Aforismos e poemas para meditar – 49300

 

Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy

 

Como meditar com os poemas:
Para meditar neles, você pode ler o aforimos umas três, quatro ou seis vezes. Depois medite em silêncio por uns minutos. Depois leia mais algumas vezes, e medite mais um pouco. Tente terminar sabendo o aforismo de cor. Você pode lembrar dele durante o seu dia várias vezes, e até recitar em voz alta ou em silêncio

 

49,300.

 

Eu dou tanto

O primeiro sorriso da minha alma

         E

A primeira lágrima do meu coração

         Para Deus.

49,301.

 

Sem uma fé imortal

         Em Deus,

Nunca poderemos nos tornar perfeitos.

 

 

49,302.

 

A avidez do meu coração

Deve ser indomável.

 

49,303.

 

A felicidade

Nunca é encontrada

Nas reclamações da mente.

 

 

49,304.

 

Minha vida é transformada

Pelo meu coração-Deus-gratidão.

 

49,305.

 

Não há distância

Que o amor e a fé

Não consigam cobrir.

 

 

49,306.

 

Deus sinceramente conta

Apenas a muito poucos

Que eles são Seus favoritos.

 

 

49,307.

 

Cada dia, enquanto eu amo Deus

         Mais e mais,

Também Deus precisa do meu serviço

         Mais e mais.

 

 

49,308.

 

Apenas os servidores-Deus

São os verdadeiros melhoradores-mundo.

 

 

49,309.

 

Ninguém valoriza corretamente

O Olho-Compaixão de Deus

E Seu Coração-Perdão.

Filosofia, meditação e espiritualidade

textos de Sri Chinmoy, volume VII

 

Filosofia, meditação e espiritualidade

Sri Chinmoy

Esses escritos são apenas amostras dos seus ensinamentos, não sendo a sua filosofia completa sobre o tema.                      

 

É importante que cada ser humano tenha uma filosofia pela qual viva?

Sri Chinmoy: Sim, mas não a filosofia da mente. Se encarar a filosofia como uma forma de viver, essa maneira de viver deve vir da sua aspiração interior e orientação interior. Quando o seu guia interior lhe disser algo, encare aquilo como algo muito importante em sua vida. O seu guia interior lhe dirá como viver na Terra e servir a Deus e à humanidade.

Se tomar a palavra filosofia e colocá-la dentro do seu coração, você verá que a filosofia do coração, a filosofia interior, é absolutamente necessária e extremamente importante.

 

Você concorda que algumas pessoas são levadas à espiritualidade primeiramente através da filosofia?

Sri Chinmoy: Certamente. Não somente algumas pessoas receberam uma promoção para a espiritualidade vindas da filosofia, mas eles finalmente se tornaram gigantes espirituais. O próprio Sri Aurobindo disse que ele começou como um poeta, então se tornou um filósofo, um aspirante espiritual e, por fim, um grande Mestre espiritual. Vivekananda também estava profundamente imerso em filosofia. Em seus dias de aluno ele estudou filósofos ocidentais em profundidade. Ele costuma discutir longamente com as pessoas baseado em seu conhecimento e sabedoria filosóficos. Então ele se voltou para a espiritualidade. De forma similar, muitos que tinham uma base filosófica no início adentraram a espiritualidade e se tornaram grande personalidades espirituais.

No meu caso, a poesia, filosofia, espiritualidade e yoga* – tudo – caminharam juntos, e me tornei um faz-tudo, mas mestre de nada! Quando eu era jovem, a poesia adentrou a minha vida. Aos vinte e dois ou vinte e três anos, eu já havia estudado quase todos os filósofos ocidentais. Aos vinte e cinco eu conhecia bem a filosofia ocidental. Mas hoje eu oro a Deus para que remova da minha mente mesmo o pouco de filosofia ocidental que ainda lembro. Agora eu oro a Deus: “Tire a filosofia da minha cabeça. Mantenha apenas a espiritualidade.”

*N.d.T.: quando Sri Chinmoy se refere a yoga, ele quer dizer a busca ou realização da unicidade com Deus, e não os exercícios físicos dos diferentes tipos de hatha yoga

 

Quais as melhores qualidades da filosofia ocidental, quando comparado com a filosofia oriental?

Sri Chinmoy: A filosofia oriental, principalmente a filosofia indiana, nos diz: “Mergulhe fundo. Você descobrirá um trampolim. Se pular no trampolim, será capaz e ir muito alto. Mergulhe fundo para descobrir como subir alto, mas alto, altíssimo.” Esse é o modo da filosofia oriental.

A filosofia ocidental não nos instiga nesse caminho. Ela é como uma tropa de soldados marchando. Ela nos diz: “Siga em frente, em frente.” A filosofia ocidental começa com a forcá física, vital e mental. Mas a filosofia oriental, a filosofia indiana, começa com algo mais profundo. Você pode chamar isso de coração ou de alma.

Portanto, a filosofia oriental mergulha fundo para subir algo, mais alto, altíssimo. A filosofia ocidental nos instiga seguir em frente ou, em raros casos, subir. Mas ela não mergulha fundo como a filosofia oriental. Essa é a grande diferença.

 

Há uma única resposta filosófica que responde todas as perguntas?

Sri Chinmoy: Se usarmos a abordagem de Ramana Maharshi, podemos dizer “Quem sou eu?” Essa é a pergunta mais importante e, ao mesmo tempo, a resposta mais importante. Para mim, “Quem sou eu?” não é apenas a pergunta das perguntas, mas também a resposta das respostas. Quando você pergunta aos grandes Mestres espirituais “Quem sou eu?”, a pergunta já está respondida. A filosofia de Ramana Maharshi era sempre perguntar, “Quem sou eu? Quem sou eu? Quem sou eu?”

“Quem sou eu?” é uma pergunta. E “Quem sou eu?” também é a resposta, porque imediatamente a resposta vem: “Quem eu não sou?” O positivo e negativo sempre andam juntos. A pergunta vem com um desafio, mas dentro da pergunta está a resposta: há algo que eu não seja? Há alguém que eu não sou?

Por fim, todas as perguntas que a filosofia faz podem ser reduzidas a “Quem sou eu?” A resposta vem espontaneamente: “Quem eu não sou?” A pergunta e a resposta podem ser encontradas no mesmo lugar.

 

Qual é a filosofia para a humanidade no próximo milênio?*

*N.d.T.: o terceiro milênio

Sri Chinmoy: A filosofia para novo milênio será: não veja os defeitos na vida de ninguém, não veja os defeitos na sua própria vida. Apenas se force a ver todas as coisas boas que você fez, todas as coisas boas que você está planejando fazer e todas as boas coisas que os outros fizeram. No próximo milênio, a meta da filosofia será apenas enxergar a luz em si mesmo e a luz nos outros. Apenas então você será capaz de acelerar a chegada da paz mundial e unicidade mundial.

 

Qual é a diferença entre a filosofia da mente e a filosofia do coração?

Sri Chinmoy: A filosofia da mente é: estamos aqui, mas Deus está em outro lugar.

A filosofia do coração é: Deus está lá, no alto, nos céus. Mas Deus também está aqui, dentro do coração da Sua criação.

A Filosofia de Deus é apoiar tudo e todos que estão na Sua criação. A Filosofia de Deus é apoiar todas as filosofias que o homem puder imaginar.

 

Existe um perigo de se perder na filosofia?

Sri Chinmoy: Sim, há um grande perigo de se perder na filosofia. Muitas, muitas pessoas perderam sua espiritualidade por se envolver demais nos malabarismos mentais da filosofia.

 

… A minha filosofia é a aceitação absoluta da vida. A vida deve ser aceita. Nesta vida está o Alento vivo de Deus. Deus não está apenas no Céu, mas também dentro de nós. Deus e a Sua criação nunca pode ser separados. …

Estória: o buscador desesperado

textos de Sri Chinmoy, volume VIII

Estória: o buscador desesperado

Sri Chinmoy

Estes escritos são apenas amostras dos seus ensinamentos, não sendo a sua filosofia completa sobre o tema

 

Cerca de cinquenta anos atrás, viveu na América um Mestre espiritual que tinha cerca de quarenta ou cinquenta discípulos. Esse Mestre estava sempre disposto a conceder entrevistas a seus discípulos e outros buscadores sinceros que vinham até ele buscando orientação espiritual.

Certo dia ele foi visitado por um jovem escritor que havia escrito ao Mestre em uma ocasião anterior sobre seus problemas. Naquele dia, ele tinha um problema em particular que gostaria de discutir com o Mestre.

“Mestre, por favor, me ajude,” disse o jovem rapaz. “Pelas últimas duas semanas, mal consegui dormir. Nunca meditei muito. Eu sempre achei que atividades mentais eram mais satisfatórias. Mas agora, quase todas as noites eu acordo com um sentimento desesperado em meu coração. De repente, sinto que estou precisando desesperadamente da espiritualidade. Tentei em vão tentar compreender esse sentimento. Minha mente não parece capaz de analizá-lo. Mas, já que não consigo enxergar claramente com a minha mente o que está acontecendo comigo, fico preocupado de poder estar sofrendo de algum delírio. Você poderia me ajudar? Esse sentimento desesperado que tenho é perigoso para a minha saúde mental?”

O Mestre respondeu: “Não, não é perigoso. Você está clamando pela satisfação do seu choro interior. Você não está chorando com a mente. Você está chorando dos mais profundos recônditos do seu coração. O coração interior possui capacidade infinita. Ele não é limitado como a mente. Não é preciso abordar a Verdade altíssima com a mente. Portanto a saúde mental não faz parte da questão.

“Mas por que eu estou sentindo esse anseio, Mestre? O que estou realmente ansiando por?”

“Quando ansiamos em nossas profundezas,” o Mestre disse, “é porque conhecemos a necessidade de Paz, Luz e Deleite. Quando temos esse tipo de anseio interior, essas qualidades vem à tona a partir do interior ou baixam a partir das alturas. Digo aos meus discípulos que podem desenvolver o clamor interior ao dar mais importância para aquilo que eles realmente precisam nas suas vidas. Quando damos importância para nossas necessidades reais, automaticamente o nosso anseio interior, a nossa sinceridade interior está fadada a aumentar. Quanto mais sentimos que precisamos desesperadamente de Paz, Luz e Deleite, mais cedo o nosso anseio anterior aumenta.

“Como podemos satisfazer essa necessidade?” perguntou o buscador.

“No mundo exterior, quando temos fome, tentamos satisfazer a nossa fome. Se não há comida em casa, vamos a um restaurante ou para a casa de um amigo. De forma similar, a vida espiritual quando estamos verdadeiramente famintos por Paz, Luz e Deleite, iremos a um Mestre espiritual que pode satisfazer nossa fome. Primeiro de tudo ele aumentará a nossa fome interior e então ele a satisfará.”

“Mas e a minha falta de sono? Ela é prejudicial ou detrimental para a minha saúde?”

O Mestre explicou: “Se tivermos Paz. Luz e Deleite dentro de nós, essas qualidades divinas não prejudicarão a nossa saúde. Pelo contrário, elas fortalecerão o físico. O físico terá uma nova sinceridade, uma nova fé para satisfazer o divino em nós. A palavra ‘sinceridade’ é muito importante. Se quisermos alcançar Paz, Luz e Deleite a ferro e fogo, se tentarmos usar a força do físico ou do vital, se tentamos forçar ou exagerar, traremos problemas desnecessários para a nossa mente. Contudo, se dependermos do anseio interior, nossa sinceridade nos transportará para o Altíssimo. Nessa hora, a proteção divina estará presente. Ela não permitirá que tenhamos quaisquer problemas mentais.”

“Como posso me tornar verdadeiramente sincero, Mestre? Como posso saber se sou sincero?”

O Mestre o assegurou: “No seu caso, você tem sinceridade. Mas, às vezes, apesar de sermos sinceros, ainda tentamos forçar algo. Tentamos acelerar o nosso progresso com a nossa energia vital ao invés de depender da nossa própria sinceridade interior. Quando temos um anseio interior sincero, descobrimos que é o ser interior que está ansiando dentro de nós e por nós. E quando o ser interior anseia, nossa mente exterior não precisa e pode não ser afetada. É apenas quando tentamos alcançar algo com a mente exterior é que ela será afetada, porque ela não está pronta para receber essas qualidades de uma maneira divina.”

“Mestre, posso fazer uma última pergunta? A paciência também é uma qualidade divina. Tenho medo de que com este sentimento de desespero, a impaciência virá.”

“Se você sabe o que é paciência,” o Mestre diz, “é muito fácil ter paciência. Se você sente que pode ser paciente por um certo tempo, ficará impaciente quando o tempo acabar. Se você pensa que em dois dias você realizará Deus, mas se Deus ainda estiver se escondendo de você após dois dias, dois meses, dois anos, você ficará impaciente.”

“Como podemos cultivar paciência?” perguntou o escritor.

“Você deveria sentir ‘eu realizarei Deus na Hora escolhida por Ele. Meu papel é orar e meditar, e o papel de Deus é me conceder realização quando sentir que a hora chegou.’ Se você sentir isso, a paciência virá. Você é responsável apenas pela sua oração e meditação, e dá a responsabilidade pelo resultado a outra pessoa, que é Deus. Deus apenas pediu que você orasse e meditasse; Ele não fixou uma hora para você ir visitá-Lo. Cada um de nós deve cuidar das próprias coisas. O tempo pertence a Eles, mas a oração pertence a vocês. Desta forma, você pode ser divinamente paciente.”

“Mestre,” disse o jovem, curvando-se com toda a humildade, “você não apenas respondeu todas as minhas perguntas hoje, mas também me deu a resposta para as perguntas de toda a minha vida. A partir de hoje, o clamor interior do meu coração será a minha outra realidade.”

Sri Chinmoy, do livro “Is God Really Partial”, 3 de novembro de 1973

Dicas para meditação 49 – como manter a inspiração para meditar

Dicas para meditação 49 – como manter a inspiração para meditar

Questão: Quando comecei a meditar às três da manhã, costumava ter meditações muito boas e estava bastante inspirado. Porém, depois de alguns dias, não tive a mesma inspiração e ficou bem difícil.

Sri Chinmoy: Ao começarmos algo pela primeira vez, obtemos inspiração. Qualquer coisa nova nos dá uma tremenda inspiração, só porque é nova. No entanto, se a continuarmos fazendo, não teremos o mesmo entusiasmo, o mesmo ímpeto, a mesma inspiração. Queremos conseguir alguma coisa muito profunda, elevada e sublime, algo muito luminoso da nossa meditação de manhã cedo. Somos como um corredor de longa distância, Quando o juiz dá a largada, no começo o atleta realmente está inspirado e começa a correr bem rápido. Entretanto, depois de duas ou três milhas, fica bastante cansado. Correr fica tedioso e difícil. Se ele desistir da corrida apenas porque está cansado e sua aspiração foi embora, não vai atingir a meta. Mas se ele continuar correndo, no fim vai acabar alcançando a chegada. Sentirá que valeu a pena o esforço e o sofrimento do corpo.

É como se fosse assim também na vida espiritual. Ao começar sua jornada às três da manhã, sinta que amanhã será a continuação dessa caminhada. Não a encare como um novo começo. E, no terceiro dia, sinta percorreu outra milha. O dia em que começa sua jornada espiritual é, na verdade, o mais importante. Nessa hora, você terá o máximo de inspiração. No entanto, se puder sentir que a cada manhã, durante sua meditação, você está percorrendo um pouquinho a mais,  saberá que um dia vai atingir sua Meta. Mesmo que sua velocidade diminua, precisa continuar correndo e não desistir no meio do caminho. Ao alcançar a Meta, verá que valeu o esforço. Todos os dias, ao meditar, ajudará se você pensar que é um prosseguimento da meditação do dia anterior. Com um passo de cada vez, vai atingir a Meta.

Você tem aspiração e então a perde. Clama por ela, mas talvez não consiga a mesma aspiração de novo. Contudo, aqui você precisa entender que não é um especialista em meditação. Sua meditação, no momento, está à mercê da sua inspiração ou aspiração. Ao estar inspirado, tem aspiração e está pronto para meditar. Mas essa aspiração, esse impulso interior, vai durar só por um dia ou algumas semanas, e então vai desaparecer. Entretanto, ao se tornar um especialista, a meditação vai estar sob seu comando.

Se você meditar regularmente por cinco ou seis meses, um ano ou dois, a meditação vai se tornar espontânea e natural automaticamente. Depois de um período, em tal e tal hora, vai se sentir compelido a meditar. Sentirá que a meditação é uma necessidade da sua alma, e o impulso interior de meditar nunca será capaz de deixá-lo. Ele vai sempre inspirá-lo e energizá-lo. Todos os dias, de manhã cedo, quando for a hora da sua meditação, seu ser interior vai bater na porta do seu coração.

Meditation: God’s Blessing-Assurance, p. 30-33

 

 

Pergunta: Guru, como podemos aumentar nossa aspiração e mantê-la firme?

Sri Chinmoy: Para manter sua aspiração elevada, firme e constante, três coisas são necessárias: fé em si mesmo como buscador; fé constante no julgamento do seu Mestre; consideração pelo que é feito, não quem fez – isso é, a tarefa foi cumprida? Quem a cumpriu não é a questão.

No seu caso, você tem fé em mim em medida abundante, mas não tem tanta fé assim em si mesmo quanto deveria ter. Se não tem fé suficiente em si mesmo, é extremamente difícil manter o mais puro ou o mais elevado tipo de fé no Mestre a toda hora. O mais puro e elevado tipo de fé tem de ser contínuo e constante. E, para tanto, deve-se ter completa fé em si mesmo. Precisa sentir: “Estou destinado a atuar continuamente no Lila cósmico do Guru”.

Todos os dias, você precisa ver se o necessário foi feito, e não quem o fez. Infelizmente, ao vermos que algum indivíduo em particular atingiu alguma coisa, sentimos que não temos nada a ver com isso. Você pode dizer: “Oh, o Supremo escolheu ele e não eu para fazer isso. Sou um inútil. Sou um imprestável. Não posso fazer nada”. Então, imediatamente você começa a se criticar e a se diminuir, o que é errado. Se um colega discípulo fez algo divino, sinta, por favor, que foi você quem fez isso. Sua aspiração é igualmente responsável pela manifestação divina dele. Quando algo é manifestado, se você sente que sua aspiração teve alguma coisa a ver com ele, mantém uma tremenda aspiração. Cada buscador deveria sentir que, quando algo é alcançado no plano físico, ele ou ela é igualmente responsável pela vitória divina. Nossa vitória em conjunto está na manifestação da mais elevada aspiração.

De manhã cedo, ao começar a meditar, tente sentir por um minuto que hoje você será capaz de se sustentar sem comer nem um pedaço de comida, sem beber nem mesmo um copo d’água. Sinta que, sem comer nem beber nada, será capaz de sobreviver por um dia, até mesmo por uma semana. Mas precisa sentir que, se não aspirar bem, se não meditar bem, então ao anoitecer a morte virá e vai capturá-lo. Morte significa a destruição da sua aspiração, não a morte física. A aniquilação vai capturar sua aspiração se você não meditar bem. Se encarar sua meditação matinal com bastante seriedade, automaticamente sua aspiração vai permanecer elevada. Sempre dê à aspiração o devido valor. Assim, um tremendo poder vai vir de você mesmo. O que determina sua vida ou sua morte é sua aspiração, e não seu alimento material. Precisa sentir que essa qualidade é responsável pela sua evolução terrena e sua conquista celestial. Quando está faltando aspiração, você não existe. Ela é a única realidade da sua vida. Com esse sentimento, automaticamente será capaz de manter sua mais alta aspiração 24 horas por dia.

Aspiration-Flames, p. 60-63

Aforismos e poemas para meditar – 49290

 

Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy

 

 

49,290.

 

Viemos ao mundo

Para proclamar a Vitória de Deus,

Mas, ora, estamos ansiosos para

Proclamar nossas próprias vitórias.

 

 

49,291.

 

Na Terra é mais fácil

Sentir Deus do que vê-Lo.

 

49,292.

 

No Céu podemos ver Deus,

Mas não podemos manifestá-Lo.

49,293.

 

Há tantos caminhos

Até Deus,

Mas eu escolhi

O caminho-devoção.

 

 

49,294.

 

 

Um coração-entrega

É a velocidade maior

Em direção

À Morada de Deus.

 

 

49,295.

 

Tudo

Possui raízes

No Coração de Deus.

 

49,296.

 

Minha vida e eu

Estamos destinados

A agradar a Deus

Da Sua própria Maneira.

 

49,297.

 

Deus diz que

Não possui amigos na Terra—

Ele tem apenas devotos

E admiradores.

 

 

49,298.

 

Não importa quantas vezes

Tropecemos,

Ainda seremos capazes

De alcançar Deus.

 

 

49,299.

 

Não perca tempo—

O ‘amanhã’ nunca vem!

Trabalho, riqueza mundana e a Verdade Absoluta

playlist de música para meditação

Trabalho, riqueza mundana e a Verdade Absoluta

Esses escritos são apenas amostras dos ensinamentos de Sri Chinmoy, não sendo a sua filosofia completa sobre o tema.

 

Para um homem não aspirante,

o trabalho é uma punição,

trabalho é uma tortura.

Para um homem aspirante,

o trabalho é uma bênção,

o trabalho é uma alegria.

Sri Chinmoy

 

Há alguma contradição na busca da riqueza mundana e da Verdade Absoluta?
Sri Chinmoy: Sempre haverá uma triste contradição entre as duas. Quando você clama por fama, renome, riquezas e outras coisas e, ao mesmo tempo, clama pela Luz interior, pela Luz abundante e pela Luz infinita, haverá uma contradição grave. De um lado, você está alimentando desejos ordinários dentro de você, desejando, digamos, uma casa, depois mais uma; Do outro lado, você está buscando o caminho da aspiração, a partir da qual você pode entrar no Infinito. Lá você não entra de pouco em pouco – você apenas entra. Você quer entrar no Infinito e você pode fazê-lo. Você simplesmente entrar e o seu clamor interior traz a Graça de Deus.
Quando você caminha através dos desejos, não há fim para eles. Hoje o seu desejo é satisfeito e amanhã você será vítima de um novo desejo. Primeiro você fica um pouco famoso; depois um pouco mais. O desejo de hoje aumenta amanhã em medida infinita. Não há fim. Hoje você é satisfeito, mas amanhã será possuído por um novo desejo.
No caso da aspiração, não funciona assim. A sua natureza, a sua própria natureza, deseja permanecer no Infinito. Quando alguém permanece na Luz altíssima, na Luz tudo-preenchedora, a Luz é quem decide dar uma experiência específica ao buscador ao lhe conceder renome e outras coisas. Mas se o buscador em si quiser ter ambos desejo e aspiração, fama e renome mundanos e mais a verdadeira aspiração pelo Altíssimo, ele não ficará nem no caminho espiritual e nem no mundo material ordinário, pois será constantemente atraído por essas duas forças contraditórias. Uma força dirá que a outra é inútil. O desejo dirá: “A aspiração é inútil. Você construirá castelos no ar.” A aspiração dirá: “O desejo é estupidez, uma estupidez sem fim.” É como um camelo no deserto. Ele come arbustos espinhosos e sua boca sangra profusamente. Mas ele volta e come mais espinhos.
Essas são as duas forças contraditórias que existem: o desejo o leva à frustração e a aspiração o leva à satisfação. Mas existe um outro ponto sutil que devemos tocar. É o mundo material, o mundo físico. Não podemos rejeitar o mundo físico. Por quê? É porque nosso mundo espiritual está dentro do mundo físico. Quando é uma questão do mundo interior e exterior, temos de entender que a Realização do mundo interior deve ser expresada no mundo exterior. Não podemos separar o mundo interior do mundo exterior. Essa é a nossa visão, a nossa filosofia. Esse é o nosso caminho. Outros caminhos são diferentes. Se deixamos o mundo exterior e ficamos nas cavernas dos himalaias, não realizaremos a Verdade Absoluta aqui na Terra.
Se dissermos “Os seres humanos são muito maus; eu quero fugir disso”, estaremos separando o mundo interior do mundo exterior. Nossa filosofia é que o mundo exterior deve ser uma manifestação ou uma expressão do mundo interior. Para manifestar a Verdade, é preciso primeiro ter a Verdade e, para isso, a aspiração é necessária.
Como eu disse no início, se tentarmos unir o desejo e a aspiração, seremos arruinados. Porque eles são como o pólo norte e pólo sul, nem a aspiração e nem o desejo terão interesse em nós ou em nos satisfazer, pois não conseguem caminhar juntos. Uma vez que, através da aspiração, a Realização seja estabelecida, você poderá adentrar o campo da manifestação. Talvez isso lhe seja confiado. Ninguém o culpará por entrar no mundo exterior, porque haverá um Poder superior que trará o “resultado exterior” para você. Esse Poder superior só está interessado na sua Realização, na sua unicidade com o Absoluto altíssimo. O Poder estará em você e por você. Isso é o que Deus quer de você. Isso é o que Deus precisa de você.
Para um buscador, se ele é um verdadeiro buscador, ele deve passar pela aspiração e não pelo desejo. Se agora mesmo alguém tem aspiração e desejo, essa pessoa deveria abandonar o caminho espiritual? Não. Ela deve trilhá-lo. É preciso ver as porcentagens. Se ela tem 50% aspiração e 50% desejo, então o que deve fazer? Ela não deve renunciar a vida humana comum, mas também deveria prestar mais atenção ao caminho da aspiração. Gradualmente, gradualmente, a porcentegem de desejo diminuirá. Chegará o dia em que essa pessoa realmente verá que é a aspiração quem o satisfaz, que traz a ele toda alegria que ele sente. Ela verá que a aspiração irá satisfazê-lo para sempre. Nessa hora, a vida-desejo automaticamente ressecará e a vida de aspiração a carregará até o fim da estrada, a verdadeira Meta.

Qual o lugar do trabalho na vida espiritual?
Sri Chinmoy: Há alguns Mestres espirituais que permitem que seus discípulos vivam errantes. Eles são como parasitas; hoje estão aqui, amanhã estão em outro lugar. Nosso caminho não é assim. Eu peço que meus alunos trabalhem ou estudem. Se você trabalhar, se tiver uma padrão de vida modesto e decente e tiver uma vida normal, eu ficarei muito feliz. É absolutamente necessário ter uma vida normal.
Sinta que o trabalho, se feito devotadamente, é a oração do corpo. A oração do corpo é necessária, absolutamente necessária, para satisfazer Deus. Assim como o coração ora, a mente, o vital e o corpo também devem orar. Quando dizemos que o corpo deve orar, sabemos que essa oração só pode ser realizada através de serviço abnegado.
Sri Chinmoy, Service-boat and love-boatman, part 1, Agni Press, 1974

Uso e significado do mantra AUM

coleção textos de Sri Chinmoy, volume V

O mantra Aum

Sri Chinmoy

Um compilado de textos de Sri Chinmoy. Esses escritos são apenas amostras dos seus ensinamentos, não sendoa sua filosofia completa sobre o temaFonte: www.srichinmoylibrary.com 

Brahman é o Infinito Imperecível. Outro nome para Brahman é Aum. Aum é o Criador. Aum é a Criação. Aum está na Criação. O Aum está além da Criação.

O significado de Aum pode ser descoberto através de livros. Mas o conhecimento de Aum nunca pode ser obtido através do estudo dos livros. Ele deve ser conquistado vivendo-se uma vida interior, uma vida de aspiração, que transportará o aspirante aos níveis mais elevados de consciência. A maneira mais fácil e mais efetiva para subir alto, mais alto, altíssimo, é carregar-se de amor puro e devoção genuína. Dúvida, medo, frustração, limitação e imperfeição estão destinadas a se entregar ao amor devotado e à devoção entregue. O amor e a devoção têm o poder de possuir o mundo e serem possuídos pelo mundo. Ame a manifestação de Deus; você descobrirá que a criação cósmica é sua. Devote-se à causa da manifestação cósmica; você verá que ela o ama e o considera como parte de si.

Não há mantra mais poderoso do que a mãe de todos os mantras, Aum, o som cósmico. Um yogi ou personalidade espiritual escuta esse som auto-criado nos mais profundos recessos de seu coração. Quando começar a ouvi-lo, você poderá ter certeza de que está bastante adiantado na vida espiritual. A sua Realização não mais será um mero brado em meio à escuridão. O dia em que você alcançará sua Auto-realização se aproxima rapidamente.

            Chamamos o Aum de anahata nada, o som sem-som, ou o som que não foi soado. Empregamos o termo ‘sem-som’, mas isso é dizer pouco. O som cósmico é inaudível aos nossos ouvidos comuns, mas se ouvirmos o som sem-som dentro do coração, veremos que ele é infinitamente mais poderoso do que o som mais alto que possamos produzir. Na suavidade pode residir um tremendo dinamismo. Por vezes eu falo de forma paterna, com grande carinho e afeição. Falo com muita suavidade e delicadeza, mas ainda assim uso um poder absolutamente dinâmico. Talvez eu esteja sorrindo e oferecendo todo tipo de afeição, mas em minha suavidade há um poder vulcânico.

            Se repetir a palavra Aum todos os dias por duas, três ou quatro horas, você guardará a vibração desse som em seu coração. Não será preciso entoar o som interiormente, pois entoando-o exteriormente o som interior se cria automaticamente. Quando o som sem-som vibra constantemente em seu coração, todo o seu corpo fica carregado de sabedoria divina, luz divina, poder divino. Praticar esse único mantra é suficiente para levá-lo a Deus.

            Aum é o símbolo de Deus, a vibração do Supremo. É um som único, indivisível, indescritível. Ouvindo-o interiormente, identificando-nos com ele e vivendo em seu interior, seremos libertos dos laços da ignorância e realizaremos o Supremo dentro e fora de nós.

            Durante o entoar do Aum, o que na verdade acontece é que a paz e luz descem das alturas e criam uma harmonia universal em nosso interior e exterior. Enquanto repetimos Aum, tanto o ser interior quanto o exterior ficam inspirados e carregados com luz divina e aspiração. O Aum é sem igual. Ele guarda infinito poder. Simplesmente repetindo Aum podemos realizar Deus.

            Quando recitar Aum, procure sentir que Deus está subindo e descendo dentro de você. Centenas de buscadores na Índia realizaram Deus simplesmente repetindo Aum. Não importa quão grave seja um pecado, se uma pessoa entoar algumas vezes Aum a partir das profundezas de seu coração, a Compaixão onipotente de Deus perdoará e concederá redenção ao buscador. Num piscar de olhos, o poder do Aum transforma escuridão em luz, ignorância em conhecimento e morte em Imortalidade.

São várias as formas de se entoar Aum. Quando o fazemos com grande força da alma, entramos na vibração cósmica, onde a criação é perfeita harmonia e a dança cósmica é executada pelo Absoluto. Se cantamos devotadamente, tornamo-nos um com a Dança cósmica; tornamo-nos um com Deus o Criador, Deus o Mantenedor, e Deus o Transformador. Aum é ao mesmo tempo a Vida, o Corpo e o Alento de Deus. Isso é o que você pode sentir cantando Aum.

            Quando for atacado no plano vital emocional, e pensamentos, ideias e vibrações ruins tomarem conta de você, repita Aum ou o nome do Supremo tão rapidamente quanto o possível. Não o faça lentamente. Enquanto tenta afastar as impurezas da sua mente, é preciso entoar como se estivesse correndo para embarcar num trem em movimento.

            Durante o japa, não prolongue muito o som. Se alongar a sílaba Aum, não terá tempo para cantá-la quinhentas ou seiscentas vezes. Basta dizer de uma forma normal mas devotada, de forma que você sinta a vibração. E precisa ser feito em voz alta, não em silêncio. Deixe que o som do mantra vibre até mesmo em seus ouvidos físicos e permeie todo o seu corpo.

            Recita-se Aum em voz alta porque, quando a mente exterior se convence, sentimos mais alegria e entrevemos uma conquista maior. Todavia, se soubermos como adentrar a fonte original do som, que fica dentro do coração, não precisaremos entoar em voz alta. É de fato possível recitar Aum silenciosamente ou ouvi-lo interiormente, sem realmente pronunciá-lo. Onde quer que estejamos, o som do Aum já estará presente. Poderemos ouvir o som de Aum sem o cantarmos, mas não saberemos de onde vem, se é do nosso coração ou da atmosfera.

            Às vezes, durante a meditação os buscadores ouvem o som de Aum ainda que ninguém o esteja recitando. Isso quer dizer que interiormente alguém canta ou cantou Aum, e a sala de meditação preservou o som. Se tivermos consciência durante o sono, ouviremos o som de Aum. Não é o batimento do coração que ouvimos, mas sim o som sem-som. Será uma sensação muito convincente.

            Se você quiser meditar enquanto estiver num lugar público, onde há todo tipo de barulho e perturbação, busque adentrar o seu próprio som interior. Para a sua surpresa, verá que os sons que o incomodavam um minuto atrás não mais o perturbam. Na verdade, um sentimento de plenitude surgirá pois, ao invés de ouvir barulho, você ouvirá música divina, uma música divina gerada em seu interior.

Mas Aum não é um termo que possui significado em nossa cultura.

É verdade. Na sua cultura a palavra mais significativa é ‘Deus’. Já na Índia, repetimos Aum ou o nome de um deus ou deusa cósmica, como Shiva ou Kali. Quando se entoa um mantra, o mais importante é saber em que aspecto do Supremo temos fé absoluta. Eu uso a palavra ‘Deus’ aqui no ocidente, porque sei que toda a vida vocês foram ensinados a orar para Deus. Mas Aum também pode existir em você com toda a significância que é peculiar a esse som. Chegará um dia em que será capaz de mergulhar mais fundo dentro de si, e se Aum o inspirar mais do que ‘Deus’, você deverá entoar Aum. É a inspiração recebida o que mais importa. Assim, você pode recitar ‘Deus’ se for o que mais lhe inspira.