Relaxamento e meditação – similares ou opostos?

por Patanga Cordeiro

7Essa é uma pergunta bastante comum para quem está interessado em aprender meditação e também para quem busca relaxar.

Do meu ponto de vista, a meditação e o relaxamento têm apenas um quesito em comum: a postura silenciosa. Em ambas o corpo deve ficar imóvel e livre de tensões desnecessárias. Mas, no caso do relaxamento, o objetivo final é justamente a libertação das tensões acumuladas do dia. A posição ideal é deitada. Já na meditação, o objetivo não tem relação com a tensão mental e física. A meditação é um uso intenso da força de vontade, num mergulho corajoso ao nosso interior mais recôndito. A posição ideal é em sentada com as costas eretas (ou em pé ou correndo, para praticantes avançados).

Qual delas é mais importante ou melhor? A resposta depende de você. Se seu dia a dia está ficando mais difícil por conta de dores físicas, tensão mental, postura, pressão social, então provavelmente o relaxamento irá lhe servir melhor, ao menos inicialmente.
Já a meditação eu poderia recomendar para quem tem sede interior, para quem não está satisfeito com a realidade que enxerga na sua própria vida e ao seu redor. Isso é porque ela justamente exige do aspirante toda a sua vigilância, prontidão e vontade de deixar para trás pensamentos, conceitos e tudo aquilo que descobrir na sua meditação ser um fardo desnecessário. É um instrumento de transformação e expansão.

Abaixo fica um texto de Sri Chinmoy, onde ele explica sobre deixar os olhos abertos durante a meditação. Dele acredito que possamos tirar um paralelo para nossa pergunta do título.

“Ao manter seus olhos fechados durante a meditação e entrar no mundo do sono, você pode ficar entretido com todos os tipos de fantasia. Sua imaginação fértil pode fazê-lo sentir que está entrando nos mundos mais elevados. Existem muitas maneiras de acreditar que está tendo uma meditação maravilhosa. Assim, é melhor meditar com os olhos semi-abertos. Desse modo, você vai ficar na raiz e no ramo mais alto ao mesmo tempo. A parte que tem os olhos meio abertos é a raiz, simbolizando a Mãe-Terra. A parte que tem os meio fechados é o ramo mais alto, o mundo da visão ou, digamos, o Paraíso. Sua consciência estará no nível mais elevado e também aqui na Terra, tentando transformar o mundo.

“Quando medita com os olhos semi-abertos, você está praticando o que é chamado de “meditação do leão”. Mesmo se estiver profundamente mergulhado em si mesmo, você vai enfocar sua atenção consciente tanto no plano físico quanto no subconsciente. Tanto o mundo físico, com seus ruídos e distrações, como o mundo subconsciente, o mundo do sono, o estão convidando. Entretanto, você está vencendo os dois. Você está dizendo: “Estou atento. Vocês não podem me levar para os seus domínios”. Já que os seus olhos estão parcialmente abertos, você não vai dormir. Assim, está enfrentando o mundo do subconsciente. Ao mesmo tempo, está controlando o plano físico, porque pode ver o que está acontecendo ao seu redor. “ – Sri Chinmoy, do livro Meditação

Não oferecemos aulas de relaxamento, mas, se tiver interesse, pode participar dos cursos de meditação.

Tempo para Meditar

Liliyaperguntas feitas a Sri Chinmoy, do livro Meditação

P: Como podemos arranjar tempo para meditar num dia muito ocupado?

R: Temos 24 horas à nossa disposição, e arranjamos tempo para várias coisas durante o dia. O que nos impede de pensar em Deus por cinco ou dez minutos por dia? Temos tempo para comer, dormir, encontrar nossos amigos, ler o jornal ou assistir à televisão. Temos tempo para fazer qualquer coisa que consideramos importante. Assim, quando se trata de Deus, como podemos afirmar que não temos tempo?

Deus está suplicando para que nós pensemos nele. Se realmente nos importamos em agradar a ele, vamos arranjar tempo para pensar e meditar nele. Entretanto, se não considerarmos Deus importante na nossa vida, sempre estaremos ocupados demais.

Se a sua aspiração é realmente intensa, se Deus realmente vem em primeiro lugar na sua vida, então você pode facilmente ajustar sua vida exterior para ter tempo de meditar. A aspiração interior tem infinitamente mais poder do que os obstáculos exteriores. Se você usar a sua força interior, então as circunstâncias terão de se render à sua aspiração. Se quiser realmente meditar todos os dias, eu gostaria de dizer que a sua aspiração interior lhe dará o poder para isso. Obstáculos exteriores podem facilmente ser superados, porque a vida interior é a expressão viva do poder infinito. Diante do poder infinito, as barreiras exteriores têm a obrigação de se entregar.

Uma vida espiritualmente plena não é uma tarefa fácil. Mas uma vida materialmente satisfeita é uma tarefa impossível.   

Dicas para se manter bem acordado durante a meditação

livromeditacaotrechos do livro Meditação (saiba mais), de Sri Chinmoy

 

P: Como posso evitar pegar no sono depois de meditar por cinco minutos?

R: Em primeiro lugar, antes de começar a meditação, inspire profundamente algumas vezes. Em cada respiração, tente sentir que um fluxo de energia está entrando em você. Tente sentir, então, que está inspirando através de diferentes partes do seu corpo: olhos, ouvidos, testa, ombros, o topo da sua cabeça e assim por diante. Sinta que cada um desses lugares é uma porta, e ao inspirar sinta que está abrindo essa passagem. Nessa hora, a energia virá da Consciência Universal.

Então, procure invocar o aspecto de poder do Supremo. Não suplique por paz ou luz. Procure apenas trazer o poder divino à tona ou das alturas. Esse poder divino vai fazer com que você sinta que o seu corpo está ardendo em febre, embora você não esteja febril, e imediatamente se sentirá repleto de energia. Você também pode imaginar um campo ou uma floresta verdejante, e sentir que está passeando por esse lugar. Então, mesmo que esteja cansado, vai se sentir cheio de energia.

Você também pode se beliscar o mais forte possível, e tentar sentir que outra pessoa o está beliscando. Ao se beliscar, precisa saber que é o seu ser consciente que está beliscando o seu ser inconsciente. Mas você tem de sentir que é outra pessoa que o está beliscando.

September 13 1976g _0Outra técnica é repetir o nome do Supremo o mais rápido possível. Com imensa concentração, veja quantas vezes consegue repetir “Supremo” em cada respiração. O poder dentro da recitação do nome vai inundar o seu ser inteiro e você vai sentir um novo fluxo de energia de vida.

No momento da meditação, procure sempre sentir dentro de si mesmo um movimento progressivo e dinâmico, mas não agressivo. Se houver um movimento dinâmico e progressivo, você não vai cair no sono. Dentro de si mesmo, sinta que um trem está acelerando em direção ao seu destino. Sinta que você mesmo é um trem expresso com apenas um destino. O maquinista está constantemente repetindo o nome de Deus para obter energia, força, vigor e todas as qualidades divinas. Um trem expresso só pára na estação final, o fim da jornada dele. Durante o percurso, ele simplesmente não pára. Sua meta será alcançar ou atingir uma meditação profunda.

 

P: Às vezes, parece que passo o tempo todo tentando me manter acordado e acabo não meditando.

R: Letargia e sono aparecem na meditação porque está faltando interesse sincero. Se houver interesse sincero, não haverá nenhuma tendência para dormir. Quando um aluno quer ser o primeiro da classe, quando tem um interesse sincero, verdadeiro, ele estuda sem ser forçado pelos pais. Entretanto, alguns estudantes sentem que, se passarem nos exames, será mais do que o suficiente. Se esse é o sentimento deles, então eles não têm nenhum ímpeto de energia ou entusiasmo pelo trabalho escolar.

Para meditar, você precisa estar sempre disposto e entusiasmado. Se sentir que não pode meditar por meia hora, planeje meditar por dez minutos. O seu sentimento será: “Oh, só dez minutos. Posso fazer isso facilmente”. Se a sua meta estiver bem próxima, você empregará toda a sua energia. Se estiver muito longe, vai afirmar: “Oh, Deus! Ficar correndo na velocidade máxima por tanto tempo é impossível”. Mas qualquer pessoa consegue meditar por dez minutos. Se você tiver de correr vinte milhas, vai ficar morto de medo. Contudo, se perceber que a meta está dentro do seu campo de visão, você vai dizer: “Oh, consigo alcançá-la facilmente. Vou correr o mais rápido possível”.

 

CORAGEM, CORAGEM, CORAGEM

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Against one’s inner courage, death itself contends in vain.
Contra a nossa coragem interior, a própria morte luta em vão.
– Sri Chinmoy

 

Trilha sonora: por favor leia este texto enquanto escuta a gravação gratuita de Sri Chinmoy tocando órgão de igreja pela primeira vez na sua vida! Mais sobre ela no fim do texto.

 

CORAGEM, CORAGEM, CORAGEM!

 

Para quem ela falta, parece algo enorme, uma conquista gigantesca!
Mas não é! A CORAGEM é o nosso direito de nascimento! Veja bem, há um força espiritual que nos faz existir – sem ela, somos um monte de matéria estática, uma marionete sem um artista. Essa força é TUDO. Sem o TODO o indivíduo não existe. É como falar que somos todos parte de Deus. É claro que somos! Existe algum lugar onde Deus não está? Se você encontrasse algo sem Deus, aquilo imediatamente passaria a fazer parte de você, dos seus pensamentos e, portanto, de Deus.
E, se o nosso Criador é todo Coragem, assim como ele é Beleza, Perfeição, etc, a Coragem é nosso direito de nascimento… os filhos herdam as posses dos pais!

Courage is the most devoted servant of one’s own faith in oneself and God.
Coragem é o mais devotado servo de nossa fé em nós mesmos e em Deus.
– Sri Chinmoy

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CORAGEM e CAPACIDADE

Coragem e capacidade são coisas distintas! Uma coisa é conseguir fazer, outra coisa é saber o que fazer, e a terceira coisa é ter a coragem.
Honestamente, já não sabemos o que fazer em qualquer situação (pensemos bem)? Ou já não temos capacidade para agir (pensemos de novo)? Ou, na verdade, só não temos a CORAGEM para fazer o que é certo? (seja honesto(a))
A coragem é exatamente aquilo que usamos quando vamos entrar na piscina. Tudo está certo, falta só entrar na água geladinha!
Uma vez que tomamos a coragem e mergulhamos, saímos nadando, e a água nem parece fria – na verdade, é uma delícia!
A CORAGEM não é algo que temos que POSSUIR! A CORAGEM temos apenas que EXERCITAR! É igualzinho pular na piscina! Ninguém está pronto para pular na piscina! Só respiramos fundo, 1, 2, 3… e pulamos! A satisfação é nossa!

 

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CORAGEM E CAPACIDADE SÃO COISAS DISTINTAS

A música que sugeri ouvirmos enquanto lemos esta página é Sri Chinmoy, já com 55 anos de idade, tocando pela primeira vez um instrumento musical – e, na verdade, em uma performance pública. Foi a primeira vez que se sentou diante de um órgão. Entendeu a mensagem!?

There is no other way to please your inner self than to be, yourself, a perfect emblem of courage.
Não há outra maneira de agradar o seu Eu interior senão ser, você mesmo, um perfeito emblema da coragem.

– Sri Chinmoy

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CALL HAS COME, CALL HAS COME, LORD SUPREME’S CALL

(a faixa gratuita 27 é a gravação da música com essas palavras)
(partitura)

Sri Chinmoy reconta uma história onde Sri Ramakrishna subia ao telhado da sua moradia e chorava e chamava por seus discípulos que ainda não tinham conhecido o Mestre. Esses discípulos estavam destinados a vir até o Mestre, mas a ignorância os estava impedindo. Certamente, algumas dessas almas destinadas a encontrarem um Grande Mestre como Sri Ramakrishna não o encontraram e ficaram chafurdando no lodo do mundo exterior de prazer, conforto, apego, vazio interior e insatisfação.
Sri Ramakrishna teve a coragem de subir ao telhado e ser chamado de louco por quem não o compreendia em sua sabedoria divina. Ele teve os frutos da sua ação.
Os discípulos dele que o encontraram e tiveram a coragem de fazer aquilo que era certo para eles se tornaram imortais na história da humanidade, sendo conhecidos como santos, ou mais ainda (como Swami Vivekananda). Eles também tiveram frutos.
E os discípulos que não tiveram a coragem para encarar os desafios e transcender a “vidinha” ficaram no lodo das emoções, dúvida e satisfação superficial e vazia das tentações. Também eles se depararam com os frutos da sua falta de coragem.
Nota pessoal: enquanto escrevo, rezo humildemente pela Graça do Divino, para que a minha vida nunca passe em vão por falta de coragem! Afinal, a Perfeição também é um direito de nascimento – esforcemo-nos por ela!!!

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Gift of sight:
Universal beauty.
Gift of night:
Universal peace.
Gift of humanity:
Universal sorrow.
Gift of divinity:
Universal smile.

-Sri Chinmoy, Three Hundred Sixty-Five Father’s Day Prayers, Agni Press, 1974

A importância da leitura

por Patanga Cordeiro

7É muito comum que nós buscadores procuremos livros e comecemos a sua busca alimentando a mente com pensamentos e ideais divinos.

(Sugestão: leia livros de verdadeiros Mestres espirituais realizados ou de devotos muito avançados.)

Mas a busca não é algo prático? De que adianta ler coisas? Devemos praticar, não?

Claro que sim! Mas até mesmo grandes Mestres, como Sri Ramakrishna, que era praticamente analfabeto, conheciam os livros de tanto ouvir e contar as histórias neles contidas.

A meditação não acontece na mente. Isso é fato.

Mas se nós não alimentarmos a mente corretamente – isto é, com o conhecimento e luz corretos – a mente pode se tornar nossa inimiga! Após algumas mal-sucedidas tentativas de meditar, podemos começar a pensar que não nascemos pra isso, que não estamos fazendo nada certo… Mas, ao ler os ensinamentos do nosso Mestre (ou até mesmo de outro, em alguns casos – é comum no início), podemos nos deparar com o fato de que no princípio todos passaram por dificuldades similares, e até que os próprios Mestres passaram por isso durante a sua busca. Swami Vivekananda, por exemplo, passou por meses de “aridez espiritual”. Quem já passou por dias assim sabe como é difícil – tudo parece sem valor, não sentimos nada em nosso coração. Mas passa.

Assim, a leitura não irá nos trazer a realização última. Mas ela nos ajudará indiretamente, ao trazer orientação e serenidade para a nossa mente e indicar boas práticas para um buscador. Num momento de “aridez espiritual”, você pode ler algo que fará as suas lágrimas psíquicas verterem como uma fonte de aspiração.

 

Você estudou livros sobre Deus e disseram-lhe que Deus está em todos. Mas não realizou Deus em sua vida consciente. Para você, isto é tudo especulação mental. Mas, quando se é Deus-realizado, sabe-se conscientemente o que Deus é, com que Ele Se parece e o que Ele deseja. Quando alcança a Auto-realização, você permanece na Consciência de Deus e fala com Deus face a face. Você vê Deus no finito e no Infinito, vê Deus como pessoal e impessoal. Isto não é alucinação mental nem imaginação, é realidade direta. Essa realidade é mais autêntica do que a visão que tenho de você diante de mim. Quando alguém fala com um ser humano, há sempre um véu de ignorância – escuridão, imperfeição, desentendimento. Mas entre Deus e o ser interior de alguém que O realizou, não pode haver ignorância e nem véu algum. Portanto, poderá falar com Deus mais claramente, mais intimamente, mais abertamente do que com um ser humano.

– Sri Chinmoy, o Mestre e o Discípulo

A importância do canto dos mantras

por Patanga Cordeiro

 

Você é todo beleza, todo eterna beleza,

Onde quer que eu pouse meus olhos.

Pergunto: Você sempre bebe o néctar

De sua Forma-Existência

Que jaz à vista de meus olhos?

As ondas de melodia

E as doces e melodiosas canções

Que criam ressonância sublime,

Ó Amado, Você as ouve

Através dos meus ouvidos?

– Sri Chinmoy, a Fonte da Música

 

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Entoar mantras é uma prática ancestral. Há um ramo da prática espiritual chamado de mantra yoga. Certas tradições do passado não possuem mais valia hoje e devem ser transformadas. Mas, se Mestres do passado ensinaram esse tipo de prática, devemos dar ouvidos e verificar se ainda possui significado.

E descobriremos que entoar mantras ainda hoje possui grande significado. Mestres modernos como Sri Ramakrishna e Sri Chinmoy até mesmo usaram canções mântricas, que podem ser cantadas ao invés de simplesmente entoadas. Essas canções possuem ainda mais valor, pois a melodia com a qual o mantra foi imbuído adiciona uma dimensão extra, uma densidade espiritual maior.

O dicionário possui o significado de muitas palavras. Mas um mantra vai além do significado associado pelo dicionário. Ao entoar um mantra, a realidade interior ressoa em nós. Nossa realidade interior reage e vibra e vem à tona com o entoar dos mantras. É diferente de pensarmos em algo. A realidade em si é que vibra com o mantra. Mesmo sem sabermos o significado de um mantra, obtemos o resultado com o seu entoar. (E é por isso que só podemos entoar mantras reais e não “inventados”)

Eu mesmo dificilmente “entoo” mantras. Normalmente, quando o faço, uso o mantra “Supreme”. Supreme é como Sri Chinmoy se refere a Deus em Seu Aspecto Auto-Transcendente, e também como um filho se dirige ao Pai – não simplesmente chamando-o de senhor, mas sim de “papai”.

(Se você tem interesse em entoar mantras, sugiro o “mantra japa”, descrito no livro Meditação)

Mas eu gosto muito de “cantar” mantras! As canções mântricas são tão belas, lentas ou rápidas, alegres ou solenes, mas sempre sublimes!

Ao invés de explicar, sugiro que você mesmo tenha a experiência. Cante várias vezes essas canções, até decorá-las. E cante-as durante o seu dia, antes da sua meditação, no caminho para o trabalho e mesmo em silêncio, dentro de si, quando não puder cantar.

Deixo aqui algumas gravações sugeridas. São todos muito fáceis.

(página de downloads dos mantras, no fim da página)

Ser como uma criança

por Patanga Cordeiro,

com a aparição especial do bichinho colorido…

(e me desculpem se ele pula muito)

 

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As caretas da idade

Nunca afetarão a beleza

De um coração de criança.

 

Sri Chinmoy, Seventy-Seven Thousand Service-Trees, Part 15, Agni Press, 1999

 

Sri Chinmoy não foi o primeiro Mestre a deixar clara a importância de termos uma postura pura, inocente, cheia de entusiasmo e novidade e sem preconceitos – justamente como uma criança. O Cristo, ao falar aos seus discípulos sobre quem seria o maior no reino dos céus, disse: “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.”

Nossa vida parece perfeita até certo momento, não? Qual momento é esse? Pense comigo: quando nos sentimos responsáveis pelas nossas vidas e pelo nosso futuro. E quando isso acontece? Quando nossa mente começa a substituir o nosso coração (não falo das emoções, mas sim do coração espiritual).

O coração é sublime. Ele nunca se cansa. Não julga mal. Ele depende de seu Pai divino para tudo e, portanto, nada teme. É alegre. É gentil. É dinâmico. É entusiasmado e entusiasmante. Ele enxerga o mundo através da sua unicidade com o mundo. São qualidades que toda pessoa espiritual irá valorizar muito.

Pobre mente. Ela não é má, mas somente sabe como dividir as coisas até que fiquem do tamanho que ela possa digerir. E, aí, claramente, seu julgamento não será certeiro. E nós sofreremos. Nos sentiremos separados da Fonte, do Pai, que é a nossa segurança, e, frustados por não conseguirmos satisfação genuína, ficaremos entristecidos ou culpando o mundo.

Sugiro um exercício para meditar no coração, do livro Asas da Alegria:

            Durante a meditação, sinta que você é uma criança num jardim florido. Esse jardim de flores é o seu coração. Uma criança pode brincar nesse lugar por horas, indo de flor em flor. Ela não deixará o jardim, pois se alegra com a beleza e fragrância de cada flor. Imagine que em seu interior há um jardim, e que você pode permanecer nele o quanto quiser. Assim você poderá meditar no coração. – Sri Chinmoy, as Asas da Alegria

Ensinamentos dos Grandes Mestres

Coração, Religião, “Guru”


traduzido por Patanga Cordeiro

(…)

Através dos séculos, cada Mestre espiritual da mais alta ordem ofereceu algo único. Quatro mil anos atrás, Sri Krishna ofereceu sua mensagem suprema à humanidade, ao mundo todo: “Quando o dharma, o código da vida interior, declina, e a falta de retidão prevalece, Ele, a Consciência infinita, encarna a Si mesmo em forma humana, para transformar as tendências malévolas em nós e satisfazer a Realidade em nós.”

Epilogue-sri-chinmoy-dove      Então o Senhor Buddha, dois mil e quinhentos anos atrás, veio com uma mensagem muito especial: “O Caminho do Meio”. Não chafurde nos prazeres dos sentidos e, ao mesmo tempo, não procure a austeridade: não siga nem o caminho da gratificação dos sentidos e nem da mortificação dos sentidos. Cada buscador deve encontrar um equilíbrio, seguindo o caminho do meio. A transformação do nosso eu inferior e a manifestação do nosso eu mais elevado devem ocorrer simultaneamente, mas sem utilizarmos a gratificação dos sentidos ou a mortificação dos sentidos. Essa foi a mensagem do Senhor Buddha.

Dois mil anos atrás o Cristo, o Salvador, veio à arena-mundo. Sua mensagem suprema foi: “Eu sou o caminho, eu sou a Meta.” Aqui “o caminho” representa aspiração e “a Meta” representa salvação. É através da aspiração que se alcança a mais elevada salvação. A aspiração de hoje se transforma na salvação de amanhã.

Desejo mencionar outro Mestre espiritual da mais elevada ordem. Seu nome é Sri Chaitanya. Sua mensagem foi a pureza e o amor – pureza no amor, amor na pureza. Quando alguém alcança pureza no amor e amor na pureza, então ele desfruta divinamente do Deleite, que é a nossa Fonte, nossa eterna Fonte.

Milhares de anos atrás, os Videntes Védicos do passado ancestral ofereceram uma mensagem significante: “Do Deleite viemos a existir. No Deleite crescemos e, ao fim da nossa jornada, para o Deleite nos retiramos.”

Sri Ramakrishna veio com uma mensagem muito significante. Sua mensagem para a humanidade foi: “Chore, chore como uma criança por sua mãe. O coração de uma criança pode facilmente conquistar o Amor, Compaixão, Divindade e Imortalidade da Mãe. Chore, chore como uma criança, uma criança inocente. A Mãe Suprema certamente lhe concederá a iluminação da Altitude mais elevada.”

Então veio Sri Aurobindo, com a mensagem da vida divina, com a mensagem da transformação da natureza. Aqui na terra é onde o físico deve ser transformado, é aqui na terra onde a mensagem da Divindade deve ser manifestada. A transformação da natureza humana e a purificação de todos os membros devem ocorrer aqui na terra, para que a Imortalidade possa encontrar seu devido lugar na estrutura física.

Desde então, muitos Mestres espirituais aqui no Ocidente e também no Oriente ofereceram sua luz à humanidade aspirante. Cada Mestre espiritual tem algo para contribuir ao mundo todo, de acordo com a sua própria realização, sua própria receptividade e com a receptividade do mundo.

Em Sua infinita Generosidade, Deus me deu a oportunidade de servir a humanidade aspirante. Temos um caminho nosso, que é o caminho do amor, devoção e entrega. Para os que seguem o nosso caminho, a necessidade suprema é amor, devoção e entrega: amor divino, devoção divina, entrega divina.

O amor que prende e cega é o amor humano. O amor que expande e ilumina é o amor divino.

Devoção no físico nada é senão apego. Quando somos devotados ao mundo-sentidos, ao mundo-ignorância, não se trata de devoção, mas de apego. Quando usamos o termo ‘devoção’, ele deve ser aplicado apenas ao Divino em nós, à Realidade Suprema em nós. Somos devotados a uma causa mais elevada, a um ideal mais sublime.

A entrega humana é a entrega de um escravo ao senhor. A entrega divina é a entrega da nossa realidade impura, obscura, não-iluminada à nossa realidade completamente iluminada, completamente divinizada e completamente perfeita. O mais baixo em nós se rende à nossa realidade mais elevada. Não é uma entrega imposta, não é uma entrega forçada sobre nós. É a entrega baseada em nosso sentimento de unicidade inseparável com nossa existência-Realidade mais elevada. O finito em nós alegremente, devotadamente, com toda a alma e incondicionalmente se entrega ao Infinito em nós. A gota de água se entrega ao poderoso oceano e, assim, perde sua individualidade e personalidade e se torna o próprio vasto oceano. Igualmente, nós, que agora estamos na consciência finita, aprisionados nessa consciência finita, um dia seremos completamente livres e libertos e realizaremos a eterna Realidade-Liberdade que no mundo interior eternamente somos.

 

– Sri Chinmoy

Universidade de Maryland

18 de Outubro de 1975

Sri Chinmoy Speaks, part 3

A Espada de Sabedoria

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compilação de aforismos de Sri Chinmoy

 

AS ESPADAS

A espada de sabedoria avisa.

A espada de aspiração protege.

A espada da vida ensina.

A espada do amor aperfeiçoa,

ilumina e preenche.

 

THE SWORDS

The sword of wisdom cautions.

The sword of aspiration protects.

The sword of life teaches.

The sword of love perfects,

illumines and fulfils.

Sri Chinmoy, The Wings Of Light, Part 8, Agni Press, 1974

 

TWO SWORDS

Aspiration-flame

Is the sword

That separates

Knowledge-Light

And

Ignorance-night.

Realisation-sun

Is the sword

That unites the cry of the finite

And

The Smile of the Infinite.

You simply cannot imagine

How proud God is of you

For your faith-sword

And surrender-shield.

Sri Chinmoy, Twenty-Seven Thousand Aspiration-Plants, Part 50, Agni Press, 1984

 

Powerful is his success,

Fruitful is his progress

Because he has become

The naked sword

Of his own conscience-light.

Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, Part 63, Agni Press, 1983

 

Wisdom-heart tells me

That it has its purity-sword

To challenge ignorance.

Sri Chinmoy, Twenty-Seven Thousand Aspiration-Plants, Part 268, Agni Press, 1998

 

Do not be afraid

Of your mind’s ruthless division-sword.

The sword will ultimately surrender

To your hero-warrior-heart.

Sri Chinmoy, Twenty-Seven Thousand Aspiration-Plants, Part 146, Agni Press, 1991