Meditação e silêncio – silenciando a mente

Só Deus sabe

Converse com os outros.
Você aprenderá.
Converse consigo.
Você aprenderá mais.
Pare de falar,
Permaneça em silêncio.
Deus falará e Deus aprenderá
Por você.
Você aprenderá tudo
Que só Deus sabe.
-Sri Chinmoy

Silêncio ou bons pensamentos? Qual é melhor?

Pergunta: Deve-se rejeitar todos os pensamentos durante a meditação?
Sri Chinmoy: É preciso saber se é o caso de um bom ou mau pensamento, um pensamento divino ou não divino. Se for um pensamento sobre Deus, um pensamento sobre Alegria Divina, Amor Divino, Beleza, Pureza, permita que esse pensamento entre em você e que aja, que se expanda. Se for um pensamento sobre Graça, Divindade, Eternidade ou Imortalidade, procure sentir para onde o pensamento vai; siga-o como um cão fiel.
Imagine que você esteja dentro da sua casa, próximo à porta. Você é quem decide abrir a porta, a sua porta mental, e permitir que apenas os pensamentos divinos que o incentivarão, inspirarão, que erguerão a sua consciência. Eles são seus amigos. Se vir que seus amigos estão do lado de fora, esperando para entrar, imediatamente abrirá a porta. Contudo, se perceber que os seus inimigos estão lá – o medo, dúvida, inveja, ansiedade, preocupações -, você não os deixará entrar.
Quando tiver força interior suficiente, no momento que um pensamento não divino aparecer na sua mente, você não o rejeitará. Você o transformará. (… )
No entanto, quando se é um iniciante, não se deve permitir que qualquer pensamento adentre a sua mente. Ele gostaria que seus amigos entrassem, mas não sabe dizer quem são os seus amigos. E, mesmo que saiba quem são seus amigos, na hora que abrir a porta para eles, poderá descobrir os seus inimigos bem diante de dos amigos e, antes que os amigos possam entrar na sala, os seus inimigos já estarão bem dentro de casa. Uma vez que os inimigos entrem, é muito difícil afugentá-los. Para isso, é preciso da força da disciplina espiritual sólida. Por quinze minutos a pessoa pode acalentar aspiração divina, pensamentos espirituais e, depois, num segundo, um pensamento não divino entra e a sua meditação é arruinada. Portanto, o melhor é não permitir quaisquer pensamentos durante a meditação.

Silêncio exterior ou mental e meditação – a concentração

por Patanga Cordeiro

A nossa mente fica bastante agitada quando recebe estímulos constantes.
Por exemplo, como você se sente ao o computador ou telefone, ou no escritório quando todos estão falando, atendendo o telefone, etc, ou no barulho do trânsito?
Como você se sente nas montanhas? Como se sente nos domingos ao caminhar na rua? Ao tocar um instrumento musical com toda a sua atenção?
Podemos trazer esse silêncio exterior para dentro através da prática constante de meditação. A concentração é o primeiro passo na meditação, e envolve silenciar a mente na medida do possível. Tente ter apenas um pensamento ou um foco. Isso é concentração. Algumas pessoas se sentem em paz após fazer algo que exige uma intensa concentração. Eu sou uma delas. Desde tocar um instrumento musical difícil, escrever um artigo ou mesmo assistir um desenho animado numa língua estrangeira que esteja aprendendo, tudo isso me traz mais para dentro. Treina a minha mente para fazer uma coisa apenas. Concentrar.
No silêncio da concentração, a meditação acontece mais facilmente. E repetimos parte do poema que abriu este artigo:

“Pare de falar,
Permaneça em silêncio.
Deus falará e Deus aprenderá
Por você.
Você aprenderá tudo
Que só Deus sabe.”

Uma vez que esteja imbuído dessa sabedoria divina, ela lhe mostrará a melhor forma de lidar com a falta de silêncio exterior que presenciamos em diversos momentos do dia. Basta ficar atento e atendê-la. Mais importante ainda, ela mostrará como trazer à tona o seu silêncio interior, que frutifica em paz, beleza e satisfação.

 

 

 

Jeitos de sentar para meditar

A melhor resposta que tenho até agora veio do meu professor, Sri Chinmoy: a coluna deve estar ereta. A partir daí, tenho sentido que o resto é acessório. Acessório até porque a meditação não depende completamente das circunstâncias exteriores. Ela acontece quando a nossa aspiração interior se incendeia e sobe alta e brilhante. É aí que as portas interiores se abrem. A aspiração vem do nosso coração e alma, e pode ser instigada pelo Mestre espiritual. No entanto, ela pode ser apoiada por coisas externas. Por exemplo, o corpo saudável, até mesmo um pouco atlético, será um auxílio, uma fundação sólida, para a nossa chama de aspiração que sobe e arde. Igualmente, uma postura adequada pode auxiliar a sua coluna a ficar ereta e o corpo melhor preparado para manifestar a sua aspiração na meditação.

Formas mais comuns de se sentar para meditar:

 

Meditar sentado no chão de pernas cruzadas

Você pode cruzar as pernas e manter a coluna ereta. Você também pode tentar colocar um dos calcanhares sobre a coxa da outra perna. Isso ajuda a ficar mais fácil manter a coluna reta. Outra coisa é sentar-se na ponta de uma almofada, o que rotaciona o quadril para frente e facilita a postura correta. Abaixo alguns acessórios que podem auxiliá-lo:

Almofadas para meditação

Usar uma almofada de meditação ajuda a erguer o quadril. Quando isso acontece, fica mais fácil manter a espinha reta. É por isso que muita gente gosta de usar almofadas para meditar. Escolha uma de altura adequada para você. Cada um prefere uma altura diferente, de acordo com o seu alongamento e outros fatores. Há diversos tipos de almofadas para meditar:

Zafu

Almofada no estilo japonês, redonda, com enchimento de estopa bem compactada. Você deve sentar-se na ponta da almofada, aproveitando o ângulo que o canto arrendondado proporciona para deixar o seu quadril alinhado.

Tijolo de yoga

É um bloco pequeno, de cerca de 30cm x 10cm x 10 cm de espuma bem dura.

Almofada improvisada

Você pode tentar qualquer coisa em casa – o importante é que dê certo para você. Travesseiro, retalho de carpete (é o que eu uso), etc.

 

Banquinhos para meditação

Estilo zazen

Com esse banco, você fica sentado de joelhos, mas o banco apoia o seu quadril. Assim, o peso são fica nas suas pernas.

 

Cadeira

Você pode usar uma cadeira que goste para meditar.

Não há problema nenhum!

 

Banco sentado

Trata-se de uma almofada com um apoio longo de costas acoplado. Algumas são dobráveis e portáteis.

 

Meditação em pé

Como você tem que sustentar muito do seu peso, não posso recomendar meditar em pé em primeiro lugar. Mas, se estiver cansado de sentar, pode tentar ficar de pé um pouco, ou caminhar de uma forma mais meditativa.

Paz interior e autodescoberta

o que e a vida espiritual

por Juliana

Lembro de um dia em que estava deitada no sofá e sentia que não conseguia ficar em paz interior, eu costumava não parar de pensar a todo o momento, era como se estivesse sendo bombardeada por pensamentos, pensava especialmente no trabalho, durante o trabalho, fora do trabalho, aos finais de semana, pensava em como conseguiria finalizar tal projeto, na minha carreira, planejava os próximos anos…Não havia espaço para amigos, família ou mesmo para mim. Quando tinha tempo para descansar, não conseguia, era como se estivesse num inferno, pois não conseguia desligar e isso me angustiava. Então dormia, tentava dormir ao máximo, o quanto podia. Lembro que aos sábados dormia praticamente o dia inteiro e quando não estava dormindo, estava comendo “besteiras” e bebendo bebida alcoólica, porque as vezes não conseguia dormir direito ou não descansava o bastante, e a bebida era o que me “ajudava” a esquecer um pouco de tudo o que estava acontecendo dentro de mim. Lembro que às vezes estava com o meu marido no carro ou em casa e ele estava falando várias coisas, como foi o dia, o que aconteceu, etc…E eu não estava lá, várias vezes ele ficou chateado por isso e parou de falar, com isso fomos nos afastando.

Neste dia em que estava deitada no sofá percebendo que não estava em paz, comecei a sentir a paz, acredito que tenha sido por segundos, como um presente e consegui adormecer como uma criança que está protegida e se sente acolhida pelos pais. Foi muito bom! Lembro que foi por pouco tempo. Demorei bastante a perceber que talvez viver dessa forma não fosse normal, aparentemente estavam todos pensando como eu, posso dizer que foi um processo. Mas o que me ajudou mesmo foi o meu marido, pois percebo hoje que, quando as coisas não vão bem na nossa vida, isso é apenas um reflexo do que devemos mudar. Como estava absorta no mundo em que criei, ele foi se afastando, começamos a brigar, até que percebi que eu deveria mudar a forma como estava agindo. Eu não queria me separar, pois o amava de uma forma que não sei explicar. Ele me ajudou muito no processo de autodescoberta, aprendi muito com ele, com esses conflitos cheguei ao fundo do posso, era como se estivesse totalmente despedaçada e agora tivesse de juntar as peças novamente. Foi então que comecei a realmente a buscar por algo, percebi que com esse processo a pessoa que existia estava morrendo.

Foi um longo processo até chegar a meditação, mas posso dizer que foi bom, aprendi muito com tudo que me aconteceu e hoje valorizo cada momento de paz que sinto e desejo me expandir cada vez mais. A meditação é um processo de autoconhecimento, sempre me questionei sobre quem eu era realmente, sobre o que estamos fazendo aqui na terra, qual o propósito das nossas vidas aqui, não fazia muito sentido dormir, acordar, trabalhar, fazer as atividades sociais e depois repetir isso por toda a vida. Havia alguns momentos felizes, mas me questionava se era apenas isso. Buscava incessantemente por algo, mas não sabia o que. Lembro que li um poema de Khalil Gibran que dizia assim:

“Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.”

Me identifiquei, pois já estava começando a me desconectar das crenças que haviam em mim. E me deparava com momentos de liberdade e leveza ao observar as coisas ao meu redor e me sentir presente. “Algumas máscaras já haviam sido roubadas”, mas ainda restavam algumas. Acredito que as mais difíceis de retirar. Até que encontrei a meditação. O Centro de meditação Sri Chinmoy, fornece cursos que são realmente gratuitos para quem deseja aprender a meditar. Foi interessante a coincidência, pois estava lendo o livro comer, rezar e amar, onde a protagonista encontrava algumas pessoas que tinham um mestre espiritual. Fiquei com aquilo em mente, encontrei um documentário do mestre espiritual Yogananda no Netflix e comecei a buscar por meditação na internet. Havia pedido para Deus mostrar meu caminho e propósito de vida.

Comecei o curso e tudo fazia sentido. Desde o primeiro dia comecei a meditar como era pedido e percebi as mudanças ao longo do tempo. Os primeiros meses foram bem difíceis, mas não desisti. Hoje, me sinto outra pessoa. Toda a inquietação e a compulsão por pensar foram embora e no lugar ficou a paz. A paz de estar no momento presente. A paz se saber quem sou. Todas as máscaras se foram, todas as que me faziam viver daquela forma. Agora, me sinto feliz e em paz.

A meditação é uma dádiva divina. Ela simplifica nossa vida exterior e energiza nossa vida interior. A meditação nos traz uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes de nossa própria divindade.” – Sri Chinmoy