Perguntas sobre meditação 14: o papel do Guru

 

Pergunta:A libertação é possível sem a ajuda de um Mestre vivo?

 

Sri Chinmoy: É bem possível para o buscador atingir a libertação sem a ajuda de um Mestre vivo. Mas, se alguém valoriza a rapidez, é aconselhável ter um Mestre. Se você pode fazer alguma coisa hoje com a ajuda de uma outra pessoa, por que levar três ou quatro para fazê-la sozinho? Nós vamos à escola e estudamos com um professor. Por quê? Quando temos um professor, somos guiados e orientados naquilo que estudamos. Todos os livros que estudamos estão disponíveis na livraria, mas quando o professor diz que algo está correto, imediatamente acreditamos nele. O professor acelera o nosso estudo.

Não há nada de errado em receber ajuda de alguém. Um Mestre espiritual também é filho de Deus. Se o meu irmão mais velho sabe alguma coisa, tenho todo o direito de pedir a ele para me ensinar. Uma vez que eu tenha aprendido, esse conhecimento se torna uma propriedade minha. Nessa hora, estou livre para compartilhar com os outros o conhecimento que adquiri com a ajuda do meu irmão mais velho. Quando se trata de realização em Deus, se alguém diz: “Não, não quero ter nenhuma ajuda exterior. Vou depender inteiramente de Deus e de mim mesmo”, então essa pessoa tem que saber que a realização dela vai levar milhares de anos. Mas não existe nada de errado nessa abordagem. A primeira pessoa que realizou Deus não tinha um professor humano. Deus o ensinou diretamente. Se o buscador é extremamente sincero e quer depender da orientação direta de Deus, ele pode. Mas deveria saber que o seu progresso será lento, muito lento e incerto.

Earth-Bound Journey and Heaven-Bound Journey, p. 63-65

 

 

O Guru humano é só um instrumento do Supremo. Eu sempre digo que não sou o Guru; o Guru verdadeiro, o único Guru, o supremo Guru é o próprio Supremo. Sou um representante do Supremo para aqueles que se chamam de meus discípulos.

Quando digo aos meus discípulos para meditarem na minha foto Transcendental, tenho total responsabilidade pelo que falo. Isso é, o Supremo está naquela foto. Mas você pode julgar ou suspeitar do corpo físico que você está vendo. Você vê que eu tenho 1,72 metro de altura e muitas outras coisas no meu ser físico. Mas dentro do físico está a existência espiritual verdadeira, onde opera a minha unicidade total, consciente e completa com o Supremo. A capacidade do discípulo de realizar essa unicidade depende do seu alcance no campo da aspiração; depende de quão longe ou quão profundamente ele me realizou. Alguém vai me ver como um Mestre espiritual; alguma outra pessoa vai me ver como um filósofo e uma terceira vai me ver como um poeta. Todas essas coisas podem ser vistas na vida exterior. Mas se alguém aqui já foi profundamente ao seu próprio interior e entrou em mim ou no Supremo, então ele vê que em minha mais profunda consciência eu sou totalmente um com o Supremo. Não pode existir nenhuma diferença.

O seu Guru é o seu líder espiritual, o seu guia, o seu verdadeiro piloto. Ele está lidando com a consciência Divina, Consciência infinita, Infinidade e Eternidade. Se você realmente quer Infinidade e Eternidade, tem de saber que a maneira mais fácil e efetiva de ir até o Supremo é através do Guru, porque dessa maneira você pode se aproximar do Supremo tanto no plano físico como no plano interior. Mesmo os sentidos exteriores ficam satisfeitos e você pode conseguir uma resposta nesse plano. Se você pensa sobre o Supremo, é tudo muito vago. Quantos de vocês têm realmente algum conceito sobre o Supremo, mesmo no mundo mental? Ou o Supremo é um ser humano ou Energia ou Consciência infinita; essas coisas vocês podem imaginar. Vocês falaram comigo muitas vezes. Meditaram comigo muitas vez e muitas e muitas vezes viram pelos meus olhos a Luz do Supremo, o Poder do Supremo.

The Meditation World, p. 1-4

 

 

Quando o Mestre aceita alguém como discípulo, significa que ele faz uma promessa solene à alma do buscador de que irá levá-lo até Deus. Na hora da iniciação, o Mestre promete ao buscador: “Não se preocupe com as suas fraquezas, com a sua escuridão, com a sua ignorância. Eu vou tomar contar delas. Você só precisa dá-las para mim. De agora em diante, as suas limitações, as suas imperfeições e a sua escravidão são todas minhas. Eu vou tomar conta delas”.

O Mestre não tira a individualidade ou a personalidade do discípulo. Ele só leva o discípulo até Deus. Um Mestre espiritual é apenas um irmão mais velho para a humanidade. Ele leva os seus irmãos mais novos até o Pai e então termina a sua missão. Onde fica a questão de individualidade e personalidade?

The Inner Hunger, p. 9

 

 

Quando você não puder meditar bem, não force nada. Muitos de vocês sentem que se não puderem meditar bem por um, dois ou três dias, o mundo inteiro vai entrar em colapso. Vocês sentem que, se não meditarem bem por uma semana, então o Guru vai ficar seriamente descontente com vocês. Estão errados. Não sou assim, tão sem consideração. Sou mais responsável pelo progresso interior de vocês do que vocês mesmos. Sabem por quê? Porque estabeleci dois compromissos – um com Deus e um com vocês. Vocês aceitaram o Supremo em mim como o seu Guru, e a parte de vocês acabou. No meu caso, prometi a vocês que vou levá-los até a sua meta, e também prometi a Deus que vou levá-los até Ele. Depois de dar a vocês o sinal de começar a correr na sua corrida interior, eu corro na frente. Tomo a dianteira para inspirar quem quer que esteja atrás de mim. Onde quer que eu os veja no mundo interior, corro um pouquinho na frente ou ao seu lado. Eu me torno o observador e, ao mesmo tempo, o inspirador.

The Hunger of Darkness and the Feast of Light 1, p. 18-19