Aprendendo a perceber os sinais

por Thamara Paiva

Quando aprendi a perceber os sinais na minha vida

Se você pudesse voltar no tempo o que você diria para seu antigo eu de quase 30 anos? Eu diria: calma, minha filha, você não controla a sua vida e você vai nascer de novo aqui mesmo nesta vida.

Embora a gente tenha de viver o presente, o aqui e o agora, como Sri Chinmoy nos ensina, às vezes eu gosto de olhar para trás para fazer uma análise da pessoa que eu me tornei. Não é viver o que aconteceu lá atrás e sim perceber o quanto eu mudei e ainda posso mudar.

Quando nascemos esquecemos de tudo que já vivemos em outras vidas e na medida que vamos crescendo podemos “desaprender” o que antes já tínhamos conquistado ou evoluir seguindo o que já começamos antes. Mas muitas vezes não conseguimos entender os sinais que Deus faz pra gente, indicando esse caminho de seguir o plano que já havíamos começado muito antes de estar aqui nesse planeta.

Comecei este texto com essa pergunta porque hoje, 26 de julho, é um dia muito significativo para mim, há dois anos eu oficialmente nascia para uma nova vida. Eu conheci os ensinamentos de Sri Chinmoy em novembro de 2017 em São Paulo e desde então posso dizer que a minha busca por algo maior só aumentou. É engraçado analisar tudo que eu sempre vivi antes e todas as vezes que não consegui sentir o sinal divino falando comigo. Sabe quando você ouve “alguém” sussurrando para fazer algo? Eu não sabia o que era…

No primeiro dia que participei do curso de meditação eu sentia que devia continuar, porém eu fiz a escolha de não seguir naquele curso. Eu poderia fazer em dezembro, já que acontecia todo mês. Só que naquele dezembro não aconteceu. Ah, quanta coisa acontece em um mês… Mas a minha sede por esse mundo da meditação estava aguçada e nada me impediria de começar o curso novamente em janeiro, nem mesmo um namoro recém-começado.

E eu fui e fiz até o final. Lembro que um dia, talvez o penúltimo, eu não estava muito bem e quase faltei, mas algo dentro de mim, que era mais forte do que eu me fez chegar até aquela casinha branquinha tão especial na Vila Mariana. E só de pisar lá dentro eu mudei e saí tão bem que só agradeci por essa força ter me guiado.

No último dia de curso eu poderia ter continuado. Eu sabia que deveria ter continuado. Aquela “voz” dizia para meu coração que era o certo a se fazer. Mas eu não conseguia ouvi-la, como não a ouvi tantas outras vezes em minha vida ao longo daqueles 30 anos. E saí correndo, como se estivesse fugindo de alguém, na verdade eu estava fugindo de mim mesma, de quem eu me tornaria. Só escrevi minha carta pedindo a Sri Chinmoy que me aceitasse como sua aluna e depois fugi.

Só hoje quando aprendi a ouvi-la e senti-la em meu coração que posso saber disso, porque eu olho pra trás e vejo quantas vezes Deus tentou falar comigo, mas eu não sabia ouvi-lo.

Nos meses seguintes minha vida mudou completamente, terminei o namoro e me mudei de país. Eu não estava feliz com a minha vida e nada me preenchia. Na verdade, a única coisa que me fazia feliz era a corrida. Acho que porque enquanto estava correndo, poderia ser eu mesma e não precisava me preocupar com nada. Era tudo tão simples e natural…

Mudança de vida

Fui para Dublin porque eu precisava muito melhorar meu inglês que não avançava no Brasil. Mas fui também em busca de algo que eu não sabia, queria uma mudança em minha vida.

Chegando lá, como sempre faço em todos os lugares para onde me mudo, busquei Deus na referência de religião que tinha. Mas lá não era como aqui no Brasil, não me completava. Eu não encontrava as respostas que queria lá. Mas onde mais procurar? Eu não sabia. E por não saber continuei frequentando o lugar onde eu conseguiria estudar as formas de me encontrar com Deus. Eu sabia que continuando lá o caminho seria mais longo… Mas eu não tinha encontrado outra escolha, sozinha seria ainda mais difícil.

Foi quando, andando no centro de Dublin um dia à tarde eu me deparei com um desses sinais que tanto ignorei na minha vida. Era um cartaz que dizia: “Curso de meditação gratuito – acesse o site e veja todas as informações”. Na mesma hora eu tirei uma foto e guardei. Ali estava a resposta que eu tanto buscava: a meditação. Como pude não lembrar dela antes?

Abri o site e me deparei com Sri Chinmoy sorrindo pra mim. Era como se ele dissesse: “seja bem-vinda, minha filha. Eu aceito você como minha aluna. Não precisa mais procurar outro caminho para encontrar Deus.”

Foi tudo tão mágico e me arrepio cada vez que lembro. Cheguei na loja de música, bem no Centro de Dublin, onde aconteceriam as aulas. Era como se eu estivesse chegando em casa. Não conhecia ninguém ali, mas eu falava pra eles: eu já fiz o curso, conheço vocês, sei quem é Sri Chinmoy. Eu fiz quatro aulas em São Paulo e já me sentia da família. Quando pisei ali na loja eu já sabia que era aquele caminho que eu ia seguir. Dessa vez eu não ia fugir.

É engraçado que para minha surpresa, acho que para eu ter certeza da escolha que estava fazendo para minha vida, aquele ex namorado que deixei lá atrás no Brasil foi também para a Irlanda. Eu senti naquele momento que era realmente uma escolha importante que deveria fazer para minha vida: ou eu seguiria o caminho “imposto” pela sociedade, o caminho que diz para gente se formar em uma boa faculdade, ter um bom emprego, casar e ter filhos; ou então seguiria o caminho espiritual, o caminho do coração, da alegria interior, da luz e de Deus. Como eu já tinha aprendido a sentir e a ouvir aquela voz que falava comigo várias vezes, escolhi o caminho do meu coração. Foi então que nasci de novo, para uma “nova” vida.

E com um aforismo de Sri Chinmoy concluo:

“Tenho tanto orgulho da minha mente.
Por quê?
Porque ela começou a apreciar pequenas coisas:
– um pensamento simples;
– um coração puro.
– uma vida humilde.”

Perguntas sobre meditação: dor de cabeça

Pergunta: Quando medito com o meu coração na sua foto, tenho tido dor de cabeça.

Sri Chinmoy: Você está forçando além da sua capacidade. Você sente que está meditando no seu coração, mas está sendo enganado. Você está na verdade meditando na sua mente, sem ser capaz de sentir a presença da sua mente. Se realmente meditar no coração, você terá o sentimento de identificação. Então, não importando o quão intensamente você medite, não haverá esse problema.

Por gentilea seja mais consciente. Então será capaz de descobrir que está meditando na mente. Se meditar no coração, não importa quantas horas medite ou quanta Paz, Luz e Deleite receba em seu coração, não terá dores de cabeça.

Sri Chinmoy, The mind and the heart in meditation, Agni Press, 1977

Uma vida mais simples

Simplicidade
A simplicidade é a grandeza na bondade.
Uma vida simples tem muito poucos problemas a enfrentar.
Porque é simples, você encorpora a poderosa Esperança de Deus em si.
A simpicidade é uma descoberta muito gloriosa.
A simplicidade é o nascimento frutífero da paz.
A simplicidade é o amigo-beleza de Deus.
A simplicidade alcança os vastos recônditos do mundo.
Sri Chinmoy, Silver thought-waves, part 2, Agni Press, 1992

Acontece comigo de muitas vezes ter coisas maravilhosas para fazer, mas minha mente me diz: “Ah, encontrei algo melhor ainda para fazermos.” Aí eu caio na cilada, e acabo deixando de fazer a contento o que já sabia que deveria ter feito com exclusividade.

Por vezes fico fantasiando sobre um dia perfeito que poderia passar lendo ou cantando ou meditando. Mas sempre que surge uma brecha de tempo, eu encontro algo diverso para fazer, incluindo escrever este texto. Coisas boas, muitas vezes, mas sempre postergo o plano de me dedicar ao meu eu interior de uma maneira que sinto necessária às vezes.

A solução do problema é simples: ouvir mais o coração, e não a mente. O coração sempre nos traz a sensação de satisfação, de paz, de contentamento, de simplicidade. Com essa sensação, fica muito mais fácil fazer o que o poema diz, “encorporar a poderosa Esperança de Deus em si.”

Seria como se dedicar a uma meta; não ficar para cá e para lá, mas ter uma noção de onde pode chegar e, principalmente, no que pode se tornar neste dia, neste ano, nesta vida.

Uma resposta para ficar mais no coração é a meditação.

Porque o coração quer meditar?
Ele quer meditar
Porque quer amar
O Supremo mais.
O coração sabe que a meditação
É a resposta.
Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, part 49, Agni Press, 1982

Meditação e o significado de fazer promessas na vida espiritual

“As pessoas dizem que é bom fazer promessas – apenas assim suas capacidades interiores virão à tona. Mas eu gostaria de lhe dizer que apenas uma promessa é boa: a sua promessa de que conquistará a ignorância e realizará Deus nesta vida. Apenas essa promessa vale a pena fazer – todas as outras são perigosas e destrutivas.”
Trecho de uma história no livro Sri Chinmoy, Great Indian meals: divinely delicious and supremely nourishing, part 2, Agni Press, 1979

Antes das promessas: meditação e autodescoberta

Com sua vida espiritual, sua prática de meditação, ação desapegada e devoção, todas as coisas passam a ter um novo sentido. Algo sublime passa a ser vazio e vice-versa. Seus planos de vida tornam-se pífios e você percebe um mundo todo à sua disposição, o qual você também se dispõe a amar e a servir. Um mundo que estava bem debaixo do seu nariz, mas que nunca imaginou que existia. Esse mundo não é um conto de fadas, nem um mosteiro ou uma caverna. Esse mundo é a sobreposição da vida divina sobre a vida cotidiana. É o mundo com seu significado e propósito completos, aguardando seus passos firmes para sua manifestação e completude finais.

Hoje estava lendo uma conversa de Sri Aurobindo com seus discípulos. Na história foi mencionado que nossos conceitos sobre justiça e realidade podem limitar a ação da Graça superior. Foi o que me inspirou a escrever, baseado nas minhas experiências e nos ensinamentos de Sri Chinmoy.

Promessas-problema

Na minha vida, lembro só de duas promessas que fiz. E quebrei todas elas. Uma delas foi que nunca iria deixar de comer carne e outra que nunca me separaria da minha noiva. Hoje sou vegetariano e solteiro.

No Mahabharata, que é como uma bíblia do hinduísmo, há inúmeras histórias sobre os personagens realizando promessas. A veia comum nessas histórias é que todos os personagens se dão muito mal por terem feito promessas. Notoriamente, diversos exércitos lutaram contra o lado do bem na Batalha de Kurukshetra por conta de promessas anteriores.

Arjuna, no 13º dia da Batalha, ao ver o seu filho morto em uma emboscada, fez o juramento que se não vingasse a sua morte até o por do sol seguinte, ele entraria vivo numa fogueira de cremação.

Mas Arjuna era o bastião do seu exército, o exército que Sri Krishna, a personificação do Divino e da Verdade na Terra, havia colocado contra as forças demoníacas que utilizavam o exército oponente. Que audácia teve Arjuna de arriscar a batalha e a humanidade toda para satisfazer seu orgulho ferido e sua emoção! Krishna, ao ficar sabendo da promessa de Arjuna, ficou profundamente insatisfeito. Ele teve que ajudar Arjuna a cumprir sua promessa, despendendo recursos, tempo e risco desnecessários para satisfazer a promessa egoísta de um guerreiro entristecido. Krishna admoestou todos os guerreiros a não fazerem promessas novamente.

Minha história é uma história de formiga (ou menos) comparada com a de Arjuna no Mahabharata, mas o princípio pode ser parecido. Por um impulso, ou por causa de uma ideia fixa que absorvi da sociedade (comer carne e noivar), fiz promessas que pareciam fazer todo o sentido naquele momento. Mas, depois de começar a meditar e (assim como na história de Arjuna e Krishna) com o toque da Graça do meu Mestre, Graça que de início eu não percebia, mas que hoje é a única coisa clara na minha vida, reparei que essas coisas que prometi eram todas contraprodutivas.

O melhor que tive a fazer foi quebrar as promessas, engolindo o orgulho e suportando todas as críticas exteriores dos amigos, família, etc. Então, renovado, pude continuar a minha jornada.

Mencionei o Mahabharata, mas o Cristo no Novo Testamento também incita seus alunos e discípulos a se aterem à tarefa em questão e não causarem problemas ao futuro com promessas:

Não jureis de forma alguma; nem pelos céus, que são o trono de Deus; nem pela terra, por ser o estrado onde repousam seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. E não jures por tua cabeça, pois não tens o poder de tornar um fio de cabelo branco ou preto. Seja, porém, o teu sim, sim! E o teu não, não! O que passar disso vem do Maligno.

Mas é claro que nem tudo na vida é preto e branco. Sri Chinmoy também nos ensina na história que abre o capítulo do livro mencionado no início deste texto:

“Mas eu gostaria de lhe dizer que apenas uma promessa é boa: a sua promessa de que conquistará a ignorância e realizará Deus nesta vida.”

Sri Chinmoy costumava nos inspirar a fazer pequenas promessas, principalmente por ocasião do ano novo, sempre muito direcionadas e, se não conseguíssemos cumpri-las, seguiríamos em frente sem olhar para trás. Ou seja, não é tanto uma promessa, mas sim um plano inspirador.

Por exemplo: meditarei uma vez mais ao dia durante o mês de janeiro (não precisa marcar algo fixo); farei exercícios físicos durante todo o mês de fevereiro (contanto que seja exercício, está bom); lerei os livros do meu Mestre todos os dias sem falta durante o mês de março (não importa qual livro dele).

São todas promessas muito razoáveis e que podem ser realizadas sem causar problema algum na sua vida, mesmo se não estiver com aquele livro que estava lendo; se não estiver com o seu tênis de corrida; se estiver numa reunião importante na hora da meditação. Sempre tem uma forma razoável de cumprir essas promessas. Elas servem para lembrar você de coisas que são importantes e não devem ser negligenciadas. Não são paradigmas forçados e autoinventados ou absorvidos da cultura local, como a minha ideia de que nunca deixaria de comer carne ou que deveria ficar com uma pessoa por toda a vida.

Queria escrever isto para ninguém ficar patinando na vida como eu fiz! Ou, pelo menos, patinar um pouquinho menos, por menos tempo!

Meditação é uma coisa tão simples e natural

livro meditacao

A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.
Sri Chinmoy, o que é meditar

Alguns anos atrás uma escritora do Vida Simples participou do nosso curso de meditação e escreveu uma matéria para a revista impressa. Uma amiga minha que também é jornalista reencontrou essa matéria e, pensando no nome “Vida Simples”, me veio o pensamento de que eu poderia retribuir, escrevendo agora eu sobre a como aprender a meditação e abordando o seu aspecto de “simples e natural”.

Meditação é muita coisa para muita gente. Para mim, meditação não é técnica. Meditação não se aprende lendo, e eu não posso ensinar para ninguém. Meditação é um anseio interior, que Sri Chinmoy costuma chamar de aspiração. Quando você dá um espaço para a sua meditação acontecer, para a sua aspiração mergulhar (é uma boa figura de linguagem), aí é que você entende o que é meditar. Mesmo uma meditação de um minuto, contanto que seja genuína, faz você levantar do lugar onde estava sentado uma pessoa completamente diferente do que a pessoa que se sentou lá.

Quando essa aspiração começa a se manifestar com frequência na vida de uma pessoa, ela se torna uma buscadora – buscadora da Verdade, da Luz, da Perfeição.

Agora pensemos. Verdade, Luz, Perfeição escritas assim, com inicial maiúscula… são coisas fáceis de se obter? Um diploma universitário, amigos, bens, são coisas bem simples de se obter. Basta dedicar alguns anos da sua vida. Mas, e o que você faz com isso? Isso lhe traz mais para perto da Verdade, Luz e Perfeição – ou para longe?

É por isso que a frase de Sri Chinmoy que abre o artigo é tão genial: “A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.”

Se você quer alcançar uma meta elevada, precisa de foco e dedicação. Precisa também de tempo e energia. Uma vida simples pode proporcionar isso a você. Mas como saber o que é importante e deve ser valorizado e o que é um estorvo e deve ser transformado? Cada um pode dizer diferentes coisas, mas quem está certo?

O silêncio do seu coração vai lhe mostrar. De repente, coisas que não queria fazer começam a parecer interessantes. Coisas que gostava de fazer repentinamente passam a parecer tão vazias, sem sentido. Seus amigos mudam, sua casa muda, suas roupas mudam, tudo muda. Como meditar? Você vai aprender também! A técnica que funciona melhor, o melhor professor, tudo vai aparecendo uma hora ou outra.

Uma vez que você começa a praticar a meditação (ou outra prática espiritual) com sinceridade e aspiração, a sua alma vem mais à tona, e o seu “eu” buscador começa a mostrar para você o que vale a pena e o que não vale. O que leva você adiante e o que não leva. O que tem futuro e o que não tem futuro. Isso faz com que tenha a oportunidade de deixar que somente as coisas importantes fiquem na sua vida. O seu papel é ouvir o seu coração. O resultado é a Verdade, a Luz, a Perfeição.

O texto que abre o artigo termina assim:

“A meditação é um dom divino. Ela é a abordagem direta que leva o aspirante ao Uno de quem ele é descendente. A meditação diz ao aspirante que a sua vida humana é uma coisa secreta e sagrada, e ela afirma a sua herança divina. A meditação lhe proporciona um novo olho para enxergar Deus, um novo ouvido para ouvir a Voz de Deus e um novo coração para sentir a Presença de Deus.”
Sri Chinmoy, Meditation: man’s choice and God’s Voice, part 1, Agni Press, 1974

Formas de meditar diferentes: a ação

playlist de música para meditação

 

Formas de meditar diferentes: a ação

por Patanga Cordeiro

 

Hoje sigo com mais uma pequena história do meu cotidiano.

 

Passei o dia no nosso centro de meditação fazendo reparos, podando e jardinando, planejando melhorias, acompanhado de um dos meus colegas.

 

Ao fim da tarde, apesar de eu não ter feito várias coisas que gosto de fazer principalmente nos domingos, eu estava me sentindo muito bem, simplesmente feliz, feliz sem motivo, feliz de estar satisfeito.

 

Uma parte disso se deve, acredito, por ter feito trabalho simples, manual, longe do computador e telefone (só fui ver meu telefone no fim da tarde, porque me avisaram que alguém queria falar comigo, mas estava tudo resolvido quando liguei).

 

Quando fui almoçar, pelas 14h, passei na frente da foto de Sri Chinmoy. É a foto que uso para meditar todos os dias. Naquele momento, essa foto parecia tão viva, como se estivesse dentro de mim, ou como estivesse compondo os meus arredores, as coisas que existiam no meu dia.

 

Eu não estava me sentindo particularmente elevado, mas, quando penso bem, estava servindo, estava fazendo algo com um significado interior, estava ocupado com algo luminoso, estava sempre em silêncio ou falando coisas boas.

 

Tive a sensação de que fiz muito progresso nesse dia. De que melhorei muitas coisas. A única coisa que fiz foi cortar galhos, limpeza, com uma companhia espiritual, num ambiente espiritual. Mas tive o resultado de como se tivesse uma meditação profunda, que é algo que acontece apenas raramente durante o meu horário de meditação propriamente.

Hoje é o dia, agora é a hora para meditar

Agora é a hora

Para fazer um bom uso do tempo.

Hoje é o dia

Para começar um perfeito dia.

-Sri Chinmoy

O dia e a hora para meditar é agora

Recentemente, por estar mais tempo trabalhando a partir de casa, estive pensando em usar melhor o meu tempo. Por não gastar tempo com o transporte, o meu dia ficou mais longo. No entanto, percebi que não estava me dedicando mais à meditação, ao canto e aos esportes. Acabei simplesmente desperdiçando o tempo extra que ganhei. E senti que é um desperdício como o de desperdiçar comida, dinheiro, etc, mas pior. Cedo ou tarde, todos teremos de chegar à iluminação, e é por isso que estamos vivos. E eu aqui, desperdiçando tempo que, por um milagre, ganhei para uso no meu dia.

Isso foi crescendo, e um dia, após uma meditação, eu senti aquele “agora chega”. Fiz uma lista de prioridades, coisas que devo fazer. Algumas delas: meditar um pouco mais de manhã cedo; meditar por alguns minutos de hora em hora durante o dia (coloquei um despertador); fiz um plano para aprender novas canções durante o dia, etc. No dia seguinte, eu teria um dia diferente.

Ao sair para correr, troquei a página do meu calendário, e lá estava a mensagem de Sri Chinmoy:

Agora é a hora

Para fazer um bom uso do tempo.

Hoje é o dia

Para começar um perfeito dia.

-Sri Chinmoy

E o sentimento que tive, ao ver o aforismo assim, tão claro, exatamente o que eu estava pensando, foi que Sri Chinmoy, meu Mestre espiritual, em si estava me inspirando a melhorar, a usar melhor meu tempo, e me ensinando o que realmente importa na vida.

E, ainda mais, com o gracioso toque de colocar o aforismo para mim, para fortalecer a minha promessa, para me dar inspiração, alegria e gratidão.

Meditação como uma ferramenta para autoconhecimento

playlist de música para meditação

Muito tem se falado ultimamente sobre meditação como algo terapêutico, para ajudar a aliviar o stress ou a ansiedade. Contudo, a meditação é uma poderosa ferramenta para o autoconhecimento e autotranscendência, de acordo com os ensinamentos do professor de meditação Sri Chinmoy que continuam sendo difundidos por seus alunos por meio de cursos de meditação gratuitos no mundo todo, e também em São Paulo.

 “Com sua boa vontade e determinação você pode usar esse instrumento para descobrir o que existe de real dentro de você e fazer da sua vida algo mais pleno, indo além do vazio, frustração, dúvida ou qualquer imperfeição que considere um obstáculo. Todavia, para isso é preciso praticar com disciplina e sinceridade, como um atleta divino. Uma vez que isso faça parte da sua vida, naturalmente vem um sentimento de satisfação, de a vida valer a pena, de tudo fazer sentido e ter um propósito, de se sentir verdadeiramente feliz mesmo sem ter acontecido nada de bom”, define.

De acordo com o que Sri Chinmoy deixou de ensinamento, a meditação não significa apenas sentar quietamente em silêncio por cinco ou dez minutos. “A meditação requer esforço consciente. A mente tem que ser posta calma e quieta. E, ao mesmo tempo, tem que ser vigilante, para não permitir que qualquer pensamento ou distração ou desejo perturbador, entre”, explica Sri Chinmoy.

É a partir desse ponto, quando amente se torna calma e quieta, é que é possível sentir que uma nova criação está se despertando dentro de si. “Quando a mente está vazia e tranqüila, e nossa existência inteira torna-se um recipiente vazio, Deus a preencherá com paz, luz e bem-aventurança.”

Nos cursos de meditação gratuitos em São Paulo, muitas pessoas procuram a meditação porque sentem que precisam de algo a mais na vida, uma felicidade maior, mas ainda não sabem o que é. Por meio da meditação no coração, como a ensinada nos cursos, é possível encontrar as respostas.

“Sri Chinmoy ensinou para nós que a meditação faz com que nos tornemos inseparavelmente um com o mundo inteiro. Quando queremos alcançar paz, luz e felicidade ilimitadas, a meditação é a resposta. O mundo precisa de uma coisa – paz – e a meditação é a resposta”,diz Patanga.

Exercício de meditação no coração para fazer em casa

O Centro de Meditação Sri Chinmoy em São Paulo costuma oferecer cursos mensalmente, porém, Patanga Cordeiro compartilhou conosco um dos exercícios ensinados por Sri Chinmoy que é possível fazer em casa:

A vastidão do céu

“Mantenha os olhos semi-abertos e imagine o vasto céu. No começo, tente sentir que o céu está diante de você. Mais tarde, tente sentir que você é tão vasto quanto o céu, ou que é a própria vastidão celeste.

Depois de alguns minutos, feche os olhos e tente ver e sentir o céu dentro do seu coração. Por favor, sinta que você é o coração universal, e que dentro de si mesmo está o céu em que meditou e com o qual se identificou. Seu coração espiritual é infinitamente mais amplo do que o céu. Portanto, você pode facilmente abrigar o firmamento dentro de si mesmo.”

-Sri Chinmoy, do livro Meditação: Homem-Perfeição na Deus-Satisfação