Yoga e meditação

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Yoga significa união, união com Deus.

Yoga nos diz que temos uma qualidade divina dentro de nós, chamada aspiração,

e que Deus tem uma qualidade divina, chamada Compaixão.

Yoga é o elo entre a nossa aspiração e a Compaixão de Deus.

– Sri Chinmoy

O que é yoga?

https://player.vimeo.com/video/127893697

Yoga e meditação


Nota do editor: os textos abaixo referem-se ao yoga como ferramenta para o auto-descobrimento, em particular, através do auto-conhecimento, devoção e ação desprendida. Para os exercícios físicos, conhecidos coletivamente como Hatha Yoga, veja os parágrafos finais deste artigo.


Todos os textos são de autoria de Sri Chinmoy

 Qualquer pessoa pode praticar Yoga?


Sri Chinmoy: Sim. Qualquer um pode praticar Yoga, e isso independe de idade. Mas devemos saber realmente do que se trata o Yoga. Infelizmente, muitas pessoas no ocidente pensam que Yoga são posturas físicas e exercícios de respiração. Esse é um grave engano. As posturas e exercícios são estágios preliminares, que levam à concentração e meditação – elas sim podem nos levar para uma vida mais profunda, elevada e satisfatória.

Yoga não é algo sobrenatural, anormal ou de fora deste mundo. Agora mesmo, não sabemos onde Deus está e nem com o que Ele se parece. Mas, ao praticar Yoga, podemos vê-lo em primeira pessoa. Assim como no mundo material alcançamos sucesso em nosso campo através de prática constante, também no mundo espiritual, ao praticar Yoga, alcançamos a meta das metas – a realização-Deus.

Yoga pode nos ajudar no dia-a-dia?

Sri Chinmoy: Certamente. Yoga nos auxilia em nosso dia-a-dia. Francamente falalndo, o Yoga é justamente aquilo que pode ser de supremo auxílio em nossas vidas cotidianas. Nossa vida humana é cheia de dúvida, medo e frustração. Yoga nos ajuda a substituir o medo por coragem invencível, dúvida por certeza absoluta e frustração com realizações douradas.

Yoga é unicidade consciente.

Yoga é a minha unicidade consciente com o que tenho e o que sou. O que tenho é Deus-realização. O que sou é Deus-Deleite.

Yoga é unicidade consciente com o Serviço eterno de Deus. Yoga é unicidade consciente com a infinita Beleza de Deus.

Yoga é a unicidade consciente com o grito-insuficiência da terra. Yoga é unicidade consciente com o sorriso-suficiência do Céu.

Yoga é a unicidade consciente com a rendição-perfeição do homem. Yoga é a unicidade consciente com a Aceitação-Satisfação de Deus.

Yoga é a unicidade consciente com a Visão-Barco de Deus. Yoga é a unicidade consciente com a Realidade-Margem de Deus.

Sri Chinmoy

buddha kamakura yoga

O que é Yoga?


Pergunta: Você diz ensinar Yoga. Poderia por favor, explicar o que é Yoga?

Sri Chinmoy: Yoga significa união, união consciente do homem com Deus. Yoga é a ciência espiritual que nos ensina como a Realidade derradeira pode ser realizada na própria vida.

Yoga é a linguagem de Deus. Se desejamos falar com Deus, precisamos aprender a linguagem Dele.

Yoga nos diz que temos uma qualidade divina dentro de nós, chamada aspiração, e que Deus tem uma qualidade divina chamada Compaixão. Yoga é o elo de ligação entre a nossa aspiração e a Compaixão de Deus.

Nossa vida humana é cheia de dúvida, medo e frustração. A Yoga nos auxilia a substituir o medo por coragem indômita, a dúvida por absoluta certeza e a frustração por douradas realizações.

A Yoga não é algo diferente do natural, não é algo anormal ou estranho. É algo prático, natural e espontâneo. Nesse instante não sabemos onde Deus está ou com o quê Ele se parece, mas praticando Yoga vemos Deus em primeira mão. Da mesma forma que no mundo físico alcançamos sucesso em uma atividade através de prática constante, também no mundo espiritual, praticando Yoga, alcançamos a meta das metas: a Deus-realização.

Yoga não é nem uma filosofia e nem uma religião. A Yoga abriga tanto a filosofia quanto a religião, e, ao mesmo tempo, as transcende. Religião e filosofia podem levar um homem ao Palácio de Deus, mas a Yoga leva o aspirante diretamente ao Trono de Deus.

Yoga não interfere com religião alguma. O aspirante verdadeiro que embarca na espiritualidade não sentirá dificuldades em permanecer na sua própria religião. Eu tenho discípulos católicos, judeus, protestantes e assim por diante. Digo a eles que não desistam de suas religiões. É sempre mais fácil e mais seguro no início, que alguém permaneça em sua religião enquanto pratica Yoga. Mas, uma vez que realiza Deus, ele transcende todas as religiões. Quando alguém mergulha profundamente e realiza Deus, ele vê que o universo inteiro pertence a ele, e essa realização transcende todas as religiões.

Religião é inspiração. Yoga é aspiração. Divindade é perfeição. Inspiração, aspiração e perfeição podem facilmente florescer aqui na Terra, em harmonia transcendental.

Posturas físicas (hatha Yoga)


A Hatha Yoga é necessária para a concentração, meditação e contemplação? Ela é indispensável para se realizar Deus?

Sri Chinmoy: (…) Se sua meta é apenas deixar o corpo relaxado e em forma, a Hatha Yoga irá certamente ajudar você. (…) Hatha Yoga pode nos ajudar um pouco espiritualmente, mas precisamos saber em que ponto estamos em nossa jornada espiritual. Se somos muito inquietos, podemos fazer Hatha Yoga no começo, para aprendermos a ficar sentados quietos e tranquilos. Mas se não somos vítimas constantes de inquietação, mesmo que sejamos iniciantes absolutos, a Hatha Yoga não é necessária, pois quando entramos na meditação, automaticamente vamos para um estado de quietude e serenidade. Ao fazer exercícios de Hatha Yoga, sentimos que estamos regulando e disciplinando nossas vidas. Mas quando meditamos adequadamente e a energia-vida entra em nós por conta da nossa meditação, automaticamente a nossa vida passa a ser disciplinada. A divina Paz e Luz de que precisamos nunca, nunca as obteremos a partir da Hatha Yoga.

Assim como os exercícios de Yoga trarão silêncio e quietude, exercícios de respiração trarão serenidade. Todavia, isso não é paz interior verdadeira. É uma serenidade temporária. Concentração, meditação e contemplação são as únicas coisas que trarão paz verdadeira.


Pergunta: A maior parte de nós do mundo ocidental, que não está acostumada com Yoga e meditação, tende a associar esses dois com a imagem de alguém se equilibrando sobre a cabeça ou fazendo certos exercícios. Como estão esses exercícios relacionados com a espiritualidade?

Sri Chinmoy: Neste momento muitos de nós estamos muito desassossegados, nada melhores do que macaquinhos. Não conseguimos ficar parados por mais de um segundo sem que fiquemos inquietos. Esses exercícios e posturas físicas, chamados de Hatha Yoga, relaxam o nosso corpo e nos trazem paz à mente por um breve período. Entretanto, esses são apenas os estágios preliminares. O que fazem é ajudar o buscador a entrar para a verdadeira vida espiritual. Num sistema realmente espiritual, os iniciantes na Hatha Yoga são como alunos do jardim de infância. Do jardim de infância seguimos para o ensino fundamental, ensino médio e faculdade. Em verdade, pode-se facilmente pular o jardim de infância. Existem muitos aspirantes que, sem nunca terem feito qualquer Hatha Yoga, conseguem simplesmente sentar e fazer com que suas mentes fiquem silenciosas e tranqüilas, então adentrando as regiões mais profundas de seu ser.

Esses exercícios nunca nos trarão realização, nunca! Caso fosse assim, simplesmente pela prática de exercícios físicos todos os atletas do mundo já teriam realizado Deus. O corpo é necessário; precisamos todos de um corpo sólido e sadio, para que a alma possa agir em e através do corpo no campo da manifestação. Mas se esperarmos algo mais do corpo, estaremos sendo tolos.

Eu devo, entretanto, enfatizar que os exercícios de Hatha Yoga são muito superiores ao sistema ocidental de exercícios, o qual é frequentemente executado de maneira abrupta, vigorosa e, de certa forma, violenta. Exercícios de Hatha Yoga são feitos de maneira calma, tranquila, de forma meditativa. Diferente da maioria dos exercícios ocidentais, eles fortalecem os nervos e acalmam a mente.

A meditação que você oferece às pessoas que vêm aos seus encontros – é ela Yoga, ou trata-se de outra coisa?

Sri Chinmoy: É Yoga. Yoga inclui oração e meditação, e espiritualidade como um todo. Portanto, estamos certamente praticando Yoga. Yoga é uma palavra do sânscrito que quer dizer união consciente com Deus. Alcançamos nossa união consciente com Deus através de nossa oração, meditação, aspiração e assim por diante.

Sri Chinmoy

Os três tipos de Yoga

https://vimeo.com/128077787

Os Três Tipos de Yoga: BHAKTI YOGA, KARMA YOGA E JNANA YOGA


Bhakti Yoga


Peça a um homem para falar sobre Deus, e a sua resposta será interminável. Peça a um Bhakta para falar sobre Deus, e ele dirá apenas duas coisas: Deus é todo Afeição, Deus é todo Doçura. O Bhakta vai até um passo adiante e diz: “Eu posso tentar viver sem pão, mas eu não posso nunca viver sem a Graça do meu Senhor.”

A oração de um Bhakta é muito simples; “Ó meu senhor Deus, entre em minha vida com Vosso Olho de Proteção e com Vosso Coração de Compaixão.” Esta oração é a maneira mais rápida de bater à Porta de Deus e também o caminho mais rápido para ver Deus abrir a Porta.

Um Karma iogin e um Jnana iogin podem sofrer um momento de dúvida sobre a existência de Deus. Mas um Bhakta não tem sofrimento dessa espécie. Para ele, a existência de Deus é uma verdade axiomática. Mais do que isso, é o sentimento espontâneo do seu coração. Mas, ora, ele também tem de passar por uma espécie de sofrimento. É dele o sofrimento da separação do seu Bem-amado. Com as lágrimas do seu coração de devoção, ele chora por restabelecer sua união dulcíssima com Deus.

A mente racional não encanta o devoto Bhakta. Os fatos duros da vida falham em chamar a sua atenção, falham em tentar absorvê-lo. Ele quer viver constantemente em um mundo onde esteja embriagado por Deus.

Um devoto sente que quando caminha em direção a Deus, Deus corre em direção a ele. Um devoto sente que quando pensa em Deus por um segundo, Deus chora por ele por uma hora. Um devoto sente que quando vai a Deus com uma gota do seu amor para aplacar a sede incessante Dele, Deus o envolve no mar do Seu Amor ambrosíaco.

A relação entre um devoto e Deus nunca pode ser sentida, nunca descrita. O pobre Deus pensa que nenhum homem na Terra é capaz de capturá-Lo, pois Ele não tem preço e não pode ser avaliado. Mas ora, Ele esqueceu que já concedeu devoção ao Seu Bhakta. Para Sua maior surpresa, para Sua alegria mais profunda, A devoção entregue do seu devoto é capaz de capturá-Lo.

Há pessoas que zombam do Bhakta. Elas dizem que o Deus do Bhakta nada mais é do que um Deus pessoal, um Deus infinito com Forma, um ser humano glorificado. Para eles eu digo: “Por que não pode um Bhakta sentir isso?” Um Bhakta sente sinceramente que ele é uma gota pequenina e que Deus é o Oceano infinito. Ele sente que o seu corpo é uma porção infinitesimal de Deus, o Todo ilimitado. Um devoto pensa em Deus e ora a Deus à sua própria imagem. E ele está absolutamente certo em fazê-lo. Apenas entre na consciência de um gato e você verá que a sua idéia de um Ser onipotente toma a forma de um gato – apenas numa forma gigante. Entre na consciência de uma flor e você verá que a idéia da flor sobre algo infinitamente mais belo do que ela mesma toma a imagem de uma flor também.

O Bhakta faz o mesmo. Ele sabe que é um ser humano e sente que o seu Deus deveria ser humano em todos os sentidos do termo. A única diferença, ele sente, é que ele é um ser humano limitado, e Deus é um Ser humano ilimitado.

Para um devoto, Deus é ao mesmo tempo cheio de bem-aventurança e misericordioso. A alegria do seu coração o faz sentir que Deus é pleno de bem-aventurança, e as dores do seu coração o fazem sentir que Deus é misericordioso.

Um pássaro canta. Um homem canta. Deus também canta. Ele canta Suas canções dulcíssimas do Infinito, da Eternidade e da Imortalidade através do coração do seu Bhakta.

Karma Yoga


Karma Yoga é ação sem desejo realizada por amor ao Supremo. Karma Yoga é aceitação genuína, pelo homem, da sua existência terrena. Karma Yoga é a marcha destemida do homem através do campo de batalha da vida.

O Karma Yoga não vê com os mesmos olhos daqueles que sustentam que as atividades da vida humana não têm importância. O Karma Yoga reivindica que a vida é uma oportunidade divina para servir a Deus. Esse Yoga em particular não é apenas o Yoga da ação física; ele inclui também a vida interior e moral do aspirante.

Aqueles que seguem esse caminho oram por um corpo forte e perfeito. Eles também oram por uma vida longa. Essa vida longa não é apenas o mero prolongamento da vida em termos de anos. É uma vida que aspira pela descida da Verdade, Luz e Poder divinos ao plano material. Os Karma iogins são os verdadeiros heróis na cena terrena, e deles é a vitória divinamente triunfante.

Um Karma iogin é um perfeito estranho às ondas do desapontamento e desespero na vida humana. O que ele vê na vida e nas suas atividades é um propósito divino. Ele sente que é o próprio hífen entre as obrigações terrenas e as responsabilidades do paraíso. Ele tem muitas armas para conquistar o mundo, mas o seu desapego é a mais poderosa. O seu desapego desafia tanto os golpes esmagadores do fracasso quanto os vagalhões de gratificação do ego do sucesso. O seu desapego está muito além tanto das armadilhas das dores excruciantes do mundo quanto do abraço da alegria embargada do mundo.

Muitos aspirantes sinceros sentem que os sentimentos devocionais de um Bhakta e o olho penetrante de um Jnani não têm lugar no Karma Yoga. Nisso eles estão muito errados. Um verdadeiro Karma iogin é aquele cujo coração tem uma fé implícita em Deus, cuja mente tem uma consciência constante de Deus e cujo corpo tem um amor genuíno por Deus na humanidade.

É fácil para um Bhakta esquecer o mundo e para um Jnani ignorar o mundo. Mas o destino de um Karma iogin é diferente. Deus quer que ele viva no mundo, viva com o mundo e viva pelo mundo.

The Best Definition

The best definition of prayer

Is to practise it daily.

The best definition of meditation

Is to experience it soulfully.

The best definition of yoga

Is to live it sincerely.

The best definition of God

Is to love Him, and Him only,

Unconditionally.

Sri Chinmoy

Jnana Yoga


Deus tem três olhos. Seus nomes são Bhakti, Karma e Jnana. O Bhakti quer viver na Verdade muitíssimo íntima do seu Pai. Karma quer viver na Verdade universal que tudo permeia do seu Pai. Jnana quer viver na verdade transcendental do seu Pai.

O homem de devoção precisa da proteção de Deus, O homem de ação precisa da direção de Deus. O homem de conhecimento precisa da instrução de Deus.

A fé do Bhakta em Deus e o amor do Karma iogin pela humanidade não interessam ao Jnana iogin, muito menos o inspiram. Ele não quer nada, apenas a mente. Com seu poder mental ele se esforça pelas experiências pessoais da Verdade mais elevada. Ele pensa em Deus como a Fonte do Conhecimento. Ele sente que é através da mente que ele alcançará a sua meta. No início do seu caminho, ele sente que nada é tão importante quanto a satisfação da mente. Finalmente ele percebe que deve transcender a mente se quiser viver no Supremo Conhecimento.

A vida é um mistério. Assim também é a morte. Um Jnana iogin quer perscrutar esses dois mistérios aparentemente insolúveis da criação de Deus. Ele também quer transcender tanto a vida quanto a morte e estabelecer-se no Coração da Realidade Suprema.

O homem vive no mundo dos sentidos. Ele não sabe se esse mundo é real ou irreal. Um homem comum está satisfeito com a sua própria existência. Ele não tem sequer a capacidade de pensar nem o sincero interesse em entrar no significado mais profundo da vida. Ele quer escapar dos problemas da vida e da morte.

Desafortunadamente, não há fuga. Ele tem de nadar no mar da ignorância. Um Jnana iogin, sozinho, pode ensiná-lo como nadar através do mar da ignorância e entrar no Mar do Conhecimento e da Luz.

Um Jnana iogin declara: Neti, neti. “Isso não, isso não.” O que ele quer dizer? Ele quer dizer que há um mundo superior do que o mundo dos sentidos, uma verdade mais elevada do que esta verdade atada à Terra. Ele diz, num certo sentido, que há dois partidos opostos. Um partido consiste da falsidade, da ignorância, da morte. O outro partido consiste da Verdade, do Conhecimento e da Imortalidade. Enquanto proclama: “Neti, neti”, ele pede ao homem para rejeitar a falsidade e aceitar a Verdade, para rejeitar a ignorância e aceitar o Conhecimento, para rejeitar a morte e aceitar a Imortalidade.

Conhece A Ti Mesmo


Atmanamviddhi — “conhece a ti mesmo.”
Cada indivíduo deve conhecer a si mesmo.
Ele deve conhecer-se
como a infinita, eterna e imortal Consciência.

O conceito de Infinidade, Eternidade e Imortalidade
nos é absolutamente estranho.
Por quê? O motivo é muito simples:
Vivemos no corpo ao invés de vivermos na alma.
Para nós, o corpo é tudo;
não há nada e nem pode haver nada
além do corpo.
A existência da alma
consideramos mera imaginação.

Mas eu lhes asseguro que a alma não é imaginária.
Ela é ao mesmo tempo a vida e a revelação
da Realidade Cósmica.

A maioria de nós vive no corpo,
na consciência física terra-limitada.
Nosso professor é a ignorância;
o nosso mestre, a escuridão.
Mas, se algum dia vivermos na alma, veremos que
a nossa professora é a visão
e a nossa mestra, a iluminação.

“Vida é empenho” — assim diz o corpo.
“A vida é uma bênção” – assim diz a alma.

O humano no homem não deseja ir além
da moralidade, da sociedade e da humanidade.
O divino no homem vem abaixo,
da divindade para a humanidade,
da unidade para a multiplicidade.

Atmanamviddhi — “conhece a ti mesmo.”
Os videntes dos Upanishads
não apenas descobriram essa Verdade transcendental
como também a ofereceram para a humanidade
que sofre, chora e se empenha.

Para conhecer a si mesmo
é necessário descobrir-se primeiro.
O que é auto-descoberta?
Auto-descoberta é Deus-realização.

Sem yoga não há auto-descoberta.
Yoga não é uma religião.
Yoga é a Verdade Universal.
É a verdade tradicional da Índia.
É a mais importante experiência da vida.

A verdadeira yoga e a vida caminham juntas.
Elas não podem ser separadas.
Se tentar separá-las, fracassará.
Yoga e vida são tão inseparáveis
quanto Criador e criação.

É yoga um outro nome para austero ascetismo?
Absolutamente não.
É yoga um outro nome para auto-disciplina?
Certamente sim.

Ela exige a rejeição do mundo
e a privação severa dos sentidos?
Não, nunca.
Ela exige a aceitação do mundo
e o controle dos sentidos?
Sim, um grande sim.

É a yoga para todos?
Sim e não.
Sim, pois toda alma humana
veio de Deus
e interiormente aspira retornar a Ele.
Não, pois algumas pessoas,
em seus presentes estágios de desenvolvimento,
sentem que podem viver sem Deus.

Sri Chinmoy

buda kamakura yoga

Yoga, espiritualidade e religião


Quando seguimos um caminho, não encorajamos nenhum buscador a olhar com desprezo a religião. Pelo contrário: sentimos que o nosso amor pela religião é fortalecido porque seguimos o Yoga. Yoga significa unicidade com Deus. Se pudermos estabelecer a nossa unicidade com Deus ou se pudermos ter um livre acesso ao Coração de Deus, poderemos acrescentar nossa força, nossa luz, à nossa própria religião. Mas virá um dia em que conseguiremos luz do interior, quando o nosso ser estiver repleto de luz. Nesse momento seremos capazes de oferecer luz à religião.


Suponham que meditamos por uma hora. Talvez a gente não consiga meditar por mais uma hora ou coisa parecida. Sem problema. Faremos algo que vai manter e preservar nossa meditação. Podemos ler livros espirituais ou cantar canções espirituais. Nessa hora, automaticamente nosso ser interior vai nos inspirar a ler livros. Não vamos precisar usar a mente para pensar: “Oh, chegou a hora de ler”. Nosso ser interior vai nos ajudar a fazer a coisa certa. Agora mesmo, nosso ser interior está dentro de nós, profundamente escondido. Entretanto, estamos tentando o melhor, através do yoga, para trazer o ser interior à tona. Depois de ler por meia ou uma hora, podemos visitar um amigo espiritual ou, se isso não for possível, ligar para ele e falar sobre nossas experiências.


Religião não é obstáculo para a vida espiritual. Yoga, ou disciplina espiritual, nunca verá problemas em qualquer religião. Yoga significa união com Deus, união consciente com Deus. Eu rezo a Deus da minha própria maneira; você reza a Deus da sua própria maneira. Deus se agrada conosco. Isso é religião. Quando tivermos realizado Deus, nos tornaremos um com a Sua criação, com o Seu universo. Nesse momento sentiremos que estamos dentro do Coração de Deus; quando realizo Deus, me sinto dentro do Coração de Deus. Acontecerá o mesmo com você.

A religião é como uma casa. Todos devem viver em uma casa; não podemos viver nas ruas. Porém, necessitamos ampliar a nossa visão sobre a religião. Ao pensar que a nossa religião é a melhor de todas e que a religião de outrem é a pior, estaremos cometendo um erro. Devemos sentir que a nossa religião é boa e que as outras são boas também. A sua casa é boa para você; a minha casa é boa para mim. A sua religião certamente o ajudará a alcançar o Altíssimo e a minha religião me auxiliará a alcançar o Altíssimo. Todas as religiões são uma. Deus é a árvore e as religiões são seus ramos.

Portanto, não devemos criticar religião alguma. Mas ao se tratar da Yoga, essa transcende todas as religiões. Não ficaremos satisfeitos apenas com a minha casa ou com a sua casa. Desejaremos clamar todas as casas do mundo como nossas, pois Deus reside em todas elas. Na Yoga todas as religiões se tornam nossas, pois Yoga significa união com Deus. A partir dessa união transcenderemos nosso conceito limitado de “meu”; a minha religião, a sua religião. Iremos além das fronteiras religiosas.

Todas as religiões são verdadeiras. Mas ao entrar para a vida espiritual damos um passo que nos leva além da religião. Apenas Deus será o nosso norteador, a nossa meta. Entrando Nele, penetraremos na Consciência infinita. Se orarmos e meditarmos, aceitaremos todas as religiões como nossas e as colocaremos no Coração de Deus.


Já a abordagem espiritual para com Deus é sempre através do amor. Não nos aproximamos de Deus através do medo, mas sim através do amor. O que queremos é consolidar nossa inseparável unicidade com Deus. Não quero dizer que a religião não tem amor por Deus. Mas o medo de Deus frequentemente habita nas pessoas que praticam religião. As pessoas que praticam Yoga não possuem esse tipo de medo. Elas têm apenas amor a Deus. E unicidade com Deus é o que desejam.

A religião sente que há alguém chamado Deus, que está lá no alto, no firmamento, no Paraíso ou em outro lugar, e toda a Paz, Luz e Beatitude estão lá, com Ele. Já a Yoga dirá que onde estou é Paz, Luz e Beatitude; por onde ando é Verdade. A Verdade e eu somos inseparáveis. A religião não clama tal unicidade. Ela diz que a Verdade está noutro lugar; mas por fim, teremos acesso livre. A Verdade está em outro lugar, a Luz está em outro lugar, e apenas se meditarmos e orarmos, algum dia as veremos. A Yoga diria: “Não. Onde estou também está a coisa que procuro. Eu sou o próprio objeto da minha procura, da minha busca, do meu esforço. Tudo jaz dentro de mim, apenas desse todo me esqueci, não mais reconheço ou perdi.” A Yoga nos instiga a procurar por nossa riqueza interior, para descobrir e trazer à tona o que eternamente possuímos. Espiritualidade é Yoga num vasto e amplo sentido.

Deus não tem tempo para odiar a pessoa que não encontra tempo para meditar.

Mas Deus tem todo o tempo para amar e valorizar a pessoa que devotadamente medita todos os dias.

Sri Chinmoy

Milagres da Yoga


Pergunta: Li recentemente sobre uma pessoa que foi enterrada viva por dezoito dias e depois retornou sem problemas. O tipo de meditação que você ensina capacita uma pessoa a, algum dia, executar tais feitos?

Sri Chinmoy: O que ensino não é um tipo prática milagreira. O meu papel é ajudar buscadores para que alcancem Deus. Ficarmos enterrados por dezoito dias não nos auxiliará em nossa busca espiritual. O que nos leva a Deus é a nossa aspiração, o nosso intenso clamor interior.

Ao fazer milagres ou feitos sobrenaturais, uma pessoa não nos auxilia direta e nem indiretamente em nossa realização de Deus. No máximo aprendemos com ele que não há limites para a capacidade humana quando entramos nos domínios secretos das realidades cósmicas. Meus ensinamentos não têm nada a ver com a demonstração desses tipos de milagres bobos. Se realmente quiser realizar Deus, se realmente deseja a Luz, Paz e Felicidade infinita de Deus, permaneça a milhões de milhas distante de adivinhos e milagreiros. Se pensa que eles o inspirarão, está enganado. Busque em seu interior profundo e verá que eles instigaram a sua curiosidade vazia, cega e infrutífera. Curiosidade não é espiritualidade. Além disso, secreta e conscientemente, os adivinhos e milagreiros lhe ofereceram algo mais: tentação. A tentação é a precursora da destruição. É nela que a missão divina da sua vida – fracassada e desprovida de plenitude – encontra o seu fim.

Estejamos alertas. Peço a vocês que não confundam a meditação genuína de seu coração com adivinhação e execução de milagres. Não percam seu tempo. O seu tempo é precioso. A sua meditação não tem preço. A sua conquista será o tesouro da infindável Eternidade, imensurável Infinidade e imorredoura Imortalidade. Não esperem. Tudo vem para aquele que aguarda, exceto a realização que o hoje incorpora e a libertação que o agora revela.

Quem pode praticar yoga?

do livro Yoga e a Vida Espiritual, Sri Chinmoy

Quem pode praticar Yoga? Você pode praticar Yoga. Ele pode pratica Yoga. Eu posso praticar Yoga. Todos os seres humanos sem exceção podem praticar Yoga.

A aptidão espiritual pode ser determinada por nosso sentimento de unicidade, nosso desejo por unicidade. A mais pequenina gota tem o direito de sentir o ilimitado oceano como verdadeiramente seu, ou clamar por ter o oceano como verdadeiramente seu. Assim o é com a alma individual e a Alma Universal.

Onde está Deus e onde eu estou? Deus está no terceiro andar e eu estou no primeiro andar. Eu subo até o segundo andar. Ele desce ao segundo andar. Ambos nos encontramos. Eu não esqueço de lavar Seus Pés com minhas lágrimas de deleite. Nem Ele esquece de me colocar em Seu Coração de Compaixão infinita.

O que é Yoga? Yoga é auto conquista. Auto conquista é Deus-realização. Aquele que pratica Yoga faz duas coisas numa só jogada: ele simplifica sua vida toda e obtém um livre acesso ao Divino.

No campo do Yoga nós nunca podemos fingir. Nossa aspiração deve soar bem. Nossa vida deve soar bem. Nada é impossível para um aspirante ardente. Um Poder mais elevado guia seus passos. A Vontade invencível de Deus é sua proteção mais segura. Não importa por quanto tempo ou por quantas vezes ele erre, ele tem todo o direito de retornar ao seu próprio lar espiritual. Sua chama é uma chama ascendente. Ela não tem fumaça, ela não precisa de combustível. Ela é o sopro de sua vida interior. Ela o leva às praias do além Dourado. O aspirante, com as asas da sua aspiração eleva-se adentrando os reinos do Transcendental.

Deus é Infinito e Deus é Onipresente. Para um aspirante genuíno, isso é mais do que mera crença. É a realidade sem um segundo.

Agora foquemos nossa atenção na vida espiritual. É uma idéia errônea que a vida espiritual seja uma vida de austeridade e uma cama de espinhos. Não, nunca! Nós viemos do Bem-aventurado. Ao Bem-aventurado retornaremos com a alegria espontânea da vida. Isso parece difícil porque agradamos ao nosso ego. Isso não parece natural porque nós acalentamos nossas dúvidas.

A realização de Deus é a meta de nossa vida. Ela também é nossa herança mais nobre. Deus é ao mesmo tempo nosso Pai e nossa Mãe. Como nosso Pai Ele observa; como nossa Mãe Ele cria. Como uma criança, nós nunca devemos desistir de exigir de nossa Mãe, para que assim possamos ganhar o Amor e a Graça de nossa Mãe. Por quanto tempo uma mãe pode seguir desconsiderando o choro de seu filho? Não nos esqueçamos de que se há alguém na Terra a quem todos os seres humanos reivindicam, é o aspecto da Mãe no Divino. Ela é a única força da nossa dependência. Ela é a única força da nossa independência. Seu Coração, o lar da Infinidade, está eternamente aberto a cada indivíduo.

Devemos agora nos familiarizar com os oito passos significantes que levam um buscador ao seu destino. Esses passos são: Yama, autocontrole e abstinência moral; Niyama, observância rígida de conduta e caráter; Asana, várias posturas corporais que nos auxiliam a entrar numa consciência mais elevada; Pranayama, respiração sistêmica para conter a mente; Pratyahara, recolhimento da vida dos sentidos; Dharana, a fixação de nossa consciência em Deus, acompanhada por todas as partes do corpo; Dhyana, meditação, o trem expresso incansável correndo em direção à meta; e Samadhi, transe, o final da dança da Natureza, a total imersão da nossa consciência individual na Consciência infinita do Supremo Transcendental.

Yoga é nossa união com a Verdade. Há três estágios revelados dessa união. No primeiro estágio o homem deve sentir que Deus precisa dele tanto quanto ele precisa de Deus. No segundo estágio o homem deve sentir que, sem ele, Deus não existe nem mesmo por um segundo. No terceiro e último estágio o homem deve se dar conta de que ele e Deus não são apenas eternamente Um, mas também iguais todo-permeantes e todo-satisfação.

O yoga e a meditação