Perguntas sobre meditação 3: Como começar a meditar?

Começando a Meditar

 por Sri Chinmoy

Por que nós meditamos? Meditamos precisamente porque necessitamos de algo. De que? Do sentimento consciente de nossa unicidade com o Supremo. Essa necessidade deve ser espontânea, genuína e com toda a alma.

Vamos começar com o ABC da meditação. A melhor forma de meditar é sentar-se com as pernas cruzadas numa pequena almofada ou tapete. A coluna vertebral e o pescoço devem ser mantidos eretos. Se para alguns de vocês não for possível sentar-se nessa posição, então, por favor, se estiverem sentados numa cadeira conservem as costas inteiramente eretas. Se vocês quiserem meditar em casa, tentem manter um lugar sagrado, um canto de seu quarto absolutamente puro e santificado. E por favor, usem roupas limpas e claras. Para ter o máximo de pureza é de extrema ajuda tomar banho antes da meditação, mas se isso não for possível pelo menos lavem o rosto e os pés. Se possível, enquanto estiver meditando usem incenso e coloquem uma flor, qualquer flor à sua frente.

Quando você estiver meditando em casa, se possível, medite sozinho. Esta regra não se aplica ao casal se os dois tiverem o mesmo Mestre espiritual – eles podem meditar juntos. Também os amigos espirituais que entenderem totalmente a vida interior uns dos outros podem meditar juntos. De outra forma não é aconselhável meditar com outras pessoas. Em nosso Centro, no entanto, os discípulos devem meditar coletivamente, pois isso também é muito importante. Mas para a meditação diária, individual, eu sinto que é melhor que cada um medite em seu próprio quarto, em privacidade, até mesmo em segredo.

É de grande ajuda ter à sua frente durante sua meditação a foto de Cristo ou de alguma outra  figura espiritualmente amada, a qual você considere como seu Mestre. Aqueles que são meus discípulos terão a minha foto, tirada quando eu estava meu mais alto nível de consciência, onde sou absolutamente Um com o meu Piloto Interior. Eu digo aos meus discípulos quando eles meditam na minha foto: “Ou vocês entram em mim ou permitem que eu entre em vocês para que eu possa meditar em seu lugar”.

Algumas pessoas me perguntam o que devem fazer quando estão desassossegadas e não conseguem ter uma  boa meditação. Se qualquer um de vocês achar difícil meditar em algum dia, não force. Somente olhe para minha foto – nos meus olhos, na minha testa ou mesmo em meu nariz. Somente olhe e não tente se esforçar para meditar. Quando você se levanta para um dia de trabalho, não se sinta miserável porque não pode meditar. Se você sentiu que o seu Ser Interior está descontente ou que você mesmo está descontente, estará cometendo um grande erro. Se num dia você não consegue meditar, tente me passar a responsabilidade dessa situação, se você for meu discípulo, ou passe-a para o Supremo. Se você se sentiu culpado ou desanimado, o progresso que você fez ontem ou anteontem será anulado.

Meditation: Humanity’s Race and Divinity’s Grace 2, p. 3 – 4

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Textos da série perguntas e respostas sobre meditação

Perguntas sobre meditação 2: A importância da meditação

A importância da meditação

por Sri Chinmoy

Se você quer desenvolver os seus talentos ou aumentar a sua capacidade em qualquer área, então eu gostaria de dizer que é obrigatório seguir alguma disciplina interior. Se você é um cantor, mas deseja cantar infinitamente melhor, sua voz vai se tornar muito melhor com a sua aspiração. Não existe nada na Terra que não possa ser melhorado pela espiritualidade e pela meditação.

Se você quer simplificar a sua vida, a meditação é a resposta. Se quer satisfazer a sua vida, a meditação é a resposta. Se quer ter alegria e oferecê-la ao mundo inteiro, então a meditação é a única resposta.

Se meditar para se esquecer do seu sofrimento ou das suas dificuldades, então não estará meditando pela razão correta. Mas se está meditando só para satisfazer a Deus e para satisfazer a Deus à maneira Dele, então a sua meditação está correta. Quando Deus fica contente, e Ele fica contente com a sua meditação, então é problema Dele retirar os seus sofrimentos e as suas dificuldades. Mas se você medita para escapar do mundo ou para enfrentá-lo e ficar contra ele, está fazendo a coisa errada.

A meditação, que você tem para utilizar todos os dias e todos os segundos, é a sua capacidade consciente para entrar na sua altíssima divindade, na qual o finito está completamente perdido no Infinito. Ao meditar, a existência finita, que você tem e que você é, pode ser facilmente perdida no Infinito e se tornar totalmente uma com Ele. Isso é o que a meditação é e o que ela pode fazer por você.

Experiences of the Higher Worlds, p. 2-3

 

Pergunta:Por que é importante meditar com outras pessoas?

Sri Chinmoy: Se você tiver um amigo que saiba como meditar, e meditar com ele, pode dele receber inspiração, mesmo inconscientemente. E então automaticamente o poder de meditação em você aumentará e a sua ignorância diminuirá. Você aprenderá muitas coisas com os seus amigos espirituais, será capaz de ter uma nova perspectiva na vida.

The Hour of Meditation, p. 28


Textos da série perguntas e respostas sobre meditação

Perguntas sobre meditação 1: O que é Vida Espiritual?

Sri Chinmoy curso de meditação

Sri Chinmoy numa aula de meditação em 1970 em Nova Iorque

 

O que é Vida Espiritual?

por Sri Chinmoy

 

Aqui somos todos buscadores, buscadores da Luz infinita e da Verdade eterna. O que isso significa? Significa que aceitamos a vida espiritual plena e conscientemente.

A questão fundamental é a seguinte: “O que é vida espiritual?” A vida espiritual é uma coisa natural e normal. Ela é sempre natural e ela é sempre normal, ao contrário de outras coisas com as quais nos deparamos em nossas múltiplas atividades diárias. A vida espiritual é normal e natural precisamente porque conhece a própria Fonte. Sua Fonte é Deus, a Luz infinita, e Deus, a Verdade eterna.

Quando seguimos a vida espiritual, sentimos que uma vida de paz não precisa permanecer uma meta distante para sempre. Nós sentimos que uma vida de amor, do amor que se expande, não precisa permanecer para sempre uma meta distante. Se seguimos a vida espiritual, podemos atingir e clamar como muito nosso tudo aquilo que nos gratifica de maneira divina e suprema.

Hoje não temos Paz, Luz e Felicidade em medida abundante à nossa disposição. Mas, ao praticarmos a espiritualidade, quando o nosso clamor interior, a que chamamos de aspiração, escala ao alto, ao mais alto, ao altíssimo, nessa hora conseguimos Paz, Luz e Felicidade não só em medida abundante, mas em medida infinita. E podemos atingir e apreciar essas qualidades divinas nos mais profundos recônditos dos nossos corações. Quando praticamos a vida espiritual plena, devotada e incondicionalmente, tentamos trazer à tona a divindade que todos nós temos. E essa divindade nada mais é do que a nossa perfeição.

Aqui somos todos buscadores. Cada buscador representa o ideal e o real. O ideal é a autotranscendência e o real é a Consciência Divina que a tudo permeia.

Se queremos crescer no real e no ideal em nós, temos de limpar a nossa mente completamente dos pensamentos não-divinos que estão constantemente nos assaltando. E temos de esvaziar o nosso coração e preenchê-lo com Luz e Deleite infinitos. Então Deus, o Real, e Deus, o Ideal, poderão cantar e dançar em nosso ser aspirante.

Aqui somos todos buscadores. Somos todos instrumentos escolhidos do Supremo, nosso Amado Supremo, o Eterno Piloto. Podemos provar essa sublime afirmação nossa, não com palavras mas sim com ações, com o nosso serviço amoroso e com o nosso amor ao serviço.

Serviço amoroso. Nosso serviço amoroso pode provar ao mundo como um todo que somos instrumentos escolhidos do Supremo, para o Supremo. Quando amamos ao Supremo plena, devotada e incondicionalmente na nossa mente aspirante, nós aumentamos a nossa Altura-Deus. E quando servimos ao Supremo plena, devotada e incondicionalmente na nossa mente aspirante, nós aprofundamos a nossa Profundidade-Deus.

The Soul’s Evolution, p. 1-2

Textos da série perguntas e respostas sobre meditação

Dicas para meditar 6: Madre Teresa fala sobre como aprender meditação em silêncio e oração

Sri Chinmoy e Madre teresa em Roma

 

Madre Teresa fala sobre como aprender meditação em silêncio e oração

 

Acompanhando os escritos de Sri Chinmoy, vejo que ele costuma se referir informalmente à vida espiritual como “oração e meditação”. Uma oração elevada e entregue é como uma meditação em Deus.

 

Aqui separamos alguns textos da Madre Teresa, amiga de longa data de Sri Chinmoy, com quem compartilhava também o aniversário de nascimento em 27 de agosto. Nesses textos, vemos trechos de seus comentários sobre aprender a meditar e orar em silêncio.

 

 

***

 

 

Somos chamados em certos intervalos a nos recolher em um silêncio mais profundo e solidão com Deus, tanto juntos em comunidade quanto de forma solitária. Estar sozinho com Ele, não com nossos livros, pensamentos e lembranças, mas completamente despidos de tudo, habitando amorosamente em Sua presença – em silêncio, vazio, aguardo e imobilidade.

 

Se realmente queremos aprender a orar, devemos primeiro aprender a ouvir, pois é no silêncio do coração que Deus fala.

 

Os contemplativos e ascetas de todas as eras buscaram Deus no silêncio e solidão do deserto, floresta e montanha.

 

Ouça em silêncio, pois se o seu coração estiver repleto de outras coisas, você não conseguirá ouvir a voz de Deus. Mas quando você ouve a voz de Deus no silêncio do seu coração, o seu coração fica repleto de Deus. Isso exigirá muito sacrifício, mas, se realmente quisermos aprender a orar e quisermos orar, devemos estar prontos para fazê-lo agora.

 

O homem necessita de silêncio. Estar sozinho ou junto, buscando Deus em silêncio. É então que acumulamos o poder interior que distribuímos em ação, no menor dos deveres e nos mais duros desafios que enfrentamos.

 

Ter silêncio interior é muito difícil, mas precisamos tentar. No silêncio encontramos nova energia e uma verdadeira unicidade. A energia de Deus será nossa para tudo fazermos bem.

 

É difícil orar quando não sabemos orar. Precisamos nos ajudar a aprender. O mais importante é o silêncio.

 

Precisamos encontrar Deus, e Deus não pode ser encontrado no barulho e inquietação.

 

Não conseguimos nos colocar diretamente na presença de Deus sem nos colocarmos em silêncio interior e exterior. É por isso que devemos nos acostumar com o silêncio da alma, dos olhos, da língua.

 

Tudo começa com a oração que nasce no silêncio dos nossos corações.

 

Do livro “Tudo começa com a prece”

Tudo começa com a prece – livro inspirador da Madre Teresa

Dicas para meditar 5: porque meditar?

Dicas para meditar: porque meditar?

“O Reino dos céus assemelha-se a um tesouro escondido no campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o novamente. Então, transbordando de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele terreno. …

Não acumuleis para vós outros tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde ladrões arrombam para roubar. Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem podem destruir, e onde os ladrões não arrombam e roubam. …” Jesus Cristo, o Novo Testamento

 

Se me perguntassem por que motivo eu comecei a meditar, diria que foi porque vi um cartaz na universidade dizendo “curso de meditação gratuito“.

 

Mas, se me perguntassem por que eu tive interesse, por que eu quis ir nesse curso, eu não sei explicar. Eu só sabia que tinha que ir, sem nenhuma explicação.

 

Quando ouvimos as histórias dos Mestres espirituais, cedo ou tarde nos conciliamos com uma certa inevitabilidade, que somos escolhidos à Hora de Deus para realizar alguma coisa. Para mim, teve a Hora para começar a meditar, o que levou-me a encontrar a minha vida espiritual.

 

Ontem estava lendo histórias sobre a infância do meu Mestre, Sri Chinmoy, no Ashram de Sri Aurobindo. Ele contou uma história que, simplificadamente e com possíveis erros de lembrança da minha parte, era assim: um jovem rapaz foi comprar um sapato numa loja. O lojista embrulhou o calçado em jornal. Chegando em casa, ele abriu o jornal e se deparou com um artigo de Sri Aurobindo, com a sua foto. Foi o que bastou. Ele foi para Pondicherry encontrar-se com essa “pessoa” que, num piscar de olhos, passou a ser a coisa mais importante no mundo dele. Ele deixou tudo que tinha na vida – fama, posses, escolaridade – e se tornou um dos principais discípulos de Sri Aurobindo.

 

 

O nome de um Mestre espiritual realizado possui um poder imenso. Costumo me referir ao meu próprio Mestre como Guru, de forma muito carinhosa e próxima, mas quando ouço seu nome “Sri Chinmoy”, sinto que ali há um tesouro inigualável. Foi essa sensação que me inspirou a escrever, e também me fez lembrar da citação do Cristo que abre o artigo. Nesses dias, lendo as histórias de Sri Chinmoy, tive uma sensação profunda de satisfação, como se o fato de eu ter ele fosse a única coisa que importasse. Quando você tiver um Mestre realizado, terá essa mesma sensação, da sua própria forma e na sua própria hora, é claro.

 

Sri Chinmoy não espera do seus alunos que abdiquem do mundo formalmente, mas a nossa postura deve sim ser a de que a prioridade é o progresso espiritual, sendo que o progresso material serve apenas como base para o interior, nunca como uma meta por si só. Vemos o divino em tudo, em todas as coisas, e tentamos priorizar a busca por aquilo onde esse Divino está manifestado de forma mais presente e evidente.

 

Foi por isso que comecei a meditar. E você, por que vai começar a meditar?

Mente e coração: uma meditação

“Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas dágua em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.

Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade….”

-Rubem Braga, do site frases de meditação.

Mente e coração: uma meditação

A crônica de Rubem Braga e a grande dicotomia que expressa me fez lembrar comentários do meu Mestre Sri Chinmoy sobre a natureza da mente e do coração.

 

O coração é e age e entende tudo como “o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade”.

 

A mente é e analisa e disseca tudo como em “…Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta”.

 

É por isso que a meditação acontece com facilidade no coração, e dificilmente acontece na mente. Ainda quando acontece, é árida, insatisfatória, duvidosa. No coração, você dá um passo de volta para os melhores tempos da sua infância (pois a criança tem mais acesso ao coração – é por isso que ela é tão bonita), e nem precisa fazer mais nada por aquele momento. Basta sentir no silêncio do templo do seu coração aquilo que deve fazer.

 

Lembro de algo que Sri Chinmoy disse uma vez (foi uma gravação de áudio de muitos anos atrás, por isso não tenho aqui as palavras exatas, e sim só o que lembro), sobre o primeiro dia ensinando meditação para os outros: não adianta ficar falando que a mente é ruim. Não. O correto é simplesmente utilizar mais o coração. A mente vai sendo iluminada posteriormente por sua proximidade com o coração que vai se iluminando. Só use mais o coração.

 

Como usar mais o coração? Tem várias palavras que terminam com “ção” que vão lhe ajudar a ficar mais no cora”ção” e sentir mais satisfa”ção”

 

  • Meditação (diária, com aspiração interior)
  • Oração (em silêncio, diariamente)
  • Devoção (em pensamento, em ação)
  • Canção (canções espirituais, canções de devoção, claro)
  • Perfeição (por exemplo, nos esportes, ao dar o máximo de si ainda mantendo uma atitude de devoção – para quem já teve a experiência, parece ser a perfeição por um instante, não?)
  • Ação (ação correta, instigada pelo divino dentro de si)

Dicas para meditar 4: Meditação é uma coisa tão simples e natural

 

A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.

Sri Chinmoy

 

Dicas para meditar 4: Meditação é uma coisa tão simples e natural

 

Alguns anos atrás uma escritora do Vida Simples participou do nosso curso de meditação e escreveu uma matéria para a revista impressa. Uma amiga minha que também é jornalista reencontrou essa matéria e, pensando no nome “Vida Simples”, me veio o pensamento de que eu poderia retribuir, escrevendo agora eu sobre a como aprender a meditação e abordando o seu aspecto de “simples e natural”.

 

Meditação é muita coisa para muita gente. Para mim, meditação não é técnica. Meditação não se aprende lendo, e eu não posso ensinar para ninguém. Meditação é um anseio interior, que Sri Chinmoy costuma chamar de aspiração. Quando você dá um espaço para a sua meditação acontecer, para a sua aspiração mergulhar (é uma boa figura de linguagem), aí é que você entende o que é meditar. Mesmo uma meditação de um minuto, contanto que seja genuína, faz você levantar do lugar onde estava sentado uma pessoa completamente diferente do que a pessoa que se sentou lá.

 

Quando essa aspiração começa a se manifestar com frequência na vida de uma pessoa, ela se torna uma buscadora – buscadora da Verdade, da Luz, da Perfeição.

 

Agora pensemos. Verdade, Luz, Perfeição escritas assim, com inicial maiúscula… são coisas fáceis de se obter? Um diploma universitário, amigos, bens, são coisas bem simples de se obter. Basta dedicar alguns anos da sua vida. Mas, e o que você faz com isso? Isso lhe traz mais para perto da Verdade, Luz e Perfeição – ou para longe?

 

É por isso que a frase de Sri Chinmoy que abre o artigo é tão genial: “A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.”

 

Se você quer alcançar uma meta elevada, precisa de foco e dedicação. Precisa também de tempo e energia. Uma vida simples pode proporcionar isso a você. Mas como saber o que é importante e deve ser valorizado e o que é um estorvo e deve ser transformado? Cada um pode dizer diferentes coisas, mas quem está certo?

 

O silêncio do seu coração vai lhe mostrar. De repente, coisas que não queria fazer começam a parecer interessantes. Coisas que gostava de fazer repentinamente passam a parecer tão vazias, sem sentido. Seus amigos mudam, sua casa muda, suas roupas mudam, tudo muda. Como meditar? Você vai aprender também! A técnica que funciona melhor, o melhor professor, tudo vai aparecendo uma hora ou outra.

 

Uma vez que você começa a praticar a meditação (ou outra prática espiritual) com sinceridade e aspiração, a sua alma vem mais à tona, e o seu “eu” buscador começa a mostrar para você o que vale a pena e o que não vale. O que leva você adiante e o que não leva. O que tem futuro e o que não tem futuro. Isso faz com que tenha a oportunidade de deixar que somente as coisas importantes fiquem na sua vida. O seu papel é ouvir o seu coração. O resultado é a Verdade, a Luz, a Perfeição.

 

O texto que abre o artigo termina assim:

“A meditação é um dom divino. Ela é a abordagem direta que leva o aspirante ao Uno de quem ele é descendente. A meditação diz ao aspirante que a sua vida humana é uma coisa secreta e sagrada, e ela afirma a sua herança divina. A meditação lhe proporciona um novo olho para enxergar Deus, um novo ouvido para ouvir a Voz de Deus e um novo coração para sentir a Presença de Deus.”

Sri Chinmoy, Meditation: man’s choice and God’s Voice, part 1, Agni Press, 1974

 

Dicas para meditação 3: Meditação é uma forma de identificação

Meditação

É a perfeita identificação

Com a plenitude.

Sri Chinmoy, Seventy-Seven Thousand Service-Trees, part 23, Agni Press, 2001

 

Dica para meditação 3: Meditação é uma forma de identificação

 

Sinto que a meditação não é uma técnica, mas talvez uma abordagem na sua disciplina espiritual. Minha disciplina espiritual começa de manhã cedo, quando medito na foto do meu Mestre, Sri Chinmoy.

 

Se você não tem um Mestre realizado, você pode meditar de outras formas, no céu ou oceano, no seu coração, na música espiritual.

 

Ele sempre nos ensinou que a melhor meditação acontece a partir do coração, e que o coração possui uma habilidade particular, que é a capacidade de identificação, de unicidade genuína.

 

Depois de uns dez ou quinze anos de meditação diária, minha meditação mudou um pouco. Um dia, em particular, tentei sentir que a minha existência e a existência do Mestre, da consciência que a foto dele traz, não são duas coisas. São uma só. Olhei para a foto e senti que eu sou aquela foto, e todas as coisas que aquela foto é eu também sou.

 

O papel de um Mestre espiritual, numa das minhas histórias favoritas de Sri Chinmoy, é justamente esse, e reproduzo um trecho da história aqui:

O Mestre falou, “Veja, agora mesmo, alguns dos meus discípulos estão molhando a grama. Há pequenas plantas por aqui.” O Mestre apontou duas plantinhas bem miúdas. Então, o Mestre pegou uma pazinha e arrancou uma delas. Pegou a planta toda, raiz e folhas, e dirigiu-se para a outra planta. Aí, também, removeu a planta inteira e substituiu-a pela primeira. Daí, pegou a segunda planta e replantou-a no lugar da primeira.

Então, o Mestre falou, “Olhe aqui. Esta planta é o homem e aquela é Deus. Agora, eu sou o Mestre. Eu cheguei aqui e toquei esta planta. Foi uma questão de minutos, poucos minutos. Tão logo a toquei, imediatamente a planta me deu a divina resposta, e eu a peguei e a coloquei lá onde a planta chamada ‘Deus’ estivera. Então, peguei a planta-Deus e obtive toda Sua Compaixão, Amor, Alegria e Deleite, e os coloquei aqui onde o homem a planta estivera. Foi uma questão de apenas poucos minutos. Levei o homem a Deus e trouxe Deus ao homem.”

 

Praticando tentar me identificar com a consciência do meu Mestre, não apenas parece que tenho mais facilidade para conseguir ter uma experiência mais completa, mas também mais profunda e transformadora. Você também pode se identificar com o céu, com o oceano, com Deus.

 

Também é possível que, durante ou depois da meditação, você sinta identificação com um certo aspecto da sua busca – você pode sentir amor intenso por Deus ou pelo seu Mestre ou pela humanidade. Mas a gama de experiências é vasta, e eu não conseguiria descrever mais do que as experiências que tive.

 

Pergunta: quando medito com o meu coração na sua foto, tenho tido dor de cabeça.

Sri Chinmoy: Você está forçando além da sua capacidade. Você sente que está meditando no seu coração, mas está sendo enganado. Você está na verdade meditando na sua mente, sem ser capaz de sentir a presença da sua mente. Se realmente meditar no coração, você terá o sentimento de identificação. Então, não importando o quão intensamente você medite, não haverá esse problema.

Por gentilea seja mais consciente. Então será capaz de descobrir que está meditando na mente. Se meditar no coração, não importa quantas horas medite ou quanta Paz, Luz e Deleite receba em seu coração, não terá dores de cabeça.

Sri Chinmoy, The mind and the heart in meditation, Agni Press, 1977

Dica de meditação 2: Quando orar parece ser melhor que meditar

Cada pensamento devotado

É uma poderosa oração.

Cada poderosa oração

É uma visão frutífera do homem

Que tenta se tornar

A própria imagem de Deus.

Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, part 95, Agni Press, 1983

 

Sri Chinmoy costuma sempre dizer que tanto a oração quanto a meditação são muito eficazes, e que as pessoas realizaram Deus tanto pela oração quanto pela meditação. Ainda assim, ele considera que a meditação é um pouco mais rápida, mais incondicional, e que nos traz uma maior sensação de unicidade com o Supremo. (A lógica é que, quando oramos, pedimos algo e, portanto, nos sentimos separados de Deus. Na meditação, a ideia é justamente perceber a unicidade com Ele diretamente.)

 

Mas há momentos, dias, onde fica difícil meditar direito. Principalmente durante o correr do dia, quanto por vezes muitas coisas passam pela cabeça, quando tivemos de lidar com muitas coisas diferentes. Ainda assim tentamos meditar, mas às vezes não funciona.

 

Nessas horas, se você lembrar de manter a sua mente em estado de oração, isso será uma grande ajuda. Você tem um sentimento de consagração, conversando com Deus ou com a natureza. Isso pode lhe dar uma nova perspectiva sobre a sua situação, sobre todas as coisas, na verdade, e fazer com que receba o que teria recebido da sua meditação ou então que passe a ter mais receptividade e logo tenha uma boa meditação.

 

Também é uma oportunidade para quebrar paradigmas seus, para reconsiderar o valor de cada coisa. Na oração, você faz isso de forma consciente. Na meditação, essa realização aparece espontaneamente com a prática diária.

Dica para meditação: 1 – exercícios físicos

Quando a Vontade altíssima deseja exercitar-se em e através do corpo físico, o físico deve desenvolver receptividade para que possamos devotadamente manifestar exteriormente o que temos em nosso interior.

Sri Chinmoy, Lifting up the world with a oneness-heart, Agni Press, 1988

Sri Chinmoy foi um decatleta campeão, jogador de futebol e vôlei durante a sua juventude. Mas mesmo depois do seu ápice por volta dos 30 anos, ele nunca deixou de fazer exercícios. Passou a jogar tênis, fazer corridas e ciclismo de longa distância, e mesmo aos 55 anos, quando seu joelho já não suportava a sua volumosa quilometragem diária, ele passou a fazer levantamentos de pesos de até 3100kg.

 

No caso de um Mestre espiritual realizado, tudo o que ele faz tem um motivo explícito: por ter alcançado unicidade consciente com o Divino, todas as suas ações são obras Dele, e portanto os seus motivos são motivos Dele.

 

Entretanto, quando possível e conveniente, o Mestre espiritual explica para as pessoas porque algo deve ser feito. Por exemplo, não só ele fazia, mas também pedia veementemente que todos os seus discípulos praticassem esportes diariamente. Aos que tinham mais afinidade, encorajava que treinassem bastante para se autotranscender. Aos que tinham menos, ainda assim explicava que o exercício físico é indispensável para seus alunos, não só para manter o corpo saudável, para estender a nossa vida aspirante na Terra, mas também para gerar receptividade no físico. Essa receptividade é a receptividade à luz interior. Por isso, quando fizer exercícios, se pensar conscientemente no seu propósito, isso lhe trará um grande benefício. Por que estou me exercitando?

 

A meditação também se beneficia imediatamente. Eu mesmo não tenho visão interior, mas, tendo lido os escritos de Sri Chinmoy e praticado sua filosofia, e praticado esportes – desde correr por 20 minutos de manhã cedo até fazer ultramaratonas de 10 dias – por muitos anos, posso destacar que a sua meditação melhora não pouco, mas muito, com a prática de esportes.

 

Uma coisa clara é o sentimento de inquietação mental e física. Quando você gasta a energia física, você não a perde. Ela é transmutada de energia física grosseira, inerte (açúcar, gordura, inquietação, letargia), para energia vital dinâmica (vigília, entusiasmo, determinação). Ao terminar de fazer os exercícios, muitas vezes você pode perceber como é mais fácil realizar suas tarefas domésticas, de trabalho, espirituais. Tudo fica mais fácil.

 

A mente também se beneficia muito. Aquela inquietação natural da mente é gasta no processo do exercício, sobrando um estado de vigilância positiva. É como a diferença entre um cachorro treinado e um cachorro destreinado em casa. Quem já teve cachorro em casa deve saber como é. Quando o carteiro chega trazendo correspondência, o cão destreinado morde as coisas, corre aqui e ali, late desesperado, etc. Mas não tinha motivo. O cão treinado só observa se a situação requer intervenção. Se não, ele curva seu instinto e retorna a guardar a casa contra algo que possa ser relevante. Igualmente, a nossa mente deve ser treinada a afastar as coisas ruins, e não a ficar reagindo a tudo e todas as coisas.

 

Em tempos de excesso de informação, sinto que o exercício é uma forma de purificar os padrões que criamos para a mente com tantas mídias dispensáveis. Então, tanto durante o seu dia você fica mais receptivo às coisas sutis que acontecem ao seu redor, quanto durante a sua meditação fica mais fácil se concentrar para mergulhar fundo.