Insight Timer, Sattva, Headspace, Zen, Lojong, Calm, Stop Breath & Think, Aura, 5 minutos, Omvana, Medite.se, Medita!, Smiling Mind e outros…muitos outros….
Nos últimos anos, chegou uma avalanche de aplicativos de celular para ensinar técnicas e, principalmente, com meditações guiadas. Podemos recomendar o uso para quem quer aprender a meditar?
Vejamos primeiro a nossa capacidade de julgar se algo é adequado ou não. E, será que não varia com o tipo de pessoa? Será que não varia com o propósito da pessoa? Agora, “meditar” por si só não seria propósito, pelo menos para os fins do texto de hoje. A pergunta é: qual é o propósito da sua meditação? Acho que esse é um bom ponto de partida.
Se o propósito é relaxar, diminuir o estresse, etc, acho que você nem precisa chegar a meditar. Nessa caso, basta alongar, fazer um relaxamento do corpo e mente (que é o que define alguns exercícios de meditação guiada), uma imaginação de algo belo. Provavelmente, é isso o que você vai encontrar nos apps de meditação do mercado. (Associar a meditação com um resultado de bem estar e relaxamento ou como tratamento de saúde é um conceito novíssimo, que eu arriscaria dizer que começou por volta de 1960.) A vantagem é que você não precisa fazer um esforço muito grande. Basta se conter no escopo do exercício gravado ali, e deixar que ele se responsabilize pelo seu resultado. Ao mesmo tempo, essa vantagem é a sua desvantagem, conforme o parágrafo a seguir.
Se o seu propósito é auto-descoberta, que é o propósito ancestral da meditação (desde antes de 10.000 a.C. até hoje), você vai precisar de muitas coisas. Para a sua meditação acontecer, você vai precisar de muita garra, força de vontade; disposição para deixar para trás coisas na sua vida que atrapalham o seu progresso; companhia espiritual adequada; regularidade diária inabalável, um Mestre espiritual realizado e, sem dúvida, da Compaixão de Deus. O resultado disso tudo junto? Prefiro deixar que o leitor imagine. A minha própria imaginação não consegue ilustrar satisfatoriamente a combinação dessas forças na vida de um buscador espiritual.
No fim de tudo, vai de você, do seu hoje, de onde se encontra e do que está procurando. Se você achar que usar um app de celular para meditação vai lhe satisfazer, então use. Ou talvez o use como um algo a mais em meio às suas diversas práticas interiores. De qualquer forma, não poderia recomendar os apps bem comerciais. Se o propósito principal do aplicativo é ganhar dinheiro, o propósito de meditar vai ficar com menos espaço lá. Escolha um cujo propósito seja servir – talvez gratuito e sem nenhuma propaganda – e quem sabe aumentam as suas chances de encontrar um conteúdo mais sincero.
Mas, se sentir que a sua meta ainda está longe, sugiro deixar de trocar a responsabilidade pelo seu foco de um aparelho eletrônico para a sua força de vontade, os seus livros, o seu Mestre, o seu Deus e tomar a estrada mais veloz que encontrar para chegar lá – se Deus quiser – ainda nesta vida.
Enfim, não pude responder à pergunta inicial do texto, mas quem sabe fizemos progresso e demos o próximo passo em direção à resposta que procurávamos. Eu também me descubro um pouco mais ao escrever para vocês.
Aforismos de “meditação” diários
Link para página do aplicativo de meditações diárias – não são meditações no sentido contemplativo, mas sim aforismos diários para inspirar o nosso dia. Esse eu posso recomendar!
Converse com os outros.
Você aprenderá.
Converse consigo.
Você aprenderá mais.
Pare de falar,
Permaneça em silêncio.
Deus falará e Deus aprenderá
Por você.
Você aprenderá tudo
Que só Deus sabe.
-Sri Chinmoy
Silêncio ou bons pensamentos? Qual é melhor?
Pergunta: Deve-se rejeitar todos os pensamentos durante a meditação?
Sri Chinmoy: É preciso saber se é o caso de um bom ou mau pensamento, um pensamento divino ou não divino. Se for um pensamento sobre Deus, um pensamento sobre Alegria Divina, Amor Divino, Beleza, Pureza, permita que esse pensamento entre em você e que aja, que se expanda. Se for um pensamento sobre Graça, Divindade, Eternidade ou Imortalidade, procure sentir para onde o pensamento vai; siga-o como um cão fiel.
Imagine que você esteja dentro da sua casa, próximo à porta. Você é quem decide abrir a porta, a sua porta mental, e permitir que apenas os pensamentos divinos que o incentivarão, inspirarão, que erguerão a sua consciência. Eles são seus amigos. Se vir que seus amigos estão do lado de fora, esperando para entrar, imediatamente abrirá a porta. Contudo, se perceber que os seus inimigos estão lá – o medo, dúvida, inveja, ansiedade, preocupações -, você não os deixará entrar.
Quando tiver força interior suficiente, no momento que um pensamento não divino aparecer na sua mente, você não o rejeitará. Você o transformará. (… )
No entanto, quando se é um iniciante, não se deve permitir que qualquer pensamento adentre a sua mente. Ele gostaria que seus amigos entrassem, mas não sabe dizer quem são os seus amigos. E, mesmo que saiba quem são seus amigos, na hora que abrir a porta para eles, poderá descobrir os seus inimigos bem diante de dos amigos e, antes que os amigos possam entrar na sala, os seus inimigos já estarão bem dentro de casa. Uma vez que os inimigos entrem, é muito difícil afugentá-los. Para isso, é preciso da força da disciplina espiritual sólida. Por quinze minutos a pessoa pode acalentar aspiração divina, pensamentos espirituais e, depois, num segundo, um pensamento não divino entra e a sua meditação é arruinada. Portanto, o melhor é não permitir quaisquer pensamentos durante a meditação.
Silêncio exterior ou mental e meditação – a concentração
por Patanga Cordeiro
A nossa mente fica bastante agitada quando recebe estímulos constantes.
Por exemplo, como você se sente ao o computador ou telefone, ou no escritório quando todos estão falando, atendendo o telefone, etc, ou no barulho do trânsito?
Como você se sente nas montanhas? Como se sente nos domingos ao caminhar na rua? Ao tocar um instrumento musical com toda a sua atenção?
Podemos trazer esse silêncio exterior para dentro através da prática constante de meditação. A concentração é o primeiro passo na meditação, e envolve silenciar a mente na medida do possível. Tente ter apenas um pensamento ou um foco. Isso é concentração. Algumas pessoas se sentem em paz após fazer algo que exige uma intensa concentração. Eu sou uma delas. Desde tocar um instrumento musical difícil, escrever um artigo ou mesmo assistir um desenho animado numa língua estrangeira que esteja aprendendo, tudo isso me traz mais para dentro. Treina a minha mente para fazer uma coisa apenas. Concentrar.
No silêncio da concentração, a meditação acontece mais facilmente. E repetimos parte do poema que abriu este artigo:
“Pare de falar,
Permaneça em silêncio.
Deus falará e Deus aprenderá
Por você.
Você aprenderá tudo
Que só Deus sabe.”
Uma vez que esteja imbuído dessa sabedoria divina, ela lhe mostrará a melhor forma de lidar com a falta de silêncio exterior que presenciamos em diversos momentos do dia. Basta ficar atento e atendê-la. Mais importante ainda, ela mostrará como trazer à tona o seu silêncio interior, que frutifica em paz, beleza e satisfação.
A melhor resposta que tenho até agora veio do meu professor, Sri Chinmoy: a coluna deve estar ereta. A partir daí, tenho sentido que o resto é acessório. Acessório até porque a meditação não depende completamente das circunstâncias exteriores. Ela acontece quando a nossa aspiração interior se incendeia e sobe alta e brilhante. É aí que as portas interiores se abrem. A aspiração vem do nosso coração e alma, e pode ser instigada pelo Mestre espiritual. No entanto, ela pode ser apoiada por coisas externas. Por exemplo, o corpo saudável, até mesmo um pouco atlético, será um auxílio, uma fundação sólida, para a nossa chama de aspiração que sobe e arde. Igualmente, uma postura adequada pode auxiliar a sua coluna a ficar ereta e o corpo melhor preparado para manifestar a sua aspiração na meditação.
Formas mais comuns de se sentar para meditar:
Meditar sentado no chão de pernas cruzadas
Você pode cruzar as pernas e manter a coluna ereta. Você também pode tentar colocar um dos calcanhares sobre a coxa da outra perna. Isso ajuda a ficar mais fácil manter a coluna reta. Outra coisa é sentar-se na ponta de uma almofada, o que rotaciona o quadril para frente e facilita a postura correta. Abaixo alguns acessórios que podem auxiliá-lo:
Almofadas para meditação
Usar uma almofada de meditação ajuda a erguer o quadril. Quando isso acontece, fica mais fácil manter a espinha reta. É por isso que muita gente gosta de usar almofadas para meditar. Escolha uma de altura adequada para você. Cada um prefere uma altura diferente, de acordo com o seu alongamento e outros fatores. Há diversos tipos de almofadas para meditar:
Zafu
Almofada no estilo japonês, redonda, com enchimento de estopa bem compactada. Você deve sentar-se na ponta da almofada, aproveitando o ângulo que o canto arrendondado proporciona para deixar o seu quadril alinhado.
Tijolo de yoga
É um bloco pequeno, de cerca de 30cm x 10cm x 10 cm de espuma bem dura.
Almofada improvisada
Você pode tentar qualquer coisa em casa – o importante é que dê certo para você. Travesseiro, retalho de carpete (é o que eu uso), etc.
Banquinhos para meditação
Estilo zazen
Com esse banco, você fica sentado de joelhos, mas o banco apoia o seu quadril. Assim, o peso são fica nas suas pernas.
Cadeira
Você pode usar uma cadeira que goste para meditar.
Não há problema nenhum!
Banco sentado
Trata-se de uma almofada com um apoio longo de costas acoplado. Algumas são dobráveis e portáteis.
Meditação em pé
Como você tem que sustentar muito do seu peso, não posso recomendar meditar em pé em primeiro lugar. Mas, se estiver cansado de sentar, pode tentar ficar de pé um pouco, ou caminhar de uma forma mais meditativa.