser ilimitadas Paz, Luz e Deleite, ele também as terá, contanto que continue a meditar regularmente, devotadamente, com alma, sem reservas e incondicionalmente.
Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy
Como meditar com os poemas:
Para meditar neles, você pode ler o aforimos umas três, quatro ou seis vezes. Depois medite em silêncio por uns minutos. Depois leia mais algumas vezes, e medite mais um pouco. Tente terminar sabendo o aforismo de cor. Você pode lembrar dele durante o seu dia várias vezes, e até recitar em voz alta ou em silêncio enquanto caminha.
49,310.
Não podemos ignorar
Os momentos fugazes da vida,
Pois cada momento é
Uma oportunidade dourada
Para alcançarmos os Pés de Deus.
49,311.
Eu implorei a Deus
Para que desse ordens poderosas para
Todas as partes de minha existência-terra.
49,312.
Seja sábio—
Tente enxergar apenas
A beleza e a fragrância
Deste planeta-Terra.
49,313.
Seja genuíno, seja genuíno
A todas as suas promessas-Deus.
49,314.
Eu desejo viver
Entre meu coração-aspiração
E minha vida-dedicação
Com máxima sinceridade.
49,315.
Estou muito ávido para adentrar
A Prisão-Coração do meu Senhor.
49,316.
Se você quer ser coroado
Por Deus,
Então precisa evitar
O caminho da falsidade.
49,317.
O que eu preciso
Para orar e meditar
É de um coração-manhã que levante cedo.
49,318.
Podemos nos tornar felizes
Apenas ao enxergar
As qualidades boas e divinas
De todo e cada ser humano.
49,319.
Nosso coração-gratidão nos auxilia,
De forma perfeita e convincente,
A tocar o Pé-Compaixão
De Deus.