09/2019 – Curso de meditação gratuito em São Paulo
09/2019 – Curso de meditação gratuito em São Paulo
O próximo curso será no fim de setembro, em SP/Capital.
Para saber mais e se inscrever, basta acessar a página do curso.
09/2019 – Curso de meditação gratuito em São Paulo
O próximo curso será no fim de setembro, em SP/Capital.
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Nesta semana voltei de viagem de Nova Iorque, onde meu Mestre viveu fisicamente até 2007. Foi um encontro internacional com meus amigos e colegas, e com o Mestre, interiormente. Pude compartilhar um certo tempo com meus amigos que correram as 3100 milhas, meditar, cantar diversas canções espirituais várias horas por dia, correr uma maratona e uma ultramaratona, e meditar (e mais).
Ao ir para o aeroporto para voltar para o Brasil depois de doze dias lá, eu estava no táxi e não me sentia particularmente sublime. Normalmente (acontece todos os anos) eu sentiria algo incrível, uma mudança drástica de perspectiva se comparado com antes da viagem a NY, por conta do progresso e das meditações que temos durante o período do encontro. Tudo sempre parece mais belo, e luminoso, e tranquilo, e perfeito, e preenchedor. Mas desta vez conseguia perceber claramente que eu parecia muito pouco diferente da pessoa que tinha saído de casa para vir para NY. Eu havia feito algumas meditações extras, ainda que curtas, enquanto havia poucas pessoas no nosso jardim de meditação (eu até prefiro assim, vazio, durante o por do sol, etc.). Mas parecia que não tive a disciplina, profundidade, dedicação ou alguma coisa que fizesse com que a “mágica” acontecesse.
No entanto, cheguei em casa no Brasil, descansei uma hora e fui para o trabalho. Estava bem cansado pelas atividades (nunca tirei férias para descansar) e ainda teve o voo noturno. Mas estava feliz. Tudo parecia mais belo, e luminoso, e tranquilo, e perfeito, e preenchedor. (É a mesma frase que usei mais acima no texto, que faltava). Hoje já faz três dias que voltei, e estou sentindo ainda mais isso.
Cheguei a uma conclusão. Mesmo que eu não consiga meditar direito, mesmo que não consiga tomar as melhores decisões ou manter minha mente ou coração na vibração certa, o meu Mestre não é limitado por isso. Ele faz o que ele tem de fazer e ponto final. Ele não é limitado pela minha falta de intensidade ou receptividade – se ele faz algo, aquilo está feito.
No final das contas, percebi que todo o progresso que sempre fiz veio sempre pela Graça incondicional dele. Que é algo natural, pois eu realmente sinto que não tenho elevadas capacidades. Acho que o melhor papel que eu poderia cumprir seria de simples e completa gratidão.
Tem algo interessante para completar essa história, mas que aconteceu antes de tudo. Umas semanas atrás tive de ir ao dentista porque estava com muita dor. Quando cheguei no consultório, perguntei à secretária casualmente: “Olá, tudo bem?” Ela respondeu: “Tudo bem, Graças a Deus.”
Bem, parece algo corriqueiro, cotidiano – mas me fisgou profundamente: sim, realmente tudo é “Graças a Deus.” Saí do âmbito cotidiano da frase e realmente senti um fragmento da realidade absoluta dessa afirmação.
E agora, com mais essa experiência, tudo fica ainda mais belo, e luminoso, e tranquilo, e perfeito, e preenchedor.
por Thamara Paiva
Correr é uma forma de meditação. Quando você está correndo, é só você com seu piloto interior. É seu piloto interior com Deus. É uma profunda entrega a você mesmo, e quanto mais você corre mais forte você fica – tanto fisicamente como interiormente.
A corrida é algo que nos leva pra outro lugar. A gente sente uma felicidade tão genuína que muitas vezes é difícil tentar explicar para outras pessoas. Só quem corre sabe, é preciso correr pra entender. Depois que eu comecei a meditar eu passei a entender melhor o que acontece.
Corrida e meditação são duas ações que estão profundamente relacionadas. Quando comecei a fazer o curso de meditação no centro Sri Chinmoy em Dublin aprendi na prática o significado de que correr é uma forma de meditação.
Eu estava em fase de treinamento para minha primeira maratona. Era o sonho da minha vida de corredora, e eu ia realizá-lo naquele ano. Eu era extremamente dedicada aos treinos, seguia minha planilha sem faltar nenhum dia. Podia estar chovendo, podia estar um friiiio de congelar, naquela capital cinza e gelada que é Dublin, que eu ia, sem desculpa e muito feliz. Cada dia era um novo passo que estava me levando ao meu sonho.
Nos primeiros dias de curso eu achava curioso – quando os alunos de Sri Chinmoy perguntavam como estava nossa meditação diária ao chegar na minha vez uma das meninas já logo falava: “Ah! Você nem conta, você corre todos os dias!”. E eu corria mesmo, mas além de correr eu também meditava. No início eu não entendia muito bem porque ela falava aquilo… eu ainda não tinha feito a associação profunda da corrida com a meditação.
Talvez porque eu estivesse tentando pensar racionalmente. Não dá para pensar apenas: meditação, antes ou depois da corrida? Meditação não é alongamento. Você medita antes, durante e depois da corrida.
E foi só depois de alguns meses de prática diária de meditação e uma entrega profunda aos ensinamentos de Sri Chinmoy que eu pude realmente sentir o que ela quis dizer quando falou que correr é uma forma de meditação.
A primeira prova que fiz na Irlanda foi em Dingle. Uma meia maratona em uma paisagem simplesmente deslumbrante. Eu sonhava há meses com essa meia maratona. Ela acontece numa estrada que é um dos cartões postais da Irlanda. O único dia do ano em que ela é fechada pra carros é no dia dessa prova. Só atletas correndo por aquele cenário que é um quadro divino. Era mesmo um sonho.
Eu não conhecia ninguém que estava fazendo a prova. Foi uma das viagens que eu adoro fazer com minha única companhia: Deus, e o desafio de me conhecer ainda mais.
O percurso da prova tinha algumas boas subidas e eu fui fazê-la apenas com uma certeza: aproveitar cada instante daquela oportunidade. E nem nos meus mais lindos sonhos poderia ter tido a criatividade de imaginar tudo que Deus me proporcionou naquele dia.
Enquanto eu corria percebi que estava fazendo um dos exercícios de meditação que eu tinha aprendido em um livro de Sri Chinmoy.
Comecei a olhar para a vastidão do céu e imaginava que eu era o céu, que eu fazia parte dele. Depois eu olhava toda a natureza à minha volta e sentia que eu também era cada uma das árvores, das folhas, do verde. Depois o percurso me levou até aquele oceano lindo e azul que passava do meu lado esquerdo. E eu sentia que eu me tornava uma com o oceano. Quanto mais eu imaginava que eu era cada um desses elementos, eu me tornava um com eles, eu ficava mais forte.
Em alguns momentos eu não sentia que estava correndo, eu estava voando, leve como um pássaro. E comecei a imaginar então que não era eu quem estava correndo. Quem corria era a minha alma e alma não sente dor, alma não cansa… a alma simplesmente voa. Voa de uma forma sublime. Então, Deus começou a correr por mim. E cada vez que eu mergulhava nisso tudo eu sentia mesmo meu corpo desaparecer. Não tinha dor. Nem mesmo nas subidas. Era uma sensação de leveza e aquela felicidade que já tomava conta de mim sempre que eu corria ficava ainda maior, ela tomava conta de todo o meu ser.
Eu corri praticamente sem olhar o tempo no relógio. Eu me entreguei ao melhor que eu poderia ser, à minha força interior, à Deus. E quando vi eu tinha feito meu melhor tempo em meia maratona da vida. Com vontade e pernas para correr ainda alguns outros quilômetros. Foi inesquecível. Foi maravilhoso. E para os meus treinos de maratona foi ainda mais inspirador. Lembro que no dia seguinte eu cheguei em Dublin e corri outros 21km pela cidade. Aquela felicidade ainda tomava conta de mim.
Os treinos para a maratona estavam apenas começando. Estavam por vir aqueles dias mais cansativos. Assim como nem todo dia ganhamos ótimas meditações, na corrida também é igual: nem sempre a gente tem um ótimo dia de treino. Até para quem ama correr, alguns dias são difíceis de conciliar no trabalho, na família, ou até mesmo pela (falta de) motivação.
E foi num desses dias difíceis que eu recebi mais um presente da meditação na minha corrida.
Eu trabalhava em Dublin em uma lanchonete, geralmente minha escala era nos finais de semana, mas alguns dias me pediam para ir durante a semana também. Como eu precisava muito daquele dinheiro, eu aceitava. Mesmo sabendo que isso poderia comprometer minhas aulas na escola e meu treino para a maratona – já que meus treinos eram sempre de manhã.
Fui escalada pra abrir a lanchonete, entrei às 6h e (para a minha não sorte) acabei tendo que fechar também e ficar até 16h30. O trabalho era em pé, andando de um lado pro outro. Talvez eu tenha sentado uns 30 minutos para almoçar, e só. Era início da semana e meu corpo ainda estava sentindo o trabalho do fim de semana.
Por coincidência, era o mesmo dia do curso de meditação e eu ainda tinha um treino de tiro para fazer (10km). Comecei a fazer as contas: sempre que eu ia correr 10km eu separava 1h, mesmo que precisasse de menos. O curso ia terminar às 21h e depois disso eu ia treinar, ia chegar em casa umas 23h para acordar cedinho no dia seguinte. Não estava disposta a perder nem a meditação nem o treino. Para otimizar o tempo eu fui para o curso de meditação com a roupa de treino para começar a correr de lá mesmo.
Naquele dia a minha mente estava cansada. Além disso, aquele trabalho baixava muito as minhas energias. Mas meu corpo estava pedindo para correr.
Nesse dia eu recebi mais um presente porque a minha meditação foi tão boa que dela eu tirei uma força que eu nem sabia que tinha. O treino foi um dos melhores que eu tinha feito nas últimas semanas. Depois que eu vi a minha velocidade no relógio e a média da velocidade do treino eu fiquei assustada comigo mesma e no quão rápido eu podia correr. Eu só agradeci, agradeci e agradeci por toda aquela graça que eu estava recebendo.
Se eu tivesse deixado espaço para a minha mente ganhar voz das duas uma: ou eu não teria ido na meditação ou eu não teria feito o treino. Depois de fazer tudo que fiz, se fosse pensar muito naquilo que ainda tinha que fazer e no amanhã, minha mente teria desculpas suficientes para me fazer desistir de algum deles. Porque tudo isso pode ser demais pra uma mente que pensa apenas no mundo exterior.
Eu fui pra casa depois do treino explodindo de alegria e de gratidão no coração. Eu vi que realmente o nosso limite está apenas na nossa mente. Muitas vezes nós não sabemos a força que temos, mas ela está lá no fundo do nosso coração, às vezes escondida… só querendo um espacinho para vir à tona. E a meditação te ajuda a encontrá-la, te ajuda a tirar todas as camadas que estão encobrindo-a. Cada uma no seu tempo. Mas hoje vejo que apenas com a meditação e com os ensinamentos de Sri Chinmoy eu consegui abrir meu coração para tudo isso.
Com Sri Chinmoy eu aprendi que a corrida interna é a mais importante, mas a corrida
externa ajuda nesse caminho espiritual e que cada vez que corremos mais rápido na corrida interior mais resultados vemos em nossa vida exterior. É só termos coragem para nos entregarmos.
Quando leio algumas histórias de Sri Chinmoy ou quando me recordo das minhas memórias com ele, uma coisa que sempre vejo repetir com seus discípulos é que ter uma consciência doce e infantil (não me refiro a ser infantil como sendo bobo) é uma importante e talvez uma vantagem essencial.
Quando eu estou em uma consciência mais infantil, tudo parece mais espiritual, naturalmente espiritual ou divino. Quando eu estou em uma consciência mais séria, as coisas podem facilmente parecer como um problema ou eu sinto como se estivesse tendo uma febre mental.
Descobri que existem alguns caminhos que me ajudam a entrar em uma consciência mais infantil, como:
● Meditação. Quando realmente acontece funciona muito bem. Porém, eu não posso contar que eu vou ter boas meditações a qualquer hora que eu quiser. Eu as tenho, mas me parece que elas vêm mais como presentes incondicionais do que por conta do meu know-how de meditação.
● Outra forma é passar um tempo com crianças. Isso realmente funciona pra mim.
● E uma terceira forma é fazer atividades que crianças gostam de fazer, fazendo de mim uma criança, por assim dizer.
Sri Chinmoy desafiou suas capacidades com vários projetos (como sua série Sonhadores-Arco-íris), os quais incluem feitos como corrida, pulos, malabarismos, pinturas e etc. Mas não foi só isso, em seus feitos também incluem jogos de crianças, como piões, bolinha de gude e por aí vai.
Parece que sempre gostei de brincar desses jogos (mesmo depois de já ter passado dos meus 30 anos), mas talvez a falta de companhia ou excesso de rigidez mental não me deixou ver a ação da disciplina benéfica do ato de jogar regularmente.
Identificando-se com crianças
De uns anos pra cá, tivemos alguns pais começando a participar dos encontros em nosso centro de meditação Sri Chinmoy em São Paulo.
Eu naturalmente percebi e entendi, considerando a perspectiva do longo e solene silêncio de meditação e sérias conversas espirituais, que as crianças também se sentiam em casa.
Mas não há tanta coisa que você você pode conversar com crianças. Crianças parecem não ter, na maioria das vezes, interesses nas discussões, conclusões, finais e raciocínios que nós muitas vezes tentamos alcançar enquanto estamos conversando com outros sobre assuntos espirituais ou não.
Eu gosto muito de ouvir sobre experiências de outras pessoas no caminho espiritual, mas acho que quando eu mesmo ou outros tentamos raciocinar ou explicar ou ensinar alguém sobre tópicos espirituais, há geralmente raciocínio desnecessário e às vezes viagem do ego. Nós somos todos buscadores, está tudo perfeitamente bem em apenas tentar e falhar…
Mas sempre procuro simplesmente faz algo que me faz sentir realizado, infantil e espontâneo, isso me parece muito mais alinhado com os ensinamentos de Sri Chinmoy e um melhor uso de tempo e energia.
Então, a fim de nos identificarmos com nossas crianças recém-chegadas, nós criamos um interesse comum: jogar jogos!
Finalmente eu encontrei alguém que realmente entendia quão importante é jogar e eles também encontraram um adulto (talvez isso seja uma afirmação qualificada) em mim alguém que realmente entendia o quanto jogar era mais importante do que outras coisas chatas e sérias que não fazem ninguém realmente feliz.
A propósito, existe uma anedota interessante dita por Sri Chinmoy em seu livro “Asas da Alegria”, na qual um reconhecido e sábio cientista cujo nome era Dr. Satyendranath Bose declina em presidir um conselho científico porque ele havia prometido jogar com as crianças – um de seus passatempos favoritos, o qual deu a ele mais satisfação do que presidir conselhos científicos.
Quanto a mim, eu sinto que venho aprendendo com as crianças e seus pais lições que estavam atrasadas há um tempo em meus anos como um buscador espiritual e discípulo de Sri Chinmoy.
Então, simplesmente por ficar com eles eu pego muito mais espontaneidade, alegria e bons sentimentos. Às vezes, quando eu penso nas crianças com quem eu brinco, eu uso um apelido secreto: professores.
Pois acho que aprendo mais e mais rápido com a honestidade e busca sincera de alegria e felicidade delas do que quando tenho conversas espirituais ou um pouco espirituais – embora eu ache as conversas muitas vezes elevadas, importantes e gratificantes. Quero dizer apenas que a experiência com as crianças nos últimos anos tem aparentemente me proporcionado mais oportunidades de progresso do que as conversas.
Nós temos um grande número de jogos, e escolhemos jogar de acordo com a idade e afinidades pessoais.
Meus jogos favoritos são os jogos esportivos infantis que eu jogava na rua quando eu era criança: o número um é definitivamente esconde-esconde (no qual um dos nossos pais está invicto até hoje); o número dois talvez seja futebol; nós também temos uma variação de críquete que somente as crianças jogam aqui no Brasil; nós também fazemos batalhas usando elásticos como munição para serem jogados um no outro (eles não machucam de forma alguma).
Então, vem as atividades internas, como os jogos de tabuleiro. Se você conhece somente Monopoly, Palavras-cruzadas, eu posso assegurar que você está perdendo algo muito divertido e inspirador nos dias atuais, chamados de jogos de tabuleiro “modernos”.
Eu poderia recomendar alguns títulos básicos que vão levar sua mente longe quando você jogar, como:
– Jogos competitivos:
● Ticket to Ride
● One Night Ultimate Werewolf
● Tresure Island
– Jogos cooperativos:
● Ubongo
● Animal Upon Animal (ou Rhino Hero Super Battle)
– Jogos de adivinhar:
● Concept
● Mysterium (ou Dixit ou ao invés desse, o When I Dream)
– Jogos storytellings:
● Stuffed Fables
● Mice and Mystics
– Para as crianças mais “crescidas” existem alguns jogos sérios, históricos e temáticos, como:
● Freedom: The Underground Railroad (como contemporâneos de Lincoln fazendo sua parte para abolir a escravidão)
● Black Orchestra (sobre patriotas alemães tentando parar com as atrocidades do Nazismo na Segunda Guerra Mundial)
Esses jogos fazem você pensar na situação do mundo e no cuidado do Supremo para isso, entrando em contato com a história e possíveis mecanismos e desafios que os herois históricos encontraram.
Eu amo todos esses jogos, então eu poderia explicar um por um. Mas, primeiro, basta dizer que eles são totalmente divertidos e envolventes, e eles nos fazem sentir bem e construir ótimas memórias com nossos amigos.
Segundo, cada tipo de jogo vai trazer às crianças novos conceitos ou aguçar aqueles já existentes (como cooperação para um objetivo, habilidades de leitura, destreza, história do mundo, etc).
Eu também gosto às vezes de colorir desenhos de animais. Eu posso tentar desenhar também, mas isso não me atrai tanto quanto um bom jogo de tabuleiro ou brincar de esconde-esconde.
Nós também tivemos experiências que as crianças começaram as ter melhores relacionamentos e uma melhora em situações difíceis na escola simplesmente por pegarem alguns de nossos jogos de tabuleiro para usá-los durante um momento de recreação. De repente, todos se tornaram amigos e isso deixou todos felizes!
Com os jogos de tabuleiro, você terá uma biblioteca não de livros, mas de desculpas para ter alegrias inocentes com pessoas que você gosta. E, como uma biblioteca de livros, e diferente dos video games, depois de 40 anos, você ainda será capaz de pegar seus jogos da prateleira e ter um momento perfeitamente bom.
Eu joguei tanto video game na minha fase de crescimento que acho que isso atrapalhou meu desenvolvimento como criança e mais tarde como um buscador da vida espiritual. Isso mais me parece agora como uma tremenda perda de tempo (quando eu olho pra trás, eu não aprendi nenhuma habilidade cultural na minha fase de crescimento: nenhuma música, línguas, nenhum esporte, nem artes – apenas vídeo games).
Eu imagino que equipamentos eletrônicos deixam a mente tão inquieta e reativa que o coração acha difícil vir à tona – completamente o oposto da meditação. É o que parece para mim.
Mesmo nos dias atuais, eu acho que se eu ler muitos livros eu me sinto muito bem em vários aspectos, mas se eu gasto um longo tempo no computador ou no telefone celular eu me sinto muito cansado ou inquieto.
De qualquer forma, em uma nota positiva.. eu gostaria de convidar você a olhar em volta e talvez perceber que você está envolto por crianças agora mesmo… eles podem não parecer crianças, mas, assim como eu, eles podem ser apenas uma grande e crescida criança que esqueceu quem ela realmente é. Eu não acho que teria essa noção se não fosse pelo constante exemplo e orientação interior de Sri Chinmoy.
Neste mês de agosto de 2019 teremos cursos em quatro cidades da região metropolitana de SP:
E, se for mais fácil, teremos um curso mais tarde, no início de setembro, em SP – Capital.
Meu professor-curiosidade me ensinou
Por muito tempo.
Do que agora preciso dentro de mim
É um aluno-necessidade
E um professor-sinceridade.
-Sri Chinmoy
Que a vida é inestimável: todo dia pode ser uma fonte de experiências e intenso progresso interior, contanto que estejamos despertos para elas e dispostos a nos disciplinar. O tempo é uma dádiva. A meditação é a coisa absolutamente mais satisfatória do meu dia. Prefiro dez vezes ficar sem comer a não meditar ao acordar. Primeiro o mais importante.
A minha meditação me ensinou
Como escapar
Da prisão-mente-desejo.
-Sri Chinmoy
Que o mundo é lindo: tudo é repleto de beleza, e toda essa beleza é, por vezes, ofuscante. Não é a toa que não entendemos tudo – tem coisas que brilham tanto que ainda precisamos desviar os olhos. Mas chega o dia em que você está pronto e pode olhar para essas coisas de frente. Vale a pena o esforço e a paciência.
O meu Mestre me ensinou
A arte da vida.
-Sri Chinmoy
Que quase tudo é maior do que nós: na verdade, só esquecemos que fazemos parte de um todo. Com a sua meditação, você lentamente começa a viver mais no coração, e então se identificar com o todo, e enxergar todas as coisas como um plano maior, e muito perfeito.
O céu me ensinou,
Gentilmente,
A sonhar com Deus.
-Sri Chinmoy
Que as diferenças estão na superfície: melhor lutar por crescimento interior do que por igualdade ou padronização. Todo mundo tem algo precioso dentro de si, e não vale a pena esquecer disso para tentar mudar o mundo. Os casos onde você precisa lutar também ficarão claros para você, na hora certa para você saber que estava certo.
Meu Senhor,
Eu me ensinei
A orar.
Você não me ensinaria
A meditar?
-Sri Chinmoy
Não tentar entender tudo é um ótimo jeito de entender as coisas. Tudo é mais claro do que parece; somos nós que complicamos tudo. O coração é o céu, os pensamentos são nuvens que a encobrem. As coisas importantes são as mais simples. Coisas complicadas complicam a nossa vida.
Menos computador, menos telefone celular, menos internet, menos correria. Mais livros, mais esportes, mais silêncio, mais música sublime, mais serviço voluntário. Menos coisas que não preciso, mais coisas que são tesouros.
Minha meditação matinal
Enfraquece a minha vida-som
E fortalece a satisfação
Da minha vida-silêncio.
As torres-progresso
Fundam-se sobre
As meditações
Das almas-silêncio da Eternidade.
Você quer mudar a sua mente
Ou quer que a sua mente mude você?
Se quiser mudar a sua mente,
Injete a fragrância-meditação do seu coração
Na sua mente.
Aforismos de Sri Chinmoy
por Thamara Paiva
Alguma vez você já parou para fazer uma reflexão sobre sua vida espiritual?
Há algum tempo me peguei pensando sobre a minha e vi que religião e espiritualidade sempre estiveram presentes nela, em algumas épocas mais ativamente, outras menos.
Posso dizer que eu tive a sorte de nascer em um lar no qual a religiosidade nunca me foi imposta. Meus pais nunca foram muito religiosos, embora meu avô materno tenha sido pastor de igreja evangélica e meu pai seja devoto de Nossa Senhora Aparecida. Essas foram minhas referências de espiritualidade na família.
Me sinto abençoada por isso, porque fui livre para escolher meu caminho desde criança. Eles sempre me deixaram ir para os cultos e cerimônias das mais diversas religiões. Lembro que quando era bem pequena um dia eu ia na Igreja Metodista com a amiga da minha irmã, no outro ia para escolinha espírita com uma amiga minha e em um outro dia eu ainda ia à catequese na Igreja Católica. Tudo numa mesma semana. Uma confusão danada para a cabeça de uma criança? Talvez não para a minha.
Hoje vejo que já naquela época eu estava em busca do meu caminho, mesmo sem saber. Antes eu achava que estava indo só porque minhas amigas iam, pra ficar mais junto delas. Talvez naquela época a explicação fosse essa e fosse suficiente para uma criança de, sei lá, 8 anos. Hoje, com 30, sei perfeitamente que estava mesmo era querendo ficar mais próxima de Deus, o maior tempo possível.
Meus pais nunca me levaram à missa, mas eu contribuía com o dízimo, de um salário que eu nem tinha, porque eu achava que era importante. Por isso, eu era chamada de “beata” pela minha irmã. Cheguei até a crismar na Igreja Católica.
Mas naquela época eu já entendia mais sobre espiritualidade e a igreja não respondia todas as perguntas que eu tinha. Terminei os estudos para fechar o ciclo. Depois disso nunca mais voltei a frequentar a Igreja Católica, eu já não me sentia católica.
Se podemos chamar de uma transição, foi nessa época que comecei a descobrir a energia, comecei a entender sobre os outros planos. Eu era muito curiosa e fiz vários testes “físicos” para sentir essa energia e tentar entender o que acontecia naquele plano que eu não conseguia ver. Comecei a ler bastante e a estudar um pouco sobre isso.
Nesse tempo não tinha internet e eu morava numa cidade bem pequena, então eu encontrava algumas novidades nas revistas na banca de jornal.
Tive várias descobertas e cada vez mais aquilo fazia sentido pra mim e eu me sentia parte de tudo e minhas perguntas começavam a ser respondidas. Encontrei muitas delas no espiritismo, religião que segui desde quando fechei o ciclo da Igreja Católica. Me envolvia em tudo que eu podia: viagens, encontros, estudos.
Sempre que mudava para uma cidade era o primeiro lugar que eu buscava, como se fosse um refúgio. E por anos e anos eu frequentei palestras por toda cidade onde eu ia. Tive a chance de conhecer várias casas espíritas.
Houve tempo em que eu saía da minha cidade, viajava por duas horas só pra assistir à palestra de uma médium excepcional e pra tomar o passe dela. Chegava na cidade por volta das 13h para entrar pra fila. A reunião só começava umas 17h30 e terminava às vezes às 22h, outras 23h, não tinha um horário certo para terminar. Dependia do seu lugar na fila e do quanto cada passe demorava… No final eu sentia que valia cada minuto.
Quando me mudei pra São Paulo o primeiro lugar que procurei, antes de ter um emprego, foi um centro espírita. E tinha um bem na frente da minha casa. Eu me senti tão agradecida, fiquei tão feliz por aquilo. Chegando do interior do interior de Minas Gerais para a selva de pedra pela primeira vez. Isso só podia ser um sinal de que estava no lugar certo.
Como eu estava ali pertinho, virei a papa-passe. Tinha semana que eu ia 3 vezes para a palestra e pra tomar o passe. Ia quando estava feliz, ia para agradecer, ia quando estava triste, ia porque estava sol ou porque estava chovendo. Eu ia porque me fazia bem.
Então descobri que lá eles davam cursos. Já há um tempo vinha sentindo que precisava me aprofundar. Quando entrava na salinha do passe minha vontade era de estar ali sendo o instrumento para a transfusão das energias dos bons espíritos. Muitas vezes eu não precisava do passe, mas queria estar ali, sendo parte daquilo.
Mas os cursos eram muito concorridos. Só consegui minha suada vaga depois de 4 anos frequentando aquele centro espírita. E então comecei a estudar. Ainda bem que comecei a estudar e o estudo começava a completar aquele vazio que eu sentia. Porém, para eu conseguir dar o tão sonhado passe demoraria alguns bons anos (3 anos ou mais). Eu estava disposta a estudar o quanto fosse preciso.
Nessa época, a vida me brindou com mais um feliz encontro com um amigo. Após várias e longas conversas sobre espiritualidade, ótima troca de conhecimento ele me fez uma afirmação que mudaria minha vida completamente e para sempre: Thamara, você precisa meditar.
Meditar pra mim era silenciar a mente. Logo a minha que naquele momento estava um turbilhão de pensamentos. Eu não sabia nada do que era meditar. Mas eu disse: eu sei que tenho, mas não é esse o momento ainda, não me sinto preparada.
Sabe aquelas voltas que a gente faz a nossa vida dar? Essa foi uma delas. Talvez, para eu me confortar, tenha acontecido para eu me fortalecer interiormente.
Passaram-se alguns meses e eu estava conversando com uma amiga. Eu me sentia perdida, com várias perguntas na minha mente e sentindo um grande vazio dentro de mim. Conversando com ela falei que precisava encontrar algo que me completasse e que talvez deveria procurar uma aula de meditação ou algo do tipo. Eu não sabia explicar essa necessidade, era algo que vinha de dentro, como se meu coração pedisse por um alimento. Mas como eu poderia buscar por algo que eu não sabia exatamente o que era?
Foi então que ela me falou de um curso de meditação gratuito que tinha em São Paulo que ela fez e amou, só que não pode continuar. Lembro exatamente do brilho no olho dela ao me falar: “Nossa, amiga, você vai amar! É a sua cara!! E além de tudo o mestre de espiritual deles, Sri Chinmoy, corre, todo mundo lá corre! Você vai amar!” (Porque eu sempre pratiquei corrida.)
Ela me conhece muito bem para dizer isso. E me explicou como funcionava, que depois da primeira parte do curso tinha a continuação. Falou de tudo que era necessário para seguir naquele caminho, como dieta vegetariana, a não utilização de álcool e drogas. Eu quase não acreditei. Naquele momento era tudo perfeito para mim.
Na mesma hora ela me passou o número de telefone e tinha uma ressalva: você tem que ligar para saber sobre o horário e o dia, não pode mandar mensagem de texto ou WhatsApp. E foi o que fiz. Naquele mesmo dia na hora do almoço liguei para o número de um homem com nome diferente.
Sabe quando você fica tentando descobrir como é a pessoa do outro lado? Eu fiquei imaginando pelo nome em como ele deveria ser, era um nome diferente, me passava um certo tom de autoridade, não autoridade no sentido que conhecemos, de poder, mas no sentido de evolução espiritual mesmo.
Quando liguei falei com todo cuidado pra não incomodá-lo. Atendeu uma voz calma, muito simpática que transmitia alegria, lembro até hoje desse dia, uma pessoa que você poderia ouvir por horas e horas falando.
Para minha sorte o curso daquele mês começava na sexta-feira. Na mesma hora pensei: nossa, é um bom sinal. E lá fui eu para a primeira aula do curso. O salão estava lotado, quanta gente buscando meditação, pensei.
Durante o curso ouvi algumas histórias que me marcaram, as quais lembro até hoje. Eu senti que estava mesmo em busca de algo maior e ao mesmo tempo tentava me imaginar naquelas histórias e se algum dia conseguiria estar naquele lugar que até então me parecia muito distante.
A próxima aula seria na segunda-feira. Mesmo dia do meu curso no centro espírita – que suei tanto pra conseguir a vaga. Fui conversar com o moço da voz suave, aura de paz e nome diferente.
Eu não podia faltar no curso espírita e também não queria perder a meditação. Ele foi simples e categórico: “faça o que for mais importante para você”. Meu olho encheu de lágrimas. Virei e saí refletindo. Tive que fazer a difícil escolha e optei por terminar o curso espírita.
Mais uma daquelas voltas que gente faz a vida dar.
Fiz as contas: era novembro, meu curso terminaria em dezembro, então em dezembro começaria de novo o curso de meditação. Seria como se mais um ciclo estivesse fechando em minha vida para começar outro.
Só que em dezembro não teve curso. O próximo seria em janeiro.
No início de janeiro, junto com o início do curso eu comecei a namorar. Convidei ele para começar a meditar e a ir ao curso, mas era muito pra ele. Ele dizia que tinha muita coisa na cabeça para conseguir meditar. Ele tentava me apoiar, me buscou algumas vezes no curso, mas não meditava.
Era tão mágico ir para o curso que não consigo explicar. Um dia eu não estava muito bem e quase desisti de ir. Mas eu fui e lembro que depois que coloquei o pé naquela casinha tão abençoada e com uma energia tão maravilhosa eu mudei completamente o que estava sentindo. E me senti agradecida por ter ido.
No último dia do curso a gente pede ao mestre Sri Chinmoy para continuar no caminho, se aprofundar na meditação e no caminho espiritual.
Antigamente, quem quisesse entrar para o caminho espiritual de Sri Chinmoy deveria mandar uma foto. Ele meditava sobre ela e sabia se era o caminho daquela pessoa. Depois que ele deixou o corpo físico deveríamos escrever uma carta com todo nosso coração pedindo permissão a ele para seguirmos no caminho.
Mesmo sabendo de tudo que eu deveria fazer para continuar no caminho espiritual, eu escrevi minha cartinha. Com todo o amor do meu coração, eu queria muito estar ali. Pedi com meu coração que Sri Chinmoy me aceitasse. Fiquei imaginando a minha carta sendo entregue a ele e que queria que ele sentisse toda minha sinceridade em fazer parte daquilo.
Mas eu fiz minha vida dar outra volta. Saí de lá com o coração apertado por não poder continuar naquele momento, saí quase fugida, porque eu não ia conseguir falar com palavras que não ia continuar.
Hoje vejo que eu estava preparada naquele momento para seguir esse lindo caminho, mas não fui forte o suficiente. Naquela época eu ainda não sabia ouvir meu coração, então preferi “fugir”. Mas eu continuei meditando regularmente.
Eu estava passando por uma transformação na minha vida. O emprego que eu tinha já não fazia mais sentido. Eu tinha acabado de ser promovida, mas não me sentia feliz lá, nada me completava. Minha vida estava sem propósito. A única coisa que me deixava feliz era correr, só correndo eu conseguia ser eu mesma. Por isso, há alguns meses estava me programando para “me dar um tempo”, ir para a Irlanda estudar inglês.
Pedi demissão, o namoro acabou e eu fui pra Irlanda. Tudo isso em quatro meses.
Chegando em Dublin, a primeira coisa que fiz foi buscar um centro espírita. Encontrei, tinha um dia de palestra, outro de estudo. Fui primeiro no estudo. Não encontrei exatamente o que eu buscava. Era bem diferente, aliás, do que eu estava acostumada ou do que eu esperava. Saí de lá pensando: terei muito trabalho pela frente, vou precisar estudar dobrado para conseguir o que quero.
Continuei indo ainda que não fosse o que eu procurava, achava que não tinha outra opção, porque era o único centro espírita Kardecista de Dublin, e eu precisava fazer parte de algo espiritual.
Como Deus faz tudo certo e a gente não precisa pedir nada, só agradecer pelo que tem e aceitar tudo que vem, um dia eu estava andando pelas ruas de Dublin e me deparei com um cartaz: Festival de Meditação Gratuito. Eu quase não acreditei no que estava vendo. Logo, pensei: aqui também tem meditação de graça.
No cartaz tinha um número de telefone e um site. Entrei no site para ver a programação e com quem me deparo? Sri Chinmoy. Aquele mesmo mestre espiritual que meu coração tinha pedido tanto para ser sua discípula. Foi mágico, foi inesquecível.
Lá o procedimento para ir no curso era mandar uma mensagem de texto com suas informações. Enviei, mas a mensagem não chegou. Fui mesmo assim, se me perguntassem porque meu nome não estava na lista, mostraria que tinha tentado enviá-la. Meu coração estava em festa.
Cheguei na loja de instrumentos musicais, onde foi o curso, falando toda orgulhosa que já conhecia eles, que eu já tinha feito o curso. Nem pediram para confirmar se meu nome estava na lista. Estava tudo certo, eu estava onde deveria estar.
O salão estava lotado de gente de tudo quanto é lugar. Foi tanta gente que no primeiro dia eles deram duas aulas ao mesmo tempo. Foi lindo, eu me senti como se tivesse encontrado o que eu procurava.
A partir daquele dia eu já sabia que dessa vez nada me tiraria daquele caminho, e eu me entreguei.
Ao mesmo tempo que achava que já sabia de tudo, era tudo novo. Cada dia uma nova descoberta. Novas experiências. E um novo mundo se abriu pra mim. Um mundo de mais luz e mais sinceridade. A cada passo que eu dava eu agradecia mais a Deus por ter me dado a chance de encontrar o caminho de Sri Chinmoy.
Quanto mais eu me abria, mais coisas aconteciam. Quanto mais eu me permitia, mais feliz eu me sentia. Agora sim, tinha encontrado minha família, meu propósito, eu estava completa.
O caminho de Sri Chinmoy é um caminho de muita luz. Nele, eu encontrei o que eu buscava desde quando era criança, porque no caminho espiritual você não vai a um lugar apenas para meditar e ponto, acabou. A meditação está em tudo, ela se torna sua vida.
Se você segue o caminho da devoção, se você se entrega com todo o coração, você não se sente vazio e você vê que não está sozinho. Existem muitos outros buscadores, assim como você, que levam a vida espiritual plenamente e isso te ajuda a ficar ainda mais forte. Tudo que você passa a fazer na vida faz mais sentido e tem um propósito.
Acredito que tudo acontece no tempo que deve acontecer, no tempo de Deus. Meu coração encontrou esse caminho com 29 anos e hoje sou eternamente grata por ter sido aceita por Sri Chinmoy e por não ter demorado tanto tempo a aprender a ouvir meu coração e a entender que esse era o caminho certo.
por Patanga Cordeiro
Insight Timer, Sattva, Headspace, Zen, Lojong, Calm, Stop Breath & Think, Aura, 5 minutos, Omvana, Medite.se, Medita!, Smiling Mind e outros…muitos outros….
Nos últimos anos, chegou uma avalanche de aplicativos de celular para ensinar técnicas e, principalmente, com meditações guiadas. Podemos recomendar o uso para quem quer aprender a meditar?
Vejamos primeiro a nossa capacidade de julgar se algo é adequado ou não. E, será que não varia com o tipo de pessoa? Será que não varia com o propósito da pessoa? Agora, “meditar” por si só não seria propósito, pelo menos para os fins do texto de hoje. A pergunta é: qual é o propósito da sua meditação? Acho que esse é um bom ponto de partida.
Se o propósito é relaxar, diminuir o estresse, etc, acho que você nem precisa chegar a meditar. Nessa caso, basta alongar, fazer um relaxamento do corpo e mente (que é o que define alguns exercícios de meditação guiada), uma imaginação de algo belo. Provavelmente, é isso o que você vai encontrar nos apps de meditação do mercado. (Associar a meditação com um resultado de bem estar e relaxamento ou como tratamento de saúde é um conceito novíssimo, que eu arriscaria dizer que começou por volta de 1960.) A vantagem é que você não precisa fazer um esforço muito grande. Basta se conter no escopo do exercício gravado ali, e deixar que ele se responsabilize pelo seu resultado. Ao mesmo tempo, essa vantagem é a sua desvantagem, conforme o parágrafo a seguir.
Se o seu propósito é auto-descoberta, que é o propósito ancestral da meditação (desde antes de 10.000 a.C. até hoje), você vai precisar de muitas coisas. Para a sua meditação acontecer, você vai precisar de muita garra, força de vontade; disposição para deixar para trás coisas na sua vida que atrapalham o seu progresso; companhia espiritual adequada; regularidade diária inabalável, um Mestre espiritual realizado e, sem dúvida, da Compaixão de Deus. O resultado disso tudo junto? Prefiro deixar que o leitor imagine. A minha própria imaginação não consegue ilustrar satisfatoriamente a combinação dessas forças na vida de um buscador espiritual.
No fim de tudo, vai de você, do seu hoje, de onde se encontra e do que está procurando. Se você achar que usar um app de celular para meditação vai lhe satisfazer, então use. Ou talvez o use como um algo a mais em meio às suas diversas práticas interiores. De qualquer forma, não poderia recomendar os apps bem comerciais. Se o propósito principal do aplicativo é ganhar dinheiro, o propósito de meditar vai ficar com menos espaço lá. Escolha um cujo propósito seja servir – talvez gratuito e sem nenhuma propaganda – e quem sabe aumentam as suas chances de encontrar um conteúdo mais sincero.
Mas, se sentir que a sua meta ainda está longe, sugiro deixar de trocar a responsabilidade pelo seu foco de um aparelho eletrônico para a sua força de vontade, os seus livros, o seu Mestre, o seu Deus e tomar a estrada mais veloz que encontrar para chegar lá – se Deus quiser – ainda nesta vida.
Enfim, não pude responder à pergunta inicial do texto, mas quem sabe fizemos progresso e demos o próximo passo em direção à resposta que procurávamos. Eu também me descubro um pouco mais ao escrever para vocês.
Link para página do aplicativo de meditações diárias – não são meditações no sentido contemplativo, mas sim aforismos diários para inspirar o nosso dia. Esse eu posso recomendar!
E, melhor ainda do que um aplicativo…. livros!
O próximo curso de meditação em SP será no início de fevereiro.