Introdução à meditação, parte 2: a importância da música para meditar
The stars of the sky
Always adorn only
The brave.
As estrelas do céu
Adornam somente
Os corajosos.
-Sri Chinmo
Utilizando a música correta, a sua meditação pode ser auxiliada.
Se for uma gravação musical de um Mestre espiritual genuíno, a consciência em que se encontra é expressada na música. Estando então no ambiente com a música, a sua consciência pode se identificar com a consciência do Mestre e subir mais alto do que estaria sem seu auxílio.
Praticando um exercício de concentração com a música
Exteriormente, a música para meditação é um auxílio para a concentração se você estiver inspirado a tentar assim. Você pode concentrar a sua atenção na música em si – não como quem a ouve, mas quem quem se foca nela. Você não deve analisá-la, pois assim estaria num processo mental de ouvir e analisar. Você deve apenas ouví-la, identificando-se com ela. Não tente acompanhar. Normalmente, música para meditação não possui um ritmo marcado, mas podem haver exceções.
Música para melhorar o ambiente
Ela pode também encobrir sons externos que poderiam incomodá-lo na hora da sua meditação. Você pode usar fones de ouvido, mas em geral é melhor se o som for ambiente mesmo, até para você ficar longe dos aparelhos eletrônicos na hora de meditar.
Na semana passada estávamos meditando com uma gravação em vídeo de Sri Chinmoy. Não é o que seria uma “meditação guiada” no sentido comum, alguém dizendo o que você deve imaginar, relaxar, etc. O vídeo era apenas Sri Chinmoy meditando em silêncio, imóvel. Só isso. Estávamos tentando nos identificar com a meditação dele enquanto o observávamos.
Durante a meditação, não posso dizer que aconteceu algo ou me tornei algo, mas parecia que tudo estava muito bem. É um sentimento de luminosidade suave, mas permeante.
Quando o vídeo acabou, de repente, parecia que eu tinha caído de volta para a terra.
Eu percebi que estava sendo inspirado, ou melhor, orientado na minha meditação ao ver a gravação do meu Mestre. Quando ela acabou, senti o vasto abismo entre eu e ele. Uma vez vi Sri Chinmoy comentar que isso pode ser quando não estamos meditando corretamente. Com certeza, não tive a melhor das meditações, se comparar com meditações muito boas, mas acho que o ensinamento foi diferente desta vez. O ensinamento é que eu poderia buscar mais a proximidade da consciência do Mestre espiritual para elevar o meu próprio padrão.
Isso me inspirou a buscar sentir mais a orientação interior durante o dia, tentar ficar durante todo o dia um pouco mais receptivo a essa consciência que vi no vídeo.
“When we attain the divine consciousness, it attains us and we also attain it. There is a meeting place where the two come together. Reality is all-pervading. Suppose right now we are on the first floor; this is our reality. God, who embodies the universal Consciousness, is on the third floor. So God comes down to the second floor with His Compassion and we go up to the second floor with our intense cry to attain oneness with His Consciousness. God embodies the highest divine Consciousness and He also embodies our inner cry. So God, who is within us in the form of our inner cry, carries us to the second floor; and God, who is outside us in the form of the infinite divine Consciousness, comes down to the second floor. God climbs up with us and God climbs down with the divine Consciousness. When both the seeker and God arrive at a particular place, the seeker enters into the divine Consciousness and the divine Consciousness enters into the seeker. With our personal effort and God’s Grace we go up and with His Compassion and Love God comes down.” – Sri Chinmoy
Não é raro alguém repetir, porque ouviu por aí, aquele dito: “Trocou o mundo inteiro só pela vida espiritual.” Abaixo uma história muito iluminadora de Sri Chinmoy:
“Gostaria de lhes contar uma história interessante. Era uma vez dois amigos – um ateísta e outro tinha fé. Um dia o ateu disse ao crente, “Irmão, fico tão surpreso com a sua renúncia. Este mundo está repleto de prazeres, repleto de conforto, mas você renunciou tudo isso! Você renunciou todos esses prazeres apenas por Deus. Você é muito forte.” O crente respondeu, “Se eu sou forte, você é infinitamente mais forte do que eu. Deus é Amor infinito, Alegria infinita, Paz infinita – e não só para mim, mas para o mundo todo. Veja a sua capacidade de renúncia! Você renunciou tudo isso em troca de alguns prazeres terrenos temporários. A sua renúncia é muito maior do que a minha!” -Sri Chinmoy, My Maple Tree, 1974
Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, part 9, Agni Press, 1981
Começamos a meditar por diversos motivos, mas a nossa humildade e simplicidade nos lembra que a meditação é foi algo que nos foi dado, um privilégio, e não um dever ou fruto de nossa inventada “superioridade” intrínseca. Essa percepção mostraria apenas o quão bem ou mal sucedidos temos sido em nossa meditação.
Também, nas últimas décadas, algumas pessoas buscaram a meditação como uma fuga – um escape dos problemas psicológicos internos, um alívio às tensões do dia. Essa meditação não será profunda e não nos levará longe. Acho bem possível que você não encontrará um único texto milenar ou mesmo do século passado introduzindo o conceito de que a meditação é para relaxar ou para tratamento de saúde.
Outras pessoas buscam a meditação porque elas precisam meditar. Elas precisam meditar, e não de algo que a meditação possa trazer como resultado. É um impulso interior. É algo que o impele a buscar e o inspira a superar obstáculos para começar a meditar. É um anseio concedido por Deus ao buscador.
Uma introdução prática à meditação
Para começar a meditar, sente-se num lugar o mais afastado possível de outras interferências, dentro de casa.
Respire fundo algumas vezes, mas sem tensão, sem fazer força. A cada respiração, diminua o ritmo geral. Isso ajuda a trazer uma certa disciplina para a mente.
Mas a meditação profunda não acontece na mente, pois ela mesma é superficial. Ela acontece a partir do coração espiritual, onde mora a sua alma.
Para meditar no coração espiritual, sinta que você é esse coração. Sinta que a sua verdadeira essência mora no o lugar para onde aponta quando diz “eu”. Com os olhos entreabertos para não ficar sonolento, foque a sua concentração num ponto.
Esse ponto pode ser algo pequeno, mas recomenda-se algo que lembre e traga a tona o seu coração espiritual e lembre-o da sua alma, sua divindade interior. Pode ser uma flor (com a sua beleza e perfeição), uma chama de vela (com a sua luz e vontade de se elevar) ou uma foto ou estátua do seu Mestre espiritual (que representa e incorpora a sua própria meta final).
Observe a partir do seu coração, como se seus olhos estivessem lá e seu olhar viesse do meio do seu peito. Isso ajuda a sair dos processos mentais.
Agora tente se identificar com o objeto da sua concentração. Sinta que você e ele são uma coisa só. Esse é o poder do coração: o poder de identificação, unicidade.
Sinta que você
e a beleza da flor,
o anseio da chama,
a iluminação do Mestre
são um ser só.
Como tudo que vale a pena, pratique todos os dias, sem nunca faltar (nunca mesmo), num horário fixo, duas vezes ao dia e de preferência antes das seis horas da manhã e antes de dormir, com a luz sempre acesa.
O resultado será algo que você nunca viu nem ouviu falar antes, pois terá uma experiência intrinsecamente pessoal; estará fazendo algo que só você consegue fazer, que é meditar no seu próprio coração, na sua própria alma.
“A meditação nos dá uma vida espontânea e natural, tão espontânea e natural que não podemos nem mesmo respirar sem ficarmos conscientes da nossa divindade.”
Sri Chinmoy, Meditation: man’s choice and God’s Voice, part 1, Agni Press, 1974
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