Meditação, esportes e muito, muito além

patanga

Dezoito anos atrás eu estava me recuperando de um ferimento num dos ossos das pernas e não estava fazendo exercício nenhum, pois acreditava que não conseguiria mais. Eu era um bom rapaz, que não fazia nada de mal, mas também não fazia nada muito significativo ou frutífero. Minha vida era meio vazia. Num daqueles dias, eu fui num curso gratuito de meditação. O palestrante tinha levado uma foto do seu Mestre espiritual, Sri Chinmoy. Em dado momento do curso, parei de prestar atenção no que se falava e comecei a olhar para a foto. Parecia que ela retornava o olhar para mim, um olhar sério – como se aquele Mestre tivesse responsabilidade por mim, como se a minha vida e meu progresso fosse responsabilidade dele também. Foi algo que nunca esqueci.

 

Alguns meses depois, me tornei discípulo dele e também passei a meditar diariamente. Uma das coisas que Sri Chinmoy considera essencial para um buscador espiritual que deseja fazer progresso é o esporte, e deixou exemplo correndo inúmeras maratonas e ultramaratonas. Um dos seus lemas é “Run and become, become and run.” Ele ensina que o esporte é fundamental para termos saúde, purificar nossas emoções e trazer determinação, luminosidade e espontaneidade para o físico e mental. Com isso, a sua prática intrinsecamente espiritual de meditação e oração também se beneficia, pois o instrumento (que é você todo, todas as suas partes do ser) está em boas condições. Lembro que bem no dia que recebi a notícia de que tinha sido aceito, eu fiquei tão inspirado que saí para correr pela primeira vez, já que era a recomendação do Mestre.

 

Passados uns dez anos, tive um caso de dengue muito sério. Não conseguia me recuperar. Todos os dias eu ficava muito fraco, a ponto de querer perder a consciência. Nenhum médico conseguia descobrir o que era. Depois de meses e anos piorando gradualmente, no trabalho (eu era obrigado a ir, por não ter diagnóstico), eu lembro que queria muito desmaiar, para não precisar mais ficar resistindo. Nos dias não tão ruins, eu pensava “Vou tentar viver só mais uma semana.” Nos dias ruins, pensava “Vou tentar viver só mais amanhã.”

 

Em 2013, um médico de ayurveda pegou o meu pulso e viu tudo o que acontecia. Ele recomendou que eu me mantivesse fisicamente ativo durante o dia, por mais difícil que fosse. Eu já tentava correr o quanto eu conseguia de manhã, que era quase nada, mas adicionei pausas no trabalho para subir e descer escadas, etc. Não pareceu adiantar. Até que um dia fiquei sabendo da corrida que o meu Mestre (sim, ele novamente) havia criado em em Nova Iorque, com opção de seis ou de dez dias de duração. (Isso mesmo, você corre por até dez dias dentro de um parque, como se fossem dez corridas de 24h uma em seguida da outra.) Eu pensei, “vou ficar fisicamente ativo bastante tempo se fizer essa corrida!” Eu já não tinha mais nenhuma ideia do que fazer e estava piorando ainda. Eu me inscrevi para a corrida de dez dias. Foi a decisão de investir a minha vida inteira naquele único momento. Se não desse certo e fosse a minha última aventura por aqui, muito bem! – pelo menos eu haveria tentado tudo.

 

Alguns me perguntaram porque eu comecei com a corrida de dez dias, ao invés da de seis. Um dos motivos é que eu havia perdido o medo de tudo. Outro é porque não achava que haveria diferença treinar para correr seis ou dez dias. (O que você faria de diferente se fosse “treinar” (se é que é possível) para correr seis dias e se fosse para treinar para dez dias?)

 

Durante a corrida, as experiências acontecem de hora em hora. Tive muitos problemas biomecânicos – pés, joelhos, costas, canela. Sempre tinha que me adaptar, cortar os tênis para dar espaço para os pés inchados, cuidar de bolhas, etc. Mas o fato é que nem tudo tem conserto. Já no meu segundo dia, depois de uma pausa, pensei “Isto aqui não é para mim. Isto aqui é para atletas, etc. Eu não sou ninguém.” Chega uma hora, onde o cansaço, os ferimentos, a dor, a dúvida de si, tudo isso se junta, e não há algo que você possa fazer para resolver. Só há duas estradas. Desistir, ou continuar.Neste exato momento, você tem que ficar mais forte do que é, ou então desistir.

 

Felizmente, diversas vezes pude cantar com o poeta: “Duas estradas divergiram num bosque, e eu – eu tomei a estrada menos viajada. Isso fez toda a diferença.”

 

São coisas que vêm de dentro de nosso do nosso coração espiritual. Sinto que foi a prática diária de meditação que me deixou aberto para essas experiências. Eu era muito fechado para tudo, minha vida era mecânica; quando comecei a meditar com dezenove anos, minha vida era só o andar dos ponteiros do relógio e o que mais aparecesse no dia a dia da faculdade. Não tinha um propósito maior.

 

Já, na corrida, por mais que pareça impossível, inflamações que me deixariam de cama por dias (e não me deixariam sair para correr cinco minutos) passaram a ser meros inconvenientes, e eu corria três, seis, dez, doze horas em cima delas. Correndo dois ou três dias por cima de um machucado, o seu corpo muda algo na forma de reagir, e o problema passa. Provavelmente um médico me recomendaria semanas de descanso para recuperar. Mas o problema se cura com doze horas de corrida e muito pouco sono! Algumas experiências como a canelite, que foi a mais terrível, fez com que, primeiro sentisse toda a pena de mim. Lembro de sentar-me no meio fio e ficar vários minutos parado, criando coragem para encarar a dor caminhar mais dez metros até a minha barraca para descansar de fato. Depois de um tempo, aceitei a experiência num nível mais alto, enfrentei-a e, para a minha surpresa, a dor imediatamente diminuiu muito.

 

Depois de uns seis dias, minhas pernas estavam ficando mais fortes (sem descanso algum), e comecei a correr mais rápido. Comecei a comer menos. Comecei a dormir menos. Parecia que o corpo estava funcionando com base em outras leis que não vivenciamos no nosso cotidiano de acorda-trabalho-escola-dorme.

 

Desafios exclusivamente psicológicos também acontecem. Num dos dias, acho que esqueceram de contar uma ou duas voltas minhas na pista do parque. Minha mente se revoltou. Mas eu sabia que não estava lá pela quilometragem. Para mim, era algo exclusivamente entre eu e algo maior, um destino aonde precisava chegar. Mas, ainda assim, os pensamentos me mordiam: “Eles esqueceram!” Depois de muitas horas insistindo com a mente, um vai-e-volta constante, dizendo que nada daquilo importava de fato, ela por fim se rendeu. Tive uma experiência incrível! Fiquei livre daquele fardo e estava correndo como uma criança que brincava num parque! Nunca mais tive esse problema!

 

Mais no final da corrida, pelo sétimo dia, tudo era um paraíso. Eu enxergava mais cores nos pássaros. Eu sorria mais sinceramente. Eu me identificava com as pessoas. Eu sentia algo genuíno pelos ajudantes voluntários organizando a corrida. Sorria com sinceridade para eles, para encorajá-los, pois também estavam fazendo algo difícil. O mundo ficou muito maior, mais belo e, ao mesmo tempo, cabia muito mais coisas dentro do meu coração. Essa não foi uma experiência que acabou depois de algumas horas. Ela ficou para sempre dentro de mim.

 

Cada dia nessa corrida parecia uma semana. Acho que é por causa do progresso que fazemos. Aprendemos tantas coisas, temos de nos tornar tão mais fortes de um momento para o outro, que a sensação é a de anos de aprendizado.

 

Alguns dias depois da corrida, comecei a ficar mais forte. As crises de fraqueza começaram a diminuir em intensidade e regularidade. Tive esperança novamente. Depois de um ano, comecei a ficar fraco de novo, mas repeti a corrida nos anos seguintes, com melhoras evidentes. Hoje, quase tudo já passou – o que ficou mais foram as memórias.

 

Até hoje, já fiz essa corrida oito vezes, e ano que vem a farei novamente! Tudo começou naquele dia, no curso de meditação.

 

Se você acredita que correr dez dias é incrível (e estaria certo), já ouviu falar da corrida de 5000km? O tempo limite é 52 dias, mas você precisa fazer quase 100km por dia em média para terminar nesse tempo.

 

 

 

Corrida Sri Chinmoy de 10 dias

um poema em três partes descrevendo a minha experiência na primeira corrida de 10 dias que fiz.

 

Infernos – preâmbulo

 

Vida fraca,

vontade esvai,

corpo fraqueja,

a mente entrega –

é o início do encontramento:

Treino,

barreiras,

provas.

 

Purgatório

 

Dez dias

correndo

sofrendo

doendo

sorrindo

caminhando

continuando

amando.

 

Calçados cortados,

fracasso cortado

tempo cortado

morte cortada

 

Campos Elíseos

 

Sétimo dia.

O céu, o lago, flores de grama

os campos elíseos.

Penas do pássaro negro

mostrando cores arco-íris.

Se é sonho

ou realidade,

o sonho-realidade é mais real

juntando duas realidades

num sonho só.

 

Dez dias.

Gratidão,

coragem

e fé.

 

Dicas para meditação 40 – não exagere

 

Dicas para meditação 40 – não exagere

No começo, por favor, não fique perturbado se não conseguir meditar bem. Só Deus sabe quantos anos de prática alguém deve ter para se tornar um pianista muito bom. Se um ilustre pianista pensa no seu próprio nível quando começou a tocar, ele vai rir. É por meio do progresso gradual que ele atingiu o patamar atual na música. Também na vida espiritual, não se preocupe no começo se achar difícil meditar. Não empurre nem puxe. Dez minutos de manhã cedo são o suficiente.

Se meditar todos os dias, será capaz de fazer progresso na sua vida interior. Mas você tem de sentir que não pode comer uma refeição deliciosa todos os dias. Hoje, talvez você coma um prato muito delicioso. Então, por três ou quatro dias pode comer um alimento muito simples. Contanto que esteja comendo e arranjando um alimento nutritivo, saberá que está mantendo o seu corpo. Portanto, se tiver uma boa meditação num dia e no dia seguinte não conseguir uma meditação boa, não se sinta mal. Na vida espiritual, o seu negócio é meditar e meditar. Se num dia você não conseguir meditar muito bem ou de acordo com a sua satisfação, por favor, sinta que em algum outro dia o Senhor Supremo vai lhe dar de novo a oportunidade, a inspiração e a aspiração para meditar extremamente bem. Todavia, se você se sentir perturbado ou irritado, vai perder a oportunidade de meditar bem no futuro. A melhor coisa é ficar bem calmo, quieto e firme na sua vida espiritual. Você será capaz de meditar bem e a sua meditação será da mais alta categoria.

-Sri Chinmoy, Dependence and Assurance, p. 10-11

 

Pergunta: Recentemente, ao meditar, tenho tido sensações dolorosas. São ataques de forças não-divinas?

Sri Chinmoy: Não são forças erradas. Não são não-divinas no seu caso. São forças divinas, mas infelizmente você as está puxando muito além da sua capacidade. Seu receptáculo interior não é largo o suficiente para conter as forças que você está trazendo para baixo. É por isso que está tendo essas sensações dolorosas. De outro modo, haveria um fluxo suave, contínuo.

Ao meditar, por favor, sinta que a meditação não é a atitude de um glutão. Quando somos glutões, queremos devorar tudo. Nos tornamos devoradores vorazes e depois ficamos com dor de estômago. Na vida espiritual, temos de ir de maneira vagarosa, firme e sensata. Quando oramos e meditamos, em primeiro lugar precisamos saber da nossa capacidade. Aqui não estamos nos desencorajando. Se eu souber que a minha capacidade é correr cem metros, então vou correr cem metros por alguns dias ou alguns meses ou até mesmo, se a necessidade exigir, por alguns anos. Mas se eu tiver a capacidade de correr só cem metros e de repente quiser correr 400 metros, naturalmente vou desabar. Vou completar a corrida com uma enorme dificuldade e então vou cair. Simplesmente me arruinarei.

Aqui também, ao meditarmos temos de saber por quanto tempo podemos meditar com toda a alma: se por cinco, dez, quinze ou vinte minutos. Depois desse período, podemos ter um tipo de cobiça inconsciente. Se sentirmos que podemos conseguir tudo numa só noite, vamos todos virar almas realizadas em Deus. Mas esse tipo de avidez será a causa da nossa queda.

Ao orarmos e meditarmos, temos de saber da nossa capacidade: quanto podemos nos esforçar e quanto amor, devoção e entrega com toda a alma temos por Deus. Uma criancinha tem uma certa força. No entanto, ela não sabe que, quando puxa algo grande para baixo, imediatamente isso cai e quebra as suas mãos e os seus braços. Assim como a criança, estamos puxando para baixo alguma coisa bastante pesada. É pesada no sentido de que tem um enorme poder. E aonde é que vai esse poder que você invocou? Naturalmente, esse poder é bom, mas por causa da sua imensidade, não poderá permanecer dentro de você. Você não está em condições de abrigar esse poder.

Ao meditar de manhã, por favor, sinta a necessidade de ver a sua capacidade. Você agora está em condições de comer apenas três fatias de pão. Se vir que alguém ao seu lado está comendo seis fatias de pão, vai pensar: “O que há de errado comigo? Por que é que não posso comer seis fatias?” Mas deixe-o comer as seis fatias se ele tem a capacidade. Talvez haja alguém ao seu lado que não consiga comer sequer uma fatia. Ele pode pegar só meia fatia de pão. Assim, de acordo com sua capacidade, de acordo com sua fome interior, você vai tentar satisfazer a si mesmo. De acordo com a capacidade dos outros, eles vão fazer a mesma coisa. Portanto, as forças de que você está falando não são não-divinas. São forças divinas, mas o problema surge porque você está tentando puxá-las além da sua capacidade.

Palmistry, Reincarnation and the Dream State, p. 25-27

Aforismos e poemas para meditar – 49211

Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy

 

 

49,211.

 

Estou tão feliz

Porque não tenho período de seca

Na minha vida espiritual.

 

 

49,212.

 

Minha mente é uma grande faladora,

Mas meu coração é um ótimo

Buscador-Deus e amante-Deus.

 

 

49,213.

 

Não mais serei

         Vítima

De uma vazia e inútil frustração.

 

 

49,214.

 

Finalmente

Minha vida não conhece

Preocupação ou correria.

 

 

49,215.

 

Meu Senhor,

Apesar de Você ter me perdoado,

Por favor, dê-me a capacidade

De perdoar meus erros tolos.

 

 

49,216.

 

O buscar Deus

E o encontrar Deus

Andam juntos.

 

 

49,217.

 

Seja fiel a Deus—

Ele irá, em pouco tempo,

Torná-lo frutífero.

 

 

49,218.

 

Na vida espiritual,

A dúvida é uma doença

Perigosa e destrutiva.

 

 

49,219.

 

Eu era apenas um amante-Deus.

Agora eu me tornei

Um amante-Deus

E um ajudante-Deus.

Um singelo olhar

Um singelo olhar do meu Senhor Supremo me traz uma felicidade inimaginável.

-Sri Chinmoy

Nos dias passados eu estava muito inquieto, irritado, vazio. Em parte acredito ser por estar trabalhando mais e, ainda por cima, no computador quase que exclusivamente. Sinto que o computador deixa a mente ativa e, por não ter equilíbrio suficiente, ela acaba desestabilizando todo o resto do ser. Outro motivo é que me machuquei e fiquei uns dois ou três dias sem correr. Pode haver outros motivos que não soube dizer.

Chegou a quarta-feira que é o dia de meditação do nosso Centro. Durante, eu já senti alguma coisa que não sabia dizer o que era mudando, como se fossem bons presságios. Ao final, assistimos um vídeo de Sri Chinmoy numa meditação pública. Eu me senti como se estivesse lá presente, naquela hora, naquele lugar da meditação. Sri Chinmoy se virava para diferentes partes da plateia, e eu conseguia sentir o seu olhar passando por mim, assim como acontecia quando eu o via pessoalmente antes. Seu olhar silencioso abriu portas interiores, assim como acontecia antes.

Eu me senti uma pessoa completamente diferente. Toda aquela sensação que descrevi no início do texto tinha sido jogada fora e, em seu lugar, fiquei feliz, alegre, grato. Tudo ficou muito mais bonito. Não só espiritualmente falando, mas até minhas tarefas diárias eu fiz me sentindo muito feliz.

O olhar silencioso

Um verdadeiro Mestre espiritual é aquele que tem unicidade inseparável com o Altíssimo. Por via de sua unicidade, ele pode facilmente entrar no buscador, ver seu desenvolvimento e aspiração, e saber tudo sobre sua vida interior e exterior. Quando o Mestre medita em frente aos seus discípulos, está trazendo Paz, Luz e Beatitude das Alturas, e isso entra neles. E do interior eles aprendem automaticamente como meditar. Todos os verdadeiros Mestres espirituais ensinam meditação em silêncio. Um Mestre genuíno não precisa explicar exteriormente como meditar ou dar-lhe uma forma específica de meditação. Ele pode simplesmente meditar em você, e seu olhar silencioso o ensinará como meditar. A sua alma entra na alma dele e traz dela a mensagem, o conhecimento de como meditar. -Sri Chinmoy, do livro O Mestre e o Discípulo

Dicas para meditação 39 – períodos de silêncio

Dicas para meditação 39 – períodos de silêncio

Pergunta: Deveríamos manter períodos específicos de silêncio exterior além da meditação?

Sri Chinmoy: Sim. Às vezes, é bastante necessário ter um silêncio exterior por meia ou uma hora, além de uma profunda meditação. Quando falamos desnecessariamente, isso nos enfraquece; enfraquece os nossos nervos sutis. Então, na hora da nossa meditação de verdade, não poderemos meditar bem. Isso não significa que você vai ficar em silêncio por horas e horas. Isso será uma atitude de auto-engano, porque exteriormente você se mantém em silêncio, mas no seu interior a sua mente está na sarjeta, vagando e vagando. Esse tipo de silêncio não é silêncio. Apenas a sua boca e a sua língua não estão funcionando. Você está se forçando deliberadamente para que sua boca não se abra, mas isso não ajuda. No entanto, quinze minutos, meia hora ou uma hora de silêncio depois ou antes da meditação vai nos ajudar. Se observarmos silêncio antes da meditação, vamos nos fortalecer. Se permanecermos em silêncio depois da meditação ter acabado, teremos a oportunidade de assimilar a Paz, a Luz e a Felicidade que recebemos em medida abundante durante ela. Essa assimilação é de importância fundamental porque, sem ela, tudo o que recebermos será perdido.

The Height of Silence and the Might of Sound, p. 25-26

Aforismos e poemas para meditar – 49201

 

Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy

 

 

49,201.

 

Quando penso em Deus,

Deus me diz:

“Obrigado, Minha criança.”

 

 

49,202.

 

Quando eu oro a Deus,

Ele me diz:

“Minha criança,

Venha e sente-se ao Meu lado.”

 

 

49,203.

 

Quando medito em Deus,

Deus me diz:

“Minha criança, veja, veja!

Eu mantive Minha Porta-Coração

         Amplamente aberta para você.”

 

 

49,204.

 

É muito difícil

Tomar o lado de Deus,

Mas é muito fácil

Tomar o lado do homem.

 

 

49,205.

 

Quando tomamos o lado do homem,

Nos vemos

Dentro de uma cela muito apertada.

49,206.

 

Quando tomamos o lado de Deus,

Cantamos e brincamos e dançamos

Dentro do mais belo

         Jardim-Coração-Deus.

 

 

49,207.

 

Estar vazio de ego

É, certamente, uma tarefa das mais difíceis.

 

 

49,208.

 

Eu não tenho de pedir a Deus

         Que me ame mais,

Pois Ele já me ama

         Infinitamente mais

Do que eu posso algum dia imaginar.

 

 

49,209.

 

Para me ajudar a fazer

O mais rápido progresso,

Deus está se tornando

Mais e mais rigoroso comigo.

 

 

49,210.

 

Quando eu oro e medito

Nas horas da aurora,

Minha consciência voa

Além do altíssimo.

Dicas para meditação 38 – Receptividade e Assimilação

Dicas para meditação 38 – Receptividade e Assimilação

Sri Chinmoy: Ao meditar, a receptividade é de importância fundamental. A riqueza espiritual é como o sol. A luz do sol é para todos, mas se você fecha todas as janelas e portas da sua casa, então como a luz do sol pode entrar? Quando o Mestre medita, traz lá de cima Paz, Luz e Felicidade. No entanto, se você mantiver a porta do seu coração fechada, o que ele trouxer não será capaz de entrar.

Sempre digo aos meus discípulos que mantenham os olhos abertos enquanto meditam. De outro modo, estarei no meu mais elevado e vocês estarão no seu próprio mundo. Às vezes, estou trazendo Paz, Luz e Felicidade infinita, mas vocês estão no mundo do sono. Se os seus olhos estiverem abertos, verão a fonte, de onde tudo está vindo, nos meus olhos. Os meus olhos estão apenas trazendo Paz, Luz e Felicidade lá de cima.

A melhor maneira de receber durante a meditação é por meio da gratidão. Você está oferecendo gratidão ao Supremo porque ele o escolheu para estar no Barco Dele. Já que a sua consciência está elevada, você está buscando o que estou trazendo para cá. Alguns nem vêem isso. Outros vêem, mas acham que não precisam disso. Todavia, você vê e está faminto. Outros não estão famintos, apesar de verem a comida; ou estão famintos, mas não querem comer o alimento que o Mestre quer fornecer. No seu caso, você está faminto e reconheceu o fato de que existe alguém com o alimento.

E quem criou a sua fome? Não foi você quem a criou. A pessoa com o alimento a criou em você. Então você é grato à pessoa mais uma vez. E a sua gratidão vai diretamente ao Supremo. Ela não vem para mim. Eu sou apenas o mensageiro. Ela vai à Fonte, ao Supremo.

Se tiver uma meditação elevada, não deveria falar logo após ela. Deveria primeiro tentar assimilar o que recebeu. Uma vez que a assimilação acontece, ela se torna propriedade sua. Antes disso, ela pode desaparecer. Se alguém disser: “Como vai você?”, ele pode levá-la embora. Porém, uma vez que você a assimilou no seu sistema, ela se tornou sua. Pode acontecer também na meditação de, enquanto você recebe, estar assimilando também. Assim, quando for a hora de parar a meditação, estará tudo assimilado.

       Sri Chinmoy Speaks 6, p.16-17

Aforismos e poemas para meditar – 49191

Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy

 

 

49,191.

 

Fome-bondade

É apenas para buscadores-Deus—

Apenas para buscadores-Deus.

 

 

49,192.

 

A vida pode ser

Um velejar rápido e tranquilo

Se a simplicidade, sinceridade

         E humildade

Forem nossas posses.

 

 

49,193.

 

Quanto mais fundo levarmos a nossa mente

         Durante a meditação,

Mais brilhante será a nossa vida exterior.

 

 

49,194.

 

Trazer Deus até nós

É bem mais fácil

Do que irmos até Deus.

 

 

49,195.

 

Durante o dia, quando oramos,

Sentimos que Deus é poderoso—

         Muito poderoso.

 

 

49,196.

 

À noite, quando oramos,

Sentimos que Deus é cheio de paz

         E deleite.

 

 

49,197.

 

A amizade universal

         Obtemos com a

Abnegação individual.

 

 

49,198.

 

Se eu amo incansavelmente a Deus somente,

Ele ficará diante de mim

E derramará lágrimas de deleite.

 

 

49,199.

 

A beleza exterior

Por vezes pode ser

Uma verdadeira fonte de problemas.

 

 

49,200.

 

A beleza interior

É sempre

Um verdadeiro guia-Deus.

Dicas para meditação 37 – conversar sobre as experiências interiores de alguém com outras pessoas

Pergunta: Você pode explicar se vale a pena tentar conversar sobre as experiências interiores de alguém com outras pessoas? 

Sri Chinmoy: Alguns Mestres espirituais aconselham os seus discípulos a partilhar suas experiências só com eles. Na maioria das vezes, não é aconselhável comunicar ou oferecer as experiências interiores de alguém para outras pessoas. Suponha que você teve uma experiência elevada, sublime. Mesmo se contar essa experiência ao seu amigo mais íntimo, a inveja dele pode tentar devorar a riqueza, a realidade viva da sua experiência. Às vezes, ao dividir suas experiências interiores com um iniciante, ele pode tentar ter a mesma experiência a ferro e fogo.

Na vida espiritual, isso nunca pode ser feito. O progresso espiritual é um processo lento, constante e gradual. Só porque você provou uma manga e me contou sobre ela, eu posso tentar também subir no pé de manga. No entanto, se não souber subir, ao tentar vou cair e me machucar. Também, ao contar suas experiências interiores a outras pessoas, o orgulho humano poderá entrar em você.

Só se deveria compartilhar experiências interiores com a permissão do Mestre. Se a pessoa não tem um Mestre, então deve mergulhar profundamente em si mesma e ouvir os ditames da alma. Se a alma ou o Mestre pede a algum buscador que divida suas experiências com o resto do mundo, então não haverá nenhum problema. Nesse caso, pode acontecer de, se uma pessoa contar sobre suas experiências, os amigos dela vão ficar inspirados a entrar no mundo de aspiração. Porém, é sempre aconselhável perguntar ao Mestre ou mergulhar profundamente em si mesmo para saber se deve compartilhar suas experiências com os outros. De outra maneira, isso pode criar resultados imprevistos e deploráveis no próprio buscador ou naquele com quem está tentado partilhar das experiências.

Earth-Bound Journey, Heaven-Bound Journey, p.62-63

 

Pergunta: É uma boa idéia discutir sobre experiências espirituais com nossos irmãos e irmãs?

Sri Chinmoy: Não é aconselhável discutir sobre experiências interiores com seus irmãos e irmãs espirituais. Embora eles pertençam à mesma família sua, ainda não venceram a inveja. Exteriormente, vão ficar felizes e exaltá-lo aos céus. Entretanto, interiormente, os corações deles vão queimar e tentarão tirar a essência da sua experiência por meio da inveja e de outras forças baixas. Não existe uma regra rígida, mas mesmo que um discípulo seja extremamente próximo a você – digamos que o seu marido ou a sua esposa – ainda assim a inveja pode surgir.

Às vezes, ao ter uma experiência e contar aos seus amigos sobre ela, eles vão duvidar dela. Nessa hora, imediatamente a força, o poder e a luz da experiência desaparecem. A dúvida tem o poder de levar a sua experiência embora imediatamente.

Na vida exterior, se você contar aos outros que está sofrendo ou numa consciência baixa, então poderá conseguir alguma solidariedade deles e eles tentarão elevar a sua consciência. Entretanto, quando é uma questão de muito elevadas e sublimes, existe toda a possibilidade de ser mal-compreendido, criar inveja ou ser atacado pela dúvida dos outros. Assim, por favor, mantenha essas coisas para você mesmo. Suas experiências vão finalmente se transformar em realização, que é como a plena luz do dia. Você não pode esconder a luz do dia, mas tem de esconder a chama, porque existem pessoas que podem assoprá-la com a inveja ou com a dúvida.

Você deveria, porém, deixar o seu Mestre saber dela. Seu Mestre espiritual não tem inveja de você, porque ele teve experiências infinitamente mais elevadas. Ele também sabe que nenhum discípulo terá uma experiência maior sem a inspiração pessoal, o conhecimento e a ajuda consciente ou indireta dele. Se você contar ao seu Mestre sobre uma experiência sua, isso só vai acrescentar à sua convicção. Ou se foi apenas uma alucinação mental, o Mestre pode lhe dizer.

Algumas pessoas têm experiências falsas. Elas lêem alguns livros que tratam de experiências mais elevadas e então essas experiências inconscientemente entram na mente delas; de modo inconsciente, elas estão tentando assimilar as sublimes experiências da pessoa que escreveu o livro. Mas, às vezes, nem mesmo o autor teve as experiências. Ele só as pegou emprestadas do livro de outra pessoa. Nessa hora, o Mestre será capaz de dizer se as experiências são ou não genuínas e realmente resultado de uma aspiração interior.

Se você não tem um Mestre a quem contar suas experiências, então o que pode fazer? Tem de tentar observar aonde o resultado da experiência o leva e o que está obtendo dela. Se obtiver paz, luz e felicidade em medida abundante, vai saber que a experiência é genuína. Se é uma experiência real, genuína, sua mente vai ficar calma e quieta e seu coração vai entrar numa perfeita harmonia. Apenas em perfeita harmonia consegue-se o mais elevado tipo de experiência. Todavia, se a experiência for falsa, vai criar uma excitação e vai compeli-lo a contar aos seus amigos sobre ela, para que assim você receba admiração e apreciação deles. Porém, isso só vai deixá-los com inveja. Você não tem o direito consciente ou inconsciente de aumentar a inveja deles. A melhor coisa a ser feita é manter suas experiências interiores para si mesmo.

Great Masters and the Cosmic Gods, p. 17-20

Um real e um abacate – tem Alguém cuidando de mim

Hoje estava correndo, e uma moeda de um real caiu da sacola. Só ouvi o barulho da queda de um metal. Sri Chinmoy costuma contar que ele pega todas as moedinhas que acha na rua, mesmo de um centavo. A intenção é não esnobar o presente de prosperidade. Eu peguei esse costume também.

Então fiquei procurando a moeda na calçada, mas não consegui achar. Um senhor passou caminhando e perguntou, “Perdeu algo?” Enquanto caminhamos alguns metros, ele passou bem do lado da moeda, que estava bem mais para frente de onde eu estava procurando. Ele disse: “Ah, você a achou por causa de mim!” Parece algo engraçado, mas achei que Alguém tinha mandado ele, ou era Ele mesmo Alguém que foi me mostrar onde estava a moeda, pois eu justamente não tinha conseguido achar e estava prestes a me conciliar com a perda.

Agora já bem grato e feliz com a experiência e a sensação de cuidado por mim, na quadra seguinte encontrei um abacate caído para dentro de um terreno público meio abandonado. Estava verde ainda e devia ter caído na grama e rolado até a grade. Levei-o para casa como um presente também e vou esperá-lo amadurecer junto com a minha percepção das coisas!